Capitulo 6 ( Ravi e seus pais )

Adormecida e machucada, Alana estava desmaiada em uma cama em um dos quartos da mansão de Hades.

Ravi estava irritado e tentando se manter sensato para não voar no pescoço de Darcel e o quebrar em pedaços.

E assim que viu Darcel passando no jardim de grama negra, não precisou pensar duas vezes, correu até lá e voou no pescoço de Darcel.

— Eu falei para protege-la! Você é burro por acaso? Não consegue assimilar caramba?

Gritava Ravi com seu corpo brilhando. Darcel sabia que estava errado, mas queria se divertir vendo sua inimiga ser ridicularizada, Ravi nunca entenderia os sentimentos dele, nem mesmo Yvaine o entenderia e era sua própria irmã. todos pareciam cegos pela doçura falsa de Alana. Mas ele não, ela não enganaria ele.

— Do que você tá reclamando em? Ela não ta viva? Ela quase destruiu Helena — Respondeu de forma desleixada, empurrando Ravi para longe.

— Alana não consegue controlar os poderes, os raios dela foram tão intensos que deu para sentir a energia do meu acampamento. — Ravi se aproximou novamente — A identidade de Alana poderia ter sido revelada, isso além dela ter poder o suficiente para destruir tudo incluindo o olimpo.

Yvaine cruzou os braços.

— Então você é duplamente idiota. Primeiro por colocar Alana em perigo e segundo por não pensar na sua namorada nojenta.

— Ah sério? Os dois contra mim? Eu tô pouco me lixando para a maldita "salvadora" de vocês. Ela é uma fraca assim como você Ravi. — Ravi apertou os punhos — Parece que esta apaixonado por essa traidora!

Yvaine arregalou os olhos sentindo seu coração se apertar.

— Chega Darcel! — gritou Ravi antes de empurrar Darcel com força o fazendo cair no chão.

— Cale-se você Ravi, você é um inútil, um humano fraco e traidor assim como sua maldita mãe!

Ela estava em uma colina...O vento brincava com seus cabelos rosados, e jogava seu vestido branco de um lado para o outro. Ela não sabia onde estava, mas era um campo repleto de flores silvestres.

Ela podia sentir a sensação da grama espetar seus pés, e não era desconfortável só era...real.

Com cautela, ela começou a andar um pouco, e acabou percebendo uma árvore grande, como um salgueiro a metros de distância dela.

Ela semi cerrou os olhos para enxergar melhor, e percebeu que de baixo daquela árvore grande, ela pode ver um garoto. Bom, a silhueta dele. Ele estava gritando enquanto gesticulava nervosamente com a árvore. Estava brigando com ela?

Uma maçã foi atirada na cabeça dele, que se encolheu com o susto. Depois voltou a discutir e a fazer gestos mais bravos.

Com uma enorme curiosidade crescendo no peito, ela se aproximou um pouco, mas ainda não conseguia ver direito o seu rosto, sua feição estava embaçada, fosca, como se estivessem borrado seu rosto.

Quem era aquele menino? E...

Espera. Um vestido, era uma garota que estava em cima da árvore, então ele não estava gritando com aquela árvore, ele estava gritando com uma garotinha, isso enquanto ela ria dele. Mas diferente dele, Alana podia ver seu rosto, olhos verdes como uma maçã verde madura, o rosto corado e cabelos.... rosa?

Ela se virou para Alana e parou de sorrir, o menino fez o mesmo, os dois a encararam.

Alana queria dizer algo mas sua boca não abria, por mais que tentasse, sua língua pesava como chumbo.

A menina ainda em cima da árvore, espontâneamente abriu um sorriso fofo, e acenou animadamente para Alana. O garoto apenas sorriu de leve, um sorrisinho quase fosco por seu rosto ainda estar embaçado.

Alana ficou parada apenas, até que percebeu que o foco deles não era ela...

Ela se virou para trás, e lá havia uma mulher com um sorriso enorme no rosto.

