UMA DOSE DE CÓLERA

"O amargo da dor, a libélula que não aprendeu voar, rastejante em sua agonia do não ser. Quando não pensar é o melhor para viver..."

*****

Eduarda passou as costa da mão na testa para limpar o suor do rosto estava arfando de cansaço, subia os degraus de dois em dois sabia que estava muito atrasada, havia prometido que chegaria cedo, bem que tentara mais como sempre não conseguia deixar de medicar os animais que chegavam em péssimo estado, precisavam urgentes de cuidados, aquele dia não fora diferente. Presenciara um terrível acidente, um gato fora atropelado, na sua frente, não tivera escolha a não ser voltar com o bichano para a crinica, e para salvar-lo tivera que amputar uma das patinhas.

Respirou fundo ao parar na porta enquanto tocava a campainha, havia esquecido as chaves em algum lugar. O esquecimento já estava ficando rotineiro nos quatro últimos anos. Eram muitas coisas para resolver em pouco tempo, a luta do dia a dia pesava em seus ombros, era uma profissional ativa e uma mãe zelosa.

Maria abrira a porta com o rosto pitado de palhaça com aquele grande nariz vermelho, a peruca colorida e o macacão largo de bolinhas quase que lhe assustando, aquelas criaturas lhe davam um certo medo, desde sua infância, porém nunca contara para alguém, tinha vergonha.

— Porque está assim Maria? – levou uma das mãos ao peito

A Índia abriu espaço para ela entrar, depois fechou a porta.

— Como assim? É sério?

A mulher mostrou está surpresa com a pergunta, olhando ao redor então pode notar que a casa estava decorada, e agora podia ouvir vozes.

— Sim... – claro sua tia estava dando uma festa! Havia dito que não queria fazer a festa.

Preferia apenas um jantar e um pequeno bolo para as crianças, mas era de se espera algo do tipo, pois ela sempre fazia o que queria.

Caminhou com passos largos na direção do barulho, parou na entrada da sala procurando a tia com o olhar, enquanto alguns conhecidos a comprimentavam, por não acha-la virou -se para Maria que estava ao seu lado.

— Cader ela? E as crianças?

— Creio, que no quarto tentando fazer com que o Louis vista a fantasia!

— Que fantasia? Titia está perdendo a faculdade mental?

Quase que correu para o quarto

— Tia não insista! Ou ele fica mas irritado!

Falou alcançando a porta indo até a criança, que já estava arredia no canto da parede para evitar que a tia o tocasse, com as mãos no ouvidos como sempre fazia quando se sentia acuado. Ajoelhada em frente ao menino Adelaide segurava um traje infantil de super herói.

— Ele vai ficar tão bonitinho...você viu o Richard vestido de Thor? Ele que escolheu essa do Batman para o irmãozinho...

Ela se levantou com ar de desanimo entregando a fantasia, para a mãe do garoto.

— Tenta você! Ele só te escuta!

Sabia que ela só queria que eles se divertissem, e ainda não estava familiarizada com aquela condição do menino, por mas que ela tentasse, não compreendia as dificuldades que a criança tinha em vivenciar coisas diferentes, até para ela mesma que era mãe, estava sendo um grande desafio.

— Não posso força-lo tia! Sua intenção é boa, mais ele não tem estrutura para isso, é muito pequeno ainda, está no início do tratamento não quero que ele piore deixando o irritado!

Deixou que a tia saísse para acalma-lo, aconchegou-o em seus braços e cantou baixinho como sempre fizera desde bem pequenos, não sabia ao certo se era a sua voz, seu cheiro, ou a canção que o deixava calmo, mais sempre dava certo.

— Mamãe o Louis não quer a fantasia! – o garoto falou no tom alto e rápido, movimentando as mãos, dando sinais de está no início do uma crise

— Eu sei meu amor! Não se preocupe você não precisa vestir isso, se não quiser!

Acariciou o rosto pequeno do garoto

— Mais a vovó ficará muito feliz se você vier para a sala apagar as velinhas! Sabia que ela preparou uma festa para você é seu irmão?

— Louis sabe, mais não que ver aquelas pessoas estranhas...

—Eu sei que não gosta de festas pelo barulho, mas eu ti prometo que só tem gente boa e não haverá tanto barulho.

— A vovó do Louis fica muito feliz?

— Isso meu bem! E os convidados estão te esperando para comerem o bolo delicioso que a tia Maria fez!

— Mais o Louis não quer bolo!

— Certo! Mas não vamos contar para a Maria, certo?

O menino lhe tomou a mão e segurou com força pronto para segui-la.

Por não gostar de ser tocador, ele sempre evitava a aproximação das pessoas, a mãe era a única que ele abria exerçao, e as vezes Adelaide que gostava de ser chamada de vó.

— Não se preocupe filho a mamãe está com você!

Caminharam juntos até os convidados que se divertiam com as palhaçada da Maria que estava de ajudante do palhaço que chegando perto pode ver de quem se tratava.

— Não acredito! – colocou a mão na boca sorrindo divertida com a imagem a sua frente

— Desculpe Eduarda! Sua tia me fez prometer que não lhe falaria nada, você conhece bem a peça.

