Capitulo 11 { Esclarecimento e possível reconciliação }

Quando a luz das janelas do quarto invadiram o quarto onde Alana estava dormindo. Foi obrigada a acordar. Alana deu um pulo da cama com os olhos arregalados como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo terrível. Arfando ela começou a reparar o local com cuidado.

As paredes com desenhos de flores douradas, os móveis bem entalhados e vistosos. Os quadros que pareciam ter vida. Ela lembrava que costumava a ter medo deles quando era pequena.

Alana se lembrava bem, aquele era o quarto de Atena. Ela o invadira mil vezes quando tentava se esconder de Darcel no pique-esconde.

— Fico...aliviado por você estar bem.

Alana olhou para o lado e viu Darcel. Ele estava com uma expressão mais suave no rosto, uma que fazia tempo que não via, e estava sentado em uma poltrona ao lado da cama.

Ela se lembrou do que havia acontecido, lembrou dele indo a salvar no lago, depois lembrou de seus lábios nos dela e....Espera oque?!

Ela sentiu o rosto esquentar e o coração ficar descompassado. Eles realmente se beijaram? Logo ele?

E o pior de toda a situação, era que ela realmente gostara daquele beijo. Ela apoiou a cabeça nas mãos praguejando a si mesma. Então resolveu quebrar o silêncio, e tentar levantar a cabeça por se sentir patética por estar com vergonha.

— Eu agradeço por me salvar Darcel, e quero que saiba que eu sei de tudo que aconteceu. — Ele não tinha um semblante surpreso, e ela desviava o olhar sempre, não conseguia o olhar sem lembrar do beijo.

— Eu sei de algumas coisas...vi um pouco dos cenários — Alana franziu o cenho — Eu quero que me explique. Nada que eu vi foi convincente o suficiente para que eu pudesse entender seu lado da história.

Alana encheu os pulmões de ar e soltou vagamente. Depois se sentou na ponta da cama e contendo tudo oque sentia, o olhou nos olhos.

Ela explicou tudo oque havia acontecido, desde o Sátiro até como foi parar no orfanato que se encontrava a dias atrás. As expressões que mais ficavam sobre o rosto belo dele, eram o espanto e a surpresa.

Droga, ele tinha certeza de que era culpa dela, que ela havia batido com a língua nos dentes querendo se safar de alguma coisa, ou simplesmente fora burra.

Mas na verdade, ela fora completamente enganada, e provavelmente ele cairia também naquele truque.

Porque ele era uma criança como ela.

Zeus era o único culpado, ele se aproveitou da inocência de uma criança, e fez todos acreditarem que era culpa de Alana. Bem, pelo menos fez ele acreditar nisso.

— Eu sinto muito por tudo que causei.

— Você não teve culpa — Rebateu ele rapidamente.

Alana levantou o olhar completamente surpresa, quase atônita. E mesmo reparando na cara de surpresa dela, ele continuou a falar.

— Você era uma criança assim como eu. Te culpei sem ao menos saber seu lado da história. Como pude ter sido tão... estúpido?

Ela podia ver que ele não estava brincando, ou só estava dizendo da boca pra fora. A sinceridade estava a esbanjar dele. Ela se sentiu tão aliviada, como se lhe tirassem um peso enorme do peito, ela voltou a respirar direito, levemente, era como se um peso tivesse sido arrancado de suas costas.

Darcel levantou e disse que iria pegar um pouco de comida para ela. Quando ele saiu, ela sentiu uma inesperada solidão. Olhando as paredes altas, pareciam estar encolhendo ali, como se fossem a prender e a apertar, para sufoca-la até a morte. Ela tentou respirar fundo, fechar os olhos, mas a sensação de medo só tomava mais conta de seu corpo.

Ela não conseguia ficar sozinha.

Então resolveu sair em busca da nova boa companhia de Darcel. E quando pôs os pés fora daquele quarto, foi banhada por lembranças de sua infância, afogada nas memórias, mais uma vez.

Teve a visão de três crianças bagunceiras correndo pelo mesmo corredor que se encontrava. Alana começou a andar involuntariamente, seus pés pareciam ter vida. E a cada passo se recordava das risadas pela mansão sempre agitada pelas crianças.

Alana levou seus dedos até as paredes com detalhes em dourado repletas de quadros, que fizeram seu estômago se revirar. Quadros de Atena com Afrodite, quadros de Alana pequena, pinturas a óleo belíssimas.

Haviam quartos vazios por toda a parte, outrora eram seus esconderijos secretos quando iam levar alguma bronca.

O último quarto no final do corredor, chamou a atenção de Alana. A mesma entrou nele com as pernas bambas.

— Nada mudou.

