Noa parte 4

Estou olhando pro teto e pensando no beijo que eu dei em Alex.

Ela é cheirosa demais e o beijo dela é muito bom. Com toda a certeza correspondeu às expectativas, e ao que tudo indica ela gostou. Bom, pelo menos não me deu um tapa na cara.

Eu não aguentava mais só imaginar como seria, tive que provar. A questão toda agora é que eu sou capaz de apostar que eu estou f*dido.

Mas eu vou me controlar, vou ir devagar. Tem muita coisa que eu ainda não sei sobre Alex, ela pode me surpreender muito, embora eu já tenha tirado da minha cabeça que é uma pessoa ruim. Vamos ver no que vai dar, afinal de contas, moramos no mesmo lugar e não quero correr o risco dessa coisa toda desandar e acabarmos um com ranço da cara do outro.

Levanto da cama pra tomar um banho, meus pais estão me esperando e eu tenho certeza de que minha mãe vai me bombardear de perguntas sobre Alex. Ela não me vê com ninguém desde Catherine.

*********

Meus pais moram no Uper West Side, não estamos tão longe mas também não estamos colados. Abro a porta da cobertura e não evito o sorriso largo.

- Tio Noa!

Ayla corre pra pular em cima de mim.

- Que saudade de você garotinha! Você está linda demais.

Desço ela do meu colo e a faço girar. O vestido azul turquesa, com um laço enorme atrás, acompanha o movimento.

- Tamārō khūba khūba ābhāra!

Franzo a testa pra ela.

- O QUÊ?!

Ayla solta uma risada pra mim.

- É Guzerate tio, o idioma falado onde nós estávamos. Quer dizer muito obrigada!

Meu Deus, uma frase desse tamanho pra dizer duas palavras só.

- Vejo que gostou muito da visita à Índia. Mas fique sabendo que se vocês tiverem voltado sem nenhuma especiaria pra mim, nós vamos cortar relações agora.

Encosto um indicador no outro e ela me encara achando graça do meu teatro esperando pelo tal corte.

- Deixa de ser dramático, Noa.

Me viro pra ver minha irmã.

- Não sou dramático, é que seria um afronte sem tamanho vocês não me trazerem as coisas de lá.

Dou um abraço nela.

- Onde está Austin?

Ela me diz que ele está na cozinha mostrando aos nossos pais as infinitas bugigangas que trouxe na mala.

- Vocês não iam voltar só na semana que vem?

Rebeca abre um sorriso pra mim.

- Sua sobrinha foi aprovada pra se apresentar no Majestic. Vai solar, e os ensaios começam nessa terça feira.

Coloco as duas mãos no coração fazendo uma pose exagerada e olho pra minha sobrinha.

- Você vai se apresentar na Broadway? E sozinha? É demais pro coração do tio.

Ayla estuda em um colégio voltado a trabalhar o talento artístico dos estudantes, e eles todo ano fazem seleções para as crianças se apresentaram em algum teatro.

Ela dança balé e toca violino como ninguém, e quando pergunto o que vai fazer, me diz que vai dançar e tocar ao mesmo tempo.

- Nossa, estou ansioso pra ver.

Ando de mãos dadas com ela até a cozinha e assim que me vê, meu cunhado me entrega a valise, em modelo vintage e envernizada.

- Esses aqui são todos que conseguimos encontrar.

Me sento na bancada e abro a mala sentindo que meus olhos estão brilhando. Vejo vários potes redondos em tamanho médio e com temperos.

Minha mãe se aproxima por trás de mim.

- Isso significa que você vai cozinhar?

Me viro pra olhar pra ela.

- Vou sim, o que a senhora me pede que eu consigo negar?

***********

Estamos sentados na mesa, a conversa está ótima, até que a dona Esther resolve botar a língua pra jogo.

- Você e aquela moça linda estão namorando?

Até abro a boca pra responder, mas Rebeca passa na frente.

- Que moça linda?

Reviro meus olhos para as duas.

- Alex é só uma amiga, se mudou há pouco tempo para o prédio e eu ajudei ela em um momento delicado, aí nós desenvolvemos uma certa relação cordial. Apenas isso.

Nem ferrando que eu vou falar sobre meu interesse na senhorita Jhonson, é aí que elas não vão me deixar em paz mesmo.

Minha mãe dá uma risada.

- Relação cordial bebendo um Lafite e conversando cheio de sorrisos? Você estava quase babando nela, meu filho. Não mente pra mim. Ainda levou ela pra dentro da cozinha depois.

Encaro minha mãe tentando pensar em algo pra dizer, mas graças a Deus meu pai me ajuda.

- Esther, deixa o Noa quieto. Se ele diz que é só uma amiga, é porque é só uma amiga.

Minha mãe estreita os olhos pra mim e eu finjo que não estou vendo.

Decido mudar de assunto e consigo deixar Alex afastada da conversa, até que o almoço termina e Rebeca me chama de canto.

- Quem é essa tal de Alex?

- Eu já disse, é minha vizinha.

Ela cruza os braços pra mim e arqueia uma sobrancelha.

- Você nunca mais esteve com ninguém, me diz que está dando uma chance pra você mesmo depois desse tempo todo.

Respiro fundo, minha história com Catherine terminou de um jeito ruim, mas éramos jovens e isso faz quatro anos já.

