— Ela não está nada bem!
Ouviu a voz de Lucy, a sua dama de companhia, que falava com um dos soldados. Parecia preocupada. — Ela não consegue segurar nada no estômago desde ontem.
— Devemos avisar ao senhor Allexander… — o seu primo respondeu em tom baixo para não acordá-la. Reconhecendo a voz, levantou a cabeça um pouco para mostrar que estava acordada.
— Não… não… — a sua voz soou fraca
Angellik tentou sentar, mas sabia que estava muito abatida. Desde que saíra de terra firme, sentia-se mareada o tempo todo. Havia se trancado na cabine, não queria que a vissem daquele jeito e lhe tratassem como uma pessoa fraca.
Não sabia ao certo, mas acreditava já ter se passado uma semana desde que fora levada à força para o navio e tentava pensar o mínimo possível na desgraça em que se tornara a sua vida.
Mal se lembrava do casamento, apenas das fisionomias surpresas dos convidados quando o casamento fora anunciado. Em vez de aniversário, um casamento forçado.
Todos podiam notar na sua face o terror daquela celebração. Lembrava-se de implorar para seu pai não deixar que a levassem, de se espernear a ponto do seu então noivo carregá-la nas costas como se fosse um saco de batatas e o Duque apenas acenar com uma das mãos a dar adeus, virando as costas.
Já no navio, viu tudo que amava ficar para trás pouco a pouco. Ali parada desesperada, não sabia o que fazer, estava perdida. Trancara-se no único lugar que podia se esconder e chorar, queria sumir.
Ali desejava que houvesse uma tormenta e tudo se acabasse logo, pondo fim à sua triste vida, já que não tinha valor para seu pai e muito menos para o mundo. Podia estar sendo exagerada em querer morrer? Sim, podia! Mas estava ferrada disso, tinha certeza!
— Não chame aquele homem odioso aqui! — Falou com o pouco de força que possuía.
— Sim, milady!
— Vai dormir um pouco, Lucy! — Disse, vendo o ar cansado da moça que tinha um pouco mais que a sua idade.
Elas se conheceram quando viera para o castelo. O seu pai a contratara como dama de companhia, mesmo insistindo que não era necessário, pois sempre se cuidara sozinha. Na fazenda não havia tanta frescura. Sem muitas opções, concordara, mas particularmente elas se davam bem e se tornaram amigas, a única que tinha.
Lucy era tão magra quanto ela, possuía uma pele mais bronzeada e cabelos castanhos, que ela mantinha sempre cuidadosamente presos num coque. Era bonita e estava sempre de bom humor. Era aquela leveza que mais lhe encantava na mulher.
— Ele precisa saber, talvez possamos atracar em alguma ilha para você se recuperar pisando em terra firme! — Era Ferguns falando novamente. O seu primo, com tudo de ruim que lhe acontecera, nem havia agradecido por ele ter se oferecido em fazer parte da guarda que lhe acompanharia. Viera apenas ele e outro que parecia não estar no momento. constatou ao levantar a cabeça — Angell pensou, consciente do quanto aquela presença do primo lhe deixava menos solitária.
Ferguns era apenas cinco anos mais velho e um amigo querido. Ele sempre deixara claro que podia sempre contar com a sua lealdade, o que agradecia diariamente. Ele era de boa estatura física, tinha cabelos loiros e olhos azuis. Era de poucas palavras, mas muito astuto.
Angellik levantou os olhos para ele, que estava de pé na porta da cabine, onde montara guarda decidido a protegê-la com a sua vida se preciso fosse, o que ela sabia ser verdade, mas orava a Deus que não precisassem.
Caso contrário, estariam perdidos, pois a quantidade de homens no navio era de mais de cem, sem contar o tamanho de cada um que equivalia por dois homens comuns. Eram mal-encarados e podia sentir o cheiro de bebidas e tabacos de onde estava. Eram uns selvagens barulhentos. pensou alarmada.
— Oh! Meu primo querido, não pareças tolo, diante de mim, o que pensa que aquele porco vai fazer por mim? Acha mesmo que se importam conosco?
