Capitulo 8 ( navegando nas memórias)

Ela abriu seus olhos com rapidez. Não estava mais no lago, não via mais Atena nem os outros. Ela estava em um lugar silencioso, e seu corpo estava flutuando como se não tivesse um possível chão, e seus cabelos não estavam diferentes. Tudo estava escuro, um breu vazio. Mas, quando ela levantou seu olhar, haviam vários cenários de poeira brilhante enfileirados um do lado do outro. Eles se mexiam devagar, lentamente, mostrando imagens destorcidas.

Então ela se deu conta de que estava em sua mente, ela não imaginava que seria daquele jeito, mas era melhor do que imaginara. Atena a disse que suas memórias apareceriam para ela sem esforço algum, e que com cuidado ela teria que mergulhar nelas. Quando ela ouviu aquilo de Atena, pensou que era completamente confuso, mas agora ela tinha percebido que fazia sentido.

Em um dos cenários á sua frente, haviam crianças correndo em algum tipo de jardim. Uma garotinha e um garotinho, ambos sorrindo. Uma garotinha de cabelos rosados. Seria ela? Para saber, ela precisava entrar.

Quando pensou em entrar, seu corpo automáticamente tornou-se pesado, e então ele desceu. Alana se desesperou por um momento ao pensar em cair naquele vazio que estava abaixo de seus pés. Mas aconteceu o contrário, ela não caiu eternamente no vazio como estava passando. E o vazio na verdade, era água. Água escura, assim como o lugar, a única luz presente era a luz dos cenários.

Com cuidado e uma faísca de medo, Alana começou a andar pelas águas negras e calmas, era como um lago, era como se tivesse vidro em cima da água.

Não a molhavam e ela não afundava.

Sem pensar mais no medo, Alana se jogou naquele cenário a sua frente.

De repente, tudo ficou branco e turvo, ela apertou seus olhos com força temendo.

E em segundos depois, Alana sentiu o chão gelado em contato com sua pele. Lentamente ela abriu os olhos, e graças a análise que fez no lugar, percebeu que estava dentro de uma mansão. E também percebeu que estava deitada no chão, então prontamente se levantou e olhou para os lados.

— Está é...a casa de Atena.

Murmura vendo os quadros dela, e em sua parede um escudo brilhante com a cabeça de Medusa entalhada ali.

— Você não me pega! Hahaha!

Vozes agudas. Ela olhou para trás seguindo a voz. Crianças. A garotinha de cabelos rosados, ela estava correndo pela mansão e havia um menino atrás dela. Um garotinho com cabelos azuis...ele não era estranho na memória de Alana. Ela o conhecia de algum lugar?

— Araceli você vai se arrepender por ter me chamado de bobo!

Ele gritou correndo com cara de bravo. Então era ela? Araceli...

Eles não podiam vê-la. Deduziu ela já que as crianças passaram por ela como se ela fosse um fantasma. E por incrível que pareça ela não estava assustada com aquilo, estava curiosa, cada vez mais curiosa.

Ela começou a correr atrás deles. A garotinha o levou para um jardim grande, onde haviam alguns servos, pavões, e alguns pássaros incrivelmente lindos.

E então ela viu uma grande árvore em cima de uma colina, uma colina alta. Logo Alana a reconheceu.

Aquela era a colina e a árvore de seus sonhos.

A menina subiu na árvore rapidamente como se fosse uma coisa simples, o menino chegou atrás em seguida ofegante.

— Você.... Eu vou contar a tia Afrodite que você vive me xingando!

Gritou o garotinho com as mãos nos joelhos. A garotinha riu.

— Eu só estava brincando com você seu bobo. Você parece um bebê chorão.

Ela apoiou as pernas em um galho grande e ficou de cabeça para baixo.

Ela era mesmo uma garotinha imperativa?

— Eu não sou um bebê chorão. Eu vou crescer e então serei o rei dos mortos assim como o papai. — Ele disse com orgulho e se sentou na grama encarando...a menina.

