Webster

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Onde todo o meu tormento começou

Oi gente!

Esse livro aqui é para atender aos pedidos de um final feliz para Alex. Ela merece depois de Will, e de toda merda que passou na vida. Vou abordar a vida dela de um jeito um pouco mais completo, e já deixo bem claro aqui que o homem que vai entrar na vida dela não sabe sequer segurar uma arma. Vou deixar nossa protagonista bem longe de mafiosos alemães e policiais latinos/texanos.

Preciso dizer também que Alex vai se abrir sobre os anos que sofreu com Will, não é uma história fofinha com ele, quem leu os livros de Martín sabe que ela sofreu horrores, e ainda quase morreu com Wolf. Então é um livro de conteúdo sensível e gatilhado.

Um beijo meus amores, e obrigada por acompanhar essa derivada de "Entre a Luz e a Sombra". ❤️

__________________________________________

Estou trancada no meu quarto ouvindo meus pais discutindo. Choro porque queria muito ter uma vida normal, uma mãe amorosa e que cuida de mim de verdade, mas o que eu tenho é uma mãe viciada em roletas e poker, além do álcool. Ah... o maldito álcool!

Eu sei, eu sei... eu só tenho doze anos e já estou amarga assim. É ela quem me ensina a ser desbocada. Vive me dizendo pra não ser otária como ela foi, e me casar com um homem rico pra bancar os meu gostos e mimos.

Minha mãe não tem um pingo de respeito pelo meu pai.

Ele é o meu herói. Trabalha feito um condenado pra conseguir contornar as situações horríveis, as quais nós ficamos envolvidos, por conta dos gastos absurdos dela nos jogos.

O motivo da discussão deles hoje é o corte de luz que sofremos porque ela garantiu que pagaria as contas atrasadas, e ao invés disso, gastou tudo no jogo.

Custo a conseguir dormir ouvindo os dois e sonho com o dia que meu pai vai finalmente se cansar da minha mãe, me pegar pela mão, e ir embora comigo pra algum lugar longe.

**********

É terça feira a tarde. Estou lavando a louça na cozinha depois de chegar da escola, já que minha mãe está largada no sofá com um copo de rum na mão esquerda, enquanto segura um cigarro na direita.

A campainha toca e eu continuo concentrada na minha tarefa.

- Vai lá atender sua imprestável! É igualzinho ao seu pai, uma inútil!

Nos raros momentos em que minha mãe está sóbria, ela até demonstra gostar um pouco de mim. As vezes chega até a fazer um bolo cheio daqueles confeitos coloridos. Só que para o meu azar, ela quase sempre está bêbada, então quase sempre me trata mal.

Enxugo minhas mãos em um pano de prato e vou até a porta. Assim que abro dou de cara com um policial jovem e alto perguntando se estou sozinha em casa.

- Sou o policial Denpsey, tem algum maior de idade com você?

Franzo a testa. Sei que o estado em que minha mãe se encontra não é algo bom de um policial ver.

- Minha mãe está, mas não está se sentindo muito bem policial. Posso ajudar em algo?

Ele se abaixa pra falar comigo na minha altura.

- Como você se chama garotinha?

- Eu sou a Alex Jhonson.

Denpsey abre um sorriso sem mostrar os dentes pra mim.

- Bom Alex, eu preciso que você chame sua mãe pra mim.

Respiro fundo e vou até ela.

- Que foi pirralha?

- Tem um policial aí fora dizendo que quer falar com alguém adulto.

Minha mãe revira os olhos e se levanta cambaleante pra ir até a porta. Denpsey percebe que ela não está em condições de nada e liga para um assistente social.

Percebo os dois conversando de maneira sussurrada, depois a mulher vem falar comigo em um canto da cozinha.

- Oi, é Alex, não é?

Confirmo com a cabeça.

- Eu sou Diana O'Conell. Sou assistente social.

Ela estende a mão pra mim e eu cumprimento com calma.

