05 • Flashback

Todos aplaudiam ao fim de um breve ensaio para desfile. E, aos poucos, a equipe ia se retirando. Saí da sala em direção a minha e no caminho encontrei Stella que discutia com alguém, mas passei sorrateira e segui meu caminho.

Assim que sentei em minha cadeira encostei-me confortavelmente, fechando os olhos por alguns minutos, até ouvir uma breve batida na porta e logo em seguida Bea entrou animada.

— Você não está esquecendo a festa de aniversário da Pamela Courtney, não é? — Franzi o cenho tentando lembrar a data. — Alexia, é hoje a noite!

— O quê? — Mexi os papéis sobre a mesa e encontrei o calendário em que costumava marcar datas importantes. — Não acredito, esqueci completamente.

— Eu sabia, por isso já liguei para todos os melhores estilistas do momento e já tenho uma lista de modelos que você tem como opção para arrasar hoje a noite.

— Bea, eu te amo! — Ela sorriu formando um coração com os dedos.

— David vai com você?

— Com certeza não. — Eu vinha me esforçando para ignorar o fato dele chegar tarde nos últimos dias, mas já estava me irritando quase não vê-lo em casa. — Vamos trabalhar?

...(...)...

Assim que a equipe responsável pela maquiagem e cabelo saíram, fui colocar o vestido que escolhi para usar naquela noite. Um modelo tomara que caia longo na cor preta. Meus cabelos estavam presos e a maquiagem destacava bastante meus olhos claros..

A única jóia que optei por usar foi um discreto colar com uma delicada pedra de esmeralda, que foi presente de meu marido durante nossa lua de mel tardia.

— Angeline? — chamei entrando na cozinha e encontrei ela sentada, sorrindo enquanto lia. — O quê está lendo? — perguntei curiosa e só então a empregada percebeu minha presença, fechando o livro rapidamente.

— Perdão senhora.

— Tudo bem, você estava tão concentrada na leitura. Do quê se trata o livro?

— É um romance erótico, muito envolvente —  falou ela toda empolgada.

— Percebi. — Sorri olhando a capa do livro sobre a mesa. — Ah, estou de saída. Você já pode ir descansar não precisa se preocupar com o jantar do David.

— Tudo bem, boa noite senhora. — Saí da cozinha e segui para a saída procurando em minha bolsa de mão o celular para confirmar com o motorista que me levaria.

Pamela era uma modelo no auge da carreira, conseqüentemente seus convidados eram em grande parte celebridades do momento, modelos, estilistas, editores de revistas e a imprensa, que estava cobrindo o evento.

Assim que cheguei, cumprimentei a aniversariante que conhecia há alguns anos e depois peguei uma boa taça de champanhe enquanto encontrava rostos conhecidos e observava o local.

— Alexia Brandon, minha modelo! — A voz conhecida soou atrás de mim e logo Gavi surgiu a minha frente. Um de meus estilista favoritos e que por sinal era qum assinava o modelo que eu estava usando. — Eu sabia que ficaria esplêndido em seu corpo maravilhoso.

— Quanto tempo, meu querido. — Dei um breve abraço nele, depois de um longo tempo sem encontrá-lo. — Você parece desenhar exclusivamente para mim.

— Como adivinhou?

— Descobri assim que bati os olhos nessa obra de arte.

— Você é mesmo maravilhosa! Por isso faço questão de mandar as melhores peças, sei que vai sair muito bem nas páginas de revista. — Ele deu uma gargalhada extravagante e sorri. — Oh, veja quem temos aqui. Não é Antonella Venturi? — gritou acenando.

Tomei todo o champanhe em minha taça antes de virar e ver a bela mulher caminhando em nossa direção.

— Boa noite — disse ao se aproximar, com um sorriso.

— Venturi, onde estão os fotógrafos de sua revista para registar essa beldade usando um modelo meu? — falou Gavi. — Ah, vocês se conhecem, não é mesmo? Afinal quem não conhece a deusa da Muse magazine? — Ele deu mais uma gargalhada.

— Claro que nos conhecemos— respondeu ela. — Com certeza seu modelo terá um grande destaque em nosso site.

— Está vendo Alexia? Essa mulher é uma preciosidade.

— Sem dúvidas — concordei, colocando a taça na bandeja que o garçom carregava e logo pegando outra.

— Oh, Pierri! — gritou Gavi acenando. — Com licença meus amores. — Ele saiu e tomei minha bebida de uma vez, novamente.

— O champanhe deve estar uma delícia — zombou Antonella, notando meu quase desespero.

Por algum motivo sentia-me nervosa por sua presença. Era estranho, afinal nosso último encontro foi agradável.

