Capítulo 5. Preparação

O bruxo rolou pelo chão, ao ser largado por Ava, que pousou ao seu lado.

— De pé, bruxo!

— Calma, espere, tô velho e fraco, não aguento tudo isso.

— Ah, não? Mas aguenta escravizar as crianças e subir aquela montanha.

— O que eu te fiz, heim?

— Ah, você não lembra? Eu era uma das pequeninas escravizadas e você tem razão, tá bem velho mesmo. Levanta, anda!

O bruxo levantou-se com cuidado, resmungando com dor nas juntas e QgbAva achou aquilo estranho, pois ele é um sobrenatural, a magia devia sustentá-lo. Ela segurou em seu braço e levou-o para a caverna da alimentação. Ao entrarem, as crianças que estavam no recinto, correram para o canto da parede, com medo dele.

— Ele não pode fazer mais nada a vocês, tá velhinho, tadinho. Relaxem crianças.

As crianças foram se soltando da parede, mas não se aproximaram deles. Ela puxou um banco para ele sentar e foi ao balcão de alimentos e pegou um cesto raso com frutas e um pedaço de carne seca ao sol e cozida. O bruxo quando vou a comida, se atirou até ela e pegou várias coisas de uma vez, o que fez Ava dar um soco na mesa, sacudindo tudo.

— Não seja esganado, coma devagar, a comida não vai sair voando. Lembra?

— Desculpe, é muita fome…

— Coma a carne primeiro.

Ele voltou as frutas no cesto e pegou a carne, começando a arrancar lascas com os dentes. Enquanto ele mastigava, Ava percebeu como ele parecia debilitado.

— O que está acontecendo? Vocês estão passando fome?

Ele terminou o pedaço de carne e pegou uma banana.

— Além dos que fugiram, muitos morreram, principalmente os que faziam o trabalho mais pesado, como atravessar a fronteira e trazer comida. O estoque foi se acabando e fomos falar com o mago, que nos aconselhou a pedir ao feiticeiro, que abrisse um portal para a floresta e nós resolvemos olhar o local primeiro, por isso estávamos lá em cima.

— Então o mago branco e o feiticeiro ainda estão vivos?

— O feiticeiro é o mesmo desde a grande batalha, mas o mago já é a terceira geração do primeiro.

— Então os outros morreram?

— Não, mas hibernam a maior parte do tempo. O mago atual, só os acorda se for necessário para algum de seus experimentos. — falou em meio ao suco de uma manga que lhe escorria pela boca.

Ava se lembrou do que lhe contou Zeruia, que ela era fruto de uma experiência. Talvez por isso, os bruxos ainda estavam vivos.

— Esse mago lhes dá alguma beberagem para fortalecer?

— Sim, mas está escassa, porque os doadores de sangue, estão muito fracos. Não temos como alimentá-los e são poucos. O monstro tem acordado mais vezes e não temos alimento suficiente para acalmá-lo.

— Então é isso… — ela levantou-se, deu uns passos, ficando de costas pata o bruxo, pensativa e foi neste instante que algumas crianças entraram com pedaços de pau e atacaram o bruxo.

— Bruxo mau, tem que sofrer!

— Bruxo mau!

— Bruxo mau!

— P A R E M M M!!! 

Ao ouvirem o grito sibilante de Ava, as crianças saíram correndo e ela foi socorrer o bruxo, que não havia se ferido muito. Ela passou a mão sobre ele, sem lhe tocar e as pequenas feridas fecharam. Estendeu um pedaço de pano roto para ele se limpar e pediu que ele a acompanhasse. Levou-o a um nicho em um dos quartos, muito parecido com as camas improvisadas das cavernas no monte e ele se deitou, dormindo em seguida 

Ava chamou Trish, que chegou aborrecido.

— O que foi Trish?

— Aquela vampira que você arrumou, diz que sou deza e quer ficar bebendo o meu sangue.

— Só bebendo o seu sangue? — perguntou Ava, rindo.

— Tá, ela também quer acasalar, mas eu não quero — falou ele, estendendo a boca, fazendo bico.

— Não quer é? Sei…

— Mas porque me chamou?

— Peguei um bruxo.

— As crianças me contaram e daí?

— Nossa, você tá bem arredio mesmo.

 — Desculpe, é que ela não sai da minha cabeça, nem dormindo.

— Você precisa se controlar, é hora de invadirmos a montanha.

— Mas como vamos invadir, sem termos um exército e principalmente, tendo que atravessar a fronteira a pé?

— Acho que não dá para conversar com você, vá ter com sua vampira e descansa.

Ele nem discutiu e saiu, sabia que estava descontrolado. Desde que Ava os apresentou, que ele estava assim. A jovem se aproximou, cheirou ele, ou melhor, o seu sangue e o mordeu, bebendo dele. Quando terminou, falou olhando em seus olhos, com os olhos vermelhos:

— Meu, todinho meu. 

E o beijou, beijou de língua, ele nem sabia que beijar daquele jeito era tão bom…

Ava abriu sua mente e se comunicou com o líder de um dos grupos que morava em outro local.

— " Desk, preciso que garanta as cavernas."

— " Tem medo de invasão?"

— " Peguei um bruxo e eles planejam vir atrás de comida."

— " Entendi, vou chamar os outros e vamos começar."

— " Ok."

Desk era um remanescente de feiticeiro e havia aprendido algumas coisas, quando fugiu, trouxe três irmãos com ele e ensinou-os o que sabia e conforme cresciam, a própria magia os ensinava e eles faziam a proteção de todos. Eles teciam salvaguardas invisíveis, como teias de aranha, o inimigo não percebia e caía na teia, ficando grudado. Era essa proteção que garantia a Ava que estavam seguros.

Só restava saber como Zeruia conseguiu passar.

Sentiu a força das proteções os cercarem e abriu a ligação mental com outro líder.

— " Tander, como está nosso exército? "

— " Em prontidão, Ava."

— " Está na hora, eles estão fracos e sem comida, muitos morreram e pretendem sair para vir atrás de comida "

— " Partiremos essa noite, chegaremos lá pela manhã."

— " Eles aguentarão? "

— " São todos sobrenaturais, aguentam três dias sem dormir e sem comer."

— " Encontro vocês ao alvorecer e atacaremos."

— " Ok."

        Ava ficou pensativa por uns minutos, lembrando do monstro que o bruxo falou. Desde pequena, ouvia falar sobre ele e diziam que era o causador da destruição do mundo, mas aquele que falava em sua cabeça, não parecia ser um monstro, precisaria tirar essa história a limpo.

    Trish estava deitado com sua vampirinha e não sabia que Ava tinha formado um exército durante aqueles anos, que estava pronto para entrar em ação e ficaria surpreso quando eles chegassem com os escravos. Mas infelizmente, sua cabeça não aguentava pensar em mais nada além de sua companheira e ele nem entendia o que era isso.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***