- Olha Alex, você é só uma criança ainda, mas eu quero te dizer que nem sempre na vida as coisas acontecem de um jeito que dá pra entender. Quase nunca são coisas justas, e o que acontece parece sempre impossível de suportar, mas com certeza passam com o tempo.

Começo a me sentir triste com o que ela está falando.

Diana segura minhas mãos e me olha nos olhos um pouco, antes de responder.

- Infelizmente seu pai foi vítima de um assalto... eu queria que fosse diferente Alex , mas ele não volta mais pra casa.

Sou invadida pelo som dos berros e choro da minha mãe que está na sala. As lágrimas escorrem na minha face e eu sinto um frio na espinha.

💭Nunca mais vou ver meu pai 💭

**********

- Tem certeza de que quer ir minha querida?

Olho pra minha tia Glória e abro um sorriso fraco.

- Está na hora de voltar, tem tempo já que ela saiu do programa de reabilitação.

Ela se aproxima de mim e ajeita uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

- Pensei que você gostasse de morar com a gente.

Minha tia não tem filhos e eu sei que ficou mais do que empolgada quando eu vim morar com ela, é irmã do meu pai. Mas como eu vou dizer a essa mulher que eu gostei muito de morar com ela sim, mas que não posso mais continuar aqui porque o namorado nojento que ela arrumou há um ano vem me atormentando desde que eu fiz quinze?

Não dá.

Eu sei que sou uma dor de cabeça e a intrusa aqui sou eu, por isso estou voltando pra morar com minha mãe.

Quando chego na casa está tudo muito silencioso.

Minha mãe vem me receber na porta.

- Oi, que bom que você resolveu voltar.

Reparo bem na mulher com quem eu me pareço tanto e não consigo ver nada de parecido com aquela de três anos atrás. É só vazio, ela parece uma casca, mas está com um sorriso no rosto e se esforça pra ser gentil e receptiva. Fez até um bolo com confeitos coloridos.

Os dias vão passando e eu vou percebendo ela mais apática e quieta.

Ela está depressiva. Não bebe mais e nem joga, o que restou agora são as lembranças da vida que tinha.

*********

Finalmente me formei no ensino médio. Quero tentar uma bolsa para cursar jornalismo em alguma faculdade aqui de Portland. Arrumar um emprego de meio período e seguir em frente.

Chego em casa do mercado e chamo por minha mãe.

- Vai querer o quê de almoço, mãe?

Ela não me responde e eu subo as escadas em busca dela. Entro no quarto depois de bater e não ter resposta, encontro ela caída em uma poça de sangue no chão do quarto, com a mão direita na arma calibre vinte e dois.

Sinto um enjôo e fecho a porta. Luto com as lágrimas brotando nos meus olhos, e grito de dor quando me dou conta de que não tenho mais ninguém na minha vida.

💭 Por que meu Deus, por quê?! 💭

**********

Encaro a carta que mandaram me dizendo que não vai mais haver benefício pela milésima vez.

Tomei uma decisão que não pode ser a mais honrada, mas é a necessária nesse momento. Ninguém quer me dar emprego, nem lavando chão, eu preciso comer.

- Você queria falar comigo?

Olho para Peter, meu namorado, e abro um sorriso amarelo.

- Sim, se senta aqui.

Ele é um cara legal, paciente, foi gentil na minha primeira vez e tudo o mais. Por isso não posso continuar com ele fazendo o que vou fazer. É só um namorico adolescente e ele vai superar.

- Olha Pit, eu gosto muito de você, mas acho melhor nós dois terminarmos. Nossas vidas estão muito diferentes, e eu não quero você chateado.

Peter franze a testa pra mim.

- Mas eu gosto tanto de você Alex, não faz isso com a gente. Me fala o que você quer fazer, pra onde você quer ir... eu faço o que você quiser.

Ah, droga! Não pensei que fosse ser tão difícil assim.

- Hum, Peter... vamos viver cada um na sua. Se rolar da gente voltar, se cruzar por aí de novo, a gente volta da onde parou...

Ele está chateado, mas Peter é tão ferrado de vida quanto eu. Continuar juntos vai ser pedir esmola pra dois, e ele merece alguém decente, com o que eu vou fazer não vou mais ser uma.

