Todos aplaudiam ao fim de um breve ensaio para desfile. E, aos poucos, a equipe ia se retirando. Saí da sala em direção a minha e no caminho encontrei Stella que discutia com alguém, mas passei sorrateira e segui meu caminho.
Assim que sentei em minha cadeira encostei-me confortavelmente, fechando os olhos por alguns minutos, até ouvir uma breve batida na porta e logo em seguida Bea entrou animada.
— Você não está esquecendo a festa de aniversário da Pamela Courtney, não é? — Franzi o cenho tentando lembrar a data. — Alexia, é hoje a noite!
— O quê? — Mexi os papéis sobre a mesa e encontrei o calendário em que costumava marcar datas importantes. — Não acredito, esqueci completamente.
— Eu sabia, por isso já liguei para todos os melhores estilistas do momento e já tenho uma lista de modelos que você tem como opção para arrasar hoje a noite.
— Bea, eu te amo! — Ela sorriu formando um coração com os dedos.
— David vai com você?
— Com certeza não. — Eu vinha me esforçando para ignorar o fato dele chegar tarde nos últimos dias, mas já estava me irritando quase não vê-lo em casa. — Vamos trabalhar?
...(...)...
Assim que a equipe responsável pela maquiagem e cabelo saíram, fui colocar o vestido que escolhi para usar naquela noite. Um modelo tomara que caia longo na cor preta. Meus cabelos estavam presos e a maquiagem destacava bastante meus olhos claros..
A única jóia que optei por usar foi um discreto colar com uma delicada pedra de esmeralda, que foi presente de meu marido durante nossa lua de mel tardia.
— Angeline? — chamei entrando na cozinha e encontrei ela sentada, sorrindo enquanto lia. — O quê está lendo? — perguntei curiosa e só então a empregada percebeu minha presença, fechando o livro rapidamente.
— Perdão senhora.
— Tudo bem, você estava tão concentrada na leitura. Do quê se trata o livro?
— É um romance erótico, muito envolvente — falou ela toda empolgada.
— Percebi. — Sorri olhando a capa do livro sobre a mesa. — Ah, estou de saída. Você já pode ir descansar não precisa se preocupar com o jantar do David.
— Tudo bem, boa noite senhora. — Saí da cozinha e segui para a saída procurando em minha bolsa de mão o celular para confirmar com o motorista que me levaria.
Pamela era uma modelo no auge da carreira, conseqüentemente seus convidados eram em grande parte celebridades do momento, modelos, estilistas, editores de revistas e a imprensa, que estava cobrindo o evento.
Assim que cheguei, cumprimentei a aniversariante que conhecia há alguns anos e depois peguei uma boa taça de champanhe enquanto encontrava rostos conhecidos e observava o local.
— Alexia Brandon, minha modelo! — A voz conhecida soou atrás de mim e logo Gavi surgiu a minha frente. Um de meus estilista favoritos e que por sinal era qum assinava o modelo que eu estava usando. — Eu sabia que ficaria esplêndido em seu corpo maravilhoso.
— Quanto tempo, meu querido. — Dei um breve abraço nele, depois de um longo tempo sem encontrá-lo. — Você parece desenhar exclusivamente para mim.
— Como adivinhou?
— Descobri assim que bati os olhos nessa obra de arte.
— Você é mesmo maravilhosa! Por isso faço questão de mandar as melhores peças, sei que vai sair muito bem nas páginas de revista. — Ele deu uma gargalhada extravagante e sorri. — Oh, veja quem temos aqui. Não é Antonella Venturi? — gritou acenando.
Tomei todo o champanhe em minha taça antes de virar e ver a bela mulher caminhando em nossa direção.
— Boa noite — disse ao se aproximar, com um sorriso.
— Venturi, onde estão os fotógrafos de sua revista para registar essa beldade usando um modelo meu? — falou Gavi. — Ah, vocês se conhecem, não é mesmo? Afinal quem não conhece a deusa da Muse magazine? — Ele deu mais uma gargalhada.
— Claro que nos conhecemos— respondeu ela. — Com certeza seu modelo terá um grande destaque em nosso site.
— Está vendo Alexia? Essa mulher é uma preciosidade.
— Sem dúvidas — concordei, colocando a taça na bandeja que o garçom carregava e logo pegando outra.
— Oh, Pierri! — gritou Gavi acenando. — Com licença meus amores. — Ele saiu e tomei minha bebida de uma vez, novamente.
— O champanhe deve estar uma delícia — zombou Antonella, notando meu quase desespero.
Por algum motivo sentia-me nervosa por sua presença. Era estranho, afinal nosso último encontro foi agradável.
