EFEITO

EFEITO

Capítulo 01

Droga!

Meu café, meu pobre dinheirinho gasto naquele momento era apenas uma mancha no chão, após o baque em meu ombro que fez o copo voar longe devido a forma brusca do impacto.

Quem diabos seria tão desatenta ao ponto de causar tamanho desperdício?

Virei com raiva para encarar a pessoa que esbarrou em mim, mas por incrível que pareça ela sequer havia parado para avaliar a situação ou pedir desculpas, já saía na calçada com seus longos cabelos sendo jogados de um lado para o outro. Observei que usava roupa de academia, era uma mulher e parecia falar ao telefone enquanto carregava o próprio copo de café — intacto por sinal.

A única com prejuízo havia sido eu, mas como não sou a pessoa mais ajuizada do mundo e sendo a mais financeiramente fodida possível, saí a passos largos seguindo a estranha mal educada.

— Ei, você aí! — chamei alto o suficiente para que boa parte das pessoas que passavam na calçada me olhassem estranho, mas a responsável pelo desastre continuou andando e falando no celular até parar ao lado de um carro. E que carro! — Ô bonitinha! — continuei e ela finalmente pareceu ouvir.

A mulher que já abria a porta do veículo, apoiando o celular entre o ombro e a orelha, virou o suficiente para me olhar. Me aproximei o suficiente e ela pareceu finalizar a ligação voltando toda atenção a mim.

— Falou comigo? — questionou se endireitando e só então percebi o tamanho da beldade.

A mulher era extremamente linda. Não suficiente, ela tinha um olhar afiado e gestos que deixariam qualquer um babando tamanha sensualidade. Não que estivesse sensualizando para mim, pelo contrário, ela parecia bem natural e até mesmo confusa, não entendendo o motivo de meu chamado. A estranha claramente tinha algo que atraía qualquer pessoa — não importando o sexo — eu podia sentir isso porque estava complemente encantada sem que ela tivesse feito nada.

— B-bem... — Me faltaram palavras. Ótimo, estava gaguejando e minha mente ficou em branco. Meus olhos vacilaram indo para todos os lados até parar em meu par de tênis brancos sujos pelo café, me fazendo lembrar o real motivo de estar alí. — Você esbarrou em mim lá dentro e sequer pediu desculpas.

— Não lembro de ter esbarrado em ninguém...

— Como não? — Revirei os olhos. — Você é dormente? Meu café foi todo pelo ralo! Agora tenho um par de tênis sujo e nenhum centavo pra outro café

— Ah, então é isso? — Ela abriu a porta do carro e inclinou-se deixando a bela visão da bunda inclinada que me fez desviar o olhar tentando parar de observar certos detalhes como se fosse um tarado idiota parado no meio da rua babando em uma mulher atraente.  — Aqui.

Voltei a olhar para ela que estava novamente de pé diante de mim, segurando algumas notas de dinheiro. Arqueei as sobrancelhas, colocando as mãos na cintura, olhando desde o dinheiro até a cara dela. Fiquei incrédula e ela parecia já impaciente diante da minha falta de palavras.

— É assim que você resolve as coisas? — questionei.

— Olha, estou atrasada e não tenho tempo para ficar papeando no meio da rua. — Com toda a delicadeza do mundo ela pegou minha mão e depositou o dinheiro, mas quando já ia afastar prendi seus dedos com os meus impedindo.

— Sério? Vai me pagar e fica por isso? É assim que resolve as coisas no seu mundo?

— Meu anjo, no meu mundo eu sequer estaria aqui parada te dando atenção. — Senti os dedos dela apertando os meus e de supetão puxou meu corpo para mais perto, então pegou as notas da minha mão e me empurrou de volta, logo depois afastou-se e entrou no carro me deixando de pé na calçada.

Embasbacada.

***

Mais tarde naquele dia, estava tentando me concentrar no livro que lia, mas ficava difícil quando a imagem daquela estranha me vinha em mente e toda aquela cena durante a tarde passava diante de meus olhos como um filme.

Ricos!

Bufei dando de ombros, jogando o livro encima da escrivaninha. Mais um suspiro escapando por meus lábios e logo um coque se formando no alto de minha cabeça antes de levantar e ir para cozinha procurar algo para jantar.