A voz saira trêmula e chorosa, com o queixo tremendo e as mãos fraquejando, Alana se ajoelhou na beirada da cama que conhecia tão bem quanto a própria dona.

Era o quarto de Afrodite, o quarto de sua mãe.

Tudo estava no lugar, a penteadeira, a caixa de jóias que um dia fora o tesouro de uma aventura pirata com amigos, as flores de cereja entrando pela janela aberta.

As lágrimas caiam sem controle algum, ela nem se deu conta de que elas estavam caindo. Alana deitou a cabeça na beira da cama de sua mãe sentindo o perfume adocicado e completamente nostálgico. A mansão poderia estar acabada, empoeirada...esquecida. Mas, não, ela estava impecável, como era na infância. Provavelmente Atena havia cuidado do lugar, cuidado com apresso.

Memórias frescas de uma noite chuvosa com relâmpagos a tomou a mente.

Sua mãe a abraçara e se escondera debaixo dos lençóis com ela, a jurando que nada de mal iria acontecer porque ela não permitiria. Ela a protegeria.

Lembrou-se da musica que assobiava todas as manhãs enquanto penteava os cabelos rosados dela.

Naquele momento de saudade completa, ouviu passos pesados virem em sua direção. Por seguinte uma mão relativamente quente a tocou o ombro. Ela sabia que era ele, levantou a cabeça para encara-lo com o rosto molhado de lágrimas.

— Eu vou traze-las de volta Darcel, eu lhe prometo. Eu sei que isso é minha culpa, e não vou descansar até fazer com que paguem pelo que fizeram. Me perdoe. — O queixo de Darcel tremeu, e Alana podia jurar que viu os olhos dele lacrimejarem.

Darcel ajoelhou-se como ela estava e a envolveu em seus braços em um abraço apertado e confortável.

Ela tentou controlar as emoções o máximo que conseguia. Mas com Darcel ali, ficava completamente difícil.

— Para de ficar me pedindo perdão sua idiota, assim eu me sinto um imbecil cada vez mais. Eu te culpei e disse coisas que te feriram tanto. — ele respirou fundo parecendo tentar manter a voz firme — Eu estarei lutando por você, vou fazer oque posso para me redimir com vocês, mesmo que pareça impossível.

Alana virou-se para encara-lo, os olhos turquesa meio avermelhados pelas lágrimas. Ele também estava chorando.

Ele não era um cara idiota e sem coração, não era verdade. Apenas estava machucado, desesperado e angustiado. Não era culpa dele, não era culpa dela, se tinham alguém para culpar, era Zeus. Ele mesmo, o maldito Zeus.

Darcel limpou as lágrimas de Alana com a ponta de seus polegares com delicadeza, e juntou suas testas. Ela se sentia tão estupidamente confortável com ele ali. Se arrependera de todas as vezes que o dera um fora na sua infância, ela se lembrou de que ele nunca desistira mesmo recebendo um não, ou um tapa de vez em quando.

Darcel fitou os lábios de Alana, os mesmos que ela sempre mordia quando ficava nervosa, ele sempre quis beija-la, sempre. Mas por Pegasus, ele queria muito beija-la naquele momento.

E ele sentia que ela também queria pela forma como estava o encarando.

Darcel tirou uma mecha de cabelo do rosto úmido dela, e lentamente, foi aproximando os rostos.

Até encostar seus lábios nos dela.

E quando o fizeram ambos se assustaram pela forma como estava sendo maravilhoso. Alana enrroscou as mãos ao redor do pescoço de Darcel com intenção de aprofundar aquele beijo tão inesperadamente bom. Darcel abraçou-a fortemente contra seu corpo, sem tirar os lábios dos dela.

Valeu a pena esperar anos para beija-la assim? Com certeza! Valia todo o tempo do mundo, apesar de ele agora pensar que não conseguiria ficar sem beija-la por nem mais um minuto. Um minuto seria como tortura-lo lentamente.

Sem que ele percebesse, seu cabelo começou a pegar fogo, o fogo azul florescente que muitos temiam. Com o calor e a luz das inesperadas chamas, Alana abriu os olhos surpresa e se afastou de Darcel infelizmente.

— Darcel, você está em chamas. Está tudo bem? — Ele olhou para cima e praguejou um tanto envergonhado.

— Merda, vou precisar de uns minutos para me acalmar. — Ele a deu um pequeno sorriso ladino.

— Devo sair? — Indagou ela, mesmo querendo continuar onde parara com ele.

— Nem ferrando, a última coisa que quero é que saia. — Ele segurou o pulso dela com firmeza. Ela se sentiu melhor ainda por saber que ele não estava disposto a solta-la, porque ela também não estava disposta a solta-lo.