— Como pode ser você? Sabia que sua irmã é bem mais forte que você? Yvaine é muito poderosa e só tem nove anos.

— Ah besteira! Você só diz isso porque ela é sua melhor amiga. — Ele cruzou os braços irritado.

Darcel... era o Darcel! O menino dos seus sonhos, oque sempre estava junto da garota de cabelos rosados. Era ele! Darcel sempre estava com Alana. Sempre...estava com ela.

— É claro que vou ficar ao lado da minha amiga. Eu gosto mais dela do que de você. — Ela pôs língua para o menino. O mesmo se levantou e apontou para ela com uma expressão de raiva.

— Você devia ficar ao meu lado sua besta! Eu e você vamos nos casar esqueceu?

A garotinha pareceu muito mais surpresa do que Alana estava depois de ouvir oque o menino havia dito. Ela se sentou no galho e cruzou as pernas.

— Quem te disse isso em?

— Oras a mamãe. Ela disse que vamos nos casar quando crescermos. — A garotinha riu tentando disfarçar um pouco tô rubor de suas bochechas.

— Eu não vou me casar com um fracote. — Ela cruzou os braços. Ele logo tremeu.

— E-Eu vou ficar mais forte! Você só tem que me esperar. Promete que vai me esperar?

Os olhos dele estavam repletos de esperança, ele estava corado e nervoso. Alana soltou uma risada ao ver uma cena tão... inocente.

O Darcel era fofo na infância, ela o preferia daquela forma. Menos... Amargo e ranzinza.

— Ok, eu prometo que vou esperar você — Ele sorriu. Então ela olhou para Alana e acenou. Em seguida o garoto olhou para ela também e acenou.

— Vocês...podem me ver? — Perguntou confusa.

— Então é aqui que vocês estão não é?

Com o susto, Alana olhou para trás. Eles não estavam acenando para ela, estavam falando com a mulher dos sonhos dela. A que sempre aparecia sorrindo.

— Mamãe! — Darcel correu até a mulher e abraçou suas longas pernas — Araceli aceitou casar comigo!

— Isso é inesperado. — ela riu com as sobrancelhas erguidas. Araceli pulou da árvore e correu até a mulher.

— Isso é mentira! Eu disse que ia te esperar, não aceitei me casar ainda!

Darcel a olhou confuso, depois cruzou os pequenos braços com decepção. Perséfone gargalhou um pouco.

— Araceli é uma bela deusa, e bem poderosa, Darcel. Se quiser se casar com ela mesmo, vai ter que se esforçar bastante em.

— Eu vou me esforçar eu já disse isso a ela. Só que essa pateta não me ouve. — Araceli fez uma careta ao ouvir o " pateta "

— Eu sou pateta é? — Ela se aproximou dele. Ele bateu de frente com ela.

— Sim!

— Então toma! — A garota soltou uns raios pequenos das mãos, e eles foram direto para o cabelo de Darcel.O cabelo do garotinho subiu e ele pulou com o choque que levou.

Araceli começou a ter uma crise de risos com as mãos na barriga.

— S-Sua! Eu vou acabar com você! — Darcel começou a correr de um lado para o outro com pequenas labaredas de fogo azul nos dedos. Eles correram pelo morro, e Perséfone os observava com um sorriso nós lábios.

— Eles não tem jeito.

Alana olha sorridente para a cena. Darcel estava bravo, mas tinha um sorriso em seu lábios. E a garotinha que sou era ela mesma, estava o provocando mais e mais.

— Parece que são um pequeno casal fofo.

Alana rapidamente percebeu que aquela não era a voz de Perséfone. Era Atena.

Ela não havia mudado nada, continuava bela e com sua postura perfeita. Só estava mais relaxada e sorridente.

— Onde está Afrodite? — Perguntou Perséfone.

— Está descansando. Depois que brincou com os dois hoje, ela caiu no sono. — Perséfone riu.

— Você está sendo muito corajosa Atena, por esconder Araceli e Afrodite aqui.— Atena sorriu grata, mas viu preocupação nos olhos de sua amiga — Mas você sabe que quando Zeus descobrir....

