07 • Arte

Meus olhos estavam na linha horizontal nas costas dela, observando através do reflexo de seu corpo encima do meu, no espelho de motel mais incrível que já vi na vida.

Seus lábios estavam em volta de meu mamilo e eu me via agarrada aos fios de cabelo dela, tentando manter meus olhos naquela imagem acima de nós.

No início tentei fingir que não era eu alí, mas a verdade é que nunca me senti tão eu mesma como quando pela segunda vez senti a língua daquela mulher entre minhas pernas.

Que sensação louca.

Que situação louca.

Eu estava me entregando de uma forma que jamais imaginei. Sem pudor, medo ou qualquer outro tipo de sentimento que barrasse minha vontade de transar com ela naquela noite.

Não saberia dizer qual foi o ápice, afinal cheguei ao orgasmo mais de uma vez, tanto em sua boca quanto sentindo o deslizar da boceta molhada contra a minha.

— O que significa essa tatuagem? — perguntei enquanto fitava novamente no espelho, as costas dela que estava deitada de bruços ao meu lado.

— Leia você mesma — disse.

Levantei um pouco e sentei na cama para observar na lateral de seu corpo, onde li a frase:

— Give me the chance to make art — murmurei, levando os dedos até os fios de cabelos grudados nas costas suadas, onde trilhei com as pontas dos dedos um caminho na pele macia e ela pareceu arrepiar um pouco. — Você em si me parece arte.

— Gosta do que vê?

— Muito — confessei.

— Quantas vezes fantasiou isso? Conhecer o corpo de outra mulher?

Sorri baixando a cabeça e ela virou-se na cama para me olhar.

— Inúmeras... — pensei um pouco, puxando pela memória mais antiga. — Eu tinha dezesseis e estava me preparando para um ensaio. A Fotógrafa era uns dez anos mais velha que eu, mas ela... Tinha algo que despertou minha imaginação. E a partir desse dia me torturei com a curiosidade. Antes eu só queria beijar minhas amigas. — Sorri sem graça. — Mas depois daquele dia percebi que era algo mais intenso e não poder fazê-lo chegava a ser doloroso as vezes. Eu estava sempre rodeada de modelos, minhas amigas eram modelos e minha mãe sempre deixava claro que eram minhas concorrentes e que não devia confiar nelas jamais.

— Uau...

— Não sei porque estou falando sobre tudo isso.

— Porque finalmente está fazendo o que a Alexia de dezesseis tanto desejou — disse e eu confirmei. — Mas você casou cedo.

— Quando me peguei apaixonada por David, consegui me libertar da pressão que minha mãe colocava encima de mim em relação a carreira e... Eu o amava, então foi fácil esquecer aqueles pensamentos estranhos sobre mulheres.

— Vim para despertar seus desejos adormecidos. — Senti o deslizar dos dedos dela em minha coxa e desviei o olhar enquanto confirmava mentalmente.

— Isso é tão errado.

— Não é... — Antonella sentou-se rapidamente e segurou meu rosto com uma mão. — É bom. — Ela deslizou os lábios nos meus. — E ainda nem experimentou tudo. Você não sabe o quanto é bom chupar uma boceta.

Eu ri afastando o rosto.

— Eu acho que nem sei fazer isso. Acho que seria estranho...

— Quando sua língua tocar entre as pernas de uma mulher, você vai conhecer muito bem o caminho que levará ao orgasmo. — Ela tinha o rosto próximo ao meu. Sua voz baixinha me excitava.

— Preciso ir para casa. — Tentei colocar os pés no chão. — Nunca cheguei tão tarde e...

— Tem razão. — Ela afastou-se. — Não faltarão oportunidades.

— Não, isso não vai mais acontecer — fiquei séria enquanto levantava da cama, indo a procura de um roupão.

— Mas... — Antonella calou-se enquanto eu vestia o roupão e seguia para o banheiro. — Ok, não vou te pressionar a nada, tudo em seu tempo.

— Como assim? — parei antes de entrar no outro cômodo.

— Vamos fingir que não vai mais acontecer.

— Não, Antonella, isso não vai voltar a acontecer — afirmei com segurança e ela apenas confirmou.

Seguimos de volta ao estacionamento da agência onde me despedi rapidamente e de lá segui para casa.

Já era bem tarde quando entrei, tentando fazer o mínimo barulho possível.

Eu não teria coragem de encarar meu marido naquela noite, mas parece que o universo conspirou para aquele encontro.

David saía do banheiro com a toalha enrolada na cintura, secando os cabelos.

— Por que chegou tão tarde? — perguntou ele me encarando de forma que precisei desviar o rosto.

— Que pergunta... — Sorri retirando os sapatos. — Geralmente você chega quando já estou dormindo.

— Exatamente por isso estou perguntando, você nunca chega tarde assim.

Segui em direção ao closet, retirando os brincos que usava.

— Estamos às vésperas da semana de moda — me resumi a dizer enquanto já colocava minhas joias em seus devidos lugares. Até que fui repreendida pelos braços dele que aproximou-se de maneira silenciosa.