— Devia ter trago sua esposa — falei observando os convidados ao redor.

— Ela não foi convidada. Por falar nisso, onde está seu marido?

— Provavelmente trabalhando.

— A essa hora? — Encarei ela que arqueou uma sobrancelha e não consegui deixar de reparar em sua beleza naquela noite. — Algum problema?

— Não, nenhum. — Aproveitei que um garçom passava e coloquei a taça na bandeja. — Com licença, Venturi.

Saí caminhando entre as pessoas a procura do banheiro, mas fui abordada por um fotógrafo que conclui ser da Muse. Posei para algumas fotos rapidamente e segui para o banheiro onde ao entrar me olhei no espelho, constatando estar com a maquiagem intacta, mas de repente, flashs de memória começaram a surgir.

...FLASHBACK ON...

A bebida rosa não parecia tão boa quanto a anterior, mesmo assim bebi tudo enquanto Antonella falava ao celular. Assim que desligou o aparelho, voltou sua atenção para mim e surpresa, pegou o copo vazio.

— Você bebeu isso? O garçom trouxe por engano.

— Estava uma delícia. — Sorri me inclinando sobre a mesa e puxei em sua nuca. — Assim como você deve ser uma delícia. — Pisquei para ela que devagar segurou minha mão me fazendo solta-la.

— Acho melhor irmos embora.

Apesar de embriagada, ela estava bem melhor que eu, que sequer lembrava meu nome naquele momento e só conseguia pensar naquele fogo que surgia por meu corpo. Aquele era o meu maior problema com bebida, por isso evitava.

— Para o seu hotel ou o meu? — Mordi o lábio tentando fazer uma cara sexy para ela que levantou e veio me ajudar.

— Qual o seu hotel? — Segurando em minha cintura, passei o braço ao redor dela enquanto íamos para a saída.

— Aquele que tem cinco estrelas e uma cama incrível.

— Brandon...

— Eu sempre tive curiosidade de saber como é dormir com uma mulher, sabia? — confessei meu segredo mais íntimo.

— Não sabia, mas estou adorando saber sobre isso, conte-me mais.

Por sorte o movimento do carro me deixou sonolenta e após deitar a cabeça no ombro dela, adormeci, voltando a acordar apenas quando já estava sobre uma confortável cama. Notei Antonella inclinada sobre mim, ajeitando o travesseiro, então no mesmo momento puxei ela que desequilobrou-se e caiu encima de mim.

— Alexia... —  Ela tentava levantar, mas rindo, enquanto me divertia, mesmo sabendo ser totalmente sem sentido, prendi seu corpo com minhas pernas.

— Vamos brincar... — Comecei a tentar abrir o zíper lateral do vestido dela, mas conseguiu escapar antes.

— Eu adoraria, mas o nível de álcool em seu sangue vai contra meus princípios e critérios para uma transa demonstrativa, com uma suposta hétero curiosa.

Gargalhei levantando, mesmo que tudo estivesse girando.

— Onde vai? O banheiro é naquela direção — disse ela.

Com ajuda, encontrei o banheiro e assim que entrei fui logo tirando o vestido e a lingerie que joguei no chão. Entrei na banheira completamente nua, liguei a água e joguei alguns sais de banho.

Sentindo-me relaxada fechei os olhos sem me importar com a quantidade de espuma e a água que transbordava. Aos poucos o sono me pegava. Cochilei. E ao escorregar, sentindo a água em meu rosto, levantei rapidamente, dando um grito.

Antonella entrou e vendo a quantidade de espuma onde eu quase me perdia no meio, correu até mim e puxou meu corpo da banheira, mas com o movimento escorregou e caiu para trás. me levando junto. Logo estava eu, nua, rindo descontroladamente encima dela que fazia uma careta, provavelmente de dor.

...FLASHBACK OFF...

Bati a cabeça na parede do banheiro, choramingando ao lembrar daquele mico total.

Como pude fazer aquilo? Eu nunca tinha bebido tanto. O álcool me fazia perder total controle, então é compreensível. Não, não é compreensível uma mulher adulta, casada, fazendo uma palhaçada daquelas.

— Então não traí meu marido! Apenas dormimos? — Me perguntei em voz alta e no mesmo momento algumas mulheres entraram no banheiro. — Ah, mas aquela... — Saí do banheiro a procura da editora e quando avistei de longe, ela conversava com algumas pessoas. Seus olhos de repente caíram sobre mim e desviei o olhar sentindo uma imensa vergonha. — Que papelão Alexia. — Fechei os olhos tentando esquecer aquele episódio, imaginando que teria sido melhor não lembrar.

— Algum problema? — Sobressaltei ao ouvir a voz dela atrás de mim.

