A entrevista para a Muse aconteceu em um café, com ambiente privativo. Foi bem fácil devido ao fato de ser totalmente focada no lado profissional, sem perguntas apelativas ou desconfortáveis.
Chegando ao fim, comecei a me despedir da jornalista e equipe, quando fui surpreendida com a aparição de Antonella, cumprimentando a todos.
— Posso oferecer um café à entrevistada? — perguntou enquanto se aproximava, esticando a mão em minha direção.
Um tanto sem jeito apertei sua palma, confirmando.
Nos despedimos de todos, logo saindo juntas até uma das mesas lá fora, onde fizemos nossos pedidos observando a equipe se dirigindo para fora do local.
— Estou desesperada — confessei, chamando a atenção dela. — Beatrice vai jantar com Stella hoje. As duas nunca foram próximas a esse ponto.
— Tem planos para hoje a noite? — perguntou.
— Ficar em casa com David, enquanto enlouqueço pensando no jantar das duas? — Respirei fundo, tentando conter a indignação devido ao fato dela ter ignorado minha fala anterior.
— Traga-o ao leilão beneficente dos Wildson Mackean, onde estarei com Stella que... — Ela olhou o relógio no pulso. — A essa hora provávelmente largou tudo na agência para encontrar o vestido perfeito.
— O quê? Você, quero fizer, vocês nunca vão juntas a eventos.
— Fiz o convite exatamente porque ela me comunicou sobre esse tal jantar.
Nossos pedidos chegaram e ela piscou para mim que deslizei os dedos por minha nuca, massageando o local, tentando diminuir a tensão que estava me matando.
— O quê me diz? — Me encarou com aquele par de olhos verdes desgraçadamente intimidadores.
— Por que devo ir?
— Para o caso de alguém misteriosamente sumir nessa noite, estarmos diante de milhares câmeras.
— Antonella... — baixei o tom de voz, me inclinando um pouco em sua direção. — O quê está tramando? Isso é loucura!
— Acha que nunca fiz algo parecido antes? Não é porque a Muse pertence a minha família que a diretoria me deu o cargo de mão beijada. Eu precisei fazer por merecer. E você acha que tenho cara de quem faz apenas coisas certas? Óbvio que precisei encobrir muita merda pelo caminho.
— Merda do tipo dar fim a antiga editora chefe? — Nós estávamos praticamente cochichando, da maneira mais estranha possível.
— Isso são apenas boatos infundados.
— Ótimo, me tornei amante de uma fora da lei.
Ela sorriu, logo em seguida mordeu o lábio inferior me encarando de um jeito que não gostei muito, afinal denunciava que alguma pouca vergonha se passava por sua cabeça.
— Estamos em público, então contenha a safadeza em sua mente. Vou tentar convencer David a me acompanhar ao leilão. — Tomei meu café que já estava praticamente frio. — Mas por favor, não faça nenhuma grande merda. Ok?
— Relaxa Brandon. Ou pelo menos tenta, até que eu possa fazer isso por você, em nossa suíte amanhã à noite.
— Você por acaso já tem um cronograma em mente?
— Com certeza sim, um cronograma perfeito de crimes e fodas.
Eu quase ri alto ouvindo aquele absurdo, mas tentei me conter vendo ela levantar da cadeira.
— Te vejo mais tarde.
Ela saiu caminhando com a mão no bolso da calça, em direção ao balcão. E eu precisei me conter para não acompanhar cada passo até perdê-la de vista.
— Sexy e perigosa — murmurei antes de pegar minha bolsa e caminhar em direção a saída.
Não lembro a última vez que vi meu marido tão empolgado para ir a um evento, caminhando de um lado para o outro no closet, indeciso sobre cores de gravatas e sapatos.
— Imagina minha empresa trabalhando para os Mackean? Posso conseguir bons contatos nesse evento — dizia ele se olhando no espelho.
— É... — me resumi a dizer enquanto pegava um par de Louboutins.
— Parece cansada. Eu falei que precisava de um descanso depois daquelas noites no hospital com sua mãe. Acho melhor ficarmos em casa...
— Não estou cansada, David — respondi de maneira seca, enquanto calçava os sapatos.
Era difícil falar com ele sem lembrar do fato de termos nos conhecido quando ainda era casado e nunca ter mencionado isso. Mas eu precisava cair na real e admitir que estava fazendo algo parecido, ou até pior.
A entrada de eventos beneficentes não eram minhas favoritas. Talvez uma porta dos fundos cairia bem, mas como o objetivo alí era estar em frente a algumas câmeras, posei para o flash antes de entrar.
Antonella havia incluído nossos nomes na lista, por isso eu sabia que haveria uma mesa muito bem localizada, só não imaginava que seria a mesma onde ela e Stella também ficariam. Avistei os nomes de ambas exatamente quando às vi se aproximando.
Nem tive tempo de sentar, antes de assistir a cena. Aquela era a primeira vez que às encontrava daquela forma, como um casal em público, caminhando de mãos dadas e tudo.
Elas realmente são um casal. Gritou minha consciência. Não era como se eu não soubesse e não tivesse até mesmo jantado com as duas antes, mas naquela altura, depois de passar tanto tempo com a editora, minha cabeça jogou a imagem daquela relação em um quartinho escuro e distante.