A pele alva e os cabelos alaranjados, ruivos como o sol poente e compridos ate os joelhos, Seus olhos verdes como esmeraldas lapidadas, e um vestido simples com algumas flores espalhadas no busto.

Oque estava acontecendo? Quem era ela? A menina...era Alana? Não, não, não podia ser.

Quando abriu seus olhos, ela não viu mais o campo, não havia o céu azul. As crianças não estavam ali, nem aquela mulher linda. Ela estava em um quarto, deitada em uma cama macia, repleta de almofadas.

A cabeça dela não doía, apesar do sonho que teve, e do uso excessivo e descontrolado dos seus poderes. Ela só sentia que seu corpo estava um pouco cansado, mas nada comparado a como ela ficava depois de dobrar o turno trabalhando na lanchonete do pai de Terry.

Alana notou também que tiraram a roupa do acampamento de seu corpo, agora estava em um vestido de pano leve e violeta. Já estava se sentindo meio farta de usar essas coisas.

Lentamente, Alana se levantou da cama, e saiu do quarto. O corredor dos quartos era grande e cheio de quadros e flores, ela começou a andar devagar com a intenção de ir para a sala, mas de repente, seu coração disparou quando ouviu um estrondo forte vindo de fora da mansão. Oque estava acontecendo?

Mais uma vez um estrondo forte seguido de um tremor, a fez perder o equilíbrio quase a fazendo cair, por sorte ela se apoiou na parede.

Sem pensar duas ou três vezes, Alana começou a correr na direção do barulho, quanto mais corria, o som aumentava e o estrondo ficava mais forte.

Aquilo estava começando a assustar Alana.

Quando chegou do lado de fora da mansão, avisto Ravi e Darcel brigando no meio das rochas. Os olhos de Ravi estavam como ouro brilhante, e todo seu corpo estava brilhando. O cabelo de Darcel estava pegando fogo azul como sua mãos, seus olhos estavam azul turquesa.

— Vocês tem que parar com isso agora! — Gritou Yvaine nervosa. Alana se aproximou dela completamente assustada.

Darcel estava muito mais machucado que Ravi, mas ambos com muita raiva nos olhos. Uma raiva que causava arrepios em Alana.

— Oque está acontecendo? Por que estão brigando assim Yvaine?

Perguntou ela não entendo nada, Yvaine a olhou surpresa, provavelmente porque ela estava de pé ali, e não dormindo como deveria.

— Alana é melhor entrar, eles estão muito irritados. E Ravi está pior ainda.

Ravi era um mistério para Alana, ela nunca viu um semideus tão forte em sua vida, na verdade, ela nunca tinha visto um realmente. Mas, baseando-se nos livros que lera, semi-deuses não deviam ser tão poderosos assim, principalmente para lutar contra um deus e o deixar muito machucado.

Ravi fez flechas com seu poder e as jogou em Darcel que teve dificuldade para desviar.

Dava para saber quem era o mais forte ali, mesmo que não fizesse sentido.

— Não vou entrar Yvaine, eles estão se machucando por minha causa eu sei disso!

— Alana, o Darcel é um idiota, só pensa nele mesmo.

Isso Alana sabia, mas ainda sim, por algum motivo inexplicável e patético, doía nela o ver sangrar. E era como ela pensava, o sangue de Darcel não era vermelho, era dourado como ouro. Fluido etéreo, sangue divino. Mas, o de Ravi era vermelho, como carmesim.

Alana cansou de ver aquela luta sem sentido, ela não podia continuar vendo os dois se machucarem por culpa dela. Pois querendo ou não aceitar, ela que aceitou o convite de "treinamento" feito por Helena.

— Ei, vocês dois! Parem de agir como bastardos delinquentes agora!

Ela gritou alto o suficiente para fazer sua voz ecoar por todo o local. Ravi parou e Darcel também, os dois a olharam assustados como Yvaine. Logo Alana também notou que seus cabelos tinham voltado a ficar cor de rosa e estavam soltando faíscas.

