Capítulo 08

HELENA FAETT,

Eu estava cochilando na viagem e não percebi quando o carro parou em uma pista de pouso. Demetrio sacudiu meu corpo para me acordar e o chefe dele, um verdadeiro monstro, não parava de chamar a atenção dele, por estar preocupado demais comigo. O cara é bonito, mas é um verdadeiro porre.

Saí do carro e segui eles para dentro daquele avião parado. Acredito que seja dele, já que tem uma aparência de rico, se veste bem e tem vários seguranças ao seu redor. Mas isso de nada serve se o cara é podre por dentro.

Já sentada sobre uma das poltronas, percebo que estou sendo observada por aquele par de olhos castanhos claros. Me subiu um calafrio pelo corpo. Olho pelo canto de olho e ele realmente está me observando enquanto conversa com Demetrio.

Desvio meu olhar e encaro uma pilha de revistas sobre o criado-mudo, tentando tirar a minha atenção dele, já que ele parece uma escultura bem feita à mão de um bom escultor. Pego uma para ler, e o sono vem com tudo.

(sonho)

Aquele homem lindo levanta-se e caminha para trás do avião. Ele fecha uma cortina que havia ali, o que me surpreende. Pensei que avião não tivesse essas coisas, mas já vi que me enganei. Uma aeromoça vem em minha direção, oferecendo algo para beber. Peço e a vejo passar pelas cortinas. Porém, terei que esperar bastante tempo, já que escuto gemidos vindo dos fundos do avião.

Demetrio me olha por breves segundos, mas encara aquilo como normal. Tudo bem, aqueles depravados fazerem sexo, nada contra. Mas a mulher parece estar parindo, para estar gritando e gemendo daquela forma, ou o cara deve ter um desempenho extraordinário. Balanceio a cabeça para afastar meus pensamentos tortuosos. Não demora muito para aqueles gemidos e batidas contra o corpo pararem. A aeromoça passa por mim toda descabelada e com batom borrado. Demetrio me olha e começa a rir.

— A bagaceira foi bem forte. — Sussurrei.

Demetrio me olha com olhar de reprovação por fazer essa brincadeira, dou de ombros. Alguns segundos haviam passado, mas o homem sombrio não retornou para o seu assento. Será que desmaiou? Teve uma excitação tão louca que deu ataque cardíaco? Olhei para Demetrio, ele estava dormindo, era o que parecia, já que estava com os olhos fechados. Minha bexiga estava cheia, queria esvaziar, mas não poderia passar por aquele pervertido, vai que ele está nu. Começo a corroer minhas unhas, mas não dá para aguentar, e só há um banheiro naquele avião, ficando nos fundos. Me levanto e caminho pelo corredor, me segurando nas poltronas. Ele está ali, deitado de bruços sobre a cama, pude somente ver por canto de olho, somente de cueca box na cor branca.

Passei direto e fiz minha necessidade, me limpei e fui voltando para o meu lugar. Porém, fui pega de surpresa e mãos fortes me prenderam na cama.

— O que está fazendo? Me solta. — falei baixo para não arrumar escândalos.

— Eu? Nada. Na verdade, eu estou com muito frio, e queria alguém para me aquecer.

— Não sou uma fogueira, agora me solte.

— Adoro gatinhas selvagens.

Sinto suas mãos fortes apertarem meus seios por cima da blusa, meu corpo traidor me denuncia, mesmo tentando me controlar.

— Você gosta, seu corpo responde muito bem aos meus toques. — sinto seus beijos em meu pescoço.

— Sai de cima de mim, ou grito por Demetrio.

— Ele não pode fazer nada, está dormindo como um bebê. Dei um calmante a ele, coloquei na bebida que ele estava tomando, custou um pouco para fazer efeito, mas compensou.

— Por que fez isso? — falei desesperada.

— Por que quero você?

— Me solta, por favor! Porque não chama a aeromoça, afinal estavam se pegando.

— Não a peguei, apenas trocamos carícias nas partes íntimas. Não me deito com qualquer uma, agora você, me instigou desde a primeira vez.

Senti seus toques, suas carícias, era como se eu estivesse experimentando uma droga. Me senti extasiada, sem ter mais domínio sobre o meu próprio corpo. Senti minha calcinha ser afastada para o lado, minhas pernas foram separadas e pude sentir dedos grandes brincarem com meu clitóris.

Enquanto aquele homem, para mim, um estranho, fazia movimentos circulares em minha parte sensível, sua língua trabalhava no bico rígido de meus seios, e um gemido baixo escapou de meus lábios. E abri os olhos quando o piloto anunciou que colocássemos o cinto, porque estaremos passando por uma turbulência.

— Adorei ver você se retorcendo assim, e isso foi só porque não queria. Nossa!

Aquela pequena bolha foi quebrada por suas palavras, porque pensei estar vivendo aquilo, mas não. Eu estava sonhando, enquanto aquele imbecil estava sentado à minha frente escutando tudo. Corei de vergonha.

— Não aconteceu nada, era apenas um sonho. — respondi mesmo com vergonha.

— Um sonho erótico comigo, que coisa. — falou me olhando com malícia.

— Não era com você. — rebati.

— Não minta. — falou.

— Onde está Demetrio?

— Está na cama, descansando um pouco. Não se preocupe, ele não ouviu.

Olhei para trás, tinha uma cama bem pequena, mas não tinha uma cortina, então sim! Eu estava sonhando, e para minha vergonha, eu passei pelo ridículo na frente dele.

— Eu, eu gemi muito alto?

— O bastante a ponto de me deixar excitado, e querer te possuir de verdade. — disse saindo dali.

Engoli em seco.

Algumas horas haviam passado. Chegando no local de destino, o avião pousa e saímos de dentro, seguindo novamente para dentro de outro carro. Seguimos uma longa estrada, mas duas horas de viagem, e chegamos na frente de uma mansão enorme.

O carro entra por portões gigantescos, e o lugar dentro era tão lindo quanto fora. Olhei para aquele homem ao meu lado, ele estava tão distraído, pensando em algo. Agora não sei o que passa na cabeça dele.

O carro para, o chofer abre a porta do carro, eu saí por um lado, e ele por outro, entrando na mansão, mas não me disse nada, nem sequer me dirigiu a palavra. Mais uma vez me senti frustrada e envergonhada por ter me deixado levar em um sonho. Mesmo que agora meu corpo queira sentir, para ver se é tão bom quanto foi nos sonhos, melhor não.

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