Pedido

Deitei ouvindo música enquanto pensanva em minha tarde. Foi tudo tão rápido e intenso, desde o momento de tristeza ao de alegria.

Era tão surreal.

Fui surpreendida por mamãe que bateu na porta então sentei retirando os fones. Ela abriu um pouco e confirmei que podia entrar, sabendo que entraria de qualquer maneira, pois desde que cheguei notei que estava tensa.

— Tenho uma... — Ela fechou os olhos respirando fundo. — Notícia para você.

— O quê? — Sentei melhor na cama olhando-a de pé, apertando as próprias mãos visivelmente nervosa.

— O seu pai, em uma semana voltará a morar nesta cidade, vom aquela gente que ele agora chama de família.

Suspiro aliviada por ser apenas isso.

— Por que?

— A velha, sua avó, deve estar fazendo a vida do casalzinho um inferno, desejando vir morrer na cidade natal.

— Mãe não fala assim da vovó. — Levantei e vou até ela, fiz com que sentassr em minha cama e sentei ao seu lado. — Já se passaram três anos desde a separação. Tá na hora de encarar isso de forma natural.

— Pode ficar tranquila, não voltarei para aquele estado lastimável. — Ela apertou minha mão.

Mamãe ficou em crise, literalmente, depois da separação. Primeiro veio o excesso de fúria, quase incontrolável, contra tudo e todos. E logo depois uma fase em depressão que fez ela passar dias chorando trancada. Mas depois de um ano em tratamento ela finalmente voltou a trabalhar, tornou-se uma profissional respeitada, tanto aqui quanto nas pequenas cidades vivizinhas, e conseguiu montar seu próprio escritório de advocacia, juntamente com outros dois advogados. Recentemente um deles foi embora e aí que entrou a mãe de Pietra.

— Promete que vai focar em seu trabalho e esquecer a vinda do papai?

— Claro, meu anjo. — Ela não conseguiu me convencer.

Sei que parece durona na frente de muitos homens, mas quando se trata de meu pai, infelizmente não é bem assim.

...(...) ...

Dormi bem pouco de tanto pensar em Pietra e no que a vinda de meu pai causaria em dona Rachel.

O dia seguinte era sábado, fui acordada com a luz do sol em meu rosto as oito da manhã, após mamãe abrir as cortinas me acordando para irmos passar o fin de semana mais desanimado de todos na casa de meus avós, que fica em outra cidade. Eu não contava com isso, muito menos com a falta de meu celular e a impossibilidade de fumar.

Na segunda-feira meu estômago revirava sempre que pensava que finalmente veria Pietra. Quando abri meu armário havia um bilhete que fez meu coração saltar muito antes de

..."Por que não respondeu minhas mensagens durante todo fim de semana? Senti sua falta. Quero te encontrar hoje a noite às 20:00 no cais." ...

— Bilhetinho romântico? — Nath surgiu puxando o papel de minha mão. — Hmmm hoje tem! — Ela riu e puxei o papel novamente.

— Está sabendo se vai alguém para lá hoje a noite?

— Todos estão empolgados demais com a nova modinha que é ir para rachas na cidade vizinha.

— Racha? Coisa ilegal? E onde estão as pessoas normais?

— Aparentemente estão mais interessados em ganhar dinheiro correndo riscos, fazendo apostas ou apenas observando feito idiotas.

Guardei o papel dentro de um livro.

— Oi Emily. — Samantha se meteu entre mim e Natasha, encostando-se em um armário, de frente para mim. — Tudo bem?

— Bem e você? — perguntei não demonstrando muito interesse.

Nem lembrava a última vez que havia falado com ela. Aliás, eu sequer lembrava que ela e o resto do mundo existiam, só conseguia pensar naquela garota que me revirou inteira por dentro.

—Bem… — Ela esticou a mão, tocando uma mechade meu cabelos. — Faz tempo que não conversamos, temos poucas aulas juntas e eu treino bastante, não tinha reparado que seu cabelo era tão lindo.

Franzi o cenho, afastando um pouco, fazendo com que ela soltasse meu cabelo.

— Está como sempre esteve — falou Nath que deu um passo parando de lado a Sam, com os braços cruzados, mas ela a ignorou completamente.

— Você não foi a nenhum dos meus encontros na piscina durante o domingo. — Ela jogou os cabelos para o lado. — Seria legal seu alto-astral por lá.

Arqueei as sobrancelhas.

— Sério? Estive ocupada, mas quem sabe eu apareça nesse fim de semana.

— Ótimo, eu espero! — Seu sorriso sumiu quando Nath colocou o braço sobre os ombros dela.

— Não espere, pois ela não vai poder comparecer a sua festinha na piscina, a Emmy está com a agenda lotada. — Enquanto falava, Natasha ia levando ela para longe e apenas sorri observando.

— Tchau Sam! — Acenei quando Natasha voltava sorrindo. — Que estranha.

— Eu acho que ela veio pegar um fio de seu sedoso cabelo para fazer algum ritual ou estava tentando te seduzir.

Dei uma gargalhada.

— Pirou Natasha?

— Eu já vi muito ela tentando seduzir os meninos, aquela jogada de cabelo combina perfeitamente com a expressão tentando ser sexy, mas sendo vulgar.

— Eu não tenho lésbica escrito em minha testa agora.

Ou tenho? me perguntei.

