09 • Paris

Por algum tempo eu não tive reação, não consegui encarar Beatrice, ou perguntar do quê ela estava falando, mesmo diante da pausa que fez.

— Te deixando no estacionamento — continuou ela.

— O-o que tem a ver uma coisa com a outra? — consegui pronunciar, tentando voltar a organizar os papéis.

— Era bem tarde e você veio pegar seu carro.

— O que está querendo dizer? — Finalmente encarei ela. — Antonella esteve insistindo sobre uma entrevista minha à revista, só isso.

Agradeci mentalmente a minha própria mente por ter me feito o favor de lembrar daquele detalhe, caso contrário estaria em mals lençóis.

— Certo, não vou falar nada, mas se fosse outra pessoa no meu lugar isso não seria visto com bons olhos. A Stella por exemplo...

— Beatrice você... Isso é loucura! — Comecei a me irritar e sabia que não podia, pois seria como assinar a confissão.

— Tudo bem, desculpa, não está mais aqui quem falou. — Ela levantou e logo saiu da sala.

Pela primeira vez aquilo pareceu real e perigoso demais. Temi que mais alguém tivesse visto alguma coisa suspeita.

Em um ato desesperado peguei o telefone e liguei para Antonella.

— Acabou. Não vamos voltar a nos ver nunca mais a menos que seja na presença de Stella.

— Me ligou no meio de uma reunião, para isso? — disse ela.

— Desculpa — baixei o tom de voz, me sentindo ridícula.

— Te encontro às duas da tarde no mesmo endereço.

— O quê? Não! Estou finalizando aqui qualquer contato...

— Duas e meia no máximo. Tenho que desligar.

Ela de fato desligou e fiquei parada, com o aparelho ainda no ouvido.

Duas e quinze eu estava com a mão fechada em punho, me esforçando enquanto decidia se batia ou não naquela porta do quarto de hotel.

— Decisão difícil — sussurrou Antonella atrás de mim, me assustando. — Por que está assim depois de tudo? — Ela abriu a porta e entrei rapidamente, antes que fossemos vistas juntas ali.

— Por que me chamou aqui? — Joguei a bolsa sobre o sofá e caminhei em direção ao bar, onde me servi com aquele whisky horrível, mas quando estava prestes a levar o copo aos lábios ela pegou o objeto de minha mão e tomou metade da bebida.

— Você estava claramente tendo um surto devido o peso na consciência.

— Eu não quero mais, isso é muito arriscado.

— Essa é a graça. — Ela sorriu colocando o copo em minha mão. — Venha comigo a Paris e faremos uma despedida à altura, com direito a sexo com vista para a torre Eiffel.

Acabei rindo enquanto tomava um gole da bebida, quase gorfando logo em seguida.

— Por que me deixo levar tão fácil com você?

— Eu apenas proponho o que seu inconsciente quer. — Enquanto falava ela afastou os cabelos de meu pescoço.

— Como sabe o que... — Parei de falar ao sentir a respiração quente em minha pele e o roçar dos lábios que me provocavam. — Isso está me deixando louca. Não posso mais trair meu marido.

— Peça o divórcio.

Empurrei ela e me afastei de repente.

— Está louca? Por que eu... — Tentei encontrar palavras, mas o que não faltava naquele momento eram  justificativas para um divórcio.

Não fazia o menor sentido continuar em um casamento quando me sentia muito mais atraída a ir pra cama com outra pessoa do que com meu marido.

— Você só tem que se permitir e viver mais. Não falo por mim, afinal não temos um compromisso, mas sim por você mesma, que claramente precisa viver as experiências que jamais teve oportunidade. Está presa a esse casamento desgastado. Não duvido nada que já tenha sido traída...

— Não, ele não faria... — Me calei ao perceber o que estava dizendo.

— Você faria? — Nos encaramos sem nada dizer e me dei por vencida.

— Você tem razão.

— Então, Brandon... — Ela retirou o celular do bolso e verificou a hora. — Estou falando agora como amiga e não como quem deseja te jogar naquela cama e transar, esquecendo o trabalho que me espera. Olhe para dentro e si mesma e decida o que é melhor para você e David.

— Você fez isso quanto a Stella?

— Ela conhece muito bem o próprio lugar em minha vida.

Eu não conseguia entender, mas naquele momento a última coisa que queria era tentar entender o relacionamento delas quando sequer conseguia dar um jeito no meu.

— Me ligue caso mude de ideia sobre Paris. — Antonella me deu as costas e já saia.

— Eu vou! — falei rapidamente e ela virou-se para me encarar. — Depois decido sobre o David.

— Você não é boba nem nada. — Sorriu. — Uma fuga dos problemas em Paris. Gosto disso!

— Aparentemente você gosta de tudo o que é errado e arriscado.

— E você não?

Sorri observando ela sair. De alguma forma me sentia mais tranquila, desligada dos problemas. Parecia tão simples arrumar uma mala e sair por aí, me dando um tempo.