Ravi desceu do ar e começou a andar na direção de Alana com uma mão no braço, logicamente estava machucado. E Darcel, mancando e com uma das mãos na costela, se apoiou em um pilar de pedra e ouro.

— Alana, quando levantou? Você está bem? — Indagou Ravi ofegante. Ele não deveria estar se preocupando com ela, e sim com ele mesmo.

— Eu estou ótima em comparação a vocês. Por que diabos brigaram?

Ravi olhou de relance para Darcel que faz o mesmo.

— O solzinho não consegue ouvir a verdade sobre a mamãe. — Ravi rangeu os dentes e avançou para cima de Darcel, mas Alana logo entrou em sua frente rapidamente.

— Já chega, tivemos brigas o suficiente por hoje. — Disse ela, Darcel revirou os olhos.Serio, tudo que ela falava estava errado para ele?

— Eu vou cuidar dele, é melhor vocês conversarem. — Disse Yvaine com Darcel apoiado em seu ombro. Ele não discordou, apenas a lançou um olhar que não conseguia decifrar. E então entrou dentro da mansão.

Depois que ela e Ravi se sentaram na sala da mansão de Hades, Alana o encarou. Seu rosto era sereno mesmo um pouco machucado, as feridas não eram como as de Darcel, não iam melhorar rápido pois não havia sangue divino correndo em suas veias. Ele era metade humano.

— Vai me dizer por que brigou daquele jeito com Darcel? — Pergunto olhando bem para seu rosto, ainda que já imaginasse a resposta.

— Não gosto de brigas, e por mais irritado que estivesse não entraria em uma briga com Darcel por algo trivial — Ele ficou tenso, seus olhos ficaram escuros e a voz pesada — Pelo menos não foi trivial para mim...

Alana arquejou.

— Ravi, oque ele disse para você?

Ela estava se sentindo uma mãe perguntando quem machucou seu filho na escolinha.

— Não vale a pena repetir, Darcel apenas insultou minha mãe. E por mais que seja meu melhor amigo, não permito que falem mal da minha mãe. Ele não merece isso. Não mesmo.

— Está se referindo a Dafne? — Ele negou, ela franziu o cenho.

— Minha mãe era uma meretriz da cidade de Corínto, ela estava fugindo de um homem quando encontrou Apolo. Eles se apaixonaram um pelo o outro, e Apolo jurou ama-la eternamente — ele sorriu um pouco — E quando soube da gravidez dela, se iluminou e ficou intensamente feliz. Meu pai jurou a mim, que Eurídia, era o seu verdadeiro amor, e que ele nunca tinha amado tanto alguém em sua vida.

Enquanto ele explicava Alana podia sentir que havia um sorriso brotando em seu rosto. Ela amava histórias de amor, ainda que não acreditasse que o amor pudesse bater em sua porta algum dia, Talvez ela tivesse nascido apenas para ler as histórias amorosas dos outros, não viver uma delas.

Voltando sua atenção para Ravi, ela notou que seus olhos ficaram escuros, e a expressão tensa e vazia. Então, a história não terminaria bem como ela pensava, não devia estar supresas com isso.

— Enquanto meu pai trazia o sol para iluminar o mundo, ele foi avisado por um dos corvos de Hera, que sua amada fora vista com Zeus. Estavam dormindo juntos.

— Ah não... — Arquejou Alana colocando as mãos na boca.

— Meu pai enfureceu-se, ele havia sido traído outras vezes, e a dor que estava sentindo por ser traído novamente era quase mortal, ele pensou que poderia realmente ser feliz com Eurídia, mas ela o enganou. Meu pai não quis ouvir as explicações de minha mãe, ele queria mata-la, mas também queria o filho que estava no ventre dela. Então, esperou os meses passaram até seu filho nascer, e quando isso aconteceu, ele mandou sua irmã, Ártemis, tirar a vida de Eurídia.