— Perséfone pare. Ele não vai descobrir, ninguém sabe desta mansão além de você. E você também está sendo muito corajosa a ajudando. Ambas estamos.

Perséfone sorriu fraco, tentando acreditar nas palavras de Atena. A sua preocupação era visível e sua coragem também. Atena estava protegendo a mãe dela de Zeus, ou até mesmo de todos os deuses. Eles temiam a Zeus. Então fariam oque ele quisesse.

Tudo ficou escuro diante dos olhos dela. Ela não viu mais as crianças nem as deusas. E quando se deu conta, estava novamente naquela vasta escuridão, mas os cenários ainda estavam presentes. Era como se cada cenário tivesse um tempo, e o dela já havia acabado naquele cenário.

Ela devia seguir para o próximo, e oque ela acabara de ver havia sumido, mas ela conseguia se lembrar de cada detalhe daquele dia. Lembrava de passar o dia com Darcel, lembrava de dormir nos braços de sua mãe, todos os detalhes apareceram como um soco no estômago. Tudo que se passou naquele dia veio a sua mente como se nunca tivesse saído.

— Este deve ser o próximo.

Mais um cenário, outra memória perdida. Ela mergulhou nele de cabeça rapidamente.

E conforme sua visão se ajustava, ela pode ver que estava em um jardim. E nele estavam Darcel, a garotinha que pensava ser ela, Ravi e Yvaine.

Todos pareciam ter 9 anos. E ela pensava que eles não estavam na casa de Atena. Parecia ser a mansão de Hades. Isso pelo jardim em tons de cinza, o gramado negro, e rochas por toda a parte.

O pequeno Ravi estava tentando fazer um arco e flecha com sua magia, mas não estava dando muito certo. Araceli o ajudava enquanto Darcel ria de seus fracassos.

A pequena Araceli reclamava com ele e com isso Yvaine nervosamente se aproximava de Ravi. Com o rosto brilhando um pouco, Ravi arrancou uma pequena flor que estava na grama negra e entregou a Yvaine. A pequena corou, e a pega timidamente.

— Eu sabia, Yvaine gosta de Ravi, sempre gostou dele. — Disse Alana para si mesma sorrindo.

Mas, nas memórias, nem sempre eles estávam em um jardim. Neste também estávam em um tipo de arena, uma pequena, os quatro estávam treinando suas habilidades.

Alana lembrou que sua mãe pulou da arquibancada preocupada quando um de seus raios atingiu Darcel. Ele se levantou como se nada tivesse acontecido e cruzou os braços alegando que não tinha doido nada. Mas quando Afrodite chegou na arena ele correu pros braços dela chorando. Alana lembrou que riu bastante naquele dia.

Finalmente, o último cenário. Ela estava de frente para ele. Ele refletia o rosto de um velho, um homem bonito, mas pelo qual não se lembrava.

Alana: ( Vamos Alana, não é hora de temer. )

Segurando a respiração e sem nenhum motivo aparente para fazer tal coisa, Alana mergulhou contra o cenário a sua frente.

Após um clarão forte, ela se viu jogada em um sofá enorme. Aquele quarto era o quarto de sua mãe, lembrava bem dele, graças as outras memórias recuperadas.

Ela se levantou do sofá e quando andou mais um pouquinho, avistou quatros pirralhos brincando perto da cama.

— Um dia eu vou ser um grande deus assim como meu pai. — Afirmou Ravi fazendo um gesto de arco e flecha.

— Não seja bobo Ravi, você não pode ser um deus você é metade mortal esqueceu? — Lembrou Darcel revirando os olhos. Ravi murchou e senta no chão lentamente. Darcel parecia gostar de destruir sonhos, mas também não parecia fazer de propósito.

