Presente de Aniversário

No dia seguinte quando entrri na sala de aula todos ficaram dizendo meu nome,rindo e assobiando. Fiquei em dúvida se estavam no me parabenizando por algo ou zoando. Sentei ao lado de Natasha e ela deu um terrível beliscão em minha cintura, me fazendo saltar na cadeira.

— Você está louca? — Massageei o local. — Todos estão loucos hoje?

— Louca está você por ter um admirador secreto e nem para me contar.

Arqueei as sobrancelhas.

— Como assim? Do que está falando?

— Daquilo! — Ela apontou para o quadro negro e lá tinha um trecho de uma música do Bruno Mars.

"Não há nada que eu mudaria, pois você é incrível do jeito que você é. E quando você sorri o mundo inteiro para e fica olhando por um tempo, pois garota você é incrível do jeito que você é." Just The Way You Are # Para Emily

Fiquei de boca aberta lendo e relendo aquele trecho pensando o quão fofo é. Sorri boba e olhei discretamente para trás, Pietra estava em seu lugar me encarando, com um sorriso brincando em seus lábios me deixando totalmente sem jeito.

— Quem é ele? — perguntou Nath me fazendo virar rapidamente.

— Eu não faço idéia! — Encolhi os ombros tentando me fazer de boba.

— Como não? Alguém que conhece até mesmo seu gosto musical está tentando te conquistar. Toda mulher percebe quem está afim dela.

— Não sei, não quero saber.

— Vamos amiga você precisa desencalhar. Temos que descobrir quem é o pretendente — falou toda animada.

— Não Nath, esquece isso. Eu não quero desencalhar ok?

Vi a professora entrar e dei graças a Deus.

Na hora do almoço não consegui manter meus olhos em outra direção que não na mesa em que Pietra estava com Mel e outros. Ela também me olhava de vez enquanto e aquilo me fazia sentir o rosto em chamas de tanta vergonha.

Não tínhamos mais nenhuma aula juntas naquele dia e não vi nem sinal dela no fim da tarde. Natasha me chamou para ir ao cais mas recusei e fui para casa após a aula.

O dia seguinte era sábado, o dia mais chato e entediante desde que terminei com James e não tinha nenhuma festa para ir na cidade vizinha.

Sentada de frente ao computador fazendo os deveres de casa, fiz uma pausa para olhar minhas redes sociais, onde encontrei uma postagem absurda de Natasha em que havia escrito:

... "Procura-se o admirador secreto de Emily Mckean. Ofereço recompensa." ...

Embaixo haviam vários comentários de rapazes se dizendo ser o tal e outras pessoas apenas zoando.

— Onde foi parar a droga do respeito?

Mandei uma mensagem para ela pedindo que apaguadsr aquilo e fechei o aplicativo com raiva. No mesmo momento meu celular vibrou, era uma mensagem de número desconhecido.

Pietra: Advinha quem descobriu seu número.

Sorri enquanto lia.

Emily: Agradeceria se fosse direto ao assunto, não tenho tempo para ficar batendo papo.

Pior que era o que eu mais tinha naquele sábado sem graça: Tempo!

Pietra: Ok, quero te convidar para ir ao cais hoje a noite, exatamente as 23:50.

Li e reli a mensagem antes de formular uma resposta. O que ela tinha na cabeça para achar que eu sairia a essa hora da noite para encontrá-la?

Emily: haha porquê acha que eu iria?

Pietra: Não acho, só estou tentando a sorte. É meu aniversário e eu pensei em darmos uma trégua. Quem sabe conversar como pessoas civilizadas.

Aquilo era novidade para mim. Primeiro porque eu sempre sou civilizada e segundo, eu não imaginava ser o aniversário dela.

Fiquei parada pensando durante uns dez minutos antes de responder.

Emily: Qual sua intenção? Me agarrar a força? Por que eu me importaria com um aniversário que nem sei se é de verdade?

Pietra: Pode conferir com minha mãe ou na escola. E não, obviamente eu não tenho a intenção de te agarrar a força, apesar de já ter pensado seriamente sobre isso, mas juro que iríamos apenas conversar ou apenas ficar em silêncio. Por favor, me dê essa honra de passar as primeiras horas de meu aniversário ao seu lado.

Li a mensagem umas cinco vezes enquanto pensava nos prós e contras.

E se eu fosse? Estaria deixando claro que me importo e lhe dando esperanças?

E se não fosse? Estaria anulando toda e qualquer chance de aproximação?