- Eu quero me despedir de você de um jeito decente, vem.

**********

Estou sentindo um frio na barriga enorme, mas eu não posso paralisar.

Bato na porta dos fundos do endereço que peguei no jornal e um cara alto abre pra mim, ele faz um gesto para que eu entre.

- Você veio para trabalhar?

Confirmo com a cabeça. Ele me indica um corredor a direita.

- Segue por alí, bate na porta escrito Ímola, e se apresenta pra ela.

Ando um pouco travada, mas consigo chegar até a porta. Bato de leve e escuto um "entre".

Uma mulher de meia idade, muito bonita e bem vestida me olha e abre um sorriso. Está sentada em uma sala de móveis brancos, e decoração super delicada.

- Olá minha querida, eu sou Ímola. Muito prazer!

Pego na mão dela e abro um sorriso.

- Eu sou a Alex, muito prazer também Ímola.

Ela me faz um gesto para que eu sente, e eu me acomodo na poltrona branca de frente para a mesa dela.

Me pergunta o que eu desejo.

- Eu quero trabalhar.

A mulher inclina a cabeça para a esquerda um pouco e me avalia por uns instantes.

- Você não tem perfil de uma garota daqui. Suponho que esteja passando por dificuldades, não é?

Confirmo com a cabeça e ela suspira.

- Tudo bem minha querida, vamos fazer um teste.

Ela se levanta e me leva até o salão vazio, ainda estamos de dia e a boate não funciona.

- Sabe dançar?

Faço um gesto de mais ou menos com a cabeça.

Ímola tira o vestido azul turquesa que veste e fica apenas de lingerie preta. Isso me surpreende. Primeiro porque o corpo dela é impecável, segundo, que ela não se importou de fazer isso na frente dos homens que trabalham aqui. Mas ele parecem não ligar, acho que estão acostumados.

- Se você quiser ganhar dinheiro aqui querida, não pode ter vergonha. Pela sua cara eu vejo que é uma garota tímida, vou te ensinar algumas coisas pra usar hoje e com o tempo, observando as outras meninas, você pega o jeito da coisa.

Ímola usa uma cadeira pra dançar e ela é muito boa no que faz, imagino que já tenha ganho a vida dançando. Presto atenção ao máximo nela e depois repito.

- Hum, não está perfeito mas para uma primeira vez.

Ela veste a roupa e depois me chama pra sentar em um dos sofás de couro que a boate tem. Tudo aqui é no preto e marrom, e tem vários mastros de poli dance pelo lugar. Um palco até considerável, e um bar com um monte de bebidas nas prateleiras.

- Vou te explicar como funciona, Alex. Os clientes não podem te tocar no salão, não é permitido. Eles vão te assistir, vão fazer piadinhas, babar feito cachorrinho, mas é só isso. O máximo que eles podem fazer é colocar dinheiro na sua calcinha, mas isso tem que ser feito de maneira rápida, se não os rapazes quebram as mãos deles.

Meu Deus...

- Pode ser que te chamem pra uma dança reservada, aí é um valor a mais e bem a mais, e nas cabines vocês decidem o que fazem. Eu reparei que é bem jovem, ainda não fez nem vinte e um, não é?

Nego com a cabeça.

- Tenho dezoito, acabei de me formar no ensino médio.

Ela comprime os lábios e pensa um pouco.

- Vou providenciar uma identidade falsa pra você. Não é uma criança mais, mas não tenho uma tão nova assim, isso não é bom.

Ímola se levanta.

- Te espero hoje a noite.

Eu me levanto também e seguro na mão dela.

- Escuta, Ímola, eu preciso trazer as roupas e sapatos? Não tenho nada que sirva pra isso.

Eu sequer tenho um salto alto.

Ela abre um sorriso pra mim.

- Eu já devia saber... hum, eu vou providenciar umas três peças de roupas pra você e pares de sapato. Se você for boa, hoje mesmo faz uma grana e consegue comprar mais.