— Voce de palhaço? Nunca imaginei Ver isso!

— Veja oque não faço por essas crianças!

O amigo riu e virou-se para o menino agarrado a mão da mãe.

— Oi Louis! Só faltava você para ficar perfeito!

— Oi padrinho! Louis não gosta de palhaços, é feio, e bobo!

Andrés sorriu novamente concordando com a franqueza da criança, o que era de costume devido ao diagnóstico que o acompanhava.

— Bom, vamos parabenizar os aniversariantes!

Adelaide falou segurando a mão do outro garoto fantasiado e ativo, diferente do irmão, aquele era um foguetinho, estava sempre aprontando fazendo perguntas curiosas como um garoto normal de quatro anos.

Enquanto cantavam os parabéns a campainha tocou, Maria correu para atender rapido. Quando a música parou Eduarda ajudou o filho apagar as velas, levantando o olhar percebeu um par de olhos cor de mel, observando‐lhe "não era possível? " estreitou os olhos para ter certeza do que via, "era ele mesmo!" jamais se enganaria com aquele rosto, mas oque fazia ali?

"Sua tia claro! – Pensando isso procurou a tia com os olhos semicerrados, mais a senhora do outro lado da sala, já o havia avistado e se aproximava para cumprimenta-lo.

— Brincadeira ela só podia está bricando comigo. – disse entre dentes. Virando‐se de costas para evitar que seus olhos se encontrassem novamente, mas pudera notar o quanto ainda era bonito, talvez mais do que se lembrava, os anos pareciam não ter passado para ele, já para ela, não podia dizer o mesmo, os anos não foram tão caridosos. Se lembrara da surpresa que tivera ao encontra-lo na casa da tia justo no dia que trouxera o Marcello para almoçar na casa da tia..."Marcello, aquele desgraçado"

Seu corpo todo estremeceu ao lembrar do maldito, e oque passara nas mãos dele, de repente seu sangue gelou de ódio, seu rosto agora ardia em chamas, ao se dar conta que um dos culpados daquela desgraça estava ali.

Acreditou que jamais o veria novamente, até então forçava se a esquecer o passado e levar a vida da melhor maneira possível, naquele instante quis gritar e extravasar aquela raiva que sentia, mas não podia, tinha que manter a calma e ignora-lo, depois teria uma longa conversa com a tia, talvez fosse hora de se mudar. Havia ficado com a tia logo que descobrira a gravidez, tivera depressão antes e depois do parto, por isso a tia não lhe deixara ficar sozinha, então o tempo passou precisava trabalhar e não confiava em ninguém para cuidar das criança, e Maria cuidava tão bem que uniu o ultil ao agradavel e agora via que já passara tempo demais...

— Filha! Veja quem resolveu aparecer!!

Eduarda viu a tia praticamente arrastando o seu ex amante até ela, e sorria de orenlha a orelha, mau sabia ela o quanto aquilo lhe afligia, ela não fazia ideia do que havia acontecido entre eles, a senhora não tinha culpa alguma, respirando fundo tentou ser cordial.

— Ah! O padre...— cumprimentou com aperto de mão frio, percebendo o desdenho, mas fingiu não notar.

— Como você está Maria Eduarda?

— Otima! Como pode ver. – falou com voz seca

Um dos convidados se aproximou de Adelaide e a levou para um lugar mas distante para conversarem, antes de se afastar ela pediu que a sobrinha fizesse companhia para o santo padre, era assim que a tia o enchergava, ela quase torceu o nariz.

— Não precisa fingir que está feliz em me ver! Seu desejo é me dar as costas.

Até pretendia disfaçar, mais resolveu deixar bem claro já que ele pedia sinceridade.

— Certo! Então finja que eu não estou aqui, não me dirija a palavra, é um favor que mim faz. – falou ríspida.

— Quando passou a mim odiar tanto?

— Não odeio, só não preciso ser sua amiga para provar ao contrário.

— Sabia que ti encontraria aqui, mas não imaginava que seria assim tão fria...

— O que na verdade veio fazer aqui Lawrence? Ou padre Gabriel, como você prefira ser chamado, tanto faz!

— Sua tia me convidou, até tentei recusar, pois não queria vir sem antes saber o que você acharia, mais sabe como é sua tia, então achei que tudo bem...

Fez uma pausa colocou as mãos nos bolsos da calça e continuou — Na verdade eu estava ansioso em ver-la...depois de tanto tempo.

O jeito que ele falou lhe desconsertou um pouco, pigarreou antes de falar.

— Não que eu quisesse voltar a ver‐lo, mais se você queria mesmo me ver, porque não me procurou?

Você sabe onde me encontraria se

realmente quisesse...a quanto tempo está aqui na cidade?

Sabia que ele havia pedido

transferência de cidade, logo depois de ter saído da sua casa aquela tarde, ela o havia deixado falar sozinho, e se tracara no quarto, aquela foi a última vez que se viram desde então havia se passado cinco anos, e desejava que continuasse assim, caso tivesse tido escolha.

"Eu procurei, várias vezes, tentei, mas faltou coragem, fiquei te abservando, por quase uma semana"– pensou consigo mesmo.