Eu não tinha mais como negar que ela tinha um efeito sobre mim que jamais imaginei ser possível. Não se tratando de uma garota.

Emily: Estarei lá. Tchau!

Ela mandou mais uma mensagem com beijos que apenas olhei rapidamente, depois coloquei o celular de lado. Fui para a cama e deitei pensando sobre o que eu teria para conversar com ela, então percebi que seria a primeira vez que ficaríamos de fato sozinhas e aquilo me fez sentir frio na barriga.

Pensei em acender um cigarro, mas lembrei que como o cais é distante de qualquer coisa eu teria que pedir o carro de minha mãe.

Sai do quarto e caminhei pela casa silenciosa, como sempre. Bati na porta e entrei em seguida, ela estava sentada na cama mexendo no notebook e me olhou por cima da armação de seu óculos enquanto caminhava até a cama e sentei.

— Nem adianta pedir para sair a noite, lembro-me muito bem dessa sua cara nos últimos fins de semana.

Suspirei ao ouvi-la falar.

— Não quero ir a nenhuma festa mãe, só estou entediada, cansada de apenas estudar, quero ir até a casa da Nath para a gente ver um filme, conversar, essas coisas. — Eu já me sentia uma atriz a essa altura. Ela retirou o óculos e passou a mão pelos cabelos. — Vai mãe deixa, me empresta o carro.

Fiz uma carinha de coitada.

— Tudo bem, eu vou te dar mais esse voto de confiança.

Sorri levantando, indo até ela e beijei sua bochecha.

O resto do dia passei enfiada no closet procurando uma roupa. Fumei horrores por conta do nervosismo e acendi um incenso para que mamãe não sentisse o cheiro de fumaça. Não sei se deu certo ou se ela é muito desligada. Por sorte jantei sozinha, mamãe não saiu do quarto para nada e quando vi já eram 22:00.

Me arrumei rapidamente e ao sair do quarto peguei a chave do carro na sala. Fui até o quarto de minha mãe, abri um pouco a porta, colocando apenas a cabeça para dentro e lhe mandei beijos. Ela claro ficou falando aquele monte de coisas sobre ter cuidado, enquanto eu já estava chegando no elevador do nosso pequeno prédio de cinco andares. Um dos maiores da cidade, por sinal.

Estava extremamente nervosa e temia até bater o carro de tanto que minhas mãos suavam. Enquanto passava de frente a confeitaria que já estava prestes a fechar, decidi parar e comprar um cupcake, junto uma pequena vela. Sim, eu estava me sentindo idiota, mas por outro lado queria fazer aquilo. Me demorei bastante, pois ainda era cedo.

Ao sair da confeitar fui comprar bombons para não estar exalando nicotina, apesar de ter parado de fumar no início da noite e ter escovado os dentes umas 10 vezes. Eu obviamente não sabia o porquê me importava, mas não conseguia não me importar.

Minutos depois, quando estacionei no cais, fechei os olhos respirando fundo antes de sair do e caminhar em direção a ela que estava sentada bem ao longe. Quando me viu sorriu daquele jeito lindo que faz qualquer pessoa se sentir totalmente sem jeito. Tentei não tropeçar por estar sendo tão observada a cada passo em sua direção.

— Está quinze minutos atrasada — disse enquanto eu sentava colocando a caixinha ao lado. Pensri em pedir desculpa pelo atraso, mas mudei de idéia

— Deveria agradecer por eu ter vindo!

— Bem, já passa da meia noite então é oficialmente meu aniversário. — Só então notei ao seu lado duas taças e uma garrafa de champanhe que ela pegou, abriu e despejou um pouco em cada taça. — Brinda comigo? — Me ofereceu uma e recebi,

— Ah, espera. — Coloquei a taça de lado pegando a caixinha, abri a mesma e coloquei a vela encima do cupcake, em seguida retirei meu isqueiro do bolso e tentei acender. O que era quase impossível por conta do vento e isso faz ela rir de forma engraçada enquanto envergonhada eu tentava várias vezes, até enfim conseguir.

Mantive a mão protegendo a chama para que permanecesse acesa.

— Feliz aniversário — falei sem jeito enquanto ela sorria me olhando. — Vamos, apaga e faça um pedido, rápido antes que o vento faça isso por você.

Sorrindo ela fechou os olhos e soprou. Peguei novamente a taça e levantei em sua direção, ela fez o mesmo e brindamos, bebendo logo depois.

— Tem certeza que você é a Emily? — Revirei os olhos e ela riu divertida — Adoro quando faz essa cara.

