À noite, Miguel e Jane assistiram à missa e assim que terminou, foram cumprimentados pelo padre e as pessoas presentes no local. Jane também reencontrou Ana, do brechó e França com a família.
Tudo transcorria normalmente quando num dado momento uma adolescente se aproximou.
— Oi, Jane! Estava doida para conversar com você...
Jane a reconheceu. Era Cecília, a filha de França.
— Olá, Cecília! Que bom revê-la! Lembro de você no meu casamento. Como vai?
— Estou bem! — Ela sorriu com simpatia. — Pena que ainda não tive tempo de visitá-la ainda...
— Por que não?
— Ah, por que cuido da casa de manhã e à tarde vou pra escola. Estou terminando o ensino médio!
— Entendo... Quando tiver um tempo, aparece lá. É sempre bom ter uma companhia pra conversar.
A menina aquiesceu e tomada de coragem olhou para os lados. Baixou o tom da voz e falou quase ao ouvido de Jane.
— Olha, eu sei sobre... O seu casamento... De mentirinha!
Jane pegou um susto.
— Meu Deus!
Cecília confidenciou:
— Não se preocupe! Eu não vou contar pra ninguém... Só acho estranho...
Jane reparou que Miguel olhava para as duas com desconfiança. Ele falava com outras pessoas, mas de longe, observava.
— Como descobriu? — Perguntou com curiosidade.
— Ouvi a minha mãe comentando esse assunto com o meu pai e sabe de uma coisa? Acredito em você! Não tem jeito de vigarista.
Jane ficou emocionada ao ouvir o que ela falou.
— Queria que Miguel pensasse assim... — Falou desanimada.
Os olhos de Cecília brilharam.
— O dia que eu aparecer por lá, você pode me contar o que aconteceu mesmo?
— Sim, com todo prazer! —Elas se olhavam em cumplicidade quando Miguel veio.
— Vamos, Jane, que preciso conversar com você.
Eles, então, despediram-se de Cecília. Jane teve a intuição que aquela garota a ajudaria a sair da ilha. Se tivessem outra oportunidade pediria a sua ajuda.
No caminho para casa, os dois andavam lado a lado em direção à casa.
A capela ficava apenas um km de distância de onde Miguel morava.
Inesperadamente, ele a tirou dos seus pensamentos ao fazer um convite.
— Jane, gostaria de mostrar alguns lugares naturais próximos ao vilarejo pra você amanhã, que tal?
Ela não esperava por aquele convite. Notou que a visita do padre de manhã tinha a ver com a mudança de atitude dele.
A sua vontade era recusar, no entanto estava com tanta vontade de conhecer algumas das belezas paradisíacas da região que concordou logo.
— Legal! Que horas podemos ir?—
Miguel estava incerto se seria bom saírem juntos. Assustava-se com a possibilidade de ficarem mais chegados. Especialmente que estava começando a se sentir atraído por ela.
— Ahn...Após o café. Não fique demorando. — Ele simulou irritação.
Ela respondeu de imediato:
— Chato!
No dia seguinte, Jane estava numa embarcação a motor, enquanto Miguel, com orgulho , mostrava as paisagens cercadas por um interessante volume de água.
Por onde passavam, ela observava a rotina pitoresca dos moradores da cidadezinha. Crianças que moravam à beira da maré, mergulhavam felizes em um tempo que a tecnologia avançava em passos lentos.
Eles acenavam para o casal e Jane correspondia com um sorriso alegre no rosto. Em poucos minutos adentravam para o mangue.
Jane suspirava ao ver cardumes de peixes a todo momento. A maré era contida por uma vastidão de lodo com buracos. De lá surgiam os caranguejos , que passeavam pra lá e pra cá.
Entretanto o que a emocionou mesmo foram os pontinhos vermelhos nas emaranhadas árvores.
Aproximando mais, notou que eram os encantadores guarás, aves exóticas com suas penagens vermelhas.
