12 • Envolvida

Os dias no hospital com minha mãe, afastada de tudo, foi um divisor de águas. Repensar toda minha vida enquanto mais uma vez percebia o quanto ela é efêmera, foi o que me fez tomar uma decisão definitiva quanto ao meu divórcio.

Eu precisava conversar com David para que pudessenos escalarecer nossos sentimentos. Meu único medo era que ele se agarrasse ao nosso casamento e tentasse me fazer mudar de idéia. Parte de mim não queria voltar atrás. Parte de mim ainda estava em Paris, com Antonella Venturi.

Um suspiro escapou por meus lábios. Meu trabalho mais uma vez ficando em segundo plano.

— Tudo bem? — perguntou Beatrice, me surpreendo com sua presença. — O problema de saúde...

— Sim — confirmei, reunindo as fotografias que estavam encima da mesa. — Tudo bem.

Eu não havia entrado em detalhes sobre o motivo de ter me ausentado, preferindo manter uma barreira entre minha vida particular e o trabalho.

Beatrice claramente estava me rondando, a espera de que me abrisse, mas isso não aconteceria. Eu não queria deixar brechas para que ela se achasse no direito de ir além.

Jamais imaginei chegar no ponto de ser uma mulher com um segredo, mas naquela altura, eu era essa mulher. E depois de tudo, não tinha mais intensão de dar um fim a isso.

O telefone tocou duas vezes antes que eu pudesse ouvi o som da voz da editora, do outro lado da linha.

— Em duas horas, no lugar de sempre? — sugeri assim que ela atendeu.

— Isso é bem inesperado — disse, claramente ofegante.

— É ruim? Está ocupada? Ligo outra hora, outro dia...

—  Estou me exercitando, Brandon — explicou. — Em duas horas estarei lá.

Apenas sorri desligando, enquanto seguia para meu carro.

Era fim de um dia em que tive paz, sem encontrar Stella, que estava fora. Ela simplesmente tirou uma semana de folga quando anunciei que voltaria ao trabalho.

Segui para casa, onde passei longas horas em um banho morno, aproveitando para ligar para minha mãe em busca de notícias. Eu havia insistido que ficasse em meu apartamento, mas sabíamos que não teria tanto tempo com ela. Ter ficado no hospital já foi suficiente para acumular muito trabalho.

Quando desliguei vi que recebi uma mensagem de David avisando que não jantaria em casa. Perfeito, pois eu também não tinha intenção de ficar. A data para nossa conversa já estava marcada, pedi um tempo com ele no fim de semana, por isso me dei ao luxo de, até lá, apenas viver minha loucura.

Quando a porta do apartamento foi aberta, Antonella usava roupão e tinha os cabelos úmidos. Ela mal abriu e logo me arrastou pela cintura, colando nossos corpos, invadindo minha boca com a língua, de uma maneira inexplicavelmente gostosa.

Desde nossa conversa no estacionamento do hospital, ficou no ar aquela necessidade de toque, beijo e todo o resto. Eu estava necessitando sentir aquele corpo junto ao meu.

Minhas mãos abriram o roupão dela e em seguida deslizei o mesmo por seus ombros, deixando que caísse no chão. Paramos o beijo o suficiente para que eu pudesse notar que estava completamente nua e logo voltamos a nos beijar com urgência, seguindo em direção a cama, com ela retirando meu vestido.

Sua boca desceu por meu pescoço deixando um rastro de fogo.

A luxúria estava prestes a incendiar aquele quarto de hotel. Meu corpo queimava de tesão a cada toque dos lábios dela que trilhou um caminho até meu baixo ventre. Suas mãos deslizaram minha calcinha por minhas pernas e alí eu tive a visão perfeita da língua deslizando por seus lábios, antes de me lamber daquela forma incrível que apenas ela sabia fazer.

Antonella tinha a combinação perfeita entre língua e dedos, capaz de me fazer explodir em um orgasmo em poucos minutos.

Eu tinha noção da falta que senti de nossos corpos suados deslizando um pelo outro, dos gemidos dela, o toque, os beijos. A necessidade que eu tinha de sentir a quentura entre suas pernas junto a minha, o deslizar da boceta molhada que me levava a um lugar impossível de descrever. O orgasmo com ela era incrível e diferente de tudo que senti antes.

— Sabe de uma coisa... — murmurei sentindo as leves mordidas que ela dava em minha bunda.

Estava deitada de bruços, depois de alguns orgasmos, ainda sentindo a respiração descompassada enquanto ela ainda parecia cheia de gás e disposta a mapear meu corpo com a própria boca.

— Sinto falta de Paris — conclui.

— Podemos voltar quando quiser — disse deitando atrás de mim, envolvendo meu corpo com um braço me puxando para perto, sua boca deslizando por meu rosto em busca da minha.

Ela esteve tão sedenta quanto eu durante esse tempo em que fiquei distante?

— Sabe... — Selei nossos lábios antes de virar ficando de barriga para cima. — Não concluímos nosso experimento sobre Paris.

— O romance venceu — disse, me fazendo arquear as sobrancelhas. — Está escrito em seu rosto desde nosso último encontro.

Acabei gargalhando diante da forma convencida que falou.

— Está dizendo que voltei de Paris apaixonada? — Ela nada respondeu, apenas ficou me encarando com uma confirmação no rosto. — Digamos que me levar a restaurantes e lugares com clima romântico, me deixou um pouco amolecida, mas sua safadeza desmonstrava que suas segundas intenções falavam mais alto.