Ímola pisca pra mim e eu vou pra casa me preparar pra voltar a noite.

***********

Estou de frente para o espelho da boate me olhando. Ajeitei meus cabelos loiros em ondas, a maquiagem forte e o batom vermelho são o meu habitual nas noites.

Eu sou uma mulher pequena, com corpo delicado, o tipo ninfeta. Já tem um ano que eu estou nessa porcaria e eu descobri que esse tarados gostam disso: de garotas novinhas.

Me mantenho afastada das cabines, não é o meu interesse fazer programa. Eu posso não ganhar muito dinheiro assim, mas também não viro uma pr*st*tuta de vez. Já não suporto mais isso daqui, tenho juntado dinheiro pra conseguir fazer minha faculdade, quero conseguir pagar pelo menos a metade e conseguir viver tranquila, até arrumar um estágio ou algo do tipo. Cursando o superior é mais fácil conseguir um emprego decente, mas eu sei que demora pelo menos dois anos, eu passo a noite inteira nessa merda e não vai rolar me dedicar aos estudos estando um caco durante o dia.

Meu telefone celular toca.

Eu vejo o número da minha tia na tela e atendo em um lugar mais abafado pra ela não escutar as meninas berrando enquanto se arrumam.

📲🔊 - Oi tia, algum problema?

📲🔊 - Oi, é a Alex? Não é sua tia querida, é a vizinha dela, a Susan. Você se lembra de mim?

Sinto um comichão no corpo.

📲🔊 - Claro que lembro. O que aconteceu com a minha tia?

📲🔊 - Glória foi internada as pressas hoje minha querida, ela precisa de uma cirurgia no coração. Estou te ligando que você possa vir no hospital amanhã no horário de visitas, ela não tem como pagar isso, e nem eu tenho como ajudar, então não sabemos quanto tempo mais ela vai resistir.

A única família que me resta...

Não é possível.

Vi ela na semana passada e estava tão bem.

📲🔊 - Quanto é essa cirurgia, Susan?

📲🔊 - Custa quarenta e cinco mil dólares minha querida. Ela precisa colocar uma válvula no coração.

Merda, isso é muito dinheiro! Eu não tenho tudo isso, na verdade, o que eu tenho passa um pouco dos dez mil dólares.

📲🔊 - Amanhã eu vou vê-la. Me mande o endereço do hospital e tudo direitinho.

Desligo a ligação desnorteada.

Olho no espelho de novo.

💭 Ai Alex, se você não quiser ficar sozinha nesse mundo precisa fazer o que não quer fazer💭

Tiro o robe de cetim que esconde o conjunto de calcinha e sutiã de couro sintético, no cor de rosa, e enfeitado com pedrarias. Estou calçando um salto altíssimo, meia pata e transparente. Me dirijo até o salão rebolando ao máximo em quanto caminho, hoje preciso que alguém me queria em um reservado. Subo em um dos mini palcos de poli dance e começo a dançar, eu fiquei boa nesse negócio.

Não demora muito e um dos seguranças se aproxima me chamando pelo meu nome de guerra.

- Ei Pandora, tem um cliente querendo uma dança particular. Sei que você não faz isso, mas ele está disposto a pagar vinte mil.

Ah, o rebolado e a dança fizeram efeito!

- Diga a ele que vou sim.

Tenho que pagar uma comissão de vinte por cento para a casa, mas mesmo assim vou ficar com bastante grana ainda. Talvez em poucos dias eu consiga pagar a operação de Glória.

Respiro fundo e me dirijo à cabine.

Me preparo mentalmente, sei que ele não vai querer só uma dança, não pagando essa fortuna toda que ele está pagando.

Tomara que não seja um asqueroso.

Entro na cabine reservada, com a luz ambiente mais baixa e fico impressionada. É um homem jovem, bem vestido, cheiroso, e bem gato.

Tem os cabelos negros e olhos verdes lindos. Abre um sorriso matador pra mim e faz minhas pernas tremerem.

- Boa noite. Você é ainda mais bonita de perto.

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