Mário saiu daquele local de tantas recordações e foi dirigindo seu carro alugado, para a casa de seus pais. Assim que chegou, seus pais, que já estavam esperando, saíram pela porta, para o receber.
— Meu filho, é tão bom tê-lo de volta. Este Natal será muito especial para nós, com a família toda reunida. — falou sua mãe, emocionada, o abraçando apertado.
— Seja bem vindo de volta, meu filho. — O pai foi mais comedido, mas também o abraçou.
— Obrigada, mãe, obrigada, pai. É bom finalmente estar de volta.
Mário parou entre seus pais e de frente, contemplou a fachada da casa. Continuava acolhedora como se lembrava, com seus dois andares, varandas no primeiro e segundo andares, janelas clássicas, arcadas, telhado de telhas vermelhas e paredes amarelas. Estava toda enfeitada com pisca piscas, vários ramos de oliveira (artificiais) e flores vermelhas.
— Está exatamente como me lembrava. Que saudade. — disse Mário.
— Vamos entrar e já vou te avisando que o povo tá todo lá dentro, te esperando. — avisou a mãe.
Dona Elisa estava emocionada em ter os filhos todos em casa. Ela criou seus filhos sempre protegidos debaixo de suas saias, como dizem, mas também os ensinou a serem destemidos e lutarem pelo que querem. Sofreu quando todos foram embora, mas agora estavam todos de volta e ela torcendo que resolvessem ficar na cidade.
— Não tem problema, mamãe, não sou avesso a família. Só fiquei longe esse tempo todo, porque estava preparando o meu futuro.
— Você é um filho de ouro querido. Espero que consiga uma boa esposa.
— Já tenho a minha escolhida, mãe.
Entraram e Elisa não pode falar nada. Se era sua antiga namorada, ele ficaria muito surpreso com a mulher que ela se tornou.
— Aêêê! Ele chegou!
Toda a família comemorou. Mário tinha um par de irmãos mais velhos. A irmã, Suelen, era casada e tinha três filhos peraltas, que já agarravam as pernas dele, pois o tinham visitado na cidade. Já o irmão, estava com a noiva, que era bonita e simpática e o cumprimentou sorridente.
— Oi, família, é muito bom estar de volta, estava com saudade de todos e de nosso natal. — disse Mário.
— Esse ano preparei uma festa, com a presença de seus tios, primos, sobrinhos e também alguns amigos, claro. — disse Elisa.
— Essa mulher tem me posto louco, com tantos preparativos. — disse o pai, Sr. Nestor.
— O que a senhora aprontou, mãe? — perguntou Suelen.
— O de sempre, querida. Árvore de natal, presentes, enfeites, ceia e claro, roupas novas. Teremos um papai Noel para as crianças, também.
— A senhora é demais, mãe. Posso convidar uma pessoa? — perguntou Mário.
— Quem você quiser, meu filho. — A testa franzida de Elisa, demonstrava, para quem a conhecia, que ela sorria só com a boca, pois não sabia como seu filho iria encarar a traição de sua namorada.
Todos colocaram o papo em dia, contaram as peripécias que aprontaram nos últimos anos e Mário falou de seu sucesso como advogado empresarial. Foram para a sala de jantar e amaram saborear novamente a comidinha de cada. Riam felizes, lembrando o passado e as brincadeiras. As crianças adoraram saber e planejaram as suas próprias.
Quando souberam dos sustos que davam nas pessoas, ao derrubarem uma pilha de latas que colocavam sobre o muro de casa, ou quando amarravam um fio de nylon em uma meia de homem preta, com areia e puxavam, do outro lado da rua, escondidos, fazendo parecer uma cobra, rindo das pessoas que se assustavam e pulavam.
As crianças riam e adoravam as histórias sobre os banhos de mangueira do verão e as batatas doces, assadas nas fogueiras acesas no inverno. As histórias, a comida, a lareira acesa e a alegria brilhando no rosto de todos, era tudo que Mário queria. Não contou para ninguém, mas pretendia se estabelecer na cidade. Já havia registrado a empresa e até alugou um imóvel no prédio central para se estabelecer.
