Capítulo 7. Destinado

O susto de Ava ao perceber que o mago passou pelo portal, saindo direto na floresta, deixou ela desprevenida e deu tempo ao mago de lhe aplicar uma injeção. Ao sentir a picada, imediatamente avisou seus líderes o que aconteceu, incluindo Trash e soltou uma ordem mental que paralisou o mago e o feiticeiro, ficariam assim até seu povo chegar e desmaiou.

No subsolo, a fúria do ser preso, se espalhou por sua volta como um pulso de poder, que tocou todas as brechas já existentes na contenção posta pelos magos e bruxos, que se explodiu e toda a magia se desfez. Ele se levantou e arrebentou as correntes, se fixou em sua destinada e seguiu pelos corredores até encontrá-la desmaiada. Olhou para os dois homens paralisados e sentiu a compulsão dela sobre eles.

Também sentiu os homens vindo e foi rápido, primeiro o feiticeiro, cravou suas presas em sua veia pulsante e sugou seu fluxo de vida e poder, até desfalece-lo e fez o mesmo com o mago, tomando todo seu poder e conhecimento, junto com o sangue, mas não o matou. 

Fortalecido pelo sangue, pegou Ava no colo e saiu pelo corredor em direção ao salão com a abertura que levava ao topo da montanha e subiu veloz, saindo como um gêiser, como uma bala de canhão, subindo direto ao céu. Estando em uma altura boa, olhou a volta e seguiu em direção a floresta, onde sentiu a presença da magia de Ava mais presente.

Luziel pousou próximo ao riacho e estendeu o corpo sobre a relva rasteira próxima a margem e induziu um pensamento na mente dela. O corpo reagiu e iniciou um processo de exsudação. O ativo injetado pelo mago, saiu pelos poros e deixou uma gosma cobrindo seu corpo. Ele a pegou novamente e entrou com ela no rio, banhando seu corpo com cuidado, limpando toda a gosma e esperando que acordasse.

— Quem é você? O que está fazendo com Ava? — perguntou Trash, exaltado.

A voz de trovão de Luziel reverberou e fez Trash se encolher com as mãos tapando os ouvidos. Luziel percebeu que precisava modular sua frequência vocal e foi testando, até conseguir uma modulação aceitável para o ouvido humano. 

— Sou Luziel, guardião e companheiro de Ava.

— Ah, companheiro… ela sabe disso?

— Não sei ao certo, estou esperando ela acordar, o mago injetou um composto controlador, nela.

— Estou procurando o mago que passou pelo portal.

Luziel se aquietou e fez uma varredura pela floresta, encontrando o mago perdido no centro mais fechado da floresta, um lugar quase impenetrável pela luz do sol. Passou a imagem para a mente de Trash, que se aquietou, vendo que o mago não conseguiria sair tão fácil daquele lugar.

Ava começou a voltar a si e se mexer nos braços de Luziel, que afrouxou seus braços e deixou ela ficar à vontade, só mantendo-a na superfície. Suas asas estavam molhadas e pesadas e poderia afundar, descontrolada pelo peso. Trash a chamou:

— Ava, Ava, acorda!

Ela abriu os olhos e se debateu para se afastar do homem enoe, forte e lindo que a mantinha na superfície da água.

— Calma, não lhe farei mal, vou lhe ajudar a sair.

— Eu também. — disse Trash.

Ava se moveu, ficando fe pé e com ajuda dos dois, saiu do rio e ao ficar de pé na margem, firmou o corpo e Luziel avisou:

— Afaste-se rapaz.

Os dois se afastaram e tanto Ava, quanto ele, abriram suas asas, abanando-as para dispersar a água e secarem mais facilmente. Ela, enfim, se virou para Luziel e perguntou?

— Quem é você?

— Meu nome é Luziel, sou um guardião e seu companheiro.

— Arrrgh! De onde você veio? Nunca vi nenhum outro ser alado por aqui.

— Eu estava aprisionado dentro da montanha…

— Era você? Se afaste de nós, não quero você aqui, vá embora!

— Não podemos ficar longe um do outro, somos destinados a estar juntos, nos completamos.

— Não sei nada disso, só o que me contaram, que você foi um dos responsáveis pela destruição do mundo.

— Isso não é verdade, o grande responsável, fugiu e pode voltar a qualquer momento e precisamos estar unidos por completo, para que o restante do planeta, não seja totalmente destruído.

— Como assim, unidos por completo?

— Você precisa me aceitar de todas as formas.

Ela abaixou o olhar, pensando sobre o que seria aquilo e sua mente travou, não queria pertencer a ninguém e nem viver mais sob o domínio de outra pessoa. Não nasceu para ser escravizada e não deixaria ele fazer isso, nem com ela e nem com o seu povo. 

— Não vou deixar você nos escravizar, como fizeram os bruxos. Vá embora, aqui tudo é meu, vá construir a sua casa, formar o seu.lugar e nos deixe em paz.

— Por quê está fazendo isso? Não sente a ligação? Não vou te fazer mal ou ao seu povo, aliás, nosso povo.

— Sei o que você é e do que se alimenta e não vou deixar que acabe com meu povo.

Ele se endureceu e pareceu ficar mais alto do que era, soltou a força de sua dominância, fazendo Trash cair de joelhos, encolhido e segurando a cabeça.

— Pare com isso, está lhe causando dor! — mandou ela, irritada com a ousadia do macho.

— Não te afeta? — perguntou surpreso.

— Não, não me afeta,  então pare.

Ele parou e ficou olhando para ela intrigado. Não pensava encontrar uma fêmea tão forte e resistente a ele. Pensou que ela o receberia de braços abertos, uniriam seus corpos e poderes e restaurariam o mundo. Agora percebeu que tudo não passou de uma utopia. Teria que fazer uma retirada estratégica e aprender sobre esse novo mundo.

O dia não tardaria a ir embora e a noite tomaria tudo, quando não poderia estudar todo o lugar, então decidiu ir e se despediu:

— Eu vou, mas volto, não me distanciarei muito, poderá me chamar quando quiser.

— Não vou querer.

— Vamos ver…

Aproximou-se tão rápido, que ele nem notou e com um forte abraço, beijou-a e enquanto surpreendia ela com a invasão de sua boca e o toque de sua língua, picou com suas presas, as línguas dos dois, fazendo um intercâmbio de sangue. Quando o sangue dos dois se misturaram, formaram uma simbiose de elementos e poder e um pequeno pulso surgiu, invadindo e inundando o corpo dos dois, transformando-os em um só.

Ela empurrou ele, assustada pelo choque, mas já era tarde, estavam unidos e ele, com um olhar de posse e destilando um poder demasiado grande para ela compreender, subiu como um raio, sumindo do seu campo de visão e deixando-a desnorteada.

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