Revelações

Radiante, era assim que eu me sentia naquele momento. Suspirando atoa e ainda lembrando da noite passada, enquanto caminhava pelo corredor bagunçado, onde todos estavam empolgados com o baile. Papéis voavam para todos os lados e em meio a toda bagunça finalmente encontrei meu armário.

— Você matou sua mãe ou teve uma noite incrível de sexo com a Pietra? Qual das duas notícias tem para me dar? — perguntou Natasha parando ao meu lado.

— Primeiro que, minha intimidade não é e jamais será motivo de notícia e segundo é impressão minha ou alguém está vivendo uma crise de abstinência? — Sorri olhando para ela. — Deixa minha vida sexual em paz, por favor. — Fechei o armário e voltei a caminhar entre a bagunça, sendo acompanhada por ela. — Afinal como está o sua?

— Não está — diz com a voz chorosa. — Você tem razão estou em crise, afinal eu e George não saimos das preliminares.

— Sério? Esteve mais na casa dele do que na sua essas últimas semanas, pensei que estivesse praticando muito. — Parei na porta da sala.

— Sempre achei que ele fosse um cara quente e viril. Acho que não me deseja.

— Ele é cego? Você é linda e sexy.

— Espera ai, você está flertando comigo? Me desejando, é isso mesmo?

Rimos.

— Eu só tenho olhos para uma pessoa — falei toda boba e levei um baita susto.

— Bom dia meninas! — Pietra parou ao nosso lado e após o susto sorri de orelha a orelha, desejando abraçar e beijá-la ali mesmo.

— Bom dia, Pi — respondeu Nath sorrindo, em seguida olhou para mim.

— Pi? — murmurei vendo Pietra sorrir de forma divertida.

— Qual o problema? Estou tentando fazer amizade. — De repente Natasha aumentou o tom de voz. — Seria legal se fossemos amigas. — Percebi Mel e outros alunos se aproximando.

— Estou aberta a novas amizades — Pietra sorriu dando uma piscadinha para mim que dei passagem aos outros naquele momento. — Emily, você pode me ajudar com geometria?

Sorri me perdendo no sorriso dela enquanto formulava uma frase em resposta, algo que não fosse “estou de quatro por você e farei qualquer coisa que peça”.

— Estou muito ocupada escolhendo meu vestido para o baile, mas quem sabe eu faça essa boa ação. Vamos Natasha, já chega por hoje — falei virando e entrei na sala enquanto ela ria batendo o ombro ao meu.

— Não me importo que falem — diz enquando sentamos lado a lado e suspiro.

— O problema seria minha mãe saber que minha melhor amiga anda com a lésbica, sabe como as coisas funcionam aqui. As notícias voam.

— Emily você tem um rolo com ela, acho que deveria encara as circunstâncias, para com esse medo bobo e vive.

— Medo bobo? Eu dependo de minha mãe para viver, sabia? Ah e mais uma coisa, eu não tenho um rolo com ela, nós estamos oficialmente namorando.

Natasha deu um gritinho chamando atenção de todos e sorri baixando a cabeça

Na hora do almoço Pietra sentou com a gente, mais especificamente entre mim e Natasha que estava ao lado de George e a minha esquerda estava Eric, concentrado em seu celular e comendo batata frita.

— Será que você me bate caso confesse aqui e agora que estou louca para te beijar? — murmurou Pietra mantendo o olhar no canudo em sua coca, me fazendo sorrir.

— Com certeza sim — respondi enquanto fingia estar também mexendo no celular.

— Podemos sentar com vocês? — Levantei o olhar dando de cara com Mel e Sam.

— Senta ai meninas — incentivou George e olhei para Nath que encolheu os ombros.

Ambas sentaram à nossa frente, na mesa redonda do refeitório barulhento, acabando com a oportunidade de conversar disfarçadamente com minha namorada. Era muita cara de pau dela depois de tudo.

— Que tal fazermos um luau para comemorar a volta do George? — sugeriu Mel enquanto eu mantinha meus olhos no celular.

— Isso parece legal — respondeu Sam, a penetra.