A cada palavra que Ravi falava, era uma nova porcentagem grande de ódio acrescentada no peito de Alana em relação a Zeus.

— Quando todos no Olimpo souberam da morte do verdadeiro amor de Apolo, o qual tanto se gabava, Eros o visitou e o revelou que acertou uma de suas flechas em Eurídia para que se apaixonasse momentâneamente por Zeus. Ele fez aquilo para se vingar por sua mãe, Afrodite, por Apolo ter anunciado o dia com sua luz e ter a revelado em pleno leito de amor com seu amante Ares — Alana arregalou os olhos sentindo uma enorme vergonha tomar conta de seu ser. Ainda que fora sua mãe a cometer a traição não ela — Meu pai enfureceu-se, mas não podia fazer mais nada, a não ser se culpar eternamente por não ter escutado as explicações de sua amada. E me criar com dedicação e amor.

— Então — Engolindo seco tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair — Eurídia morreu por causa de um feitiço... O único pecado dela foi amar intensamente Apolo.

O coração de Alana se apertou tanto ao ouvir essa trágica história de amor. Será que sua mãe sabia o que Eros havia feito? Alana implorava aos céus para que Afrodite não tivesse nenhuma partição naquela história.

Alana quase havia engasgado com sua própria saliva quando Ravi a contou tudo.

O professor Magno, sempre dizia que podiam ter grandes furos em algumas histórias da mitologia grega, mas ninguém sabia ao certo quais eram eles. Bem, Alana acabara de descobrir um, mas não estava nada feliz com isso.

— Quando nasci, meu pai dizia que eu era a personificação de Eurídia, que sempre que me olhava via ela em mim — ele abriu um leve sorriso com a lembrança que fez Alana sorrir junto — Mas conforme o crescimento chegava, eu mudava e ficava parecido com ele. Meu pai me contava todas as noites sobre minha mãe, me dizia seus sonhos, me contava as histórias que ela inventava para fazer ele rir...e me dizia sempre, o quanto ela teria me amado.

O coração de Alana se apertou e isso não era nada bom, pois sempre que isso acontecia, as lágrimas vinham logo depois, e ela odiava chorar. Mas naquele momento, parecia inevitável, e necessário que as lágrimas caíssem.

E elas foram de encontro a Alana como um soco no estômago e um tapa no rosto.

Ela sinta a dor de Ravi, não, não verdade, ela nunca poderia sentir a dor dele, oque se passava em sua cabeça e em seu coração. Entretanto, ela o entendia.

Alana apenas se levantou, se aproximou dele e o abraçou forte. Ele se contraiu pelo susto, provavelmente não estava esperando aquela ação, mas aos poucos ela sentiu que ele estava cedendo, estava relaxando.

— Tenho certeza, que sua mãe ficaria orgulhosa do filho que tem.

— Alana...

Balbuciou ele baixinho.

Ela pôde sentir as lágrimas dele pingarem em sua pele. Ravi queria ter Eurídia com ele, ao seu lado, o apoiando, e o escutando. Mesmo sem a ter conhecido, ele a amava intensamente.

Isso apenas mostrava a ela que não era a única que tinha problemas para lidar.

Alana ficou abraçada a Ravi por um bom tempo, até sentir que ele realmente estava se acalmando. Até que uma voz os assustou, fazendo os dois se separarem.

— Vocês...

Era Darcel, e seus olhos estavam em chamas azuis fortes, em companhia de uma expressão irritada no rosto.

— Nós só...

Ravi tentou explicar.

— Eu não preciso saber de nada, continuem com prazer.

Darcel pegou algo que pareceu ser uma chave e saiu batendo a porta com força.

Oque havia acontecido?

Ravi tinha o dado uma canseira da nada, Darcel sabia que ele era forte, mas queria se provar também, é claro. E com isso, apanhou muito mais do que bateu.