— Ela agora é amiguinha da Mel, sabia? — Arqueei as sobrancelhas. — Ai tem.

— Prefiro pensar que ela estava apenas tentando ser… legal.

Caminhamos para a sala, mas Nath de repente parou com os olhos arregalados ao ver que no fim do corredor, George, que finalmente voltou para escola. Ela foi direto ao encontro dele e eu sigui para minha sala.

Na hora do almoço Pietra não tirou os olhos de mim. Senti vontade de beijá-la a todo momento, ou apenas joga uma maçã nela para que pelo menos disfarçasse um pouco. No resto do dia tivemos uma aula juntas, mas cada uma em seu canto como de costume. E tendo que virar discretamente para ver se estava conversando com Mel.

Assim que entrri em casa no fim da tarde mamãe me olhou por cima de seu óculos de leitura. Ela estava no sofá,rodeada de papéis, com uma expressão séria.

— Emily a quanto tempo não vai a psicóloga?

Mordi o lábio percebendo que nem sequer lembrava.

— Uma semana eu acho. Estive ocupada com trabalhos, inclusive vou hoje a noite para a casa da Nath e...

— De jeito nenhum! Fazem duas semanas que não vai as consultas, pode esquecer sair durante a noite.

Suas palavras caíram como um balde de água fria sobre mim.

Eram 19:30 e eu andava de um lado para outro em meu quarto falando ao telefone com Natasha que me aconselhava escalar a janela de meu quarto e fugir.

De repente tive a idéia de dar um chá calmante para ver se minha e fugir.

Imediatamente me arrumei e coloquei um roupão por cima. A situação era crítica, eu estava morrendo de saudade e não existia dia, hora e lugar melhores que aqueles. Então, não pensei duas vezes antes de ir até a cozinha procurar os chás que minha mãe costumava tomar.

— Fiz chá.

— Preciso de uma café, estou cheia de trabalho, não posso me render ao sono,

— Mãe a senhora precisa dormir melhor! Sei que o trabalho é necessário, mas nada mais importante que uma boa noite de sono. — Sorri indo até a cama onde sentei lhe entregando a xícara. — Inclusive… — bocejei. — Acho que vou dormir mais cedo.

— Ah essa hora?

— Eu falei que estou cheia de trabalho esses dias. — Suspirei. — Estou cansada. Boa noite, mãe.

Ela agradeceu, logo bebendo e eu saí do quarto. Procurei em todos os lugares que mamãe costumava jogar a chave do carro quando chegava, as vezes era no sofá, no móvel ao lado da porta ou no do corredor, mas não estava em lugar algum. Tive que esperar um tempo até voltar ao quarto dela onde ao abrir um pouco a porta notei que já não mais lia, estava com a cabeça apoiada na cabeça, com um braço sobre os olhos. Eu sabia que um simples chá não ia fazer efeito nela, mas por sorte estava realmente cansada.

Me aproximei devagar na cama observando ao redor, até avistar sobre a cômoda a chave. Ela se mexeu e eu paralisei, mas como se manteve na mesma posição, rapidamente peguei a chave. Antes de sair decidi pegar a xícara sobre a mesinha ao lado da cama, para disfarçar, logo depois sai.

...(…)...

Ao me próximar do cais avistei Pietra sentada de costas, com fones no ouvido. Devagar me ajoelhei atrás e retirei um lado do fone.

— Mais alguns minutos e eu seria o primeiro caso de morte por abstinência de seus beijos.

Ela virou e nossos olhos se encontraram, nossos sorrisos se misturaram e seu cheiro veio até mim como uma carícia boa.

— Então não vamos arriscar nem mais um minuto. — Pietra seguroh em meu queixo, aproximando os lábios dos meus e logo estava movendo-os com aquela calma e suavidade que só seus lábios tem. Nossas línguas deslizaram lentamente enquanto nossas bocas se moviam em perfeita sincronia e encaixe.

Quando o beijo terminou ficamos com nossas testas coladas mantendo os olhos fechados.

— Isso é um sonho? — perguntou.

— Com certeza não. — Mordisquei seu lábio sentindo sua mão acariciando em minha nuca. Abri os olhos vendo seu sorriso ao unir seus lábios novamente aos meus.

— Tem certeza de que não é um sonho? — perguntou novamente e rimos juntas.

— Você é uma bobona!

— Preciso perguntar uma coisa. —Ela me olhou séria e fiquei com medo do que ia dizer. — Você por acaso aceita namorar comigo?

— Por acaso? — Eu tinha um sorriso que não cabia em meu rosto enquanto olhava em seus olhos que brilhavam esperando minha resposta.  — É tudo que mais quero!

Aquele sem duvidas era o momento mais marcante de minha vida até ali. Não por ser algo totalmente diferente do que imaginei viver, mas por ser tão mais perfeito do que eu poderia imaginar.

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Comments

Såd_ Grıł_Đemøn

Såd_ Grıł_Đemøn

estava curtindo esse lindo amor aí vem o nome do próximo capítulo pa "revelações"; já soltei logo um "fudeo"

2023-02-24

3

sua crush? ~ ♀️🔞

sua crush? ~ ♀️🔞

no proibido é mas ..... 😏 kkk

2023-02-05

2

Nataly Lopes

Nataly Lopes

que lindo esse namoro

2023-02-01

2

Ver todos

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