...Quinta-feira...
... Um dia antes do fim...
Eu dormi pouco e quando acordei ainda meio sonolenta foi por causa das batidas repetidas e apressadas a minha porta. Quem será que era? Não tínhamos entrevistas tão cedo então o que estava acontecendo?
Quando finalmente me dei conta as batidas vinham do outro lado da parede, não era comigo e sim com o Gord, e quando percebi fui de imediato enviar um bilhete pro Bob.
Não demorou muito pra ele responder e quando o fez com poucas palavras tratou de enviar outra coisa junto do bilhete.
^^^"Vai ficar tudo bem, isso significa que está dando certo e que as coisas já começaram, fique preparada." ^^^
Junto do bilhete tinha um pequeno frasco com um líquido verde, e ao redor dele uma fita branca escrito:
^^^"Sangue de lobisomem" ^^^
Ao ler aquelas palavras a única coisa que consegui expressar foi um sorriso bobo e desesperado. O que aquilo significava?
Aquela ideia rodeou minha cabeça durante horas, a entrevista não tinha começado ainda e nem ia começar, seria mais um dia sem ver os doutores, hoje seria o dia do doutor S, outro dia de torturas e dor, e no fim o tratamento, isso foi mais uma vez interrompido, mais alguém havia morrido ( ou pelo menos fingido uma morte ) logo teríamos mais um dia livre.
Depois de me perguntar. Eu ouvi outra vez as batidas na parede anunciando mais um bilhete.
^^^"Faz algum tempo que eu suspeito, e essa evidência me fez ter plena certeza do que está acontecendo por aqui, com certeza você já deve ter ouvido alguma história sobre um ser lendário que é descrito como um humano capaz de se transformar em lobo ou em algo semelhante a um lobo em noites de lua cheia. Todos já ouviram e elas eram famosas na minha cidade. Quando eu tinha três anos, minha mãe morreu, com sete eu perdi o meu pai e aos doze meus irmãos, como isso aconteceu, eu não me lembro, só lembro de uma noite chuvosa, lembro de gritos, lembro de uivos e lembro daquela enorme lua brilhante que naquela noite estava linda aos meus olhos. Depois disso eu os encontrei mortos, me torturei em meio a vários pensamentos ruins até que no dia seguinte vim parar aqui. Talvez você não esteja entendendo mas… por que eu me regenero rápido? Por que ainda consigo suportar tais torturas? Porque toda noite uma voz grita ao meu ouvido me acordando? …^^^
^^^Bom… eu não sei, e durante todo esse tempo aqui eu evitei a lua, a culpava pela minha dor e assim me recolhia. Mas hoje não, vou fazer com que eles me levem ao banheiro, lá tem janelas e hoje é noite de lua cheia. esse é o meu plano. "^^^
Depois que terminei de ler procurei a cama, me sentei nela e enquanto voltava os meus olhos à algumas palavras voltava também à aquela noite, eu queria muito esquecer aquela noite,mas que droga tudo ao meu redor me fazia retornar a ela, cena por cena, como os frames de um filme antigo. E foi no meio desse devaneio entre o meu passado e o presente que as dúvidas também começaram a martelar a minha cabeça.
E se eu também fosse um lob…. Não, essa ideia era ridícula, não tinha sido eu a matar minha família, foram eles. E eu tinha que falar isso ao bob, ele não podia continuar com essa esperança boba e desleixada, acreditar em mitos, lendas, não fazia nenhum sentido.
Eu estava pronta para escrever um bilhete quando ouvi o Gord se trazido de volta a sua sala, ouvir ele gritar alguns xingamentos para quem o tinha trazido e no fim a porta ser fechada. Depois de alguns minutos ele bateu na parede e passou um bilhete pelo pequeno buraco.
Eu não queria lê-lo, não queria invadir a privacidade dos dois, mas naquela hora fui obrigada a abri-lo e quando percorri meus olhos por aquelas letras tortas e apressadas, pra minha surpresa o bilhete dessa vez era pra mim, gord nunca tinha mandado um bilhete diretamente pra mim. Estava escrito:
^^^"Não sei por que ele insiste nessa ideia tola e sem sentido, na real sentido até tem, mas também me recuso a acreditar que minha vida foi uma mentira, que eu matei os meus pais em um momento de loucura por que uma fera interna saiu descontrolada. Qualquer outra história seria melhor do que essa possibilidade. Mas… bom, não quero acabar com as esperanças dele, também quero acreditar em alguma coisa e estou cansado desse lugar. Não sei se ele já te contou mas os pacientes estão todos se suicidado e é daí que vem a fartura de carne… ^^^
^^^Enfim, não o pare, ele também está cansado desse lugar…"^^^
^^^Ass: Gord^^^
Depois de ler aquilo a única coisa que pude fazer foi correr até a pia e deixar tudo sair, vomitei duas, três, quatro vezes até minha garganta doer e eu me sentir tonta, durante todo esse tempo nos alimentando com carne hu…arff vomitei uma última vez, limpei a boca e fui aos meus cadernos. Não queria mais continuar ali, e se existia uma esperança além da automorte eu iria acreditar nela.
Escrevi um bilhete ao bob, devolvi o frasco, e esperei até a hora que ele me indicou em outro bilhete. No bilhete que eu tinha escrito, estava a minha história, o que tinha acontecido naquele dia, eu queria que ele soubesse que podia dar errado, e que provavelmente não tinha sido nós a matar nossos pais. Mas em nenhum momento eu o desmotivei.
A tarde foi longa, cada hora que se passava parecia mais eterna que a próxima. Todos os quartos tem um relógio na parede, no alto, sempre perdendo de um lado pro outro, pra sabermos quando acordar e dormir.
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Atualizado até capítulo 26
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