Patricinha Idiota

Sexta-feira, véspera do evento que seria na praça principal da cidade. Todos os alunos envolvidos estavam arrumando as barracas para que estivesse tudo perfeito no dia seguinte. Eu estava ansiosa, animada e até um pouco cansada por já ser bem tarde e estar ali desde cedo, mas sabia que o esforço ia valer a pena, afinal não era o primeiro evento que eu ajudava a organizar.

— Emily as garotas para o desfile, nenhuma desistiu? — perguntou Leah, a jovem mulher do prefeito, linda e de bom coração. Eu claramente a admiro e a essa altura também sou grata por ter me tirando da ociosidade.

— Não, mas eu vou falar com a Jenna que ficou encarregada delas. — Sorri colocando de lado as flores que prendia em uma barraca, em seguida sai caminhando em direção a casa de Jenna que fica bem.

Ela é mãe de uma garota que estuda na mesma sala que eu e já foi miss em nossa pequena cidade.

As vezes chegava a ser chato conhecer praticamente toda a população. Não que eu conheça a cidade inteira, mas a grande maioria, mesmo que eu não conheça, com certeza me conhece.

Enquanto caminhava retirei o celular do bolso do casaco e sigui olhando minhas mensagens até desviar o olhar dele, parando diretamente no outro lado da praça, onde vi Mel e a tal Pietra sentadas, rindo de algo que devia ser muito engraçado. Mel costumava ser a garota mais séria de nossa turma. Continuei andando e observando-as até esbarrar em algo e quase cair.

— Ai droga! — Só então percebi a lixeira aos meus pés.

— Tudo bem, Emmy? — Mel gritou rindo, de mim por sinal. Olhei para ambas e penas fiz sinal de ok com os polegares, seguindo meu caminho.

A festa seria a noite, mas durante o dia teriam barracas de frutas, comidas e várias outras coisas típicas do lugar. Ao fim da tarde de sexta estava tudo muito bem organizado. O que seria arrecadado tinha como destino a ala pediátrica de crianças com câncer, que havia sido aberta a pouco tempo no maior Hospital da cidade.

(...)

No dia seguinte as pessoas usavam chapéus para se proteger do sol, mas o clima era como de costume, bem gostoso. Eu usava um vestido floral justo até a altura dos quadris e solto até minhas coxas. Vestidos não fazem muito meu estilo, mas mamãe insistiu bastante enquanto ela mesma fazia uma trança em meus cabelos. Trança esta que eu particularmente adorei e me surpreendi pelo fato dela saber fazer algo assim, afinal as únicas coisas que vejo em suas mãos são papéis, processos e mais processos, e seja mais o quê um advogado tanto ler.

Eu caminhava com Natasha por entre as barracas, estava a procura de minhas uvas preferidas.

— Por que tanto procura essas uvas? Quem vê pensa que está com desejo. — dizia ela que estava ao meu lado, cansada de me ver observando cada barraca.

— Vira essa boca pra lá! — Fiz o sinal da cruz.

— Claro que... — Ela se calou devido à aproximação de alguém.

— Vocês ficaram sabendo que o George quebrou o braço? — Tessa, uma garota fofoqueira chegou dizendo.

— O quê? Como? — Nath perguntou já demonstrando nervosismo.

— Ele estava ajudando com a iluminação, mas caiu da escada e quebrou o braço. Parece que foi feio e vai ter que fazer cirurgia.

Eu podia notar que Nath quase chorava ao ouvir aquilo.

— Calma, vamos procurar saber melhor, não deve ter sido isso tudo. — Lancei um olhar para Tessa e ela encolheu os ombros. — Calma Nath, não adianta ficar nervosa.

— Eu vou para o hospital agora mesmo. — Minha amiga sai apressada e quando pensei em segui-la, Jenna chamou a mim e Tessa para ajuda- lá com algumas coisas.

Naquele momento, particularmente, eu estava de má vontade. A essa altura não queria mais ter que ficar me ocupando com nada, queria apenas aproveitar meu tempo, de preferência livre. Estávamos apenas eu e a fofoqueira arrumando alguns enfeites no palco do desfile, quando ela se aproximou de mim e cochichou:

— Qual é a da Mel com a sapatão?

Arqueei a sobrancelha olhando para ela.

— Eu sei lá! — respondi grossa, irritada por conta de sua tagarelice.

— Já estão comentando sobre aquilo — continuou, mas fingi não lhe dar ouvidos. — Eu não entro no banheiro quando ela está. — Revirei os olhos saindo de perto.

A noite fui ao hospital para ver George. Nath não saiu de lá um minuto sequer. Tentei ao máximo tranqüilizar ela, mas parecia que o rapaz havia levado um tiro, ela choramingava a todo o momento. Fiquei tempo suficiente para George ter saído da cirurgia e Natasha estava mais calma.

Quando cheguei de volta a praça o desfile já ia começar. Fiquei olhando de longe sem muita empolgação, por estar sozinha. Claro, eu poderia me juntar a qualquer grupo, pois seria bem recebida, mas preferia ficar apenas com Natasha.

Comprei algodão doce e sentei em um banco vazio, me sentindo desanimada, sem saber exatamente o motivo. Talvez porque não tinha mais o que fazer a essa altura.

Resumidamente minha noite foi sem grande animação. Avontade insuportável de acender um cigarro me possuía, mas não me arriscaria ali.

Quando Eric finalmente me encontrou, decidi sair daquele tédio e aceitar seu convite de ir ao cais, onde teria uma galera, que segundo ele, foram tomar vinho.

(...)