— Estou mesmo sentido falta do meu violão e sua voz Mel, uma ótima junção.

Olhei para Nath que parecia não gostar nada de ouvir aquelas palavras de George.

— Pietra pode tocar também. — Mel manteve seus olhos em Pietra que me olhou antes de responder.

— Pode ser. — Ela leva o canudo até a boca e percebi o quanto cada movimento dela me atraia de forma assustadora, até mesmo quando estava morrendo de raiva.

— Pietra tem dois violões e três guitarras, é incrível. — Mel começou a tagarelar. — Quando vou para a casa dela depois da aula sempre toca algo. — Apenas Samantha e George pareciam interessados no assunto e Eric, como sempre, estava em um universo paralelo. — Na primeira vez a mãe dela me confundiu com uma ex e foi muito engraçado.

— E parece mesmo? — perguntou Sam.

— Um pouco, vi umas fotos no celular da Pietra e ela é linda.

Eu e Nath olhamos para Pietra.

— Então galera e quanto ao luau? — Pietra tentou mudar de assunto.

— A Lizzie disse que a Pietra tem um fraco por loiras. — Mel continuou, olhando diretamente para mim enquanto dizia aquilo.

— Eu levo o beck! — disse Eric chamando a atenção de todos, menos a minha que mantive o olha em Mel que sorriu cínica.

— Ah para Eric, seu viciado de merda! — reclamou Nath.

Senti a mão de Pietra em minha coxa e olhei para ela que nada disse.

— Parece que vai ser legal. — repetiu Samantha. — Você vai Emily?

— Talvez — respondi dando graças a Deus pelo sinal tocar e todos levantarem.

Eu acreditava não existir como detestar ainda mais a Melissa, mas quando ela fez questão de deixar claro que estava falando aquelas coisas para me provocar me fez sentir muito mais vontade de joga ácido em sua cara.

Quando eu caminhava para a sala, ainda fumaçando de raiva, Pietra surgiu ao meu lado.

— Não liga para a Mel.

Puxei Nath para que ficasse ao meu lado.

— Só me responde uma coisa, você acha que loiro combina com meu tom de pele? — perguntei e Nath bateu em meu braço, me puxando em direção a sua sala.

— Tchau Pi! — gritou ela enquanto me puxava para longe. — Acalme-se Emmy, sua raiva tem que ser descontada na Mel e não na Pietra.

— Eu sei. — Respiro fundo e me despedi dela que foi para outra aula.

Assim que entrei e sentei, tentando esquecer o ocorrido, fui surpreendida por Samantha que sentoh ao meu lado e virou para mim sorrindo.

— Nossa única aula juntas.

Franzo o cenho achando estranho ela sentar ali.

— Pois é…

— Pensei que seria uma boa oportunidade de nos aproximar um pouco mais.

— Por que quer se aproximar de mim agora? — perguntei incomodada.

— Eu sempre quis, não lembra? Quando você era líder, mas sempre achou que eu só queria tomar seu lugar.

De fato eu achava ela uma invejosa.

— Não lembro. — Abri meu livro.

— Tudo bem. — Notei ela sorrir. — Podemos fazer isso agora.

Durante quase toda a aula percebi Sam me olhando, mas fingi não notar, até começar a ficar muito incômodo, pois ela não parava quieta.

— Algum problema? — Franzi o cenho.

— Não... — Percebi que estava visivelmente nervosa. — Ou sim.

— Sim ou não? — E até mesmo eu já estava ficando nervosa.

— Na verdade... — Ela inclinou-se um pouco em minha direção e falou quase cochichando. — A Mel me contou sobre achar que você gosta da Pietra. — Bufei de raiva. — Eu não sei se é verdade e eu espero que não, ou sim, não sei. — Fez uma pausa e minha expressão era de total confusão. — Bem, a Mel confessou ser bi...

Não entendi o que aquilo tinha a ver, mas minha primeira reação foi xingar.

— Aquela cachorra! — Alterei um pouco a voz e ao notar alguns alunos olhando voltei a falar baixo. — Antes ficava se dizendo a hétero.

— Ela estava fazendo charme e confessou que está afim da Pietra.

