Naquela mesma tarde pôde observá-lo enquanto dava ordens e andava de um lado para outro. A sua roupa em tons escuros dava um ar de poder e destaque, parecia um corvo vestido daquele jeito. Ele era estranho… diferente — corrigir-se, apesar da estatura física, tinha uma certa agilidade graciosa em se movimentar, e agora, durante a luz daquele fim de tarde, podia constatar a cor dos seus cabelos. Nunca vira nada parecido; antes havia imaginado ser loiro, agora via o seu engano. Eram brancos como o luar, tinham o comprimento até os ombros. Os olhos também eram diferentes... agora que parou para observá-lo com riqueza de detalhes, percebeu, no momento em que os seus olhos cruzaram-se tão rápido, que mesmo assim sentira uma corrente elétrica percorrer todo o seu corpo, paralisando-a por segundos e descarregando uma adrenalina que arrepiara todos os seus pelos, sentindo uma leve fisgada na nuca. Ela lembrou-se da sensação e balançou a cabeça como para dissipar os pensamentos, não estava tao certa do que vira aquela tarde — eram avermelhados? Castanho intenso? Na verdade, era mais para amarelos-acinzentados... — estava confusa, conclui, pois nunca vira humano com aquela cor de olhos, ou ele não seria…? Não, não, precisava parar de imaginar tais absurdos e se preocupar com coisas sem importância.
Por que havia ficado tão perturbada com aquela presença? Porque ele parecia tão incomum aos seus olhos? — se perguntava aquilo como se fosse alguma expert com alguém do sexo oposto, muito pelo contrário, não tinha experiência alguma. Ainda sem conseguir tirar os olhos, seguia-o sem piscar, estava hipnotizada, observando os movimentos das nádegas que ele fazia ao caminhar, imaginando o tecido pesado roçando a pele... "como seria por baixo daquelas roupas... teria outras cicatrizes escondidas? O que escondia além..." — Que pensamentos são esses? " Santo Deus! Porque ele prende tanto a minha atenção, não consigo concentrar-me em mais nada?" — recriminou‐se — estava com luxúria? — chegando a essa conclusão, sentiu o seu rosto queimar, mostrou-se envergonhada e chateada ao mesmo tempo.
Fechara o livro que fingia ler, o qual não prestara atenção numa só palavra, pois não conseguia desviar os olhos daquele ser que a assustava, e que agora lhe fascinava na mesma quantidade.
— Vamos Lucy!
Decidira descer a cabine; mentiu ao dizer que os enjoos estavam a voltar, e precisava deitar um pouco, mas queria era focar num plano de fuga, tão logo tivesse oportunidade. Sentia estar a ficar louca; aqueles eram os sinais...
A mulher fechou o livro em suas mãos, concordando. Antes de levantar, lançou um olhar na direção de onde a sua senhora não tirava os olhos, formulou um pequeno riso, entendia o que estava acontecendo, tendo dúvida se era um bom sinal. Sem fazer perguntas, fingiu não ter percebido todos aqueles intensos olhares na direção do nórdico que não mostrara perceber ser o centro da atenção de alguém. Ajudando a jovem a se levantar, voltou o olhar rapidamente para o guarda loiro parado ao lado, admirando a sua postura firme e a forma protetora que o via sempre demonstrar à prima. O acha muito bonito, e gosta da forma que a trata com gentileza, mas não passa disso, ele nunca a veria com outros olhos. pensa, voltando a atenção para Angell, segurando em seu braço, voltam para dentro.
[ . . . ]
Estava acordada há alguns minutos quando ouviu um barulhinho estranho. Consertou-se no cobertor inquieta, encolhendo-se, e ficou a olhar para a luz do lampião, pedindo que o sono voltasse logo. Ouviu o barulho novamente e, dessa vez, uma seguida da outra; era sua barriga roncando... — justo agora? — Levantou um pouco o corpo, recostando nos cotovelos, podendo notar que Lucy dormia profundamente, tinha consciência de como estaria exausta. Há dias que ela cuidava do seu mal-estar, a moça precisava daquele descanso. Levantou sem fazer barulhos, decidida a ir até à cozinha procurar algo para comer, pois há dias nada segurava no seu estômago, e agora estava com uma fome de leão.
