Capítulo 18

HELENA FAETT,

Finalmente, o pouso foi feito. Eu mal podia esperar para entrar em um quarto e ficar sozinha, sem ter que olhar para a cara de Duran. Sai do jato e dei alguns passos, ajeitando o óculos em meu rosto. Um dos capangas de Duran me seguiu e parou quando eu parei.

— Que droga é essa? Agora vai ficar me seguindo? — perguntei irritada.

— Ordens do senhor Duran, senhorita. Só obedeço ordens. — disse se achando.

Fiquei parada, olhando tudo ao meu redor. Acredite, estava arquitetando um jeito de escapar, mas não tinha nada por perto, só uma enorme pista de pouso sem fim. Então acabei desistindo da ideia.

— Não pense em fugir antes de cumprir com todas as cláusulas do contrato. — Duran sussurrou próximo ao meu ouvido. Estava tão distraída que não percebi o momento em que ele se aproximou. Só senti o cheiro amadeirado de seu perfume, estava tão próximo a mim que meu corpo arrepiou.

— Não estou pensando em nada. — dei de ombros.

— Ótimo, boa garota. — respondeu, agarrando minha mão sem aviso, e me puxou para dentro do carro. Me sentei ao seu lado enquanto ele atendia o celular que tocava.

Acredito que a ligação que ele recebeu era de alguma mulher, já que falava com a pessoa alegremente e a chamava de "xuxuzinho". Cá para nós, que apelido brega.

Duran ficou no telefone falando com a pessoa até chegarmos em um imenso porto, onde havia um enorme iate luxuoso parado.

— Preciso desligar, my Bella. — disse, me olhando de canto de olho. Revirei os olhos e caminhei na sua frente.

Entramos no iate e nos sentamos por alguns instantes, mas logo chegou um homem muito bonito e conversou com Duran, algo que eu não ouvi e nem sei o que é. Eles apenas me olharam e depois desviaram o olhar.

Aquele homem seguiu para uma escada, Duran pegou em minhas mãos e me guiou pela escada até chegarmos a um quarto. Dei graças a Deus, só queria descansar um pouco e ficar sozinha. Mas para minha infelicidade, Duran entrou junto comigo e fechou a porta.

— O que pensa que está fazendo? — perguntei, o encarando.

— Eu? Estou aqui no quarto com você, vamos dividi-lo. — respondeu, piscando o olho para mim.

— É o quê? — eu estava sem acreditar no que ouvi.

— É isso que você ouviu. Como um casal que se ama muito, dividiremos tudo, até a cama, morena.

— Não creio. — respondi.

— Pois creia, porque você é minha por contrato, até que ele não acabe e você não vá embora. Não pense ao contrário.

Fiquei parada como uma estátua, sem acreditar no que estava ouvindo. Mas prometi a mim mesma que não daria paz a ele, até ele escolher um quarto para si. Com o canto do olho, observei Duran entrar no box. A água estava caindo, e deduzi que ele estava tomando banho. Esperei ele sair do box para que eu também tomasse banho.

Me sentei na cama e encarei o celular à minha frente, que estava vibrando. O nome que aparecia era "xuxuzinho". Sem pensar, atendi, mas a voz não era de uma mulher, e sim de um homem. Eu simplesmente não disse nada, fiquei abalada por aquilo. Então pensei, será que Vitor Duran é gay?

Fiquei em estado de choque ao pensar nisso. Mas parei um pouco e concluí que não, porque tivemos um momento a sós. Então, acho que ele se interessa por ambos os sexos. Peguei novamente o celular na intenção de apagar a chamada, mas o maldito celular tinha senha. Larguei de mão quando escutei a porta ser aberta, e ele caminhar até o closet. Estava com uma toalha ao redor da cintura e com as duas mãos passava nos cabelos molhados.

Desviei meu olhar dele e fui tomar banho e fazer minha higiene. Assim que terminei, me vesti, e Duran não estava no quarto. Agradeci, me joguei na cama e fitei o teto branco do quarto. Eu não sabia o que eu estava fazendo naquele iate, mas iria perguntar.

A porta foi aberta, revelando Duran passar por ela com algumas sacolas pretas. Ele caminhou até mim, colocou as mesmas sobre a cama e me olhou.

— Tenho um jantar de negócios hoje à noite, por esse motivo estamos aqui nesse iate. Então comprei esses vestidos para você, para que vista nessa festa e fique bem apresentável. Ah, não esqueça de fingir que me ama. — Disse, caminhando até a porta de saída. Tinha alguém em pé do lado de fora. Observei Duran estender as mãos e pegar algo antes de fechar a porta.

— Eu não sei fingir. — Comentei, olhando para ele.

— Pelo menos tente. Você se sairá muito bem. — disse, sem me olhar.

— Para você é fácil, né, Duran? — perguntei, tendo sua atenção de volta para mim. — Me diz, o que eu ganho com tudo isso?

— Você tem uma casa luxuosa, roupas caras e um marido lindo e gostoso como eu por cinco meses. O que quer mais que isso? Qualquer uma queria estar em seu lugar nesse momento. — confessou, me deixando mais irritada.

— Qualquer uma, menos Helena Faett! Não pense que só porque tem tudo o que você me dá, eu agradecerei a você, ou vou me apaixonar, ou vou…

— Não estou pensando nada. — me interrompeu. — Helena, você pensa que sinto algo por você? É isso? Por isso sente raiva de mim? Ou você está apaixonada e não quer admitir? Não, porque eu disse a você para que não se apaixone, e nem tenha esperança de que te tocarei novamente. Eu não agarro a mesma mulher duas vezes. — disse, voltando a fazer o que estava fazendo agora pouco.

— Ficou louco? Se acha que sinto algo por você? O que sinto é repulsa e vontade de te estrangular, por ter me tirado de minha vida e ter me metido nesse buraco sem fundo, a qual é a sua vida. — vociferei, tremendo de ódio.

— E por que está tão irritadinha? — provocou, com aquele sorriso zombeteiro nos lábios. Parecia que nada o afetava.

— A única coisa que não entendo é por que me tirou das mãos de Dylan. Com qual intenção em? Será que não é você que está caidinho por mim e não quer admitir, senhor Duran? — provoquei, me aproximando dele. Percebi que ele engoliu em seco.

— Hahaha......está louca. Não perco meu tempo. Vamos merendar e largar dessa conversa. — se esquivou.

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