UMA PEQUENA VINGANÇA

Jane acordou cedo para perguntar à França, sobre os valores que as pessoas pagavam pelos serviços domésticos.

Ficou desanimada ao saber que era tão pouco. Pelos cálculos dela, teria que trabalhar uns três anos para pagar tudo o que a prima devia.

— Ai, que ódio! Isso não vai ficar assim! — Ela gritou, exaltada. — Miguel! Miguel!

Saiu, marchando, cega de raiva.

Ele estava parado, pensativo em frente à casa, espreguiçando-se.

Ela o tirou do seu momento de paz.

— Ah, aí está você! — Ela olhava fixamente para ele, zangada.

— O que é, mulher? — Ele perguntou, estranhando a raiva dela de manhã cedo.

— Não vou aceitar trabalhar feito louca pra ganhar uma "merreca"!

— É o que se paga aqui...

— Errado! Tem que pagar preço justo! Não posso ficar três anos neste fim de mundo!

Ele ficou ofendido e de súbito, agarrou-a e puxou-a para si. Ele bufava de raiva.

Jane o desafiava, mesmo incomodada com o aperto das mãos dele em seus braços e o corpo roçando no seu.

— Fim de mundo, é? Devia ter pensado melhor antes de passar a perna num homem mais velho! Pensa que não percebi a sua cara de decepção ao ver que o meu pai não era rico? Você é uma golpista assassina!

Ao dizer isso, soltou-a.

— Você nunca vai acreditar em mim, né? Não ligo pra suas acusações. Quando eu provar a minha inocência, só vou aceitar o seu perdão se você se arrastar aos meus pés!

— Agora vai dar uma de vítima pra cima de mim? Me poupe das suas mentiras!

— Então tá bom... Já que insiste em tornar a minha vida um tormento, vou dar o troco também!

— Você não me provoque, Jane! Estou sendo bem paciente com você! Tem que me obedecer!

— Eu? Nem morta! Não vou me dobrar a você e custe o que custar, vou sair daqui!

— Pois eu quero é ver! — Ele falou com indiferença.

— É mesmo? Então, queridinho, você vai ver do que sou capaz, seu bruto insolente!

Ele viu Jane saindo furiosa.

Estava começando a gostar de vê-la zangada. O rebolado dela, ao caminhar ficava mais evidente.

Ia atormentá-la mais ainda.

Sentia-se o gato, brincando com o rato, antes de devorá-lo.

No quarto, Jane estava com os nervos à flor da pele com o seu sequestrador.

Tinha certeza que ele era um psicopata obsessivo.

Se não fosse tão tolo, já entenderia que ela era inocente.

Sentou -se na cama e pensou numa forma de se livrar primeiro dos cúmplices dele. Lembrou -se que ia ao rio lavar o cabelo. Então, veio- lhe uma ideia louca na mente. Esboçou um sorriso vingativo e quando, minutos depois França bateu na porta, ela já estava de prontidão.

— Jane, os rapazes já chegaram.

— Tô indo!

Ela pegou os produtos que precisava e acompanhou os seus vigias. A despeito do semblante carrancudo deles, cantarolava pelo caminho já tramando algo para irritar o tirano Miguel e, ao mesmo tempo, não ser tão importunada por eles.

Os homens a levaram a um rio que era de encher os olhos de emoção de tão límpido que era.

( Imagem meramente ilustrativa. )

O lugar era longe da casa, mas valia a pena.

Juca disse:

— Vamos ficar de costas. Continue a cantar e fique na beirinha. Só assim vamos ficar sabendo que está por perto. Nada de nos enganar!

— Certo, sem problema. — Ela escolheu o seu melhor "sorriso falso".

— Pode começar a cantar.

Eles se viraram respeitosamente.

Jane começou a tirar a roupa. Lembrou da sua infância. Amava tomar banho de rio. Pegou um balde d'água e, cantarolando, lavou o cabelo em terra firme para não poluir o rio com a espuma do xampu. E com idas e vindas para pegar a água, foi limpando detidamente o corpo, retirando toda a sujeira e depois disso, pôs o balde no chão e desceu para o rio.

Queria dar umas braçadas antes de ir embora. Todo o tempo ficou cantando, mas como tinha planejado, queria deixar a vida de Miguel bem atormentada, então se calou.

Ela parou na beira do rio, com a cabeça virada para Juca e Manoel, de um jeito debochado.

Os dois, primeiro se olharam e hesitantes, viraram-se em direção a ela.

Jane queria ver a reação deles ao vê-la nua.

Os dois arregalaram os olhos e ficaram como estátuas, estupefatos com a ousadia dela.

Jane soltou uma gargalhada divertida ao ver o seu feito, então mergulhou e apareceu a uns metros de distância. Nadava e cantava. Os homens viraram de novo, apavorados em ter que dizer o que a esposa fizera.

Quando Miguel chegou da roça, antes de o sol se pôr, os homens estavam de prontidão na frente da casa, envergonhados.

— Monteiro, temos uma coisa... Bem temos que dizer... — Manoel não encontrava palavras.

— Que droga, desembuchem! — Miguel imaginava que a golpista já tinha aprontado. — O que ela fez dessa vez?

Os homens não conseguiam falar.

— Vamos, vocês conseguem... Ela sumiu outra vez?

— Não... Ela no rio... Se comportou de forma constrangedora...

— Escuta aqui: sejam mais claro!

Juca, engolindo em seco, disse:

— Ela fez questão de mostrar que estava tomando banho nua e acabamos vendo...

Miguel tentou montar a cena em sua cabeça. Bem, ela fez questão de tomar banho nua no rio para seduzir os seus homens.

Sentiu uma fúria incontrolável.

Lembrando de um refrão do forró sobre "trair o marido em plena lua de mel", gritou:

— Não precisam dizer mais nada! Agora deem o fora daqui!

Os homens saíram, amedrontados.

Ele entrou e disse pra França que estava lavando a louça:

— Pode ir agora! Quero falar com aquela "traidora"!

A mulher nem argumentou. Deixou a louça na pia e saiu rapidamente.

Jane estava em sua cama, fazendo algumas anotações no bloco. Assustou- se quando Miguel entrou com violência no seu quarto.

( Imagem meramente ilustrativa. )

— O que você fez lá no rio? — Ele aproximou-se como a uma fera prestes a lutar.

— Nada de mais... — Falou com inocência.

— Não me venha com mentiras! Por que ficou nua na frente do Juca e do Manoel?

— Eu tomo banho nua. Além disso, como vou molhar o meu vestido, se tenho só três?

— Ah! Então é esse o problema? Ok, Jane, amanhã mesmo resolveremos esse problema, só que antes, você vai me pagar por me desobedecer e tentar seduzir os meus empregados!

Então ele, entre a excitação e a raiva, avançou pra cima dela e mobilizando-a com o corpo, beijou-a com sofreguidão.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***