A certa distância podia-se ouvir a melódica voz de Mel cantando Bruno Mars, uma das minhas músicas preferidas. Enquanto saia do carro de Eric peguei meu casaco, que estava preso na bolsa mediana que atravessada em meu corpo, e o vesti por conta do frio. Logo em seguida peguei meus cigarros e isqueiro.

Ao chegar de fato so cais, estavam todos concentrados na música que Mel cantava e para minha surpresa quem tocava era Pietra.

Sentei, agradecendo a Deus mentalmente por poder fumar. Quando estava curtindo a primeira tragada um carinha que eu conhecia apenas de vista me entregou um copo de vinho.

— Por que vinho? — perguntei a ele.

— Estamos fazendo uma espécie de ritual alcoólico semanal. Essa é a semana do vinho, semana passada foi cerveja e na próxima será vodka. — Ele deu uma piscadela, levantando. — Que tal irmos para a areia fazer uma fogueira?

— Boa! — Todos concordaram e os rapazes, que eram seis, junto a quatro garotas, sairam empolgados.

— Vamos Emily? — perguntou o rapaz com quem falei antes, com sorriso nos lábios. Eu não fazia idéia como ele se chamava.

Apenas neguei com a cabeça, tomando a bebida.

Ele saiu após os outros e permanecemos eu, Eric, Pietra e Mel, que ao terminar a música ficou olhando Pietra, parecendo hipnotizada.

Revirei os olhos, tragamdo novamente o cigarro.

— É a minha favorita — comentei antes de soprar a fumaça e olhar para o céu.

— Também é a da Pietra — disse Mel me fazendo olhar para a garota segurando o violão. — Ela também é fã do Bruno Mars, igual a você. — Mel sorria sem tirar os olhos de Pietra.

Com certeza estava rolando alguma coisa.

Ficamos em silêncio enquanto as pessoas na areia faziam uma gritaria. Baixei a cabeça, colocando o copo ao meu lado, notando Eric falar algo no ouvido de Mel e de repente ambos levantaram, saindo sem dizer nada. Fiquei olhando para minha mão livre, sobre minhas pernas cruzadas, pensando sobre levantar e também sair dali, quando fui surpreendida pela a voz de Pietra.

— Isso mata, sabia? — Olhei para ela que colocava o violão de lado.

— Sei — respondi séria, voltando a trazer o cigarro aos lábios.

— Qual seu problema comigo — Ela sorriu. — Não que eu não saiba, mas é que seus amigos me tratam bem. Só acho que podemos manter uma relação amigável.

Eu ri de maneira forcada.

— Não tenho problema com você. — Dei de ombros. — Só não quero ficar tipo a Mel.

Vi ela rir baixando a cabeça.

— Por que se importa tanto com imagem? Aparência?

Traguei novamente o cigarro e inclinei a cabeça para trás, fechando os olhos enquanto soltava a fumaça, antes de falar:

— De onde você veio? — perguntei voltando a olhar para ela.

— Um lugar bem mais agitado que aqui. — Ela manteve o olhar fixo ao meu, me incomodando, então me obriguei a desviar, observando as pessoas na areia.

— Está vendo, você não entenderia, pois vem de uma grande cidade. Não me conhece, não sabe nada.

— Sabe que isso só vai te fazer infeliz. Nunca vai conseguir ser feliz se continuar vivendo baseada no que pensam a seu respeito. Se bem que eu nem devia estar te alertando por conta da forma que falou comigo da última vez.

— Não preciso de seus conselhos, garota! — Joguei o que restou do cigarro, ficando de pé.

Sai caminhando, me perguntando como ia para casa, mas fui surpreendida por uma mão segurando meu pulso. O que me fez virar e logo também encarar aquele par de olhos castanho claros. Tão claros que nem pareciam reais.

— Não precisa ir embora por minha causa. — Ela me soltou. — Eu mesma posso ir, afinal sou a penetra aqui, não é mesmo?

Revirei os olhos, cruzando os braços.

— Não se ache tão significante! — falei antes de dar mais um passo, mas ela voltou a falar, então parei novamente.

— Eu não devia me importar com o que uma patricinha idiota pensa sobre mim ou o que ela faz da vida...

— sso é verdade. — Eu já estava ficando seriamente irritada com a insistência dela em falar comigo, mesmo diante de tantos foras que já dei. — Você não deve, pois eu não me importo com o que você pensa ou faz! Não quero papo com você, ponha-se no seu lugar.

— Sabe o que consegue ser mais irritante que essa sua arrogância? — Piquei algumas vezes, confusa. — O fato de você não sair da minha cabeça desde a primeira vez que te vi na ciclovia.

Franzi o cenho. Minha boca estava entreaberta e minha mente tentou processar o que aquela garota estava me dizendo. Permanecemos em silêncio até eu formular uma frase.

— Você está dando encima de mim? — Dei alguns passos para trás. — É uma cantada? — Sorri. — Sai do meu pé! — Virei e sai caminhando com pressa.

Ela quase me atropelou, tentou forçar uma aproximação me dando conselhos e por fim eu sou a garota de seus sonhos? Não podia ser mais idiota.

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Comments

mary_🕷️🎧🕸️

mary_🕷️🎧🕸️

ela tipo ,esse é o entuito

2023-12-29

0

Såd_ Grıł_Đemøn

Såd_ Grıł_Đemøn

vai fundo Pietra
não pera, la ele boy

2023-02-24

6

Cleidiane Oliveira

Cleidiane Oliveira

tá dinha da pietra só levando patada.
mas estou adoranndo a Emily toda disconcertada com a pietra.
continua pietra uma hora ou outra ela cede.

2023-01-26

6

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