Capítulo

Não acreditei no que Brenda disse, pra falar a verdade fiquei até bravo. Daí dei meia meia volta e tentei ir embora, mas ela impediu que eu deixasse o lugar. Falou pra eu dar uma chance. Que seria legal trampar ali, pois além do salário ainda tinha ótimas gorjetas.

– Para de ser careta, Dominic. Não é você que diz que gosta de diversão? Pois, então, não existe lugar melhor que esse pra trabalhar.

Expliquei pra ela que não sabia dançar como aqueles caras, que era bastante desengonçado. E que não era malhado.

Brenda me disse que não tinha problema, que me ensinaria a dançar e que em pouco tempo eu ganharia músculos. Ela me puxou pra pista de dança. Dançamos e bebemos bastante. Ficamos até o fechamento da boate. Quando quase todo mundo tinha ido, a gata me levou para conversarmos com o responsável pela casa.

Billy, o gerente, era um tanto espalhafatoso e dado, o cara me examinou de cima a baixo, fez uma cara de desejo e disse que eu era boa pinta, mas que precisava pegar mais corpo.

– Não acha que ele é um tanto franzino pra ser um dos nossos boys dançarinos? – perguntou ela pra Brenda.

– Poxa, Billy! Dá uma chance pra ele vai. Veja! – exclamou erguendo meu rosto – É ou não é um garoto bonito… E você sabe muito bem como as manas piram tem um novo garotão desse como dançarino.

– Hmm! Ainda não sei não, hein garota. Tenho minhas dúvidas se ele fará um bom trabalho.

– Não sabe o que tá perdendo, Billy. Além de dançar, o Dominic também faz ótimos drinks – inventou a garota, de última hora, apenas pra encher minha bola.

– Está bem, está bem! Exclamou o promoter, já impaciente. – No entanto, vou impor duas condições pra aceitá-lo. Primeira condição: começara preparando drinks, por enquanto. E a segunda, é que só poderei pagar meio salário.

Apesar de também não saber nada do preparo de drinks, e sim apenas consumi-los, acabei aceitando o emprego.

Brenda vibrou com minha decisão. Fomos embora.

Nesse dia, dormi com ela em seu apartamento. Acordamos super tarde, depois do meio-dia. Quando levantei, encontrei Brenda em seu laptop trabalhando. A gata tinha uma loja de produtos alternativos online. Assim que ela me viu, disse que tinha uma xícara de café na cafeteira me esperando. Bebi o café e fui me espreguiçar na varanda.

Meia depois Brenda veio até mim e me levantou de um susto.

Ordenou que eu me levantasse imediatamente: – Levante já daí, Dominic! – Em seguida, pôs uma música dançante e me puxou pra que eu também dançasse. Meu ânimo naquele instante era nulo. Isso sem contar que me sentia super desconfortável, tentando acompanhar seus passos.

Como a aula não tava dando muito certo, Brenda ligou a TV num desses canais onde só passa balada. Saiu da sala e me deixou assistindo sozinho. Eu ainda me sentia cansado da farra da madrugada, daí então me sentei no sofá e tirei um cochilo.

Brenda voltou, e ao ver de boa, sem fazer nada, me puxou pelo braço. Exigiu que eu acordasse e me pediu um pouco mais de vontade e seriedade.

Atendi a exigência da gata e quando menos esperava, já tava com certa desenvoltura no corpo.

Levamos algumas horas dançando, quer dizer eu levei algumas horas treinando, minha parceira só aparecia pra me inspecionar e pra pedir que eu ficasse mais empolgado. Além disso, por exigência dela, só pude parar lá por volta das quatro horas. Hora em que ela terminou de preparar o nosso almoço.

Almoçamos, e depois de meia hora de descanso, Brenda me passou um carteirinha de uma academia que ficava há algumas quadras do prédio onde ela morava, e disse que eu fosse até lá. A gata tinha um plano que dava direito a malhar todos os dias. Ela ia pra academia no máximo três vezes por semana, o restante dos dias podiam ser preenchidos por qualquer pessoa que levasse sua carteirinha. Mais uma vez, tive que fazer algo a contragosto, não gostava de malhar, porque nunca tinha malhado antes. "Não acredito que tô fazendo as vontades daquela mina", pensei enquanto seguia pra academia.

Por incrível que pareça, já no primeiro dia peguei gosto em "puxar ferro".

Quando deu a hora da academia, voltei pro apê da minha parceira. Ela tinha saído pra ensaiar com sua banda de rock, mas havia deixado a chave.

Como me sentia esfomeado, fui preparar uma vitamina. Daí lembrei que precisava saber preparar drinks variados. Peguei uma revista de receitas que encontrei na copa e fui dar uma olhada rápida. Em seguida preparei alguns drinks que não ficaram lá essas coisas. Se bem que, no final das contas, isso não era o maior dos problemas. Pois no meio da agitação e da empolgação, os clientes consumiam qualquer coisa.

Tava pronto então. Daí, fiz a minha estreia como bartender da boate. Sendo que menos de duas semanas depois, subi no balcão como go-go dancer.

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