Antes mesmo de perceber a proximidade do estranho, Angellik se viu sendo arrastada para o centro do salão. Não teve alternativa senão seguir os passos da dança daquele cavalheiro, que na verdade não tinha nada de cavalheiro; segurava-a com audácia em sua cintura sem um pouco de delicadeza. Por surpresa, ele até que dançava bem, sempre evitando encará-la. A moça pôde notar que ele era munido de fortes músculos; seus ombros largos davam essa certeza debaixo daquelas armaduras grossas; havia um corpo musculoso.
Logo, pôde ter certeza do que pensava. O estranho apertou o abraço com exagero em sua cintura, fazendo-a se chocar em seu peito, na verdade, em sua armadura, fazendo-a soltar um leve grunido ao chocar os seios delicados na armadura e a machucar. Buscou o olhar dele para reprová-lo pelas indelicadezas, mas ele era alto e parecia querer evitá-la a todo custo. Durante a dança, a atenção dele estava voltada para o Duque, que também não desviara os olhos em momento algum. — "Eles podem até se conhecerem, mas com certeza não eram amigos!" — podia sentir isso só de olhar a intensidade com que se encaravam. Tinha certeza de que, se os olhos pudessem matar, ambos estariam triturados só pelas faíscas que saíam de seus olhares. Angellik viu o estranho se aproximar do pai assim que a dança acabara. Ele quase a empurrara, fazendo a pobre sentir-se como uma idiota usada pelo estranho que a assustava um pouco, talvez pelo seu tamanho ou pelo olhar gelado e ameaçador. Ela viu, então, o pequeno grupo se retirar indo na direção do cômodo particular de negócios. O Duque ia no meio, parecendo desconfortável e relutante.
[ . . .]
— Não estou fugindo das minhas responsabilidades... mas veja a minha situação...
Sim, era curiosa. Sabia que havia algo errado ali. Por isso, resolveu seguir o grupo de homens. Mal havia se posicionado ao lado da porta entreaberta, pôde ouvir a voz preocupada do pai e, em seguida, alguém bateu com força na mesa, berrando.
— Não quero desculpas. Sabe bem o que queremos... não sairemos de mãos vazias dessa vez!
— Só um pouco mais de tempo...
Seu pai disse com a voz amedrontada...? Seu pai com medo? Isso era novo. O que estava acontecendo?
Enquanto se fazia tantas perguntas, iniciou ali dentro uma rápida discussão.
— Vamos levar o que tiver de mais precioso, e não há ninguém que possa nos impedir... Cadê o ouro? Fala onde está o tesouro? Ou prefere que matamos a todos aqui?
Ouve silêncio, depois barulhos de coisas sendo arremessadas ao chão.
Angellik sentia o coração quase saindo pela boca. Queria gritar para irem embora e os deixarem em paz, mas a voz não saía da garganta. Estava com medo. Aqueles homens queriam ouro? Como podiam? Quem olhasse para aquele castelo decadente sabia que não havia mais riquezas, só dívidas. Percebeu que eles estavam cobrando dívidas antigas.
— Não queremos derramar sangue... prefiro que continuemos com o acordo amigável como antes mas...
Ela gelou ao ouvir um deles grunir ameaçadoramente.
— Pelo amor de Deus! Paciência!
Ouviu gargalhadas e palavras ditas entre eles em um dialeto estranho. Em seguida, um som abafado como se alguém estivesse levando socos...e gemidos.
— Cadê o tesouro, as joias? — Insistiram como abutres na carniça.
— O tesouro que possuo não posso lhes dar...
A voz do Duque parecia fraca e dolorida.
— Então existe um tesouro mesmo? E você não quer dar?
Novamente gargalhadas, barulhos, misturados a mais gemidos. Parecia que estavam espancando-o. Àquela ideia fez sua cabeça girar... — Papai!!! — Abafou um grito com as mãos na boca.
— Se não nos der, você morre!
Ouvira agora um barulho de uma arma sendo destravada. Sem hesitar, ela entrou de vez se deparando com uma cena chocante diante dos seus olhos. Seu pai tinha uma arma apontada para a cabeça. Sangue escorria em seu rosto machucado. Correu apavorada para abraçá-lo.
— Papai!!! O que fizeram com o senhor? — Apesar do medo, estava inconformada com tamanha covardia e violência. Nunca havia presenciado tais atos de violência. — Miseráveis! – lançou olhares de ódio a eles.
Sentiu mãos fortes agarrarem-na, afastando-a dos braços do pai. Esperneou, mas foi em vão.
— Estava escondida?
Um deles muito bravo perguntou.
— Bem, não importa. Sabe que seu pai nos deve uma grande quantidade em ouro? — Fez uma pausa olhando para o Duque. — Ele não quer nos pagar. Estamos um pouco irritados com isso... Talvez você queira que tudo isso acabe logo, não? – o que tinha ar de líder olhou lhe pela primeira vez, mas logo desviara o olhar para o pai dela.
Angellik sustentou o olhar do homem que ameaçava a vida do seu pai. "Onde estavam os poucos guardas que restavam no castelo?" — Se perguntou, tentando se acalmar. "Eles não aparecem porque?".