Sabia que nenhum deles se importaria com o seu estado de saúde, muito menos o seu noivo, que não lhe dirigira uma única palavra desde que fora forçada àquela união bárbara. “Comporte-se, não me dê trabalho, menina, e tudo passará rápido para nós dois!”
Foi tudo que ouviu dos seus lábios antes de jogá-la nas costas para subir a bordo do grande navio, que tinha uma grande cabeça de serpente esculpida na proa e o nome escrito com letras bem grandes: “DESTINO”. Aquele era mesmo o seu trágico fim? Morrer num navio com aqueles homens maus cheirosos?
— Ah! Minha Lady! Mi perdoe mas…
— Não me chame de lady… veja o meu estado… — Ela interrompeu-o gesticulando ao seu redor… — Não há necessidades de etiquetas! Não faça mais isso!
A cabine era um cubículo, com duas camas estreitas, uma de cada lado. No canto esquerdo, havia uma mesinha onde uma jarra de água e uma gamela de frutas não tão apetitosas ficavam à sua disposição. Do outro lado, dois baús contendo os seus e os poucos pertences de Lucy.
Suspirou com um certo exagero, sabendo que aquele seria sua triste realidade. Só Deus saberia até quando. Decidido a não insistir, o seu primo voltou ao seu posto e fechou a porta atrás de si. Ele conhecia bem a teimosia da jovem.
Horas mais tarde, Lucy preparou-lhe um banho e insistiu que deveriam subir até o convés para aproveitarem o final do sol. Há dias não saíam da escuridão úmida do quarto e aquilo não estava colaborando para que ela melhorasse. Concordara, precisavam mesmo do calor do sol. Com o ar fresco, talvez se sentisse menos enjoada.
Enquanto buscavam um bom lugar para aproveitar o fim de tarde, um dos homens as interceptou impediu a passagem, dizendo que ali não era lugar para elas passearem. Logo o seu primo posicionou-se entre elas, segurando a sua arma e com a outra na bainha da espada, pronto para um embate.
O homem se enfureceu e reclamou do atrevimento, e logo também empunhou a sua espada. Ouviram-se vozes, gritos e o convés agora estava amarrotado de caras sujas e sanguinárias loucos querendo ver sangue.
Estariam perdidos, era o fim, caso um deles desse o primeiro golpe. Todos partiriam para cima, pois muitos torciam o nariz quando passavam, como se estivessem ali por vontade própria. Angellik pensou, agarrando-se a Lucy, já temendo o que viria a seguir. As suas mãos geladas apertaram as da amiga, que rezava baixinho e tinha os olhos fechados.
— Vamos acabar com essa bagunça?
Todos olharam para a mesma direção, no deque do navio uma figura observava a confusão e se aproximava com altivez.
— Achei ter sido bem claro quando disse querer uma volta tranquila. — Ele falou, dissipando assim o bando. — Todos têm as suas ocupações, então o que estão a fazer aqui? — Agora olhando na direção do pequeno grupo, ele continuou… — Essas pessoas são nossos convidados. Não precisamos ser amigos, mas vamos manter o respeito e tudo ficará bem para todos, entendido? — Finalizou o discurso.
Antes de virar e sair, o seu olhar cruzou com o de Angellik no momento em que ela levantava o olhar e via toda a multidão se dispersar tão rápida como se juntou. Por um curto instante, eles se olharam e se viram, não como antes. Agora um homem enxergava uma mulher, e ela também via um homem. Se prenderam naquele curto momento, que traçaria o rumo dos seus destinos.
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Atualizado até capítulo 54
Comments
ARMINDA
OIIIIIIII ENTÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE SE OLHAM.🧐🧐🧐🧐🧐🧐🤪🤪🤪🤪🤪🤪
2024-05-20
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ARMINDA
QUAL É O DESTINO QUE O DESTINO ESTÁ INDO.🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
2024-05-20
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ARMINDA
'🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣 O NOME DO 🛳 NAVIO DESTINO.
2024-05-20
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