— Você pedio uma trégua. — Coloquei o cupcake sobre a perna dela e tomei mais um gole de champanhe, me sentindo nervosa, desejando acender um cigarro. — E também é seu aniversário, gosto de fazer boas ações, independente para quem seja.

Ela apenas riu baixando a cabeça.

— Gostou da letra? Tudo a ver com você, comigo, com o que sinto.

Se possível fiquei ainda mais sem graça.

— Não devia ter feito aquilo, agora Natasha quer encontrar um possível admirador secreto.

— Que na verdade é admiradora. — Sorriu torto. — E não é tão secreta assim.

— Como consegue ser tão descarada? — perguntei pegando a garrafa e enchi meu copo.

— Simples, estou apaixonada por você. — Ela se moveu para mais perto de mim e meu coração foi a mil. — Emily... — falou baixinho , enquanto eu trazia a taça a boca, tomando tudo de uma vez. — Só estamos eu e você aqui e eu juro que jamais contaria para alguém. — Olhei em seus olhos próximos aos meus. — Eu seria a pessoa mais feliz do mundo se me desse um beijo de presente.

— Não! — falei rapidament.e — Você disse que não ia me agarrar.

— Estou sendo educada e pedindo.

— Você não entende, não se trata apenas das pessoas. É sobre mim, meus princípios, minha criação, sobre quem sou. — Meus olhos pararam observando a boca dela.

— Você quer negar que não sente nada por mim?

Baixei a cabeça.

— O que te faz pensar que sinto?

— Não me olharia do jeito que você me olha. Não sorriria do jeito que você sorrir, mesmo quando tenta passar outra imagem. Não teria me levado ao hospital e não estaria aqui agora, se fosse totalmente indiferente a mim.

— Pietra... — Suspirei. — Não.

— Do que você tem medo afinal?

— Chega desse papo!

— Não, diz do que você tem medo. É de gostar? De querer mais e as pessoas lerem sua mente ou de alguma forma descobrirem?

— Sim. — Virei o rosto olhando em direção ao mar sentindo o vento forte e frio me tocando em meu. — Não quero correr riscos, não quero sofrer, não quero fazer coisas insanas e erradas. Eu quero andar na linha e ser feliz assim.

— Emily... — Ela tocou em meu queixo me fazendo olhar em seus olhos — Quem disse que é errado ou insano? — falou aproximando o rosto do meu e fechei os olhos, apenas ouvindo seu sussurrar. — Eu posso provar que é a coisa certa, que é o melhor. E posso te fazer feliz desse jeito.

Minha respiração estava irregular e o ritmo do meu coração acelerado.

Pietra roçou seus lábios aos meus e em seguida deu um selinho, enquanto eu permanecia imóvel. Sua boca tentou encaixar-se a minha e meus lábios se moveram permitindo a passagem de sua língua que logo começou a se mover em um ritmo lento e mesmo tímida acompanhei seus movimentos.

Era o beijo mais calmo e delicado que já havia recebido, seus lábios eram pequenos e tão macios. A sensação que eu tinha era de que estava fazendo algo errado e ao mesmo tempo extremamente bom e excitante. Durou o suficiente para nos faltar ar e então ela afastou-se lentamente. Quando abri os olhos Pietra estava analisando meu rosto.

— O-o que foi? — perguntei seu jeito.

Ela colocou uma mecha de meu cabelo atrás da minha orelha.

— Eu gosto você, Emily.

— Você mal me conhece. — Para mim não era possível.

— Eu penso em você desde a primeira vez que te vi e a cada conversa tive mais certeza de que você é especial. Eu quero mais disso… — Ela deslizou o polegar por meus lábios. — Quero mais de você.

— Melhor eu ir. — Ela franziu o cenho. — Feliz aniversário. — Tentei levantar, mas ela segurou em meu braço. Virei rapidamente encarando seu olhar pidão.

— Pensa. — Fiquei parada olhando-a por segundos que pareceram minutos ou horas. Era como se apenas nossos olhos estivessem conversando entre si. — Eu vou estar te esperando.

Levantei e sai praticamente correndo.

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Comments

Lenna Olady

Lenna Olady

que fofo, poxa ninguém escreve isso p mim...

2024-05-01

0

mary_🕷️🎧🕸️

mary_🕷️🎧🕸️

né possível

2023-12-30

1

Kab_angel

Kab_angel

...mano....aí meu coração

2023-04-21

6

Ver todos

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