— Precisamos conversar — falei sem olhar para em sua direção e caminhei para a saída.

Não demoramos a chegar em uma área externa, afastada.

— Por que não falou a verdade? Me deixou achando que traí meu marido!

— Você lembrou? — Ela riu e senti meu rosto esquentar de vergonha.

— Você tinha que ter me dito!

— Acabei achando interessante o fato de você pensar que transamos.

— Muito interessante, hã? Eu sou casada! Foi ridículo o que fiz, mesmo assim nada aconteceu.

— Porque eu não cedi.

— Ok, obrigada por não transar comigo.

Ela riu se divertindo.

— Mas quando quiser... — começou a diminuir nossa distância e engoli em seco, sabendo que viria uma provocação com a qual eu não saberia lidar.

— Não comece, Antonella!

— Eu já comecei há muito tempo, Brandon. — Seus olhos fixos aos meus lábios indicavam o que pretendia, mas ouvimos um barulho e quando olhamos na direção que veio aquele som, vimos um rapaz escondido atrás de uma coluna, ao notar que o vimos ele deixou um gravador cair e logo pegou o mesmo e saiu correndo. — Um paparazzi?

— Ele gravou nossa conversa? — Desesperada ,saí correndo, mesmo com os saltos, deixando toda a classe de lado, indo atrás do cara que seguiu para o estacionamento e entrou em um carro.

Eu nem tinha percebido que Antonella não me seguia, fui surpreendida pelo carro que ela dirigia parando a minha frente.

— Entra, vamos pegá-lo! — Corri e entrei sem tirar os olhos do veículo que já seguia a uma certa distância.

Antonella acelerou e senti-me praticamente em uma corrida de fórmula 1, pelas ruas de New York.

— Estou perdida, estou perdida —  choraminguei.

Enquanto isso, ela estava focada na perseguição. Eu podia jurar que estava se divertindo com aquilo, enquanto eu estava silenciosamente enlouquecendo.

Depois de alguns minutos conseguimos alcançar o carro que estacionou.

Antonella mal parou o carro e foi saindo em direção ao homem. Fiz o mesmo, logo vendo ela segurando cara pelo colarinho. Ele era tão franzino que se ela quisesse poderia chacoalha-lo com facilidade.

— Eu não gravei nada, juro! — disse ele.

Ao me aproximar vasculhei os bolsos do casaco do homem e achei o gravador. Ao dar play não havia nenhuma gravação.

— Estou dizendo, apenas cheguei no fim da conversa e não gravei nada.

— Tenha em mente que caso publique algo a nosso respeito será processado, e dê adeus a sua carreira — ameaçou Antonella antes de solta-lo.

Joguei o gravador para o rapaz e segui para o carro onde assim que entrei bati a cabeça contra o painel, fechando os olhos.

— Que situação constrangedora — murmurei.

— Será que nunca teremos um encontro normal? — comentou Antonella enquanto entrava no carro.

— Devo admitir que sempre que nos encontramos algo louco acontece. — Comecei a rir de nervoso e ela me acompanhou, então ficamos as duas.gargalhando feito loucas, até ela me olhar séria.

— Eu transaria com você agora mesmo.

— Hora de ir.

— Tudo bem... Quer uma carona para casa? Ou motel?

— Não sei se devo te dar meu endereço...

— Então temos a segunda alternativa. — Ela deu uma leve mordida no próprio lábio e eu virei o rosto, incrédula de que estava ouvindo e vendo aquilo.

— Você só pode estar brincando comigo.

— Nunca falei tão sério.  —  Ela ligou o veículo e saimos em silêncio por alguns minutos, já que me recusei a dar continuidade a aquele assunto. — Quando teremos aquele jantar?

— Com seu amigo? Pode marcar — respondi sem tirar os olhos da janela.

— Falei de você para ele que ficou curioso a seu respeito.

— O quê falou sobre mim? — analisei o rosto dela.

— Não se preocupe, não contei sobre seu fraco para bebidas.

— Obrigada. — Seguimos falando sobre o tal amigo até ela finalmente estacionar. — Me ligue quando marcar o dia.

— Ligarei em breve, boa noite.

— Boa noite.

Saí do carro e segui para a entrada do prédio tentando esquecer que ela estava me observando com seu olhar atrevido e perigoso.

Mais populares

Comments

mary_🕷️🎧🕸️

mary_🕷️🎧🕸️

mais alguém acha q esse cara tá saindo com a stella

2023-12-24

5

Silvia Galdino

Silvia Galdino

acho que o marido ta traindo ela isso sim

2022-12-28

4

Silvia Galdino

Silvia Galdino

amando elas.

2022-12-28

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!