Capítulo 18. Alerta

Ao despertarem novamente, Ava sentiu um pensamento tentando entrar em sua mente e abriu o canal, para ouvir.

— " Oi."

— " Ava! Que bom que atendeu. Você tinha razão, ela nos traiu. Foi muito estranho, em um momento estávamos namorando e no outro ela tinha sumido. Fui atrás dela pela nossa ligação e vi ela conseguindo liberar um dos magos, o pai." — contou Trash.

— " Como ela conseguiu vencer as teias de Cassandra?"

— " Não conseguiu,as elas prendiam só o mais novo, não o outro, que desapareceu em um segundo, quando me viu."

— " E Zeruia?"

— " Consegui contê-la, trancada na cela do mago que fugiu."

— " Não deve ter sido fácil para você, mas já estamos indo."

Luziel levantou-se e pegou na mão de Ava, para saírem, mas antes, consolou-a:

— Vamos resolver tudo, está bem?

Ela concordou com a cabeça, sem falar nada, ele tinha ouvido a conversa e melhor do que ninguém, entendia o que estava acontecendo.

Voaram até a cachoeira, próxima a antiga moradia de Ava e tomaram um banho refrescante, deixando a água pura e fresca, lavar seus corpos suados, secaram-se abanando as asas e só então, seguiram ao encontro de Trash.

Encontraram o jovem, guardando a cela de sua companheira. Ava pediu que abrissem a porta e emyrou sozinha, sendo observada pelo jovem, abismado com sua nova aparência. Ela se aproximou da jovem que estava dormindo e furou seu dedo com sua presa pontuda e bebeu uma gota de seu sangue. Seus olhos ficaram brancos e sua mente se encheu de imagens. 

Encontrou o momento exato de sua formação, a duplicação das células no ventre de sua mãe. Se estendeu para a mente da mulher, que não estava morta, mas dormia um sono eterno, como a única sobrevivente de sua espécies: os vampiros. Viu pela mente adormecida da mulher, o momento quando, durante o seu sono, foi violada por um ser de pele vermelha, olhos felinos e chifres de carneiro. O pai de Zeruia, era o chamado pelos humanos, de diabo.

Concentrou-se em localizar as misturas e feitiços que colocaram na criança, não queria compartilhar da loucura daqueles seres indignos e descobriu.

Pronto!

Agora poderia desfazer o que foi feito. Saiu da mente da jovem vampira e com seu toque, emitindo raios de luz das pontas dos dedos, expurgou do corpo, todas as toxinas injetadas e quebrou o selo colocado no peito dela, que mantinha sua natureza nefasta, assim como os códigos hereditários, contidos e ocultos. Assim que o selo quebrou, ela sugou toda a essência do mal e libertou a jovem daquela corrente que a prendia aos magos.

Deixou a jovem acordar naturalmente e a abraçou, logo que sentou no catre e sorriu para Ava. Depois levou-a para Trash e seguiu até o lado de fora, onde expeliu tudo que havia sugado e se não fosse Luziel, usar seu poder e queimar tudo, aquele mal teri queimado tudo em que tocasse.

— Que coisa horrível fizeram com a pobte criança.

— O importante é que agora ela está livre e já sei o que farão, quando os três estiverem juntos.

— Sabe, como?

— Através de você, cheguei a mente 

do mago e vasculhei seus projetos. Não podemos, em hipótese alguma, deixar que resgatem o que ainda está preso. 

— Acabei de crer que não vivi nada de importante, até agora. Está difícil imaginar que teremos realmente uma guerra.

— Não só uma guerra, mas o destino do mundo será decidido.

— Eu não tinha pensado nisso.

— Precisamos conversar com o feiticeiro sobre alguns feitiços e também com o mago que ficou.

— No que está pensando?

— Em ilusões.

Ava não entendeu, mas achou melhor não perguntar mais sobre o que não tinha importância para ela, no momento. Queria saber como estavam vivendo os que se mudaram e assim, seguiu Luziel até a aldeia deles.

Adentrando o lugar, avistaram as crianças correndo soltas pelo lugar, brincando tranquilas e saudáveis. Avistam cordas onde repousava carnes de caça, secando e diversos canteiros de ervas e vegetais.

— Estiveram bem ativos, por aqui.

— Como conseguiram fazer tudo isso tão rápido? — Questionou Ava.

— Magia, meu amor, magia.

— Tinhamos vários descendentes de bruxo, mas não sabiam usar a magia. Não tinha ninguém pra ensinar, viviamos por conta de improviso.

— Agora eles têm dois mestres, aprenderão cada vez mais rápido e criarão seus próprios feitiços.

— Verdade. 

— Você sabe quantos sobreviveram, desde a sua época?

— Dos sobrenaturais, Natanael, o feiticeiro e tem dois anciões da Alcateia, são eles que instruem sobre os costumes e julgam os casos mais sérios. Dos humanos, nenhum daquela época sobreviveu, temos uns poucos remanescentes.

— Então todos esses bruxos são crias dos algoses?

— Sim, as fêmeas humanas e lobisomens foram as que mais sofreram. Eram violadas de qualquer maneira e quando grávidas, largadas, sem alimentação e cuidados e acabavam perdendo o bebê e morriam, se não de inanição, por adoecerem.

— Você viu essas coisas?

— Não, eu fugi muito nova, Natanael foi quem contou.

— A fêmea dele é feiticeira, não é mesmo?

— Sim, a única que o feiticeiro teve. Ele disse que ele e alguns bruxos, encontraram suas destinadas, entre as escravas,  mas que elas não resistiram ao parto.

Eles conversavam, andando entre as casas, procurando pela residência do feiticeiro. De vez em quando, perguntavam e alguém acenava a direção. As crianças corriam ao redor deles, tocando suas asas e correndo com medo. A maioria conhecia o sofrimento, mas agora estavam livres e sorriam felizes.

Chegaram a casa de Mênfis e ele dava uma aula para um pequeno grupo de mulheres, sobre higiene. Avistou o casal chegando e assim como todos, se assombrou com a aparência deslumbrante deles. 

— Olá, feiticeiro! Percebemos que tem trabalhado bastante. — cumprimentou Luziel.

— Sim, juntamente com Danton, o bruxo, temos prosperado. Vocês estão magníficos. Os seres de luz que todos esperavam, menos os magos, é claro.

— Viemos conversar sobre essas coisas com você. Pelo que Ava contou, você é um dos antigos.

— Sim, que bom que vieram, agora que evoluíram, tenho muito a lhes contar.

Os três se entreolharam, entendendo que o que seria dito, era de suma importância para a batalha e não podia ser ouvido pelos outros, então foram para a mata, procurar uma clareira e conversar em pensamento, sem abrir pata ninguém. Era importante, mas também perigoso, para quem soubesse os estratagemas que usariam.

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