Sequestrada Pelo Capo

Sequestrada Pelo Capo

Capítulo 01

VITOR DURAN,

— Vitor, atire nele. Atire, caramba! Ele nos traiu, traiu sua família, e essa é sua punição, pagará com a própria vida.

Escuto a voz do meu pai na cabeça, por vinte e quatro horas. Na época, eu era uma criança de apenas sete anos, não tinha a coragem de que precisava para atirar e matar alguém. Mesmo tendo nascido em uma família mafiosa, não era como eles, e eu não queria ser. Mas para meu pai, o que lhe importava eram seus interesses.

Ele me colocava em uma sala de torturas, apanhava várias vezes por dia. Se eu não lhe obedecesse, esse era o castigo ao qual ele me submetia. Tentei lutar contra tudo isso, mas não tinha escolha. Minha mãe presenciava todos os meus sofrimentos, olhando o seu filho apanhar, ser torturado, mas não podia hesitar em alguma coisa, porque também apanharia.

Eu a olhava; as lágrimas escorriam no rosto de minha mãe. Dor e pena estavam estampados em seu rosto. Naquele momento, tenho a certeza de que minha mãe se sentiu inútil, por não poder fazer absolutamente nada para me ajudar, e eu não queria que ela se envolvesse, não queria que aquele monstro que eu chamava de pai a machucasse novamente, por minha culpa.

Eu passava horas e até dias naquele porão, sem comer, sem beber, e forçado a treinar. Se algo desse errado, eu apanhava; minhas costas estavam cheias de cortes. Fiz algumas tatuagens para poder cobrir todas as marcas do meu passado doloroso, mas nenhuma delas conseguiu cobrir cada cicatriz do passado que levo em minha mente ferida e em minha alma.

Minha raiva, meu ódio, amargura e decepção são evidentes hoje. Não fico com nenhuma mulher se eu não a machucar. Causar dor nas pessoas é uma das minhas especialidades; isso me dá uma boa sensação. Não sei o que é perdão, carinho e muito menos amor. Comigo não tem abraços, meias-palavras, e muito menos conversas. Esse sou eu, sou um Duran!

— Amor, o que você tanto pensa? — pergunta Eliane com sua voz melosa e abusada.

— Não me chame de amor, já te disse isso. — respondo, me levanto da cama e abro a porta para ela sair dali, mas ela simplesmente não obedece. — Vamos, saí logo daqui. — grito.

— Me deixa ficar mais um pouquinho, vai. — Eliane pede, piscando o olho para mim, e como se fosse pouco, abre as pernas, passa o dedo em sua parte íntima, tentando me provocar. Porém, minha paciência já havia chegado ao limite.

— Você é teimosa feito uma mula, odeio pessoas teimosas, e você sabe disso. — Caminho até ela, pego pelo braço e coloco para fora do quarto, catando todas as suas roupas e jogo contra ela, em seguida fecho a porta.

— Você vai se arrepender, Vitor Duran, por ter me tratado como uma cachorra. — Eliane ameaça, enquanto gritava e socava a porta.

Me divertia com aquela cena, pois não me senti culpado, muito pelo contrário, aquilo me animava, ver cada mulher se arrastando aos meus pés, como uma lesma. Toda aquela ameaça seria resolvida quando eu quisesse; era só chamar novamente para minha cama e ela viria de livre e espontânea vontade.

Eliane é uma das putas de aluguel que vive em uma das minhas casas noturnas, que fica localizada no centro da cidade.

Todos me chamam de monstro, sem coração, um homem frio e calculista. Mas isso não me afeta, e eu não me importo com os malditos falatórios. Por que me importaria com isso? Eu me sentia bem por ser respeitado por todos, sem depender de ninguém. Além disso, a metade dessa cidade só sobrevive porque dei metade do dinheiro ao canalha do prefeito, paguei por sua carreira maldita e dei um grande montante para que ele conseguisse conquistar o primeiro lugar nas urnas, em troca de ficar com metade da cidade e realizar meus desejos dentro dela. Foi uma troca bem justa.

Depois dessa tensão todinha, caminhei até o box, tomei um banho demorado. Eu estava me sentindo aliviado ao sentir a água fria percorrer todo o meu corpo. Saí do box, enrolado na toalha branca, me enxuguei e caminhei até o closet, me vestindo com uma calça moletom na cor cinza e uma camiseta na cor preta.

Pego meu celular em cima do criado e ligo para o serviço de bufê do hotel, pedindo algo para comer. Enquanto meu pedido não chega, eu me sento na frente do meu notebook e checo alguns e-mails. Logo fui interrompido por uma leve vibração do meu celular em cima do criado, anunciando uma chamada.

Não olhei no visor para ver quem estava me ligando naquele momento fora de hora, porque eu já sabia que todas as chamadas recebidas eram sobre meu trabalho.

— Alô. — atendi, colocando o celular em viva voz, enquanto meus dedos trabalhavam para responder algumas mensagens que estavam chegando.