- Eu não fiquei todo esse tempo sozinho, vocês apenas não viram cada companhia que eu arrumei. Além do mais, Alex não foi convidada sozinha, a amiga dela ficou doente e eu só fiz companhia. Não dava pra ficar lá calado e sem interagir, e nem deixar ela jantar sozinha.

Rebeca me pergunta porque levei ela pra dentro da cozinha e eu seguro o revirar de olhos.

- Porque os críticos foram ontem nos avaliar pra segunda estrela. Levei ela pra não deixar a moça sozinha e deslocada.

Mudo se assunto.

- Deixa Ayla dormir lá em casa amanhã. Eu levo ela no tal ensaio antes de ir pro trabalho.

Rebeca sabe que eu mudei deliberadamente de assunto pra fugir da insistência dela. Não gosto de falar sobre meu relacionamento, custei muito a me curar daquilo tudo e das consequências, não estou afim de remexer isso.

************

É terça feira de manhã.

Ayla e eu estamos no elevador, vou levá-la ao Majestic e depois seguir para o trabalho.

O elevador para no oitavo andar e Alex aparece. Imediatamente eu abro um sorriso pra ela, não a vejo desde sábado e também não quis incomodar mandando mensagem e nem ligando. Ela me cumprimenta meio sem jeito e eu não sei se ela está assim porque gostou muito do beijo que nós demos, ou se porque não gostou nada.

- Bom dia pra você também.

Ela olha pra Ayla de mãos dadas comigo.

- Quem é essa garotinha linda?

Minha sobrinha se apresenta com um sorriso no rosto.

- Eu sou Ayla, sou a sobrinha do Noa.

Alex aperta a mão dela e também se apresenta, as duas se envolvem em uma conversa e eu percebo que a loira está usando minha sobrinha pra me evitar.

Decido dificultar as coisas pra ela.

- Aceita uma carona?

- Ah, não precisa. Eu pego um táxi e rapidinho chego aonde tenho que ir.

Aperto a mão de Ayla e ela entende o que eu preciso. Já me ajudou em uma situação assim antes, Rebeca não pode nem imaginar uma coisa dessas, se não me capa.

- Ah, aceita Alex. Quero conversar mais com você.

Funciona perfeitamente. Alex olha pra ela meio constrangida, não vai dizer não pra garotinha meiga de olhos azuis escuros e cabelo castanho e comprido.

- Tudo bem, eu aceito então.

Nós descemos até a garagem e enquanto Ayla entra no banco de trás, eu aproveito pra falar com ela.

- Pra onde você vai?

- Pra Times.

Faço um gesto de cabeça e ela entra pra ficar ao lado da minha sobrinha, decido deixar ela um pouco mais a vontade e me sento no banco do carona.

- Você se incomoda se deixarmos Ayla primeiro? Você vai pra mais perto que ela, mas acontece que a mocinha aí tem horário.

Alex nega com a cabeça.

- De maneira alguma, eu estou adiantada.

Quando Stanley para o carro no meio fio eu escuto as duas se despedindo. Passaram o caminho inteiro tagarelando, falaram até em francês. Alex é uma mulher culta, eu já pude perceber.

- Tchau Alex, foi um prazer te conhecer. Se não for pedir demais, será que você vem no meu solo? Vai ser daqui duas semanas, aqui mesmo no Majestic.

Alex acaba aceitando.

Ah meu Deus, minha mãe e Rebeca vão surtar.

Deixo minha garotinha na parte de dentro do teatro junto com uma professora e volto pro carro.

Dessa vez me sento no banco de trás e abro um sorriso pra loira.

- Tudo bem com você?

Ela engole em seco. A deixo desconfortável, e isso é ótimo sinal.

- Tudo sim, e com você?

- Estou bem também, apenas curioso.

Jhonson franze a testa.

- Curioso com o quê?

Aproximo meu rosto do dela e a vejo respirando forte.

- Pra saber o que você achou do nosso beijo.

Encaro Alex nos olhos e ela sustenta meu olhar por um primeiro momento, depois desce os olhos pra minha boca.

- Ah, sobre isso? Foi bom...

Era o que eu precisava ouvir. Seguro no rosto dela com as duas mãos e beijo de um jeito suave. É bom mesmo. Alex segura no meu pescoço e me corresponde, e quando nós largamos eu não resisto.

- Toma aquele vinho comigo hoje?

Ela me olha por um momento, depois ajeita o cabelo atrás das orelhas.

- Hoje não, vamos deixar pra um outro dia.

Alex está meio sem jeito, não olha nos meus olhos.

💭 Tem alguma coisa por trás dessa resistência toda comigo💭

Levanto o rosto dela de um jeito delicado.

- Como você quiser. Vamos fazer o seguinte: quando você quiser beber ele comigo, você bate lá em casa. Eu chego sempre depois das sete e meia.

Alex confirma com a cabeça e quando nós paramos na Times Square, ela se despede de mim com um beijo na bochecha.

💭 É Noa, essa mulher está te consumindo, e rápido 💭

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Comments

Renascida das cinzas

Renascida das cinzas

hahaha que safadooooo!!!

2024-08-09

0

ARMINDA

ARMINDA

NÃO DESISTA DELA . ALEX É PRECIOSA.

2024-05-04

2

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Atualizado até capítulo 62

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