— Devia ter trago sua esposa — falei observando os convidados ao redor.
— Ela não foi convidada. Por falar nisso, onde está seu marido?
— Provavelmente trabalhando.
— A essa hora? — Encarei ela que arqueou uma sobrancelha e não consegui deixar de reparar em sua beleza naquela noite. — Algum problema?
— Não, nenhum. — Aproveitei que um garçom passava e coloquei a taça na bandeja. — Com licença, Venturi.
Saí caminhando entre as pessoas a procura do banheiro, mas fui abordada por um fotógrafo que conclui ser da Muse. Posei para algumas fotos rapidamente e segui para o banheiro onde ao entrar me olhei no espelho, constatando estar com a maquiagem intacta, mas de repente, flashs de memória começaram a surgir.
...FLASHBACK ON...
A bebida rosa não parecia tão boa quanto a anterior, mesmo assim bebi tudo enquanto Antonella falava ao celular. Assim que desligou o aparelho, voltou sua atenção para mim e surpresa, pegou o copo vazio.
— Você bebeu isso? O garçom trouxe por engano.
— Estava uma delícia. — Sorri me inclinando sobre a mesa e puxei em sua nuca. — Assim como você deve ser uma delícia. — Pisquei para ela que devagar segurou minha mão me fazendo solta-la.
— Acho melhor irmos embora.
Apesar de embriagada, ela estava bem melhor que eu, que sequer lembrava meu nome naquele momento e só conseguia pensar naquele fogo que surgia por meu corpo. Aquele era o meu maior problema com bebida, por isso evitava.
— Para o seu hotel ou o meu? — Mordi o lábio tentando fazer uma cara sexy para ela que levantou e veio me ajudar.
— Qual o seu hotel? — Segurando em minha cintura, passei o braço ao redor dela enquanto íamos para a saída.
— Aquele que tem cinco estrelas e uma cama incrível.
— Brandon...
— Eu sempre tive curiosidade de saber como é dormir com uma mulher, sabia? — confessei meu segredo mais íntimo.
— Não sabia, mas estou adorando saber sobre isso, conte-me mais.
Por sorte o movimento do carro me deixou sonolenta e após deitar a cabeça no ombro dela, adormeci, voltando a acordar apenas quando já estava sobre uma confortável cama. Notei Antonella inclinada sobre mim, ajeitando o travesseiro, então no mesmo momento puxei ela que desequilobrou-se e caiu encima de mim.
— Alexia... — Ela tentava levantar, mas rindo, enquanto me divertia, mesmo sabendo ser totalmente sem sentido, prendi seu corpo com minhas pernas.
— Vamos brincar... — Comecei a tentar abrir o zíper lateral do vestido dela, mas conseguiu escapar antes.
— Eu adoraria, mas o nível de álcool em seu sangue vai contra meus princípios e critérios para uma transa demonstrativa, com uma suposta hétero curiosa.
Gargalhei levantando, mesmo que tudo estivesse girando.
— Onde vai? O banheiro é naquela direção — disse ela.
Com ajuda, encontrei o banheiro e assim que entrei fui logo tirando o vestido e a lingerie que joguei no chão. Entrei na banheira completamente nua, liguei a água e joguei alguns sais de banho.
Sentindo-me relaxada fechei os olhos sem me importar com a quantidade de espuma e a água que transbordava. Aos poucos o sono me pegava. Cochilei. E ao escorregar, sentindo a água em meu rosto, levantei rapidamente, dando um grito.
Antonella entrou e vendo a quantidade de espuma onde eu quase me perdia no meio, correu até mim e puxou meu corpo da banheira, mas com o movimento escorregou e caiu para trás. me levando junto. Logo estava eu, nua, rindo descontroladamente encima dela que fazia uma careta, provavelmente de dor.
...FLASHBACK OFF...
Bati a cabeça na parede do banheiro, choramingando ao lembrar daquele mico total.
Como pude fazer aquilo? Eu nunca tinha bebido tanto. O álcool me fazia perder total controle, então é compreensível. Não, não é compreensível uma mulher adulta, casada, fazendo uma palhaçada daquelas.
— Então não traí meu marido! Apenas dormimos? — Me perguntei em voz alta e no mesmo momento algumas mulheres entraram no banheiro. — Ah, mas aquela... — Saí do banheiro a procura da editora e quando avistei de longe, ela conversava com algumas pessoas. Seus olhos de repente caíram sobre mim e desviei o olhar sentindo uma imensa vergonha. — Que papelão Alexia. — Fechei os olhos tentando esquecer aquele episódio, imaginando que teria sido melhor não lembrar.