Terminaram a noite animada e cada um foi para seu antigo quarto. A casa era grande, quando eram pequenos, mas agora, parecia muito cheia.
**
O dia seguinte amanheceu como tinha que ser, céu limpo, azul, pássaros cantando e Mário ansioso para ir até a casa de Lili e ver se ainda morava lá. Desceu seguindo o cheirinho de bacon com ovos, salsichas e panquecas, que sua mãe fazia todas as manhãs, desde que eram crianças.
— Bom dia, mãe!
— Bom dia, senta e coma, antes de sair.
Ele sorriu, pois foi como uma ordem que não poderia desobedecer, mas assim que terminou de comer, saiu, pegou o carro alugado e foi direto para o bairro onde era a casa de sua antiga namorada. Não era muito longe, pois estudavam na mesma escola, só que em bairros diferentes, mas bem próximos. Eram diferentes, pois a classe social dos dois era distinta.
O pai de Lili, criava ela sozinha desde que sua mãe morreu. Costumava sair e beber muito e deixava a filha sozinha em casa. Gastava mais com bebida do que com comida para casa e por isso, ela era muito magra devido a má alimentação. Às vezes, levava de casa algumas panquecas para ela comer e ficava contente com isso.
Chegou à mesma rua onde ela morava, mas estava tudo diferente, onde era a antiga casa dela, agora era um grande prédio de cinco andares. Ficou parado ali na frente olhando para o prédio sem acreditar que não a encontraria. Mas uma senhora passando por ele, ao vê-lo parado, observando o prédio, absorto, parou.
— Você conhece alguém que mora ai? — perguntou ela.
— Eu conhecia alguém que morava na casa que era neste lugar.
— Ahhh, você conheceu a Lili, ela morava aí com seu pai, mas ele morreu e deixou a casa para ela, ela sempre foi uma lutadora e começou um negócio que cresceu e quando teve oportunidade de ampliar, ela vendeu a casa e com o dinheiro, comprou uma loja no shopping do centro da cidade.
— Uau, que coisa boa. A senhora sabe o nome da loja?
— Sim, quem não sabe? É a Confeitaria Promessas Doces.
— A senhora me ajudou muito, obrigado, preciso ir.
Rapidamente entrou no carro e se dirigiu ao centro da cidade, aquele shopping era bem perto do prédio onde teria seu novo escritório e logo conseguiu estacionar o carro e correu para encontrar a loja. Se surpreendeu ao ver que era uma confeitaria grande, que servia também café da manhã e lanches. A vitrine na frente era bem chamativa e o que mais tinha, eram os panetones diversos e confeitados.
Estava toda enfeitada com vários ramos de Natal, bolas e sinos e tudo remetia ao Natal, no interior da loja. Havia mesas e cadeiras decoradas e várias clientes tomando o café da manhã. Ele entrou devagar, observando tudo e foi até o balcão, onde várias tortas estavam à mostra, com tampas de vidro, para que todos pudessem comer com os olhos.
Alguém falando, passou pela porta de vai e vem que vinha de outro setor e entrou, carregando um panetone confeitado com um lindo papai noel.
— Rachel, este é para o senhor Parker, embrulhe, por favor, ele virá buscar daqui a pouco. — dizia a jovem confeiteira.
— Sim, Lili. Adulto ou criança? — perguntou a funcionária Rachel.
— Criança, é para o neto dele.
Mário se aproximou mais e chegando ao balcão, chamou:
— Lili!
Ela ouviu e paralisou, reconhecendo a vós, antes de olhar a pessoa que falava. Levantou o rosto e olhou direto para ele e viu a última pessoa que esperava naquele dia e principalmente, naquele momento.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Celia Chagas
Será que ele não vai acreditar que a filha é dele 😳😳
2024-05-08
5
Márcia Jungken
será que Elisa não conseguiu perceber que a filha da Lili é neta dela, ou ela acha que Mário ainda é virgem 🤔 já
2023-10-30
3
Lena Macêdo E Silva
o nome dele é Joshua ou Mário 🤔 porque no primeiro capítulo tem referência de Joshua e a Lili grita por Mário... fiquei na dúvida 🙄🙈🙊🙉
2023-05-26
2