— Senhor Duran, precisa vir até aqui, nosso carregamento de armas foi roubado. Mas já achamos o canalha, e está aqui conosco.

— Certo, Mizael, estarei aí daqui a alguns minutos. — Encerrei a ligação, e voltei a colocar o celular no criado mudo. Caminhei até o closet, escolhi uma roupa casual e me vesti.

Eu já estava quase de saída, quando meu pedido chegou. Sem tempo para comer, peguei e joguei no lixo. A mulher que trouxe minha refeição ficou atônita, sem acreditar no que eu havia feito.

— Da próxima vez que eu pedir uma comida, traga imediatamente. — Dei o aviso, e saí dali pisando em brasas de ódio, sem deixar a mulher se explicar ou me dar qualquer desculpa.

Entrei no elevador e desci para o térreo, peguei as chaves do meu Lamborghini no bolso da calça e caminhei a passos largos até a garagem, destravei o carro e entrei, dirigindo para a sede da máfia. Não levou muitas horas para eu chegar, estacionei o carro na frente e saí de dentro, caminhando para a entrada, e fui reverenciado por todos os meus soldados com um aceno de cabeça.

— Boa noite, senhor. — cumprimentaram todos em uníssono.

Sou acostumado a não falar com eles para cumprimentar, apenas aceno com a cabeça e continuo o meu caminho até chegar no porão, onde começo a sentir o cheiro de sangue puro. Tudo aquilo só me fazia lembrar do meu passado atormentador e doloroso. Tentei por várias vezes esquecer tudo, mas falhei na tentativa.

Quando entrei, pude contemplar o verme. Estava amarrado em uma cadeira; ele estava de cabeça baixa, mas levantou para olhar, quando meus soldados que estavam naquela área, me cumprimentaram.

— Ah, não! Por favor, você não. — Ele se desespera ao me ver.

— Calma, seu verme, vou só te ensinar uma lição, é só para você aprender a não pôr suas mãos nas coisas que não são suas.

— Não. Por favor, não. — Chorou.

— Mais uma chance. — falei. — Quem mandou você roubar os meus contêineres de drogas? — perguntei.

— Eu não posso dizer, não posso. — chorou novamente.

— Uma última chance. — falei. — Quem mandou você roubar meu contêiner? — tornei a repetir a pergunta.

— Me mate, não posso falar. — disse.

— Tudo bem, você quem pediu. Não doerá. — Digo, fazendo meu serviço, seus gritos estridentes soavam por todas as salas do porão, como uma bela música para meus ouvidos. Terminando de cortar fora um de seus braços, aquele homem desmaiou pela dor.

— Desmaiou chefe. — Disse Demétrio levantando da cadeira de onde estava sentado; logo um sorriso de divertimento surgiu em seu rosto.

— Ele é homem para roubar cargas dos mafiosos, mas na hora de enfrentar a fera cara a cara, aí o desgraçado não é homem. Deveria ter pensado nisso antes de me roubar. — Falei.

Mizael pega a serra das minhas mãos, e põe sobre a mesa; depois me entrega um lenço úmido para limpar meu rosto e mãos sujas de sangue.

— Mizael, se ele acordar, pode atirar para matar. Depois, pegue o corpo e jogue em uma vala qualquer por aí — avisei. Mizael confirma, com um aceno de cabeça.

Me ajeitei, e fui saindo dali; assim que cheguei do lado de fora, Demétrio me acompanhou.

— E aí, Vitor? Vamos curtir hoje, lá na sua noturne house? Com aquelas gostosas que sentam no meu cacete e ficam fazendo aquele movimento de vai e vem, nossa! Estou até passando mal, só de imaginar.

— Você é louco cara, louquinho de pedra. — respondi, entrando em meu carro.

— Qual é, Vitor, não faz isso cara! Tô falando contigo. — Demétrio insistiu.

— Não estou a fim de te escutar, e muito menos de ir para casa noturna hoje. Só quero descansar, será que é pedir muito, porra? — liguei o carro na tentativa de ir embora.

— Tudo bem, suave! — Demétrio retrucou, cruzando os braços.

Demétrio é meu consigliere e amigo de infância; ele fazia parte de outra máfia, mas mudou de lado assim que soube que eu estava na cidade, e me ofereceu seus serviços. Adotar um consigliere falador é difícil; além de tudo, o cara é um pé no saco, fala pelos cotovelos, mas é o único que eu ainda suporto.

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Comments

Genilda Votoria

Genilda Votoria

eu tô gostando até agora tá top

2023-05-17

33

Luisa Nascimento

Luisa Nascimento

Acabando de ler o primeiro capítulo às 23:53 do dia 09/12/2023. já amando!❤❤❤

2023-12-10

1

Joselia Freitas

Joselia Freitas

Estou começando outra história sua estou adorando parabéns 👏👏👏💋❤️🌹🌺💐

2023-11-21

1

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