Fechei minhas mãos em punho, sentindo a raiva me consumindo.

— Mas o que isso tem a ver com você?

— Por conta disso decidi assumir também que gosto de gatotas. Na verdade… — Ela falou ainda mais baixo, como se estivesse confessando um crime. — Sou lésbica.

— O quê? — Virei para ela, com olhos arregalados e meu queixo devia estar no chão. — Co-como assim? Você namorou o Jhonny durante mais de um ano antes dele ir embora.

— Na verdade ele é gay e decidimos finjir namorar para disfarçar.

— Disfarçar o quê? Eu nunca imaginei. — Eu não conseguia acreditar.

O que era aquilo? Uma explosão LGBT na cidade, causada por Pietra?

— Eu nunca contei para ninguém além do Jhonny, e agora também para a Mel.

— Por que está me contando? — Arqueiri uma sobrancelha, olhando para ela desconfiada.

— E-eu... — Gaguejoh e percebi que não ia ouvir coisa boa. — Porque eu gosto de você.

— Você o quê? — Me engasguei com a própria saliva e comecei a tossir descontroladamente, o que acabou sendo uma desculpa para sair dali e fujir daquela situação.

Levantei pedindo com licença e sai da sala, caminhando até o pátio onde sentei em um banco, não acreditando no que tínha ouvido.

— Você está bem? — Me assustei com a voz de Sam que logo sentou ao meu lado. Apenas confirmei com a cabeça. — Desculpa, não queria te assustar, só que guardei por muito tempo e agora vi uma boa oportunidade de expôr para você que sinto.

— Quanto tempo? — perguntei curiosa.

— Desde que entrei para as líderes e convivi com você. Ficamos mais próximas e comecei a te admirar, depois percebi que era bem mais que isso. — Sua voz era suave e baixa, como de costume, nem parecia estar nervosa, ao contrário de mim.

— Nunca sequer passou por minha cabeça. — Olho para o chão. — Eu jamais ficaria com você.

— Tudo bem eu entendo que não é sua praia. -— Olhei para ela que parece triste.

— Não que você não seja linda e ficavel... — falei me sentindo sem jeito — Mas não ficaria, não mesmo. — Eu sem dúvidas precisava de um cigarro. — Vai aparecer alguém bem melhor, ok? — Toquei no ombro dela que mantinha a cabeça baixa.

— A Mel me incentivou a desabafar com você, afirmou que seria melhor, mas com certeza não foi uma boa idéia.

— Foi sim você vai desencanar de mim e vai procurar alguém que te mereça.

O que eu não conseguia digerir era o fato de Mel saber sobre aquilo.

— Não pensa sequer em experimentar? — perguntou me olhando de repente e enguli em seco, sem saber o que dizer.

— Melhor não pensar sobre isso.

— A única garota que beijei foi a Mel, porque contei para ela sobre nunca ter beijado uma garota e ela disse que eu precisava ter certeza antes de vir falar com você.

Que cachorra!

— Sabe como as coisas são por aqui…— continuou. — Ninguém tem coragem de se assumir e se alguém manter algo em segredo é bem escondido mesmo, pois não ficamos sabendo. — Ela suspirou. — Mas sabe? Eu queria que a primeira tivesse sido você.

— Nossa... — Eu estava de fato necessitando de um cigarro e principalmente de distância dela porque aquilo era muito estranho para mim. — Sam isso é... nem sei o que dizer.

— Tem certeza que não pensa sobre? Não ficou balançada com a Pietra como a Mel disse?

— Eu acho que você devia parar de andar com a Mel.

Ela suspirou levantando.

— Tudo bem, entendi, melhor eu ir.

Samantha saiu e fiquei ali embasbacada, tentando entender o que foi aquilo.

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Comments

mary_🕷️🎧🕸️

mary_🕷️🎧🕸️

bi...scate

2023-12-30

3

Rita H.

Rita H.

kkkkkkkkkkk
Capítulo hilário.

2023-07-14

1

Alanis Alanis Collins de oliveira

Alanis Alanis Collins de oliveira

KSKSKSK MDS

2023-03-28

1

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