Não tão facilmente.

— Alana, como está se sentindo? — Indagou Ravi se sentando ao lado de Alana no sofá.

— Estou... — Ela fez uma pausa como se estivesse pensando em mais coisas — Estou bem.

Yvaine não parecia satisfeita com a reposta, mas preferiu tentar acreditar em Alana.

— Minhas memórias voltaram e posso dizer que estou mais lúcida do que nunca. E não vou ficar de braços cruzados esperando que Zeus me encontre e acabe com minha vida de novo. — Ela os encarou com um pesar enorme no peito — Já perdi uma família, não posso perder a outra.

Ravi sorriu com as bochechas rosadas por saber que Alana os considerava tanto. Yvaine sorriu também, Darcel estava sério, mas parecia satisfeito.

— Bem, para começar, eu preciso formar um plano bom o suficiente para que eu possa enfrentar Zeus antes do baile de formatura dos deuses menores e semi-deuses. — Ela se levantou do sofá e pôs as mãos na cintura andando em círculos pela sala de forma pensativa.

— Tem certeza que quer fazer dessa forma? Falta apenas um mês para esse baile. — Avisou Yvaine preocupada.

— Eu consigo, Yvaine, não se preocupe. Atena me treinará todos os dias e tenho certeza que até lá eu posso bolar um bom plano.

— Mas Alana, não acha que...

Insiste Ravi.

—Se ela disse que consegue é porque ela consegue. Pare de insistir. — Disse Darcel se pondo ao lado de Alana. Ela o olhou surpresa e ele a deu um leve sorriso.

Yvaine trocou um olhar afiado com Ravi e depois se voltou para os dois.

— Oque tá rolando entre vocês dois? — Perguntou logo de cara.

Alana enrubeceu no mesmo instante, Darcel podia dizer que estavam... estavam....

Mas afinal, oque eles estavam fazendo? Oque eles realmente eram? Nem ele sabia, e provavelmente nem Alana sabia também. Eles apenas se beijaram duas vezes, não passavam de..uma amizade colorida talvez?

— Não é nada Yvaine. Nós temos que focar no plano. — Respondeu Alana balançando a cabeça tirando aquela pergunta da cabeça.

Yvaine claramente não estava satisfeita, e em algum momento ficaria em cima de Alana a perguntando sobre Darcel.

— E se convencemos alguns jovens dos acampamentos? — Sugeriu Ravi — Muitos lá odeiam Zeus, poderíamos falar com eles.

— Mas odiar não é o bastante Ravi, tem que ter coragem o suficiente tanto para enfrentar os deuses quanto para enfrentar Zeus. Apesar de alguns deuses não estarem satisfeitos com o reinado dele. — Rebate Darcel pensativo.

— Bem, não é uma ideia descartável, eu quero pensar mais um pouco sobre isso. — Disse jogando os cabelos longos para trás e suspirando.

— Amanhã nós temos aula, você deve vir conosco, por ser aluna e também para poder investigar mais. — Yvaine se pronunciou e Alana assentiu.

— Então faremos isso. — Alana suspirou mais uma vez — Devemos chamar Atena, quero conversar com ela.

Ravi se levantou rapidamente.

— Posso ir vê-la, quer ir comigo Yvaine? — Yvaine assentiu prontamente.

— Posso usar sua moto Darcel? — Darcel riu.

— Mas é claro — Ravi se surpreendeu mas sorriu — Claro que não. Pegue algum cavalo só eu posso usar minha bebê.

— É sério isso? — Ravi o olhou com tédio e Yvaine também. Alana prendeu o riso na garganta.

Os dois logo saíram deixando Alana e Darcel a sós.

Alana tinha muito no que pensar, a ideia de Ravi não era somente boa como também era perigosa. Qualquer deus ou semi-deus poderia denuncia-los a Zeus e acabar com os planos deles. Mas também, poderiam ser aliados fortes. Alana queria ter aliados, queria que a jurassem lealdade. Mas isso claramente não seria fácil.

Darcel a viu murmurando no canto com o semblante contraído. Ele foi até ela e pegou a sua mão, Alana virou-se para ele com um leve susto.

— Está preocupada, não é?

— Estou — bufou — Estou com muitas coisas para resolver, muitos pensamentos. E tem você ainda me chamando de Alana.

Ele franziu o cenho.

— Não era seu nome?

— Acho que era sim — deu de ombros — Mas eu prefiro Araceli.

Ele sorriu com a sinceridade dela.

— Araceli te deixa menos boboca em minha visão. Mas, acho que até a nossa possível batalha, é melhor você continuar usando Alana.

— Tem razão. — Concordou ela apertando mais a mão dele na sua.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!