— Ah pouco mais de duas semanas que cheguei, mas não sabia se me receberia, se falaria comigo devido as circunstâncias que nos afastamos.

— E porque mesmo queria me ver? – fazia questão de mostrar indiferença

— Conversar, saber de você...

— Ou saber se me atiraria em seus braços? – Interrompeu-o, bruscamente fazendo com que lhe encarasse por alguns segundos.

"Sim adoraria que isso acontecesse", mais perdera as esperanças quando minutos atrás viu-à lhe dar as costas no instantes que seus olhos se cruzaram. Sentiu medo de não ter mais um lugar em seu coração, pois viveu todo aquele tempo nutrindo esperança.

— Desculpe, se minha presença te incomoda tanto devo ir embora!

— Se fosse por me eu concordaria...mas a titia me perguntaria de você, não sei o que diria...então o melhor é ficar longe de me, só isso!

— Entendi! Não vou ti incomodar.

Olhando para baixo se dera conta da criança agarrada ao braço dela.

— É o aniversariante? A sra.Adelaide mim disse que era netos, eu nem sabia que ela tinha filhos!

— E não tem mesmo! Achei que havia te dito algo a respeito.

— Então de quem eles são? Porque soube que eram gêmeos.

— Sim, e vejo que já conheceu o pequeno tesouro da minha casa! — a senhora

Adelaide apareceu de repente atrás deles, interferindo no assunto

— Sim, e estou curioso para saber aonde arrumou esses netos!

— Como assim?

A mulher olhou para a sobrinha, depois para o garoto, quase rira.

— Padre, não percebe a semelhança entre mãe e filho?

— Como assim? — ele piscou várias vezes confuso. "não podia ser...então...mas..."

Olhou para Eduarda como se esperasse a confissão que não veio, ela só baixara a cabeça.

— Nossa! Eu não sabia, mesmo, e olhando agora eu vejo realmente a semelhança.

Ele ficou por um tempo olhando a criança, tentando assimilar aquela notícia "então ela tivera um filho com o ?Marcello? Ou melhor dois, estavam juntos ainda?" ... — passou a mão na gola da camisa cinza, que nem era apertada, tive a sensação que lhe faltava o ar, sentiu-se fraco desejou sentar para não cai — Ah! Veja eu trouxe presentes! – se lembrou estendendo

a sacola para o garoto que nem piscou, apenas lhe observava.

— Não precisava, deixa que eu guardo!

Adelaide pegou as sacola e se afastou.

— Porque não me contou? —

sua voz saiu dura em tom baixo.

— Eu devia? – revidou no mesmo tom

Respirando fundo ele voltou olhar para o menino

— Como é seu nome garotinho?

— É Louis! E não pergunte nada à ele, que não vai te responder!

— Louis que lindo! –

disse para o menino parecendo ingnora-la — Você é um garoto muito bonito e esses cachos.... — passou a mão no cabelo do Louis que se afastou de repente para evitar o toque, e se escondera atrás das pernas de mãe.

Lawrence não soube oque fizera de errado.

"Assim como a mãe, o garoto não queria papo com ele." – pensou dando um passo para trás para dar espaço para o garoto que parecia assustado.

— Não se preocupe, o problema não é com você, ele só não gosta de ser tocado.— resolveu tranquiliza-lo

— É? E porque?

— Ele é autista!

— Poxa! Isso só o torna mais especial não? — ele disse com carinho no olhar — e como está sendo para você Duda...Maria Eduarda — concertou rápido

— Não é muito fácil, na verdade nada facil, mais estou super aliviada pelo grau ,não ser o máximo, e ele é muito inteligente! – disse tentando parecer o mais positiva que podia

— Posso perceber que são muito apegados, você deve ser o porto seguro dele, não é? E o outro?

Ele procurou com os olhos, na direção dos convidados.

— O Richard não fica parado, está por ai, e tenho certeza que assim que o ver vai reconhecer... — ficará sem graça pois assim que ele visse a criança saberia quem era o pai, e as suspeita sobre ela ter um caso com o Marcello naquela época se confirmaria em sua mente.

— É óbvio são gêmeos! – deu um sorriso amarelo sem graça.

— São diferentes! – torceu as mãos de nervosismo, aquilo era constrangedor

— Sei, cada um tem sua personalidade, eu trouxe presentes mas não saberei dizer o que é de quem.

— Não se preocupe, eles vão gostar, obrigada! Agora me der licença, preciso ir, aproveite a festa!

Ficou olhando-a sumir entre os convidados segurando o pequeno Louis pela mão.

r

**Dr. Andrés

imagem para a leitora (SilvanaGouveia-SG_G) que pediu 🤲**

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Comments

Queen B.

Queen B.

/Smug/

2024-03-20

0

Queen B.

Queen B.

O amor é um sentimento eterno, mas as vezes as pessoas que amamos entram em nossas vidas apenas de passagem

2024-03-20

0

Ione barbosa

Ione barbosa

ela podia contar a verdade pr ele é eles criarem as crianças juntos e fazer justiça

2023-09-18

2

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