Capitulo 12 ( O jogo )

Mesmo com vários pensamentos na cabeça e preocupações, Alana não podia ficar escondida na mansão de Hades para sempre. Ela tinha que voltar para a academia de deuses, e voltar o mais rápido possível. Ela tinha metade de um plano, e precisava por em prática.

Quando chegou lá, todos estavam a observando, alguns olhares de medo, outros de reprovação, raiva, inveja.

Parecia que podiam ver a alma dela em perfeito estado.

Ela sabia que só estavam a observando assim por causa da luta que teve com a filha de Ares. Alana poderia tê-la exterminado, estava completamente fora de controle. E aquela sensação de se parecer com o monstro do seu pai que teve, a atormentava, aquela sensação a deu medo.

Ela não era como ele. Ela não era um monstro.

Mas, ela podia dizer que tanto Atena quanto Afrodite a ajudaram naquele dia.

Atena ao parar a luta, e Afrodite a lembra-la que ela não era um monstro.

— Parece que estou com uma cesta de frutas na cabeça — Disse Alana se sentando em um banco perto da arena. E percebendo que as pessoas que estavam ali assistindo ela e Helena lutar, haviam tido uma visão privilegiada.

— Bem, você quase deu um fim na campeã do acampamento. Pensar que passaria despercebida é muita inocência, não acha?

Respondeu Yvaine com um sorriso no rosto. Alana riu enquanto via Yvaine se sentar ao lado dela.

— Queria que me contasse sobre Ravi e você. — Yvaine a olhou surpresa, e depois tentou disfarçar.

— Há que se refere?

— Ah Yvaine, vamos lá. Sabe muito bem a que estou me referindo. Minhas memórias voltaram e com isso sei muito mais sobre você do que você mesma. — Rebateu dando um leve empurrão no ombro dela. Yvaine respirou fundo e soltou o ar rapidamente, ela sabia que Alana não desistiria e de qualquer forma teria que falar com ela. Sempre fora sua melhor amiga.

— Talvez eu...ame o Ravi, só isso, não é como se fosse a maior notícia do mundo.

— Mas é claro que não é a maior notícia do mundo, porque você deixa na cara o quanto gosta dele. — Yvaine revirou os olhos, mas depois riu como se fosse uma boba.

— Tem razão. Não sei esconder o que sinto direito. Mas, quero encontrar um bom momento para me confessar a Ravi.

— Seria ótimo, principalmente quando é melhor se apressar. — Yvaine a olhou confusa — Ele parece ser muito popular com as garotas do acampamento dos semi-deuses. Está sempre rodeado de pessoas, talvez seja por sua gentileza.

Alana estava querendo alerta-la, mas acabou que só conseguiu irrita-la e deixá-la enciumada. Yvaine cerrou os punhos e jogou os cabelos para o lado virando o rosto como se não ligasse.

— Pois muito bom para ele. Eu também sou bastante popular com os rapazes.

Ok, aquilo era uma tremenda mentira, e todos sabiam disso. Incluindo a própria Yvaine, ela só estava se enganando. Ou só não queria que seu orgulho feminino fosse ferido assim tão facilmente.

— Na verdade, você não é não. Os garotos tem medo de você. Primeiro, porque é filha de Hades, segundo, porque é muito habilidosa, terceiro porque afasta todos os garotos com exceção de Ravi, e quarto porque é bruta e grosseira.

— Nossa...Não acredito que pensam isso de mim! — Pareceu mais chocada do que podia imaginar. Alana revirou os olhos com o drama que Yvaine estava fazendo.

— Não é oque penso de você, é você como realmente é Yvaine. Não tem outro garoto para você. Ou melhor não tem outro garoto que vá aguentar você pelo resto da eternidade.

— Assim como não tem outro garoto para você a não ser meu irmão. — Rebateu Yvaine no mesmo tom. Fora a vez de de Alana ficar envergonhada.

Ela pigarreou e desviou o olhar com o rosto ficando cada vez mais rubro. Yvaine sorriu vitoriosa.

Ela não era a única tonta apaixonada.

Mesmo que quisessem conversar ou ficar de bobeira como amigas naturalmente faziam, ainda tinham que treinar. Atena apareceu no acampamento e teve a brilhante ideia de fazer um jogo com os alunos. Iria separa-los em grupos, e cada grupo ia ter sua bandeira em sua colina. O objetivo era tentar pegar a bandeira do adversário e sair vitorioso. Seria bem simples, isso se a adversária de Alana não fosse a filha de Ares, Helena.