Eles voavam em bandos e mostravam a exuberância e riqueza da fauna brasileira.
Ela sorriu de um jeito que mexia com os sentidos de Miguel. Olhá-la tão descontraída o atraia e simultaneamente o amendrontava.
Preferia o único sentimento que abrigava a pouco menos de cinco semanas atrás. O ódio.
Naquele momento, porém, desejava apenas tocá-la.
De repente se lembrou de uma área pouco explorada e com agua doce límpida e verde. Era uma lagoa.
Ele encostou o barco em um certo trecho e amarrou-o a um toco de madeira. Saíram.
Miguel pegou sua espingarda e com olhos atentos se embrenharam na mata. Meia hora depois, Jane mais uma vez estava sorridente com mais uma bela paisagem.
— Ah, Miguel, não posso voltar sem antes tomar um banho nessa belezinha.
Miguel engoliu em seco e sabia o porquê.
— Você vai tomar banho com as roupas do corpo, né?
— Sim e prometo ser rápida. — Ela estava ansiosa.
Jane soltou a sacola feita da fibra da folha de buriti, (Que era uma fruta com sabor inigualável, vermelha que apresentava uma polpa de cor alaranjada.) e deixou-a próxima à uma árvore. Em poucos segundos depois se jogou na água.
Miguel evitou olhá-la , deixou a arma de lado e sentou-se à sombra da árvore. Pegou o canivete do bolso e um pedaço de galho. Enquanto esculpia algo, ouvia o cantarolar de Jane. Pela primeira vez, a voz dela não lhe pareceu irritante.
Procurou analisar repetidas vezes os argumentos dela sobre a dívida. Ou ela era uma habilidosa usurpadora, ou uma vítima inocente.
Tinha que investigar mais a fundo.
Alguns minutos se passavam e ela nadava. Miguel resolveu encostar a cabeça no tronco da árvore e pegando o chapéu de palha que estava em sua cabeça, cobriu o rosto.
Era uma tentativa frustrada de não admirar a mulher, que como um ser lendário de Marajó, chamava-o para o fundo das águas cristalinas.
Ele ficou assim, até que o que menos imaginava aconteceu.
Jane havia saído das águas. Torcendo o cabelo para tirar o excesso de água, notou que Miguel estava descansando.
Ela aproveitou para retirar a roupa molhada. Só depois que ficou nua foi que lembrou que a sacola com as suas coisas, havia virado uma espécie de travesseiro para Miguel. Normalmente não tinha vergonha de ficar sem roupa na frente de alguém, mas Miguel era diferente.
Mesmo assim, disfarçando o incômodo, pigarreou para limpar a garganta. Aproximou -se do homem à sua frente e falou.
— Pode emprestar minha sacola, por favor?
Miguel descobriu a face. Ao olhar para a dona do inusitado pedido, arregalou os olhos e o queixo caiu.
Definitivamente aquela aparição diante de seus olhos, causou-lhe "um estrago" sem volta.
Sem poder evitar, os olhos dele desceram para os seios arredondados de Jane, que pelo frio estavam intumescidos. Descendo mais foi atraído pelo triângulo com pelos aparados e ralos, enquanto próximo à virilha, uma tatuagem de um beija flor com o bico em uma rosa, fascinava-o.
Ele pegou a sacola de debaixo de sua cabeça e sem tirar os olhos dela, esticou o braço para entregar, mas assim que Jane estendeu a mão, Miguel puxou de volta e escondeu a sacola atrás de si. Disse, maliciosamente:
— Vem pegar!
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Atualizado até capítulo 92
Comments
Kiara Kerolim
fogo no parque 😹😹
2024-12-29
0
Nicole Rossales
eita
2024-08-20
3
Sabrina Rossi Wilhelm
agora finalmente ele vai descobrir a verdade porque não investigou antes
2024-08-20
0