Capítulo 6. Convite

Mário estava feliz. Todos os dias tomava café na confeitaria de Lili, depois que saía do escritório. Estava tudo conforme planejou, seu escritório quase pronto, seu namoro com Lili progredindo lentamente, mas progredindo, e sua família animada por ele estar ali. Só não tinha contado a eles que estava procurando uma casa para morar com Lili, assim que se casassem.

Ainda não havia conseguido beijá-la e estava estranhando, mas ela pediu para irem devagar, então, estava tendo paciência. Estava sempre esbarrando com a bruxinha, de vez em quando, ela conseguia fugir e sentava com ele, comendo um biscoito roubado da vitrine. Eu olhava para Mag e achava ela parecida com alguém, mas não sabia quem, ainda mais que não conseguíamos conversar, pois ela estava sempre fugindo para a cozinha.

Neste dia específico, Mário iniciaria seu plano: pedido de casamento no Natal. Primeiro a convenceria a participar da festa de Natal em sua casa, depois compraria o anel e colocaria em uma caixinha muito especial e finalmente faria o pedido, na noite mais especial do ano. Ela chegou e ele teria só quinze minutos para convencê-la.

— Boa tarde, esperou muito?

— Você sempre pergunta isso e sempre respondo a mesma coisa. Não importa, você estar aqui comigo e é o que importa. — galanteou ele.

— Você não nega que é um advogado. Vamos tomar café, estou com fome e já fiz nosso pedido.

— Resolveu me surpreender, hoje, é?

— É uma coisa que você sempre gostou e hoje, resolvi fazer para nós e para experimentar como novidade salgada, se o pessoal gostar, coloco no cardápio.

— Essa é uma excelente notícia. Vou adorar ser cobaia! — exclamou ele, sorrindo.

— Seu bobo.

Uma garçonete veio servir os pratos e as canecas com capuccino. Estava cada dia mais frio e prometendo um natal com neve, muito propício para um capuccino ou chocolate quente, que ela sempre tomava, enquanto ele, tomava só café. Então ela misturou os dois, para tomarem a mesma coisa. Ele sorriu, percebendo que ela estava na dele, totalmente, pois no prato tinha uma linda fatia de torta de frango com requeijão.

Quando ele provou, a massa derreteu em sua boca e o tempero do recheio estava divino, cheio de sabores que combinavam perfeitamente e deixavam um gosto de quero mais e quando menos esperava, acabou e ele se surpreendeu, pois queria mais.

— Isso é muito bom, tem mais? 

Notou que ela não terminou a fatia dela, roubou o prato e comeu tudo, antes que ela tivesse tempo de pegar de volta.

— Você gostou mesmo, estou espantada. — ela apreciava ele terminando de comer, com os cotovelos sobre a mesa, apoiando o rosto.

— O que você pôs aqui, para ficar com esse gosto de quero mais?

— É açafrão da terra, combina muito bem com frango. — falou ela sorrindo.

— Muito bom mesmo, venderá muito. Mas quero te fazer um convite, para a noite de Natal.

— Ah, tá. Você quer que eu vá na festa da casa dos seus pais? — ela riu, se recostando na cadeira e mexendo com as pontas dos dedos sobre a mesa.

— Sim, quero que participe do Natal com minha família. Sei que não tem mais seus pais ou outros familiares, então gostaria muito que considerasse minha família, como sua família. — disse ele com a fala macia e suave, como a sua expressão.

— Sua família sabe disso?

— Minha mãe é muito exigente com as festas que organiza, e é claro que eu não podia convidar alguém sem falar com ela.

—  Mas disse que era eu.

— Qual o problema, o que aconteceu entre você e minha mãe? — perguntou ele, cismado.

— Digamos que ela não foi muito receptiva a mim, logo depois que você foi embora.

— Mas ela disse que foi visitá-la no hospital.

— Sim, deve ter ido, enquanto eu estava em coma.

— Esquece isso, não se trata da minha mãe, se trata de nós dois passarmos o Natal juntos.

— Então, por que você não passa o Natal comigo, na minha casa?

— Porque este é o Natal que passarei com minha família depois de muitos anos, quero estar com as duas, com você e com minha família.

— Entendi, mas só poderei ir depois das dez da noite.

— Vai trabalhar no dia de Natal?

— Claro que sim, é o dia das últimas entregas e quando acabaremos com o estoque. É o dia de maior consumo e termino muito tarde.

— Tudo bem então, onde te pego?

— Deixe que vou direto, não sei que horas terminarei.

— Contanto que você vá, está ótimo.

— Meu tempo está terminando, preciso voltar ao trabalho.

— Mesmo sendo dona, você é muito meticulosa com os horários.

— Preciso ser assim, para dar conta de tudo que tenho que fazer.

— Está bem. Também gostaria de conversar com você sobre a inauguração do meu escritório, será depois do Natal, mas quero que você prepare um buffet bom, para a inauguração.

— Então é verdade mesmo, você veio para ficar?

— Pensei que isto estava claro para você, eu fui trabalhar e voltar para casarmos e nesse meio tempo, juntei dinheiro para montar meu próprio escritório, aqui na cidade. Ele está quase pronto, é no prédio do outro lado da rua.

— Então, é por isso que você toma café aqui todas as tardes?

— Na verdade, junto o útil ao agradável. Talvez não viesse todo dia, se você não estivesse aqui, mas como está, tenho que vir.

— Entendi, preciso ir mesmo, desculpe, nos falamos outro dia.

— Amanhã!

Ela sorriu e voltou para o seu lugar sagrado, a cozinha, e quando entrou, estava uma completa desordem. As funcionárias não conseguiam deter Meg, que jogava farinha para todo lado querendo fazer biscoitos. A cada dia que passava, era mais difícil controlar aquela menina, mesmo dividindo bem o trabalho, todos mimavam tanto ela, que ficava difícil controlar.

— Pare, Meg!

— Mamãe?

— Sim, mamãe. Pare e comece a limpar a bagunça, aliás, todos vocês. Eu sei que vocês não são pagos para ser babá de Meg, mas também não são pagos para deixar ela mexer em tudo e não zelar pelo material de trabalho de vocês. Por isso, limpem logo essa bagunça, começando pela minha área de trabalho, porque eu preciso continuar a trabalhar!

Ela falou tão séria, que todos se espantaram, nunca tinham visto ela tão brava e até Meg começou a catar as coisas que tinha espalhado e ajudar a limpar.

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