— Boa noite Alexia, David. — O sorriso de Stella ao nos cumprimentar era claramente diferente.
Ao lado de Antonella, minha sócia parecia bem.
Mal sentamos e David pediu licença, indo circular pelo local em busca das tais conexões que desejava.
Tentei me manter tranquila, mas até mesmo o vestido parecia incomodar, impedindo minha respiração. Tomei um gole de água tentando ignorar a presença de Stella, observando o salão ao redor.
— Champanhe? — perguntou Antonella, sentada à minha esquerda.
— Sim — respondemos eu e Stella em uníssono.
Meu olhar cruzou com o da Venturi, mas virei o rosto de maneira quase desesperada.
— David te largou aqui e foi falar de negócios? — perguntou Stella, se inclinando, do outro lado da esposa. — Homens! — Ela revirou os olhos antes de sorrir.
Um garçomnão demorou a se aproximar com o champanhe. Naquele momento eu gostaria de tomar a garrafa inteira.
Quem sabe um whisky cairia melhor.
— Com licença — pediu Antonella, ficando de pé.
— Eu realmente quero arrebatar algo para nossa sala — comentou Stella. — Você viu, minha casa tem obras incríveis, mas ainda falta algo.
Eu apenas confirmei, tomando minha bebida, com os olhos involuntariamente buscando Antonella que sumiu entre as pessoas.
— Acho melhor ir buscar meu marido — comentei largando a taça sobre a mesa.
Sabendo que David seguiu para o lado oposto, meus pés foram na direção onde a editora sumiu antes. Me deparei com o banheiro onde decidi entrar. Estava vazio. Me aproximei da pia onde observei meu reflexo no espelho e ela não demorou a surgir atrás de mim.
— Você não imagina o quão difícil é te ver sem desejar tirar esse vestido — disse, praticamente me comendo com os olhos.
Virei rapidamente, ficando de frente para ela que diminuiu a distância entre nós.
— Não faz isso — pedi, dando um passo para o lado, tentando manter uma distância segura. — Stella está lá... — Me calei quando ela me puxou pela cintura e nossos corpos se chocaram.
— Quem liga para isso? — murmurou com o rosto próximo ao meu, me envolvendo com aquela sedução já conhecida e quase irresistível.
Mas eu precisava resistir.
— Eu me importo! — Me soltei de suas garras.
— Quer jogar, Brandon?
— Do quê está falando?
— Veio atrás de mim e agora está se fazendo de difícil. Se isso não é um jogo, o quê mais seria? Você sabe que isso me instiga...
— Tudo para você é um jogo? Eu não vim atrás de você — falei, arrependida por estar alí. — Vou procurar o David. Stella provavelmente está ansiosa te esperando.
Saí do banheiro tentando clarear as idéias.
Eu gostaria que fosse realmente um jogo, não minha necessidade repentina de tê-la em meu campo de visão.
Encontrei Stella e David conversando sobre algum assunto que não me interessava, por isso me concentrei em tomar minha bebida.
O leilão já estava prestes a começar e não havia sinal da Venturi. Stella já olhava para os lados impaciente e eu fingia não perceber, até avistar a editora em um canto conversando com uma mulher de quase dois metros de altura, provavelmente modelo. Stella não pareceu ver a cena, então disfarcei.
O tempo passou e a conversa parecia ótima, pois as duas não pareciam dispostas a voltar para suas respectivas mesas, nem mesmo quando o início do leilão foi anunciado.
A impaciencia de Stella estava me afetando ao ponto de ser difícil não olhar vez ou outra para as duas, do outro lado do salão, até que final de Antonella voltasse para a mesa.
Tive que me esforçar para não ouvir o questionamento de minha sócia sobre onde a outra estava. E me esforçar mais ainda para não perceber que a modelo de antes, estava sentada em uma mesa ao lado da nossa e em determinado momento, com um sorriso, elevou a taça em direção a Antonella.
Meus olhos encontraram os da editora e eu quase falei com aquele olhar, demonstrando o quão absurdo achei tal cena, antes de virar o rosto na direção oposta. Naquele momento eu queria dizer o quando achava Antonella uma cretina, safada, mas o vibrar de meu celular chamou minha atenção. Disfarçadamente peguei o aparelho e no visor havia um número desconhecido. Pensei ignorar, mas como precisava me afastar um pouco daquelas pessoas, decidi atender.
Levantei devagar e me afastei das mesas.
— Alexia Brandon? — perguntou um homem do outro lado da linha.
— Sim, sou eu — respondi.
— Encontramos seu número em meio aos pertences de Beatrice Watson. A senhora conhece?
— Sim, é minha assistente.
— Sinto informar, mas a encontramos sem vida há...
Precisei me apoiar na pilatra a meu lado, devido ao choque. Meus olhos assustados seguindo até a mesa onde avistei Antonella, que me encarou no mesmo momento.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Kab_angel
pq me parece que ela mafiosa.. eu posso estar muito errado mais parece...
2023-04-20
4
daniele cleffs da silva
teria como essa mulher ser real pfv 😋😍
2022-12-20
3
daniele cleffs da silva
Ai Bonita e perigosa nossa to apaixonada 💘
2022-12-20
1