— Essa cor combinou perfeitamente em mim — Disse girando na ponta dos pés. Alana riu de Mari. Ela estava se achando enquanto usava o lenço roxo ao redor da cintura.

— Não sou muito fã de roxo — Disse Yvaine com uma careta — Me sinto como uma uva ambulante.

Alana e Mari riram.

— O importante é ganharmos esse jogo. Não vamos nos distrair. — Disse Alana com bastante animação guardada no peito.

Os times já estavam prontos, o grupo Vermelho era liderado por Helena, oque não seria novidade alguma. Helena não aceitara nada menos do que ser a número um, ser a líder. Precisa ser a melhor sempre.

Contudo, oque incomodava Alana, era o fato de Darcel ter ficado no grupo de Helena. Eles não tinham nada sério, mas ela estava tão apaixonada por ele....

E saber que poderia perde-lo por apenas um deslize dele mesmo, fazia o coração dela apertar dentro do peito.

Contudo, ela precisava prestar atenção em seu grupo, Yvaine insistiu para que ela lidera-se o grupo, e por mais que não quisesse aceitar, ela tinha que aprender a ser uma líder. Isso se realmente pretendia destronar Zeus.

Se realmente queria liderar um exército.

— Todos entenderam o plano? — Indagou Alana depois de explicar a estratégia que criara para ganhar o jogo. Todos estavam olhando-a como se já tivessem perdido o jogo.

— Qual foi pessoal? Que caras são essas? — Yvaine perguntou encarando cada um.

— É perda de tempo criar uma estratégia — Pronunciou-se um garoto com o cabelo engraçado — Helena é incrível, para a sorte dela, ficou com praticamente todos os bons lutadores daqui. Não vamos ganhar.

— Todos vocês concordam com ele? — Indagou Alana.

Lentamente todos assentiram com a decepção e o pessimismo estampados nos rostos. Estavam desanimados, pareciam já ter perdido o jogo. Alana andou até o centro da roda que seu grupo tinha formado, respirou profundamente e perguntou:

— Então vocês já aceitaram que são fracassados?

Todos se contraíram. Yvaine olhou para Alana como se perguntasse: " oque diabos você estava fazendo? "

Alana a olhou como se a respondesse: " Confie em mim estou sobre controle "

— Oque você disse?

— Ué, além de fracassados são surdos? — começaram a sussurrar coisas, Alana estava os irritando profundamente. O menino com cabelo engraçado se aproximou mais de Alana com os punhos cerrados.

— Você não tem o direito de falar assim com a gente garota. Mal chegou em nosso acampamento e acha que é melhor do que nós por ter aguentado uma pequena luta com Helena?

— Pequena luta? Acho que foi muito mais do que uma pequena luta. Pelo menos eu a enfrentei, você não duraria um segundo com ela lá na arena. Porque acha que não é bom o suficiente para conseguir isso, provavelmente não é bom o suficiente nem para chamar a atenção dela — O garoto congelou no lugar — Então não venha descontar suas frustrações em mim porque fiz oque ninguém teve coragem de fazer!

Yvaine nem ao menos tentou reprimir um sorriso.

— Eu não sou melhor do que ninguém, e nunca pensei nisso. Mas vocês decidiram me repudiar porque quero algo amais. Porque quero crescer, porque tenho fé em minhas habilidades. Enquanto vocês são bons e são covardes.

— Nós só não queremos nos meter em problemas. Não somos tão fortes quanto parece. — Afirmou uma das meninas da roda.

— Claro. Separados vocês são fracos, todos somos. Todos temos fraquezas dentro de nós, mas se nos juntamos, essa fraqueza se tornará força. Uma força inabalável. Podem duvidar do que falo, mas é verdade.

— Mas deuses são solitários, não são? — Indagou uma garota com olhos bicolores. Alana pensou bem em suas palavras, abaixou a cabeça e pensou bem no que poderia responder. Quando tornou a levantar a cabeça, Respondeu oque veio em sua mente.

— Mas um bosque é mais forte do que uma árvore só. Assim como um exército é mais forte do que apenas um guerreiro. — Alana suspirou — Oque quero dizer, é que podem acreditar que deuses são solitários e tudo mais. Mas eu quero vencer, e eu vou. Porque quero provar não só a todos, mas a mim mesma que eu sou capaz. Então mesmo que me deixem na mão, vou continuar tentando e vou subir naquela colina e pegar a bandeira do grupo vermelho, com ou sem a ajuda de vocês.

