Discussão

O percuso de volta foi em silêncio. Eu só consegui pensar nas formas de vingança que James usaria contra mim. Quando chegamos ficou um clima estranho. Peguei uma camisola, fui até o banheiro e após um rápido banho me troquei. Saindo, encontrei Pietra sentada na cama, pensativa, então sentei ao seu lado, sem dizer nada.

— Ainda gosta dele? — perguntou de repente.

— Claro que não! — Ela me olhou. — Não é nada disso.

— Então qual o problema? por que ficou assim? tudo bem eu omiti, mas poxa...

— Você devia ter me deixado ciente de que a qualquer momento íamos dar de cara com ele.

— Para quê? Acabou entre vocês. Não superou? Eu acho que ele sim e quando a gente supera acaba sendo natural encontrar a pessoa na rua.

— Não o James. — Baixei a cabeça.

— Tem medo dele?

— Tenho! — Suspirei. — Eu convivi com ele durante alguns meses e o conheço o suficiente.

— Eu também o conheço bem, e pior, sei que namoraram. Eu quem devia estar assim.

— É que... — Pensei em contar a verdade. — Tenho medo que ele guarde algum rancor, queira meu mal e seja por isso que voltou.

— Que bobagem, Emily! James namora e termina quase toda semana, se for se vingar de todas... além do mais agora que está até trabalhando. — Fiquei surpresa. — Disse que é motorista da filha de um tal Mckean.

Arregalei os olhos.

— Mckean? Tipo, o sobrenome do meu pai?!

— Sim, mas ele não é seu motorista, é? — Ela parecia farta daquele assunto.

— Meu pai tem uma enteada. — Coloquei as mãos no rosto. — Ele está me cercando.

— Emily, para com essa paranoia. — Ela me abraçou. — Você está pirando.

— Sim, eu estou. — Lembrei de meu celula, levantei procurando-o pelo quarto até encontrá-lo em minha bolsa. Pietra apenas me observou sentar novamente na cama, ligar milhares de vezes para Natasha e só dar caixa postal. — Que ódio!

— O que foi agora?

— Natasha não atende.

Pietra suspirou.

— Ok, você vai ou não me contar qual é o real problema com o James?

Baixei a cabeça, ficando em silêncio por um tempo.

— Você vai me achar uma pessoa horrível.

— Eu quero saber, Emily.

Apertei meus dedos nervosa, reunindo coragem.

— Eu quem armei para ele ser expulso. Mandei colocarem droga nas coisas dele. — Olhei para ela que manteve o rosto sem expressão.

— Sabia! Ele é um idiota faz burrada, mas na escola estava tentando se sair melhor, porquê no fundo ele queria finalmente ser motivo de orgulho para o pai. — Ela devia estar me achando uma completa imbecil. — Por que fez isso?

— Porque estava cansada de ser tachada de ex de traficante. James é visto por todos como um delinquente, eu não aguentava mais ter qualquer ligação, precisava excluir da minha vida, pelo menos na escola. Eu sei, foi um erro...

— Foi uma completa idiotice! — falou levantando. — Ele batalhou para conseguir a bolsa de estudos, pois antes já havia decepcionado os pais. Eles se mudaram pra cá pra tentar recomeçar e você acabou tudo por um simples capricho! Emily, você não cansa de viver de acordo com o que possivelmente vão pensar sobre a seu respeito?

— Eu sei foi burrice, desculpa.

— Não é a mim que deve desculpas.

Olhei para ela, preocupada com o que queriadiria.

— Eu nunca vou confessar isso a ninguém! Posso ser expulsa, minha vida vai estar acabada. Como vou explicar de onde veio aquela droga?

— Qualquer pessoa sim, mas você não?

— O James já estava acostumado.

— Ele precisava de ajuda, não de alguém queferrasse sua vida por completo! — Baixei a cabeça novamente. — Tudo porque você não aguenta imaginar o que vão dizer a seu respeito.

— Vai ficar brigando comigo agora por causa do James?

— Não é só por causa dele, mas sim por conta dessa sua forma idiota de ver a vida. Como vai fazer amanhã quando todos souberem? Dessa vez não tem ninguém que possa por a culpa de seus atos.

— Para! — Levantei nervosa. — Eu não sei o que vou fazer. — Passei as mãos pelos cabelos ,nervosa, andando pelo quarto. — Estive evitando pensar sobre isso.

— Não seria mais fácil encarar a verdade? - Neguei. — Pretende fingir ser quem não é até quando?

— Eu não estou fingindo...

— Está sim Emily, você se esconde por medo do que vão pensar.

— Não quero todos me olhando e comentando sobre minha vida.

Ela segurou em meus ombros.

— O que mudaria? Imagina a quantidade de gente que fala sobre mim e no entanto eu estou aqui, sendo feliz.

— Mas você tem sua mãe, eu não teria o apoio da minha em nenhuma decisão que tomar. Ela gosta da filha que pensa que sou.

— Ah Emily chega, já esgotei meus argumentos.

— O que você quer que eu faça? — Choramingo. — Não posso confessar sobre o James. Quer que eu me ferre? — Ela se aproximou e segura minhas mãos.

— Não precisa assumir o que fez com James, agora é tarde, o estrago já foi feito. Ele nem deve estar pensando sobre isso, talvez só esteja tentando se virar como pode. Quero que tente fazer as coisas sem se preocupar com o que pensam.

— Então, quer que eu assuma sobre nós? — Ela confirma. — Eu não vou conseguir, não posso, não me peça isso!

— Por que não, Emily? De que adianta esconder se vão falar do mesmo jeito.

— Vamos esquecer tudo um pouco? Vamos dormir e amanhã aproveitar nosso domingo juntas. Depois conversamos sobre isso?

Ela confirmou me abraçando e me senti aliviada ao sentir a tensão entre nós diminuir.

Deitamos, ela deu um leve beijo em meu pescoço, ficando agarrada a mim, que cansada fechei os olhos e não demorei a adormecer.

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