Jantei em casa, no tapete da sala enquanto trabalhava. Vez ou outra ainda tentando decidir se devia ou não viajar, mesmo que no fundo soubesse que iria.

As horas passaram rápido o suficiente para que David chegasse. Surpresa, olhei no relógio e já era bem tarde.

Novamente ele cheirava a álcool.

— Jantar com o pessoal da empresa? — perguntei só pra confirmar a resposta e ele logo confirmou se aproximando.

— Ainda acordada, meu anjo. — Ele se aproximou e inclinou para beijar o topo de minha cabeça. — Vamos dormir! — falou já seguindo para o quarto.

— Vou daqui a pouco.

Naquela noite, pela primeira vez um pensamento surgiu em minha mente. Esperei até que ele dormisse e fui em busca de seu paletó, onde vasculhei a procura de algo suspeito e até mesmo cheirei a peça, mas parei, me perguntando qual o sentido daquilo. Eu quem era de fato a traidora ali. Me senti horrível ao me dar conta de que estava procurando indícios de traição dele para amenizar o peso da culpa que começava a dominar meu peito e mente.

...(…)...

— Stella está pirando com isso — dizia Beatrice me observando finalizar o trabalho naquele dia. — Viajar assim de repente...

— Preciso visitar minha família — menti. — Ela devia aproveitar e procurar a mídia para mostrar o quanto está trabalhando duro aqui, sozinha. — Levantei pegando minha bolsa. — Nos vemos segunda.

— Segunda? Mas...

— Se der volto antes. — falei enquanto saía rapidamente e ela me seguiu falando todos os contras de passar tanto tempo fora.

Em casa, não foi tão difícil falar com David sobre a viagem, afinal era durante a semana e nossos horários nunca batiam mesmo.

Optei por pegar um voo diferente e encontrar Antonella apenas no hotel onde ficaria hospedada, por esse motivo quando cheguei na França, ela já estava muito bem acomodada no quarto onde ao abrir a porta me arrastou para dentro e tomou minha boca em um beijo intenso.

Se fosse em qualquer outra situação eu diria que o beijo parecia de um casal morrendo de saudades, mas não tinha nada a ver com algo além de tesão.

— Você não brincou quando falou sobre a vista para a torre  — comentei observando as portas da varanda.

— Você sente o romantismo de Paris? — perguntou ela enquanto me aproximava da varanda onde me apoiei, observando a cidade lá embaixo.

— Talvez na primeira vez que vim aqui, iludida com a imagem que passam os filmes, mas agora o máximo que sinto é o fedor e raiva pela mal educação dos franceses.

Antonella riu enquanto parava a meu lado, apoiando-se na grade.

— Fico com o romantismo — afirmou, mantendo o olhar na cidade e encarei ela a meu lado. — Não é que seja romântica nem nada.

— Você está longe de parecer uma romântica — confirmei.

— Mas acho uma ótima atmosfera para levar mulheres para a cama.

— Oh sim, seu mundo gira em torno da vagina. Como consegue viver assim? A vida vai além da cama.

Ela riu.

— Obviamente, temos elevadores, restaurantes... — Empurrei meu ombro no dela que ria de maneira descontraida.

— E se... Quantos dias ficaremos aqui?

— Quatro — disse ela franzindo o cenho.

— Então façamos assim, dois dias de sexo e outros dois de romance, no fim damos o veredito sobre o que Paris tem de melhor a oferecer.

— Mas o sexo quem tem a oferece de melhor sou eu. — Sorriu convencida.

— Estamos falando sobre Paris. Logo...

— Está se referindo a lugares propícios ao romance e ao sexo? -— Ela me encarava e eu apenas arqueei as sobrancelhas esperando que lesse meu rosto com a confirmação de sua fala. — Droga, Brandon, você mexeu com a minha imaginação agora.

— Mas você vai ter que se esforçar para me mostrar um bom romance. Nada desse joguinho de sedução antecedente ao acasalamento.

— Alexia Brandon quer me obrigar a ser uma boba romântica em Paris?

— Não tem coragem de tentar? — provoquei.

— Em qualquer outra situação eu recusaria, mas isso me parece um desafio e não resisto a um bom desafio envolvendo sexo com uma linda mulher. Quando começamos?

— Antes quero apreciar a torre Eiffel  — falei retirando o casaco e a blusa que usava, ali mesmo, indo para os braços dela dando início um beijo urgente, logo seguindo juntas para dentro do quarto.

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Comments

Rita Ribeiro

Rita Ribeiro

isso é perigoso maia que reciste um perigo gostoso kkkkk

2023-09-06

3

sua crush? ~ ♀️🔞

sua crush? ~ ♀️🔞

amor proibido ixi 🔞🚫 rsrs

2023-01-14

2

Nataly Lopes

Nataly Lopes

Acho que Alexia não sentiu o chão com a Beatrice kkkkkk

2022-12-19

1

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