O silêncio pairou sobre aquele grupo de pessoas. Alana estava mais determinada do que nunca e isso estava mais que claro, tanto por suas palavras quanto por sua feição. O rosto de Yvaine repuxou-se em um sorriso de extremo orgulho enquanto olhava para Alana. Ela caminhou até a amiga e apoiou a mão sobre o ombro dela.

— Estou com você.

Fora tudo que disse. Alana sorriu grata. Depois, Mira correu e parou ao lado de Alana, sorridente e olhando no fundo dos olhos de cada um ali.

— Também estou com você.

Os jovens se entreolharam, cochicharam entre si, como se fossem algum tipo de jure em um tribunal tenso e praticamente perdido. Pareciam não querer se juntar a Alana e suas amigas, mas esse pensamento foi descartado quando pararam com as conversas e se aproximaram mais. Até o garoto com o cabelo engraçado achegou-se para mais perto.

— Então... — Bufou ele derrotado — Oque devemos fazer?

Alana sorriu com um alívio enorme no peito, Yvaine a deu um joinha e Mira comemorou com palminhas.

Darcel estava praticamente implorando para que o tirassem do grupo vermelho. Não só porque queria ficar perto de Alana, mas também porque as coisas estavam estranhas com Helena. Ela ainda o tratava como seu fiel namorado, e cúmplice de suas piores travessuras. Embora ele ainda gostasse de aprontar poucas e boas, estava tentando se esquivar dela desde que pisara no acampamento.

Mas ele não sabia bem oque ele e Alana tinham, ele só sabia que seu coração ardia em chamas por ela, que ele ficava completamente descontrolado só em pensar em beija-la novamente.

Amor? Paixão?

Ele definitivamente não sabia oque diabos sentia. Oque sabia era que precisava ajeitar as coisas com Helena. E na verdade, ele tava pouco se lixando se ela ia se magoar ou não, se ele iria quebrar o coração dela. Mas queria ser cauteloso para não provocar uma compreensível fúria nela. Helena odiava Alana, tanto por ser bela, quanto por ser poderosa. Se ela soubesse que ele e Alana tinham um tipo de rolo, ela provocaria uma briga intensa. Talvez pior do que a última. E isso atrapalharia os planos deles de tirar Zeus do poder.

— Darcel, fique focado Helena está explicando a estratégia dela. — Cutucou-o um dos amigos de Helena. Darcel revirou os olhos e o empurrou para longe dele.

— Helena está falando á mais de meia hora. Não sei oque ela planeja, nem me interessa na verdade. Mas sei que ela vai fazer tudo do jeito dela como sempre. — Respondeu Darcel ao garoto.

Helena o olhou com seriedade, depois continuou a falar.

— Vai ser muito fácil, já que aquela garota teve o azar de ficar com a maioria dos fracassados do acampamento. — Comentou Tarissa filha de Nix deusa da noite.

Todos sorriram, menos Darcel.

— Alana ainda é um problema para nós, ela é forte...e isso me irrita. — Pequenas faíscas saltaram das mãos de Helena.

— Sério? Então está confessando que ela é mais forte que você e que a teme? — Todos olharam para Darcel com os olhos arregalados por fazer tal pergunta a Helena. A feição dela se fechou.

— Não temo aquela bastarda. Eu confesso que ela é forte, mas posso ser melhor do que ela. E com força e poder sei que vamos vencer ela e o grupo de amadores que ela se diz líder. — Helena cerrou os punhos.

— Ótimo, se acredita nisso.

Darcel deu de ombros. Ele estava irritando Helena, e ela não sabia o por que ele estava agindo daquela forma. Mas, antes que pudesse contestar, foram chamadas por Atena para que fossem para seus lugares na floresta. Para iniciarem o jogo, o líder e seu acompanhante deviam se fazer presentes no centro da floresta. E lá estavam eles, de frente um para o outro. Darcel e Helena de frente para Alana e Yvaine.

— Sigam as regras do jogo. Não há uma restrição específica para usarem seus poderes, mas não quero ninguém muito ferido no meu acampamento. Quando pegarem a bandeira, ouviram o som de uma corneta, indicando que venceram. — Explicou Atena com seriedade.

Darcel não conseguia parar de olhar para Alana, mas diferente dele. Ela estava olhando para Helena, séria e com determinação nos olhos.

— Que o jogo comece!

Anunciou Atena.

Alana sorriu.

Ela estava pronta.

E ela iria vencer.

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