— Se acha que sei de tesouro, está enganado. Mesmo se soubesse, nada diria, seus imundos! — cuspiu na direção do grandão de cicatris no rosto. Queria esmurrar aquele homem, mas sabia que não era forte o suficiente. Só agora olhou ao redor, percebendo as características deles que estavam em três, os outros deviam ter ficado na porta do castelo. QUELS eram um maior que o outro. Pôde ver o que há pouco atrás a havia tirado para dançar. era o menos horrível, nem por isso deixava de ser ameaçador. Ele estava sentado em uma cadeira, observando a cena calmamente. Outro segurava a arma que com toda certeza havia pego da coleção que o pai exibia com orgulho, bem exposta na parede da sala. Com o dedo no gatilho, ameaçava esmigalhar os miolos do Duque, que parecia tremer feito vara verde. Aquele nórdico tinha um ar de pura maldade e devia ser o mais novo, ele sorria como um louco pronto para beber sangue. Ela estava certa de que ele não pensaria duas vezes em matar seu pai e também ela. Já o outro era mais rascoso, barrigudo com barbas bem espersa e tinha uma cicatriz na testa que o tornava o mais aterrorizante.
— Certo, então talvez eu deva começar por você...
O homem se aproximou com passos pesados, colocando a arma em sua direção e olhando fixo para o Duque.
— É ela ou o seu tesouro?
Ela fechou os olhos, imaginando o estalo.
— Por favor, não há ouro. Deixem-nos em paz!
Quando voltou a abrir o olho se deparou com seu pai ajoelhado, implorando.
— Minha família é o meu tesouro, o único que possuo. Entenda de uma vez!
— Entao essa garota é seu valoroso tesouro? – O que lhe havia ameaçado com a arma sorriu alto, de forma assustadora – Otimo então você vai pagar pela vida dela, se a ama como diz, então vai mostrar.
— Como assim? – O Duque se assustou, arregalando os olhos com a ideia.
— Vamos levá-la conosco! E quando nos pagar, devolveremos sua filha. Será nossa garantia de que irá nos pagar, caso contrário, não a verá mais... — O homem continuou...— Ela será uma escrava para nosso povo, fará tudo para sobreviver...– o homem disse coisas absurdas para assustar‐los.
Angellik viu seu pai retrucar e falar palavrões, o que não adiantou nada. Os homens já a empurravam para fora do cômodo apertado quando seu pai gritou interrompendo seus passos.
— Esperem! Se não há nada que eu possa fazer, pelo menos deixem-me fazer minha proposta!
Os homens se entreolharam, concordando em ouvi-lo.
— É minha caçula, a quem amo tanto...
O "tanto" parecia exagerado, ela pensou, enquanto seu pai jurava amor incondicional.
— ...mas se preciso fazer esse sacrifício... proponho que case-se com ela...
Mal podia respirar ao ouvir aquilo. Seu pai estava entregando-a para aqueles bárbaros? Dessa forma, ele não precisaria pagar a dívida? – não teve como não pensar na possibilidade.
Pelo visto, não era só a pobre garota que pensava assim. Logo, um deles falou atrás dela.
— Acha que somos trouxas? Quer se livrar da dívida, nos empurrando uma aliança de casamento? Não estamos interessados — Não precisamos de suas mulheres fracas!
— Veja! Case-se com minha filha. Sendo assim, pagarei a dívida em um ano. Então, devolverá minha filha intacta.
— Que garantia teremos de que pagará se desposarmos sua filha? — O mal encarado falou, parecendo testar até onde ele iria com aquela loucura.
— Sim, eu pagarei. Ou acha que gostaria de ver meu próprio sangue unido a vocês? – foi convicente ao mostrar o ar de desprezo pelo nórdicos.
— Um ano e pagara todo o valor do acordo?
— Sim, Com a condição que nunca a tocará, e se caso ouver a consumação do matrimônio, mas não gerar um filho, a proposta ainda sera valida!
— Espera aí espertinho, entao que casamento é esse? – um deles que mostrou mais interesse reclamou.
— Acha que prefiro que minha linhagem se perca, misturada a seu povo? Ela é sangue nobre nao merece vagar como cachorro por ai, vocês sao bárbaros selvagens, me sinto de mão atadas...– soltou um suspiro pesaroso enquanto olhava para a filha no pedido de desculpas, mostrou-se sofrido e sem opção. — Só estou permitindo que a tirem de mim, por que não vejo saída, e confio na palavra se me derem, que ela estará segura.
Então era isso! estava sendo negociada como se não estivessem em sua presença. A jovem quis gritar de raiva e se impor, não reconhecia o pai, se perguntou porque ele propôs aquele acordo absurdo? E que pai não lutaria ate a morte pela vida e liberdade da própria filha?
— Não mim caso dessa maneira, não sustentarei uma esposa em que não posso tocar! –
um deles falou sem interesse.
—Bem eu concordo, nao vale a pena, e eu já tenho duas esposas e filhos pra sustentar, acho que não daria certo... – O outro mais feio também falou olhando pro terceiro que continuava calado.
— Você tomaria conta da minha filha, Allexander? – o Duque confiou nos seu senso de deduzir caráter e também já ouvira falar do tal filho honrado do chefe dos vinkigns, aquele sempre ajiu diferente dos outros, devia ser o desgosto do Vandrak, que era mau até no respirar. o homem pensou.
O silêncio pairou por alguns instantes. Os homens se encaravam, até que finalmente ele resmungou algo entre os dentes.
— Um ano e nada mais! Caso não honre sua palavra, haverá severas consequências! — Ver o alívio na expressão do pai não era bem o que gostaria de ter visto. Não acreditava no que lhe acontecia. Seria um sonho ruim, logo passaria?
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Atualizado até capítulo 54
Comments
ARMINDA
EITAAAAA ENTÃO ALEXANDER VAI TOMAR CONTA DE ANGEL.🤪🤪🤪🤪🤪🤪
2024-05-20
2
ARMINDA
OIIII😳😳😳😳 QUE PROPOSTA É ESTÁ.
2024-05-20
2
Maria Izabel
que a filha se empondere ❤️ e veja como a família é hipócrita só pensa em poder e status não há amor verdadeiro
2023-10-13
4