— Algum problema? — Sobressaltei ao ouvir a voz dela atrás de mim.
— Precisamos conversar — falei sem olhar para em sua direção e caminhei para a saída.
Não demoramos a chegar em uma área externa, afastada.
— Por que não falou a verdade? Me deixou achando que traí meu marido!
— Você lembrou? — Ela riu e senti meu rosto esquentar de vergonha.
— Você tinha que ter me dito!
— Acabei achando interessante o fato de você pensar que transamos.
— Muito interessante, hã? Eu sou casada! Foi ridículo o que fiz, mesmo assim nada aconteceu.
— Porque eu não cedi.
— Ok, obrigada por não transar comigo.
Ela riu se divertindo.
— Mas quando quiser... — começou a diminuir nossa distância e engoli em seco, sabendo que viria uma provocação com a qual eu não saberia lidar.
— Não comece, Antonella!
— Eu já comecei há muito tempo, Brandon. — Seus olhos fixos aos meus lábios indicavam o que pretendia, mas ouvimos um barulho e quando olhamos na direção que veio aquele som, vimos um rapaz escondido atrás de uma coluna, ao notar que o vimos ele deixou um gravador cair e logo pegou o mesmo e saiu correndo. — Um paparazzi?
— Ele gravou nossa conversa? — Desesperada ,saí correndo, mesmo com os saltos, deixando toda a classe de lado, indo atrás do cara que seguiu para o estacionamento e entrou em um carro.
Eu nem tinha percebido que Antonella não me seguia, fui surpreendida pelo carro que ela dirigia parando a minha frente.
— Entra, vamos pegá-lo! — Corri e entrei sem tirar os olhos do veículo que já seguia a uma certa distância.
Antonella acelerou e senti-me praticamente em uma corrida de fórmula 1, pelas ruas de New York.
— Estou perdida, estou perdida — choraminguei.
Enquanto isso, ela estava focada na perseguição. Eu podia jurar que estava se divertindo com aquilo, enquanto eu estava silenciosamente enlouquecendo.
Depois de alguns minutos conseguimos alcançar o carro que estacionou.
Antonella mal parou o carro e foi saindo em direção ao homem. Fiz o mesmo, logo vendo ela segurando cara pelo colarinho. Ele era tão franzino que se ela quisesse poderia chacoalha-lo com facilidade.
— Eu não gravei nada, juro! — disse ele.
Ao me aproximar vasculhei os bolsos do casaco do homem e achei o gravador. Ao dar play não havia nenhuma gravação.
— Estou dizendo, apenas cheguei no fim da conversa e não gravei nada.
— Tenha em mente que caso publique algo a nosso respeito será processado, e dê adeus a sua carreira — ameaçou Antonella antes de solta-lo.
Joguei o gravador para o rapaz e segui para o carro onde assim que entrei bati a cabeça contra o painel, fechando os olhos.
— Que situação constrangedora — murmurei.
— Será que nunca teremos um encontro normal? — comentou Antonella enquanto entrava no carro.
— Devo admitir que sempre que nos encontramos algo louco acontece. — Comecei a rir de nervoso e ela me acompanhou, então ficamos as duas.gargalhando feito loucas, até ela me olhar séria.
— Eu transaria com você agora mesmo.
— Hora de ir.
— Tudo bem... Quer uma carona para casa? Ou motel?
— Não sei se devo te dar meu endereço...
— Então temos a segunda alternativa. — Ela deu uma leve mordida no próprio lábio e eu virei o rosto, incrédula de que estava ouvindo e vendo aquilo.
— Você só pode estar brincando comigo.
— Nunca falei tão sério. — Ela ligou o veículo e saimos em silêncio por alguns minutos, já que me recusei a dar continuidade a aquele assunto. — Quando teremos aquele jantar?
— Com seu amigo? Pode marcar — respondi sem tirar os olhos da janela.
— Falei de você para ele que ficou curioso a seu respeito.
— O quê falou sobre mim? — analisei o rosto dela.
— Não se preocupe, não contei sobre seu fraco para bebidas.
— Obrigada. — Seguimos falando sobre o tal amigo até ela finalmente estacionar. — Me ligue quando marcar o dia.
— Ligarei em breve, boa noite.
— Boa noite.
Saí do carro e segui para a entrada do prédio tentando esquecer que ela estava me observando com seu olhar atrevido e perigoso.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
mary_🕷️🎧🕸️
mais alguém acha q esse cara tá saindo com a stella
2023-12-24
5
Silvia Galdino
acho que o marido ta traindo ela isso sim
2022-12-28
4
Silvia Galdino
amando elas.
2022-12-28
1