— Você é um imbecil Darcel, como pôde falar da mãe dele? Não sabe o quanto isso é doloroso para ele? — Yvaine ajudava a limpar as feridas que em alguns minutos cicatrizariam rápido.

Darcel arquejou.

— Eu estava irritado. O Ravi é meu amigo, e eu só queria irrita-lo um pouco. — Yvaine atirou o pano que estava usando, para longe.

— Você só pensa em você. Alana é nossa única chance de salvar a mamãe, e todos os que Zeus aprisionou. E você fico se fazendo de adolescente rebelde.

— Eu vou salvar a mamãe, e a profecia é uma porcaria. Por que ela? Ela não merece os poderes que tem. Eu treinei tempo o suficiente para derrotar Zeus. Posso fazer isso sozinho. — Yvaine gargalhou completamente desdenhando dele.

— Você? Derrotar Zeus? Ata, você não conseguiu nem vencer um semi-deus! E com certeza não e páreo para Alana. Darcel quanto mais rápido se convencer de que precisava dela, mais útil você será.

Darcel se levantou da maldita cama e a encarou com raiva.

— Ela é uma traidora e você sabe disso. Todos sabem, caramba!

— Ela não teve culpa Darcel, Alana era uma criança assim como você. Ela era ingênua não fez de propósito. — Ele avançou em cima de Yvaine parando a centímetros de distância do rosto dela. Yvaine nem piscou, nem mesmo tremeu, e era isso que mais irritava Darcel.

— E por causa da ingenuidade dela olha oque aconteceu com a mamãe. — Ele cuspiu as últimas palavras com intensidade — Vou fazê-la pagar.

Antes que Yvaine pudesse fazer algo ou dizer algo a ele, Darcel se afastou, pegou sua jaqueta de couro preta, e saiu do quarto a deixando sozinha.

Ele não quero ouvi-la. Não queria Yvaine defendesse aquela garota.

Darcel precisava da chave da sua moto, queria curtir um pouco no mundo mortal, talvez assim ele pudesse esquecer um pouco dos problemas. As bebidas do mundo mortal não eram as melhores, mas teriam que ser o suficiente apenas por uma noite.

— Onde é que está essa porcaria de chave? — bufou ele — Espera, eu a coloquei na sala da última vez que sai.

Quando ele foi para a sala encontrou a chave da moto, mas também encontro Alana em cima de Ravi, estavam se abraçando.

— Vocês...

Os dois o olharam como se estivessem sido pegos fazendo algo que não deviam.

O coração dele se acelerou descontroladamente e cerrou seus punhos. Era para isso que ela estava ali? Se jogando em cima de qualquer um...como uma qualquer.

— Nós só...

A voz de Ravi só serviu para o deixar mais irritado ainda. E aquela expressão no rosto dela...parecia tão inocente, e por dentro era uma víbora isso sim.

— Eu não preciso saber de nada. Continuem com prazer..

Ele pegou a chave e sumiu daquele lugar. Pegou sua moto e se preparou para ir ao mundo mortal.

Ótimo, ele torcia para que ficassem juntos mesmo, ambos se mereciam. Ele não ligava para isso de qualquer forma. E ele a odiava, odiava com todas as forças que tinha, odiava como ela podia ser tão poderosa, odiava como podia ser bela, odiava que tenha estragado tudo entre eles!

Odiava o fato de que apesar de tudo.... Ele se sentir atraído por ela era oque o fazia odia-la ainda mais.

— Onde ele poderia ter ido?

Indagou Alana ajudando Yvaine a por alguns pratos na mesa de jantar.

— Para o mundo mortal com certeza. E depois de ver você e Ravi — Ela riu um pouco— Só vai voltar amanhã.

Alana franziu a testa deixando claro sua confusão.

— Primeiro, eu só estava abraçando o Ravi porque senti que ele precisava. E segundo, oque isso tem haver com o Darcel? Por que ele se incomodaria?

