Capítulo 3

1 ... 2... 3 ... 4...eu estava contando os segundos pra sair daquela sala, mas ele ainda diante de mim impassível como em todas as vezes continuava com suas perguntas insistindo em algo que eu estava cansada de contar...

- Então... isso é tudo o que tem a dizer .. Srt. Lisa?

- Eu disse tudo que consigo lembrar.

- Essa história que você conta todas as vezes, isso é tudo de que se lembra? - ele dizia com uma expressão irônica e debochada como se a qualquer momento fosse rir da minha cara.

- O que mais você quer ouvir?! -eu o respondia.

- Bom ... você alega que seus pais foram assassinados, mas nunca encontramos os seus corpos, alega essa misteriosa família, mas não existe nada sobre eles nos registros, fala sobre uma casa misterioso, mas nunca o achamos no mapa. Quer que eu acredite na fantasia de uma garota de 16 anos?

- Tudo isso ... aconteceu mesmo...

- Até quando vai insistir nessa história, estamos tentando te ajudar aqui Lisa, e a sua irmã…?

-Eu não sei o que aconteceu com ela -ele me olhava fixamente enquanto parecia brincar com seus pensamentos e hipóteses esperando uma resposta, e quando não tinha, a entrevista terminava, ele suspirava e depois de levar a mão ao rosto falava -… tirem-na da minha frente.

Aonde eu estou?

Já estou aqui a alguns meses, e ainda não sei exatamente onde é aqui, e como eu vim parar aqui, mas todos os dias sou trazida para essa sala de interrogatório e sou submetida às mesmas perguntas, e sou forçada a respondê-las, porém, em todas as vezes a minha resposta nunca os agrada, eles perguntam coisas sobre o meu passado, sobre as pessoas que vi naquela noite, e o que aconteceu depois, mas a única coisa de que me lembro é só daquela viagem. O que aconteceu antes daquilo e depois daquilo foi tirado de mim, mas eles nunca acreditam, e quando isso acontece, quando eu não satisfaço as dúvidas deles, eu sou levada pra sala de tratamento, uma sala gerenciada por duas mulheres, eu nunca vejo seus rostos, mas sei que elas são duas senhoras.

A sala de tratamento não é tão ruim, um dos únicos momentos do dia em que me sinto preste a fugir desse lugar. Lá sou submetida a tratamento por choque e cirurgias ... sou quase como uma cobaia pra experimentos... eles me amarraram, e começam a mexer em todo o meu corpo...

O objetivo disso? - Eu ainda não descobri, mas acho que tem alguma relação com minha memória. Também temos uma outra sala, a que fica do lado da cozinha, poucas pessoas vão até lá e voltam, quantas já voltaram ? ...hmm nenhuma...não que eu saiba.

Depois disso tudo, eu volto ao meu quarto, um cômodo pequeno com cama, pia, mesa, cadeira, e cadernos. Somos (sim "somos", não sou a única aqui, aonde quer que seja aqui) designados a dormir às nove da noite, mas eu não consigo pegar no sono antes das doze e passo todo esse tempo escrevendo e pensando, às vezes revivo aquele dia, com cada gota de detalhe e sentimento e nesses dias eu nem sou capaz de dormir.

Acho que faz exatamente seis meses que estou aqui, mas vamos começar pela primeira semana de novembro, a semana atual

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