Capítulo 16

Continua…

Podem ter passado horas, minutos, segundos ou até dias, eu não sabia, sentia meu corpo dormente e meus olhos ainda pesados, passou-se mais alguns segundos ou minutos, ainda não dava para saber, mas meus olhos não estavam mais tão pesados e sentia minha barriga gelada como se eu estivesse sobre uma mesa de metal, eu fiz um esforço, consegui mexer meus braços e bater em alguma coisa, algo caiu, o barulho ecoou pelos meus ouvidos junto da voz que veio logo em seguida.

-Ela está acordando.

Abri meus olhos, sentir meu rosto também prensado sobre a mesa gelada e tentei me virar, mas não consegui, estava de bruços, estirada sobre a mesma superfície de antes e sentindo um peso enorme sobre minhas costas, tentei me virar de novo, mas nada, foi nessa terceira tentativa que vi o enorme espelho a minha frente e nele refletida uma imagem que no mesmo instante me fez tremer e quase desmaia com a dor.

As duas estavam ali, com as mãos cheias de instrumentos prateadas e com os olhos fixos a minha costa, eu vi, algo percorreu meu corpo e meus pés se encolheram se dobrando com toda aquela sensação, meus braços torceram, eu queira tirar aquela dor de mim e esquecer aquela imagem, minha boca sangrou, mordi os meus lábios, mas a dor continuava, a sensação me percorria e me eletrizava, tinha algum tipo de coceira me percorrendo, um tipo de sensação angustiante e paralisante, eu chorei, instintivamente queria me encolher e me abraçar mas a tentativa só aumentava a dor, foi quando olhei de novo para o espelho e vi meu antigo corpo se desfalecendo de dor e sendo devorado lentamente pela agonia que me tomava, eu ainda chorava, no meio dos suspiros e gritos que eram interrompidos ouvia elas rirem e se divertirem. "Eu fui uma idiota".

Vi minhas costas abertas como um livro, as folhas escancaradas com duas curiosas com os olhos bem atentos querendo ver o que tinha dentro, mexendo e me fazendo sentir cada dor que era possível, até elas acharem um ponto específico, puxarem e sem tempo nem reação minha mente se desfalece por completo.

Passou mais algum tempo antes de eu enfim acordar, dessa vez eu estava de barriga para cima, minhas costas ainda doíam. Eu tentei me erguer de novo, mas não consegui, o máximo que eu podia fazer era levantar os olhos, e foi o que fiz, meu corpo todo estava costurado e minhas roupas cortadas em quase todos os lugares, eu voltei a chorar, voltei a me sentir tão impotente como uma criança e solucei no meio das lágrima, eu estava vivendo o mesmo pesadelo e a dor me fazia querer acordar de todo aquele terror. Eu expirei, tentando pegar ar o suficiente e depois inspirei jogando tudo de vez pra fora junto do choro e dos soluços. Elas não estavam por perto, a sala tinha voltado a escuridão e ao silêncio, sendo audível apenas o meu choro e os suspiros, e foi aí, perto da morte da minha consciência que eu ouvi, bem perto de mim, outro suspirar, quente e alto, meus olhos foram de imediato mais uma vez ao redor, me sacudi temendo que alguém estivesse me observando e sentir algum tipo de frio na espinha quando enfim ouvi a voz que saiu do nada.

-Você está perdida, não devia ficar confiando tanto nas pessoas - a voz era firme e no instante em que a ouvi foi como ser transportada para outro lugar.

Eu estava em um bar, cansada, com a cabeça sobre o balcão e um copo à minha frente, era o décimo, meus olhos estavam fechados e o meus ouvidos fixos ao barulho que os bêbados no fundo faziam, até eu ouvi aquela voz, era como se ele estivesse sentado ao meu lado, um homem másculo, com o físico natural e envolto por algum tipo de terno de executivo, ele também bebia, levando o copo à boca de minuto a minuto, era como se ele sempre estivesse ali, ao meu lado, bebendo comigo e me vendo sofrer naquele estado embriagado, e até agora eu ainda não o tinha percebido, até ele enfim falar comigo. A partir daquele momento e daquela imagem que se fixou em minha mente, eu tive certeza de que a voz não vinha do ambiente onde eu estava, na verdade não vinha de lugar nenhum, ela estava em mim, vindo do nada e chegando aos meus ouvidos.

-Quem é você? - falei, voltando ao bar, mas sem olhar para ele.

-Eu? Bem, sou um amigo. Sempre estive ao seu lado, então acho que sou um amigo. -ele falou, parecia que tinha acabado de levar o copo à boca e suspirou morno.

-Amigo?

Senti que ele tinha se virado e agora com os cotovelos escorados no balcão olhava fixamente a porta - Sim e como todo bom amigo, eu estou aqui pra te ajudar

-Ajudar? - era tudo que eu conseguia dizer, me sentia em um estado de êxtase e sonolência extrema, como se a qualquer momento eu fosse cair.

-Sim, somos amigos, então….aceita minha ajuda? - Senti que ele tinha começado a passar os dedos entre meu cabelo, e estava fixo a mim.

-No que vai me ajudar? -Mais uma vez a sonolência tomava conta de mim

-A matar todos que você odeia- foi o que eu ouvi, minha cabeça rodou e tentei me erguer o mais rápido possível para ver o seu rosto, mas tudo que eu vi foi o pequeno sorriso se formar em seu lábios, tudo antes de eu cair dormindo

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