Yvaine sorriu sínica deu ombros ignorando a sua pergunta. Ela com certeza sabia de alguma coisa, mas não queria contar. E também, era óbvio que estava incomodada com alguma coisa. Yvaine não a olhava nos olhos.

— Yvaine, por que está estranha comigo? — Ela pôs os talheres prateados em cima da mesa. Alana parou em sua frente e cruzou os braços.

— Fale, por que está estranha? — Yvaine bufou e se afastou de mim.

— Eu não estou estranha Alana, e se estivesse não iria querer falar sobre isso.

— Yvaine, não estava assim por causa do Ravi, está? — Ela a deu um sorriso cheio de insinuações. Uma pequena chama apareceu em seus olhos, mas logo se apagou.

— Não fale besteiras Alana — Ela claramente estava envergonhada.

— Sei. Mas se estiver chateada por isso, só digo que nunca verei Ravi com olhos românticos. Ravi é um amigo, e apenas isso.

Ela pôde ver um lampejo de alívio em seus olhos. Ela não tinha certeza ainda, mas sentia que Yvaine podia estar apaixonada por ele. Mas, ainda era uma suposição.

— Do que as meninas estão falando? — Indagou Ravi aparecendo na cozinha.

— Nada demais.

— Suas feridas já cicatrizaram, foi mais rápido do que eu pensava. — Disse Ravi sorridente olhando bem para os braços e o rosto de Alana.

Ela não tinha percebido, ficou tão assustada com a briga dos dois rapazes que não pensou nela mesma. Havia apenas um corte em sua mão esquerda, e estava se fechando aos poucos.

— Ravi, no mundo mortal, quando eu me machucava meu sangue era vermelho. Como pode ter mudado assim de repente? — antes que ele pudesse falar Yvaine respondeu na frente.

— É apenas magia. Assim como usaram magia para deixar sua aparência diferente, e foi uma magia forte, porque durou bastante.

Ela realmente queria saber mais sobre meu passado, queria que eles a contassem como tudo realmente aconteceu. Ela estava ali na casa de Hades, apenas uma noite e um dia.

E sentia tanta falta do seu mundo...do mundo que ela conhecia. Sentia falta dos seus amigos, principalmente de Anna, sua melhor amiga. Será que ela estava preocupado com ela? Será que estava igual a Melissa?

O coração dela se apertou de saudade.

— Alana?

Ela saiu de seus pensamentos e olhou para Ravi, que estava com um semblante um pouco preocupado.

— Está tudo bem?

— Estou, estou ótima. — Ela sentiu que respondeu rápido demais aquela pergunta.

Eles jantaram juntos, os três, e Alana percebeu que a comida não era tão diferente da do mundo mortal. Mas ainda assim, ela sentiu falta dos lanches gordurosos dos Starbucks.

Yvaine não a deixou lavar os pratos, por mais que ela tivesse insistido, então tomo um banho e quando trocou de roupa foi para a varanda da mansão, ao lado da cascata estranha de Hades.

Ela se sentou em uma poltrona e ficou olhando para o nada.

Era tão assustador saber que tudo que havia vivido, era uma mentira. E mais assustador ainda, era ser uma deusa.

Antigamente, ela pensava em ser médica, estudar medicina e ajudar as pessoas. Mas agora, ela tinha que estudar seus poderes, estudar posições e estratégias de batalha.

As lágrimas brotaram em seus olhos, antes que ela se desse conta. Em outros tempos, ela prenderia e seguraria o choro o máximo que pudesse para não se sentir fraca consigo mesma. Mas, estava sozinha ali, e não precisava ser forte o tempo todo, ela não era uma máquina.

Antes das lágrimas caírem ela já estava soluçando.

Ela sentia que havia feito algo para Darcel e para Yvaine, algo além da sua memória, e não saber oque era, era frustante.

As lágrimas caiam dançando por todo o seu rosto. A brisa gélida a deixou com frio, mas ela não ligou para isso. Pretendia chorar tudo oque vinha guardando em silêncio.

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