Abriu a porta e deparou-se com um guarda dormindo; era o Trevis, um homem meio robusto de mais de meia-idade. E o Ferguns? Ele não estava por ali; com certeza estava fazendo alguma necessidade. Iria só na cozinha, o que mal averia? — Pensou indo na direção que julgava ser a cozinha. O corredor era longo com quase nem uma luz, e tinha inúmeras portas e só agora se deu conta de que não pegara um lampião. Saiu a tatear, forçando a visao se acostumar com a escuridão, soltou suspiros de alivio encontrando uma porta entreaberta e uma luz de um lampião quase apagando. Agradecida andou até a luz bruxuleante antes de pegá-la, notou um corpo deitado numa cama, e sua respiração parou no peito. Era sábio sair dali o quanto antes. — Pensou em virar para a porta. Logo que se apossou da luz, notou que o corpo estava inerte. Estaria dormindo? Para ter certeza se aproximou para ver que sim e pôde soltar o ar que prendia no peito. Levantou o lampião para observar o rosto do indivíduo e levou a mão à boca de susto, percebendo de quem se tratava. Era ele... e estava sem aquelas roupas pesadas... e sem camisa! — Em choque com aquela cena, mal conseguia conter os nervos. Suas mãos começaram a tremer, não conseguia se afastar ou mudar os olhos para outra direção. Assim como imaginara, ele era munido de músculos, com leves cicatrizes que não interferia na beleza, e a sua pele era macia... e quente... com cheiro de indromel... — ela aspirou aquela mistura de bebida e masculinidade, com a qual não estava acostumada. Inebriou sua razão.
— O que está fazendo?
Ouviu uma voz baixa e meio rouca.
Com o susto, acabou deixando o lampião cair da sua mão trêmula, com um reflexo impressionante o homem o pegou com rapidez antes que tocasse o chão, e com a outra mão segurava-lhe o pulso com força. Só agora se deu conta do que fazia: acariciava o peitoral do homem quando ele acordou alarmado e segurou de vez no seu braço, despertando-a do transe. Mais ainda em choque, ela sentiu o coração disparar, sem saber o que dizer. Paralisou, sem conseguir raciocinar direito.
— O que você quer? — Perguntou novamente, puxando-a para mais perto de si. A sua voz era baixa, e seu tom era bravo; ele não gostara de ter sido perturbado e deixou bem claro. — Não se pode ter um minuto de descanso não? – vendo que não havia perigo, diminuiu a força da mão no pulso dela.
— Eu... eu... não queria... — falou finalmente, amedrontada e tentando soltar-se das suas mãos fortes. Sabia que os seus esforços eram em vão, mas usou a força que possuía. — Solte-me!!!
— Por que veio para a minha cama? O que está planejando em? — Ele sacudiu o seu pequeno corpo, como se fosse uma boneca de pano.
— Não vim te procurar...
Ele riu amargo, com descrença, olhando-a da cabeça aos pés, lembrando-a do que estava vestida. A roupa de dormir, saíra sem nem ao menos pegar um robe para se cobrir. Usava uma camisola fina de seda branca, com renda transparente na parte do colo. Ela encolheu-se envergonhada e vermelha. Tentou cobrir o colo com a mão livre.
Dava para ter noção através do jeito que ele a olhava do que passava em seus pensamentos. Estaria julgando-a pelo que vestia. Pior, não tinha palavras para se defender, estava com a honra perdida.
— Não é o que está pensando... estava indo para a cozinha, procurar algo para comer — insistiu pausadamente, forçando calma.
Ele cerrou os olhos duvidoso.
— Cozinha? Vestida assim? Cadê a sua dama de companhia, seus Guardas...?
De repente ele se calou, olhando-a nos olhos. A barriga dela acabara de roncar e fez um som bem audível, fazendo com que ele a observasse diretamente nos olhos, começando a acreditar na sua história.
— Então está mesmo faminta? E a acompanhante? – disse, libertando seu braço e levantando.
Tivera que explicar toda a situação do mal-estar até aquela situação constrangedora.
Para sua surpresa, ele pediu que esperasse ali, saiu, retornando pouco depois com uma farta refeição, e um pouco de idramel, que não rejeitou, mesmo nunca tendo bebido antes. Comera como uma leoa, parecendo uma desvairada, e ele ficara a observar, ela percebendo, sentira vergonha, e desculpou-se pelos modos, o que o fez sorrir.