— Ah mas você não precisa ficar triste Ravi! Você pode ser um semi-deus invejável, o mais forte do Olimpo. E eu vou estar ao seu lado também. Vou ser sua guarda costas pessoal! — Exclamou Yvaine sorrindo com as bochechas coradas e os olhinhos brilhando. Ravi abriu o maior sorriso que já viram, os olhos brilhando assim como os de Yvaine.

— Idiotas. — Resmungou Darcel. A pequena Araceli, jogou um travesseiro nele com tanta força que por pouco ele não caiu da cama.

— Ficou maluca?!

— Deixa de ser chato Darcel. — Ela pôs língua para ele. E ele pôs língua para ela também.

— Não briguem gente, se não as tias não vão deixar a gente ir para o festival hoje. — Lembrou Ravi com medo das deusas entrarem no quarto a qualquer momento para os por de castigo.

— Para de falar no festival, você sabe que Araceli não pode ir, não fique a lembrando. — Repreendeu Darcel. Ravi tapou a boca na hora com os olhos arregalados.

— Ah! Eu tinha... esquecido.

Seria extremamente perigoso se Afrodite e Araceli saíssem de onde estavam escondidas. Elas eram procuradas, e se alguém as visse? Avisaria a Zeus prontamente, e ele tomaria as piores decisões sobre o destino de Araceli.

Contudo, Araceli estava com um sorriso travesso no rosto, ela não parecia triste por não ir ao festival mais lindo do Olimpo.

Darcel a olhou com dúvida.

— Por que está rindo? — Indagou Darcel. Alana se ajeitou e abraçou uma almofada.

— Eu vou ir no festival. — Sorriu ela com os olhos fechados. Todos a olharam com dúvida.

— Como assim Araceli? — Indagou Um Yvaine — Oque está tramando.

Alana: Eu vou fugir. — Ela respondeu como se fosse uma boa e esperta decisão.

— Está doida? Se pegarem você já era, e tenho certeza que sua mãe vai brigar muito. — Disse Darcel agarrando uma almofada também.

— Ela não vai saber, e vocês não vão contar. Eu nunca vi o Olimpo, nunca vi as belezas deste lugar, eu sempre estou presa aqui. E minha mãe disse que já sou uma mocinha e sou esperta.

— Não sei se é uma boa idéia Araceli. Não quero que se machuque. — Murmurou Yvaine temerosa.

— Mas eu não vou me machucar eu prometo! Eu só iria aproveitar um pouco, por favor meus amigos façam isso por mim. — Ela pediu já esperando um sim deles. Ela fazia uma cara de pobre coitada, e entonava a voz de um jeito manipulador. Ela não iria desistir de ir ao festival, e eles sabiam disso.

Darcel suspirou.

— Dois de nós vão ter que ficar aqui e dar cobertura a Araceli. — Ele diz e Ravi e Yvaine o olham espantados.

Até mesmo Alana o fez. Ele estava mesmo disposto a aceitar a idéia dela?

Darcel: Oque? Parem de me olhar assim, sabem que não consigo negar nada a ela. — Ele cruzou os bracinhos. Alana sorriu um pouco corada.

Yvaine: Não está falando sério está?

Ravi: É arriscado demais...

Darcel: Eu sei, eu sei. E não quero fazer isso tanto quanto vocês. Mas vamos confiar nela, Araceli não é burra.

Alana: Eu vou tomar cuidado. Eu prometo pessoal. — Ravi e Yvaine se olharam por um tempo. Parecia que estavam conversando por telepatia, como se um lessem os pensamentos um do outro.

Depois eles assentiram.

Yvaine: Eu e o Ravi vamos ficar aqui para te dar cobertura, enquanto isso o Darcel e você podem se divertir um pouco. — Alana abriu um sorriso de orelha a orelha e pulou da cama para abraçar seus amigos. Eles abriram mão de ir ao mais lindo festival dos deuses, para que ela podesse se divertir. Eles eram um presente que ela amava muito. Eram presentes divinos!

Alana viu a cena das crianças se abraçando. Mas algo nela dizia que não iria acabar bem. Que nada de bom iria vir desse tal festival.

E seu pressentimento estava certo. Infelizmente.

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