Capítulo 19

Quando voltei a mim, eu ainda estava ofegante, ela ainda estava diante dos meus olhos e com a voz levemente preocupada, perguntava se eu estava bem.

Levei a mão aos meus olhos, estava hesitando, tinha medo de continuar encarando ela, e ser consumida por aquelee aquela expressão, pelo seu cheiro de loção barata e pelos seus lábios entre abertos.

-Liz! Você tá bem? -Bob falou, enquanto me sacudia por um dos ombros.

-Sim sim. -falei depressa, levando meus olhos aos dele.

Por um curto segundo e por falha da minha imaginação, eu a beijei, e agora estava com medo de realmente fazer isso.

-O que aconteceu? -Gord perguntou.

-Não é nada, eu só fiquei tonta por alguns segundos, eu to bem.

-Você tem certeza?

-Sim sim, talvez eu precise dormir mais um pouco. Acho que vou voltar ao meu quarto.

-Espera…-eu estava pronta para me levantar, quando a sentir agarra o meu braço - eu posso te acompanhar, se for mesmo uma tontura, você pode acabar caindo de novo.

Eu ainda evitava olhá-la, ela permanecia agachada do meu lado, enquanto eu olhava para o lado contrário, a cena continuou por mais alguns minutos, ouvi, quem parecia ser o chefe dela a gritar e mandá-la voltar ao trabalho, e a vi responder com um palavrão e mandar ele para algum lugar. Passou mais alguns segundos, Bob e Gord ainda me encaravam, enquanto ela ainda estava com as mãos no meu braço e com o rosto tomado pela preocupação.

-Acho que já está tudo bem -suspirei, tentando me desvencilhar dela.

Tinha percebido uma tensão pelo ambiente, as pessoas da mesa ao lado também me olhavam enquanto permanecíamos ali.

-Eu entendi - ela também falou, se levantou, levou as mãos a um dos bolsos do vestido e pôs a outra sobre meu ombro.

Ela estava me provocando? Ou era só coisa da minha cabeça, porque quando finalmente ela saiu e eu virei os olhos em sua direção, ela se virou a tempo e me deu outra piscadela, voltando ao que fazia.

Continuamos a nossa conversa, ela não voltou mais a nossa mesa e quando pedimos mais café, foi outra garçonete que nos atendeu, eu queria perguntar o que tinha acontecido com a outra, mas evitei pensar nela durante aqueles vagos segundos de tempo. A única coisa que não consegui fazer foi deixar de levar os olhos até o balcão de minuto a minuto. E comecei a me perguntar, qual era o nome dela.

Depois do quarto copo de café do Bob e do Gord finalmente decidir para onde íamos eu segui ao meu quarto e arrumei algumas coisas que tinha deixado nos armários, troquei as roupas da noite passada e quando estava pronta para trocar os sapatos, me dei conta de que as meias que eu usava, não eram minhas.

As minhas eram brancas, mas não tinham desenhos embaixo e nem tinham um número de telefone escrito do lado, eu a virei e a olhei de ambos os lados, pensei no número e por fim a joguei em cima da cama, voltando minha atenção ao que eu fazia.

Eu estava pronta para ir, estava usando as roupas mais simples que tinha achado nas minhas coisas, enquanto deixava a mochila pender em um dos meus braços, calcei algumas sandálias porque meu sapato tinha começado a machucar meus pés e estava pronta para fechar a porta quando meus olhos atingiram as meias em cima da cama, voltei a pensar na cinderela que tinha as deixado dentro do meu sapato quando fui os calçar e em como ela era moderna por te deixado o número para caso acabasse às perdendo.

Eu já sabia quem era, e já sabia onde encontrá-la, só não queria vê-la tão cedo, nem olhar mais uma vez em seu olhos.

Eu estava no carro, tinha deixado as chaves do quarto na recepção e esperava Bob e Gord voltarem do que quer que tinham ido fazer, me escorei mais no banco, deixei a cabeça cair de lado e vi o hotel que estava do outro lado da estrada, meus olhos o percorreram por completo até chegar a um daqueles telefones que ficam pela cidade. Não sei se tinha sido um sinal ou qualquer coisa do tipo, mas eu voltei a abrir minha bolsa e pegar aquelas meias.

Não demorou dois minutos e eu estava lá, discando os números e segurando o telefone contra o ouvido com o ombro.

Esperei alguns minutos, estava chamando, e quando atenderam, voltei a ouvir sua voz.

-Achei que não ia me ligar. -ela falou primeiro, parecia que estava sorrindo do outro lado.

-Bom, eu achei sua meia e tinha um número nela. Quem faz esse tipo de coisa?

Ela riu e eu a acompanhei na risada.

-Onde você tá?

-Eu vou embora, não posso ficar aqui pra sempre né.

-Eu queria te ver, você me ignorou no café, não foi legal da sua parte sabe, depois da noite de ontem, depois de tudo que me disse.

-O que eu te disse!!?

-Ah, nada de mais, primeiro eu até me assustei quando você apareceu no meu quarto achando que era o seu, você chorou, contou uma história triste da sua avó, eu acho que você estava bêbada.

-Mas eu nem bebi.

-E o que todos dizem, só se não se enganou de quarto atoa não é? - senti seu sorriso malicioso do outro lado.

-Eu não lembro de nada da noite passada, meu deus, acho que estou ficando louca.

-Não se preocupe, eu não fiz nada com você ... não até você começar.

-O que eu fiz?

-Você me agarrou, estava carente e tudo mais, eu nunca tinha feito isso com outra mulher, mas você até que sabe o que faz.

-Eu vou enfiar minha cabeça na terra e depois morrer, eu não estava bem.

-Bom, posso te ver agora? Antes de você ir?

-Não, acho melhor não…

-Mas porque? E como vai devolver minha meia?

-AH, você não presta não é? Fez isso de propósito?

-Você ainda se pergunta?

-Tá, eu te espero no carro, o vermelho do outro lado da estrada.

Ela sorriu antes de desligar e eu voltei ao carro…

Continua…

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