— Não se envergonhe, eu que estou me sentindo mal por tudo que passou. Devia ter me avisado, não imaginei que estivesse tão mal assim. Acreditei que queria manter distância da minha gente! – tocou a nos cabelos, afastando uma mexa que lhe caía nos olhos. Automaticamente, Angellik fechou os olhos com a sensação boa do toque do dedo que roçou em seu rosto. Ao abrir novamente pôde vê-lo olhando boquiaberto para a direção dos seus lábios. Inconscientemente, umedeceu-os e levantou a cabeça na sua direção para encontrá a boca dele, no momento que o tocou, sentiu aquela adrenalina, como quando os seus olhos cruzaram-se, como se fosse uma corrente elétrica descarregando em seu corpo. Ficou ali parada, sem saber o que fazer. Não fora beijada antes; estaria sendo audaciosa? – Pensar aquilo fez com que recuasse um pouco, antes que se afastasse totalmente, sentiu uma mão enorme na sua nuca puxá-la de volta, sentiu os lábios unidos e o gosto dele na sua boca, com os lábios quentes e gulosos que pareciam devorá-la com um certo anseio. No começo, fora difícil acompanhar o ritmo do beijo, mas logo ele diminuiu a intensidade, reconhecendo a sua inexperiência e inocência.
Percebendo ser seu primeiro beijo, ele sorriu pelo canto da boca, vendo como ela aprendia rápido. Os seus dedos acariciavam os cabelos mais lindos que já vira. Sim, já tinha visto ruivas comuns, mas não tão intensas como aquela, e tão pequenina, mais parecia uma boneca, " cheirosa... macia... que cabia com perfeição nas suas mãos..." Allexander já estava com uma das mãos acariciando um dos seios dela, que ele puxara para fora da camisola. A sua mão grande segurou com delicadeza aquele botão de rosa, ela que, sem nem saber o que queria, entrelaçou as pernas em volta da cintura dele colando a boca no seu pescoço, beijando-o, fazendo com que gemesse com a sensação boa e inesperada. Surpreso com aquela atitude tão ousada, pelo fato dela ainda ser inocente, o que poderia acontecer caso eles continuassem com aquilo...? Com aquele pensamento, percebeu o que estava prestes a fazer. Aquilo não poderia acontecer. Buscou seu autocontrole, mesmo estando louco de desejo, se perguntando como pôde ter se deixado levar por aquela menina, ainda mais daquele jeito tão faminto? Só podia ser feitiço. Nunca perdera o controle tão rápido assim. Por que ela o fascinava tanto?
De repente, ele parou e afastou-se um pouco, como se estivesse tentando clarear a mente.
— O que ...? — Angellik pareceu confusa, não queria que ele se afastasse, puxou-o de volta para si, antes que pudesse tocar os seus lábios novamente. Ele tirou-a do seu colo, sem se lembrar com rapidez de como ela fora parar ali. Se lembrava de estar sentado do outro lado da cama e viu os fios que caíam em seu rosto... aproximou-se para afastá-los... e quando ela de repente arqueou-se para beijá-lo...
"Pelos deuses, o que estava fazendo? Ficando louco?" Não podia arruinar a vida daquela garotinha inocente, mais que daria prazer a um homem fácil, fácil, " a forma como ela se encaixou em mim... Por Thor!" – obrigou‐se a ser racional. Só de pensar no prazer que poderiam compartilhar o fazia aquecer.
Antes que pensasse em mais loucuras, pediu que ela fosse para a sua cabine e mantivesse distância dele e de qualquer outro homem alí.
Praticamente expulsa, ela saiu, sem entender o que fizera de tão grave. Seria ela tão feia e sem graça como diziam?
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Atualizado até capítulo 54
Comments
ARMINDA
GAROTINHA TA MEXENDO COM QUEM TA QUETO.🤭🤭🤭🤭🤭🤭🤭🤭
2024-05-20
2
ARMINDA
OIIIIIIII ESTE HOMEM NÃO É HUMANO.🤔🤔🤔🤔🤔🤔 COM ESTAS CARACTERISTICA.
2024-05-20
2
Maria Izabel
como o amor é lindo 😍❤️
2023-10-13
2