— Depois do romance vem o sexo.

— Você não perde oportunidades, Antonella.

— Se não foi o clima de Paris, só resta dizer que foi justamente minha safadeza.

— O quê?

— Que te deixou assim, com esse olhar que me atravessa.

Seus olhos passeavam por meu rosto. E meus olhos buscavam qualquer outro lugar que não fossem aqueles verdes que me analisavam.

Meu sorriso forçado e sem graça me deixando ciente do quanto estava afetada.

— Você sempre acha que suas amantes se apaixonam assim tão facilmente? — Tentei virar, na tentativa de levantar, mas ela impediu.

— Por mais que eu adore a forma que me olha agora, você sabe que é um caminho perigoso.

— Não estou apaixonada por você, Antonella Venturi. — Sentei na cama buscando com os olhos minha roupa. — Você me parece um homem criando fantasias na própria cabeça e jogando para cima de mim! — Levantei pegando as peças no chão. — Claro, vamos ser amantes, mas precisamos ficar controlando o interesse porque se for pouco, vou precisar ser conquistada, e caso demonstre muito, preciso cair na real porque você é areia demais para o meu caminhãozinho. Não é? — Virei para encarar ela que estava sentada na cama, com a boca entre aberta. — Não se ache tanto Venturi. Eu sou muito mais que isso. Sou mulher demais para você! Afinal, quem foi correndo atrás assim que passei uma semana sem dar notícias?

Um sorriso surgiu nos lábios dela e a irritação em meu interior estava crescente. Antonella começou a rir baixando a cabeça. E eu praticamente bufando de raiva virei para entrar no banheiro, mas ela quase saltou da cama vindo ao meu encontro.

— Ei! Quem disse que eu não te acho mulher demais para mim? E você realmente acha que eu negaria o fato de ter ficado preocupada com seu sumiço? Não subestimo sua capacidade de fazer com que me apaixone. E não é como se estivesse preocupada com o oposto porque não desejo que se apegue a mim, mas sim porque sei o quanto valoriza seu casamento e seu negócio em sociedade com minha... Com Stella.

Fiquei em silêncio. Minhas paredes de defesa sendo derrubadas aos poucos.

Eu jamais tinha feito algo como aquilo, transar só por transar. E era óbvio que algo dentro de mim estava indo além, por isso o medo e as armas a qualquer sinal de que ela não se sentia da mesma forma e pularia fora.

Me parecia tão ridículo assumir estar completamente envolvida por aquela mulher, além da cama. Me deixei levar apenas por sexo, mas aqueles dias em Paris e depois o distanciamento, não deixavam sombra de dúvidas de que eu estava perdida em meio a sentimentos muito mais profundos.

— Eu não quero se preocupe. Não quero ser lembrada de que escolhi esse caminho perigoso. Afinal, não foi você quem fez de tudo para me convencer a seguir com isso? — Ela abriu a boca para falar, mas me antecipei. — Não estou botando a culpa em você, eu só... Só quero que permaneça como antes.

— Eu sou a mesma, Alexia. Estou aqui para te satisfazer quando e o quanto quiser. Você quem de repente parece está na defensiva. — Ela me puxou para junto de si. — Na verdade, parece pronta para me atacar.

— Desculpa — falei, mantendo a cabeça baixa, mas ela segurou em meu queixo me fazendo olhar em seus olhos. — Não sei fazer isso.

— O quê? — murmurou, com o rosto bem perto ao meu, seus olhos passeando por meus lábios. — Ter uma amante?

Eu estava prestes a falar sobre a minha incapacidade de controlar meus medos e sentimentos, quando uma batida na porta chamou nossa atenção.

— Deve ser o serviço de quarto — disse ela  indo em direção a porta, pegando o roupão pelo caminho. — Ainda é cedo, não precisa sair agora.

Entrei no banheiro onde permaneci por um tempo, tentando controlar aquela vontade louca de me agarrar a ela, buscando carinho além do sexo e falar sobre o medo que estava de minha separação. Eu não queria fazer dela minha âncora, nem nada que depois me arrependesse, mas Antonella era a única pessoa com quem me sentia bem o suficiente para me abrir.

Quando saí do banheiro, usando roupão, a pequena mesa no quarto estava posta.

— Jantar? — falei me aproximando, vendo ela mexendo no celular.

— Imaginei que não teria jantado após sair da agência. Errei? — Neguei com a cabeça e ela sorriu puxando a cadeira, me fazendo sorrir me aproximando e ao sentar, senti sua respiração em minha orelha. — Não me compare novamente a um homem.

Comemos falando sobre a entrevista que eu daria no dia seguinte.

Quando terminamos o jantar permanecemos alí, enquanto tomavamos uma taça de vinho, até uma nova batida na porta nos interromper. Antonella afirmou ser o serviço de quarto novamente, mas quando a porta foi aberta, a voz que ouvi me fez estremecer dos pés a cabeça.

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Comments

daniele cleffs da silva

daniele cleffs da silva

Ai estou amando a história continua ai vai pfvzinho 😍😍😍😍

2022-12-19

2

Nataly Lopes

Nataly Lopes

Eita caramba será que é o esposo dela ou a Stella??

2022-12-19

1

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