A geladeira estava quase vazia, mamãe não tinha recebido dinheiro ainda e eu estava desempregada. Pelo menos até segunda-feira, quando finalmente começaria em meu novo emprego como assistente em uma agência de eventos.

— Como estou? — perguntou minha mãe parando na porta da cozinha.

Desviei os olhos da geladeira para observar ela fazendo pose usando um vestido de festa.

— Para onde vai desse jeito?

— Como assim para onde, Giulia? O Mauro me convidou para conhecer aquele barzinho novo, esqueceu?

Como pude esquecer o flerte dela com nosso vizinho da frente?

Minha mãe é uma mulher de espírito jovem e parece uma adolescente sempre que está apaixonada. Com Mauro não foi diferente, ela passou a plantar rosas na frente de casa e a cuidar muito bem delas, assim observava ele que sempre estava cuidando do próprio gramado e entre um bom dia e outro, eles começaram a bater papos matinais antes do trabalho.

— Está perfeita — afirmei.

— E você? Vai mesmo ficar em casa pleno sábado a noite? Devia chamar a Jéssica para comemorar seu novo emprego.

Dei de ombros enquanto abria o armário e pegava um pacote de pão de forma.

— Não tem como comemorar a saída do desemprego, mãe. De onde vou tirar dinheiro? — falei o óbvio, lembrando que foi uma dificuldade encontrar moedas perdidas nos bolsos de minhas calças jeans para comprar o café naquela tarde.

— Jovens... não sabem se divertir sem dinheiro. — Saiu ela resmungando.

— Divirta-se! — gritei antes de ouvir a porta da frente sendo fechada.

Meu domingo passou como sempre, faxina, tédio e sono. Quando vi já era segunda e o despertador me fazia saltar da cama com o coração acelerado devido o nervosismo por ser meu primeiro dia de trabalho.

A empresa era bastante conhecida no centro da cidade e muito requisitada, pois já havia realizado cerimônias de casamento de pessoas famosas, por isso era bastante procurada. Pela primeira vez na vida eu diria que tive muita sorte, por isso temia fazer alguma coisa errada e tudo ir por água abaixo.

De início percebi que o prédio além de lindo era daqueles em que logo cedo tem muita gente disputando espaço no elevador. Me espremi entre uma moça com perfume forte e um rapaz usando mochila nas costas, dificultando ainda mais as coisas. Eu não sou claustrofóbica, mas confesso que até chegar a meu destino foi uma pequena tortura.

Na recepção do andar onde havia uma moça muito bem vestida me informei sobre onde ficava a sala de Mariana Fernandes — a abençoada que me deu aquele emprego —, mas a moça informou que tinha ordens para que eu fosse direto até a sala da CEO. Não entendi, afinal eu seria assistente da Mari, que por sinal era irmã de minha amiga Jéssica.

Ok, devo admitir que aquele emprego não era tão sorte assim, afinal tinha um dedinho, ou talvez uma mãozinha toda da minha amiga.

Com o estômago revirando, segui para a sala que a moça indicou. Eu temia que o café da manhã voltasse a qualquer momento tamanho nervosismo, me questionando o quê a CEO queria comigo.

A secretária da mulher me informou que ela já me esperava e isso colaborou com a tremedeira em minhas pernas. Dei uma leve batida em seguida girei a maçaneta, abri a porta devagar e quando meus olhos foram até a mulher do outro lado da mesa, travei alí mesmo. Era ela, a mesma desastrada extremamente linda e sexy de sábado a tarde.

Na placa sobre a mesa em letras grandes e bonitas, estava escrito: Rafaela Bianchi. E ela com seus longos cabelos jogados para o lado direito do rosto, tinha o olhar fixo nos papéis em suas mãos, até me encarar fazendo um arrepio surgir em minha espinha.

Engoli em seco quando um sorriso de canto um tanto perverso surgiu nos lábios da mulher à minha frente.

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Comments

só na bad

só na bad

CEO:Se prepara.

2023-03-30

2

só na bad

só na bad

se prepara para altas emoções

2023-03-30

1

Cheyla Péris

Cheyla Péris

iruuuuuu🔥

2023-03-12

1

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