— Está cansada? — falou baixinho em meu ouvido e meu coração quase saiu pela boca, temendo que ele tivesse segundas intenções.

Já fazia uma semana desde que transamos, mas não era justo que logo naquele exato dia ele tivesse a intenção de tentar alguma coisa.

— Muito — afirmei tentando me desvencilhar de seus braços, mas ele me apertou começando a beijar meu pescoço. — David, hoje não. — Tentei ser o mais firme possível e ele pareceu entender.

Segui para o banheiro onde engoli em seco, encarando meu reflexo no espelho.

O mais assustador é que não me sentia errada e suja. Eu estava bem. Estava me sentindo de alguma forma mais leve e um tanto realizada depois de experimentar algo novo.

Mas e quanto a meu marido?

Eu não sabia explicar meus sentimento em relação a ele.

O fato era que aquilo não voltaria a acontecer e tudo ficaria bem.

Na manhã seguinte tentei afastar qualquer lembrança da noite anterior e focar no trabalho, senão seria incapaz de encarar Stella.

— Pronta para o evento da Muse? — perguntava Beatrice enquanto eu estava focada no ensaio das novas modelos.

— A festa anual... — murmurei lembrando daquele detalhe. — No ano passado Antonella Venturi não estava à frente da revista, certo?

— Dizem às más línguas que ela mandou matar a antiga editora chefe para ficar com o cargo.

— Que horror! — Franzi o cenho encarando Bea que riu. — A revista faz parte dos negócios da família dela.

— Dizem as más línguas que a família nunca quis ela na revista, mas olha só onde está agora.

— Você sabe muito sobre as más línguas, hã? — Ela deu uma piscadela e saiu.

Tentei não alimentar nenhum tipo de curiosidade em relação a editora. O melhor era me manter distante, como sempre estive, e esquecer a existência dela.

Quando o fim do dia chegou eu estava prestes a ir embora quando Stella deu uma batida na porta e entrou de repente.

— Fiquei sabendo que dará uma entrevista à Muse — comentou.

— Eu... Acho que sim.

— Acha? — Seu olhar era cortante. — Não entendo o porquê disso. Me mato de trabalhar por essa agência, cuido de toda parte administrativa enquanto você usufrui do glamour, festas e tudo o que envolve aparecer em sites e revistas. E no fim das contas é quem dá entrevistas e sai como a única dona da Storm.

— Stella, não se trata disso...

— Claro que é disso! Você está sempre sendo entrevistada e elogiada pelo excelente trabalho na agência, quando na verdade quem mais trabalha aqui sou eu!

— Ei, eu também trabalho muito, sabia?

— Claro, tomar champanhe em um edifício caro de Londres, deve ser considerado muito sacrifício.

— Por que está sendo assim agora? Você me surge de repente me oferecendo alternativas e faço minhas escolhas. Se todas às vezes me dissesse que preferia ir, é claro que entenderia. Mas agora ficar apontando como se eu tomasse decisões que te desvalorizam aqui... Isso não é verdade e você sabe disso!

— Antonella te fez o convite? Foi durante a festa?

— Pergunte a ela. — Peguei minha bolsa e saí da sala rapidamente.

Assim que cheguei ao estacionamento procurei meu celular na bolsa e liguei para Antonella que demorou um pouco, mas atendeu. Parecia ofegante, algo que logo de cara me fez pensar besteira.

— Você contou para a Stella que vou dar uma entrevista à Muse? — perguntei e ela não respondeu de imediato, fez uma pausa e eu podia ouvir sua respiração descompassada.

— Não, mas acredito que ela ouviu alguma coisa enquanto eu estava fazendo ligações de casa... — pausa. — Mas de qualquer forma ela ficaria sabendo, não é mesmo?

— Antonella? — chamou uma voz feminina e franzi o cenho enquanto minha mente fantasiava o quê estava acontecendo do outro lado da linha.

— Era só isso? Preciso desligar — disse.

— Desculpa interromper sua transa. — Desliguei o aparelho incomodada e joguei o mesmo no banco do carona, logo ligando o carro. — Antes de transar comigo ela me perseguia por aí, agora não pode sequer falar comigo ao telefone. — Sorri me sentindo idiota enquanto saia da garagem, mas logo tentei afastar aquilo de minha mente.

...*...

...*...

...Publiquei hoje na história curta(um pouco triste devo alertar), com apenas 2 capítulos, caso tenham interesse, chama-se Agosto....

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Comments

daniele cleffs da silva

daniele cleffs da silva

Ai meu casal continua continua vai pfvzinho tá muito muito bom msm 😍😍😍

2022-12-17

3

Sandra Oliveira

Sandra Oliveira

confesso que adoro suas obras, estão virando um vício

2022-12-17

8

Nataly Lopes

Nataly Lopes

fico tão ansiosa por mais capítulos

2022-12-17

2

Ver todos

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