Capítulo 13. Pai e Filha

Na casa de Lili, a alegria de Mag era esfuziante, diante dos presentes que ganhou. Os patins foram o carro chefe, para isso estava tendo aulas e agora poderia usar os seus próprios. Também ganhou presente de Deia, uma linda boneca de pano com cabelos de lã, que substituiria o urso de pelúcia do ano passado. Haviam também, presentes de Raquel e dos funcionários da confeitaria. Foi uma festa de papéis de embrulho por todo lado.

Déia agradeceu pelo casaco que seria muito útil e Lili recebeu um par de luvas e um cachecol, feitos pela própria Déia. Lili contemplou toda aquela alegria e ficou feliz por ter sua própria família, diferente, mas feliz. O melhor presente que ganhou na vida, foi Mag e Mario nem sabia ou talvez, agora, já soubesse. As três finalmente foram tomar o desjejum.

Enquanto Lili preparava tudo, Mag ajudava Déia a arrumar a bagunça de presentes e papéis. A mesa foi posta e haviam biscoitos, panetone, brownie, torta de frango, croissants de queijo com presunto, café e chocolate quente. Por não querer cozinhar no feriado de Natal, trouxe tudo da confeitaria e Mag adorou. Lili só não gostou da lembrança que lhe trouxe o panetone.

Estavam terminando o desjejum, quando o interfone tocou e não era o porteiro, era o interfone do bloco.

— Oi, feliz natal.

— Oi, Lili, sou eu, feliz natal, recebi seu presente.

— Que bom, o que você quer.

— Você sabe o que eu quero, pedi e você não respondeu.

— Diz logo o que você quer, Mário.

Seu erro foi ter falado o nome dele, pois Mag ouviu e correu ao interfone apertando logo o botão para abrir a porta.

— Mag, por quê você fez isso?

— Quero ver ele, mamãe!

— Acho que você não tem escolha, querida, terá que lidar com isso. — disse Déia, sorrindo e indo até a porta para receber o pai de Mag.

— Eu esqueci de pegar de volta o presente.

— Para que continuar com essa birra, se tem alguém que não tem culpa nessa história, é ele.

— Culpa de quê, vó Déia. 

— De nada, querida. — ouviu o som do elevador e abriu a porta.

Mário entrou e a primeira pessoa que viu, depois de Deia, foi Mag, que agiu conforme sempre agia quando o encontrava, deu-lhe um chute na canela. Só que desta vez ela estava desprevenida, vestia só um par de meias e quando chutou a canela dele, foi seu pé quem doeu.

— Quando é que você vai parar de chutar minha canela? — perguntou, se abaixando para pegar ela e levar até o sofá, onde sentou e colocou ela em seu colo, para examinar seu pezinho 

— O que tá fazeno? — perguntou ela.

— Pela dor na minha canela, pode ter quebrado um dedinho seu.

Ele tirou a meia de seu pé e examinou, dedo por dedo e ela acabou rindo, sentindo cosquinha.

— Tá fazeno cosquinha, tio.

— Tio não, pai.

Ela parou e ficou muito quieta, com o olhar fixo, sem saber no que pensar, depois de um tempo, olhou para ele e os olhos encheram de lágrimas.

— De verdade?

— Sim, de verdade.

— Que viajou e votou agora pra ficá coa genti?

— Se sua mãe aceitar o pedido que fiz, sim.

— O que pediu pra ela?

— Pra ela casar comigo.

A menina não entendeu, se ele disse que dependia da sua mãe responder o pedido que fez, então ela não respondeu? Olhou para sua mãe com a testa franzida e soltou a pérola:

— Você não pode dizer não, eu falei que quero ele de papai.

— Não é assim, filha.

— Você já queria eu de papai, mesmo não sabendo que era eu?

— Sim. Falei isso pra mamãe.

— Então porquê chutou minha canela?

— Para você parar de ser bobo e ver que eu era sua filhinha.

Não teve como todos não rirem, da sagacidade da menina.

— Seu pai e eu precisamos conversar, agora você vai pro quarto com Déia. Depois te chamamos.

— Não faz ele chorá, tá mamãe. Eu quero meu papai.

— Tá bom, filha.

Mário continha as lágrimas,  a emoção era muito forte em ver que sua filha o reconheceu e gostava dele. Mag o abraçou fortemente e foi para seu quarto com Déia. Lili ficou olhando para ele de braços cruzados.

— Eu sei que fui um tolo, me perdoe. Fui atrás de você, quando vi que tudo que me importava na minha vida, tinha fugido de mim, mas não a encontrei. A noite acabou para mim e hoje, quando abri o seu presente, fiz as malas e saí de casa.

— Você vai morar onde? — perguntou ela, pensando que ele veio direto para sua casa, na intenção de ficar por ali.

— Sente-se, Lili e escute.

— Está bem, vou te dar uma chance.

Ela sentou-se na poltrona inversa a que ele estava e se desarmou para ouvi-lo.

— Quando eu disse que iria trabalhar e fazer dinheiro para voltar e nos casarmos, eu não estava brincando. Eu voltei disposto a te dar tudo o que você merece.

— Mas eu só queria você e consegui me virar muito bem sozinha.

— Sim, você se tornou uma grande mulher, mas cresceu muito rápido e sofrendo. 

— Não podia dizer que o filho era seu.

— Quando vi a foto, depois de ouvir as barbaridades que meu irmão disse, compreendi que você não quis atrapalhar a minha vida.

— Você teria voltado e desistido dos seus sonhos. 

— Eram nossos sonhos, pelo menos eu acreditava nisso.

— Te acusariam de abandonar uma jovem grávida e sua carreira seria maculada.

— Daríamos um jeito, mas não adianta discutirmos isso agora. Quero casar com você. Voltei tão certo de te encontrar me esperando, que comprei uma casa para nós, precisei fazer umas reformas e comprar alguns móveis, foi para lá que levei minhas coisas. Pretendo, depois que você aceitar o meu pedido, levá-la para conhecer e terminar a decoração.

— Nossa, não esperava por isso. Eu realmente te esperei, não me relacionei com mais ninguém. Mas como não recebi de você, nenhum sinal de vida, minha esperança enfraqueceu.

— Você leu as cartas?

— Não, não tive coragem.

— Então leia, você vai ver que foi tudo um grande mal entendido.

Mário foi até ela e segurando em suas mãos, puxou-a para si e abraçou-a com carinho, ficaram ali um tempo até que ele se afastou e iniciou um beijo carinhoso que falava de saudade e reconciliação.

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Comments

Celia Chagas

Celia Chagas

Agora não vai mais precisar defender ela eles mesmo vão reconhecer o erro e o que fizeram com ela 🙄🙄

2024-05-08

5

Márcia Jungken

Márcia Jungken

espero que Mário seja capaz de defender Lili e Mag da família dele

2023-10-30

3

edvania

edvania

cadê o telefone?

2023-02-27

5

Ver todos

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