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Webster

Onde todo o meu tormento começou

Oi gente!

Esse livro aqui é para atender aos pedidos de um final feliz para Alex. Ela merece depois de Will, e de toda merda que passou na vida. Vou abordar a vida dela de um jeito um pouco mais completo, e já deixo bem claro aqui que o homem que vai entrar na vida dela não sabe sequer segurar uma arma. Vou deixar nossa protagonista bem longe de mafiosos alemães e policiais latinos/texanos.

Preciso dizer também que Alex vai se abrir sobre os anos que sofreu com Will, não é uma história fofinha com ele, quem leu os livros de Martín sabe que ela sofreu horrores, e ainda quase morreu com Wolf. Então é um livro de conteúdo sensível e gatilhado.

Um beijo meus amores, e obrigada por acompanhar essa derivada de "Entre a Luz e a Sombra". ❤️

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Estou trancada no meu quarto ouvindo meus pais discutindo. Choro porque queria muito ter uma vida normal, uma mãe amorosa e que cuida de mim de verdade, mas o que eu tenho é uma mãe viciada em roletas e poker, além do álcool. Ah... o maldito álcool!

Eu sei, eu sei... eu só tenho doze anos e já estou amarga assim. É ela quem me ensina a ser desbocada. Vive me dizendo pra não ser otária como ela foi, e me casar com um homem rico pra bancar os meu gostos e mimos.

Minha mãe não tem um pingo de respeito pelo meu pai.

Ele é o meu herói. Trabalha feito um condenado pra conseguir contornar as situações horríveis, as quais nós ficamos envolvidos, por conta dos gastos absurdos dela nos jogos.

O motivo da discussão deles hoje é o corte de luz que sofremos porque ela garantiu que pagaria as contas atrasadas, e ao invés disso, gastou tudo no jogo.

Custo a conseguir dormir ouvindo os dois e sonho com o dia que meu pai vai finalmente se cansar da minha mãe, me pegar pela mão, e ir embora comigo pra algum lugar longe.

**********

É terça feira a tarde. Estou lavando a louça na cozinha depois de chegar da escola, já que minha mãe está largada no sofá com um copo de rum na mão esquerda, enquanto segura um cigarro na direita.

A campainha toca e eu continuo concentrada na minha tarefa.

- Vai lá atender sua imprestável! É igualzinho ao seu pai, uma inútil!

Nos raros momentos em que minha mãe está sóbria, ela até demonstra gostar um pouco de mim. As vezes chega até a fazer um bolo cheio daqueles confeitos coloridos. Só que para o meu azar, ela quase sempre está bêbada, então quase sempre me trata mal.

Enxugo minhas mãos em um pano de prato e vou até a porta. Assim que abro dou de cara com um policial jovem e alto perguntando se estou sozinha em casa.

- Sou o policial Denpsey, tem algum maior de idade com você?

Franzo a testa. Sei que o estado em que minha mãe se encontra não é algo bom de um policial ver.

- Minha mãe está, mas não está se sentindo muito bem policial. Posso ajudar em algo?

Ele se abaixa pra falar comigo na minha altura.

- Como você se chama garotinha?

- Eu sou a Alex Jhonson.

Denpsey abre um sorriso sem mostrar os dentes pra mim.

- Bom Alex, eu preciso que você chame sua mãe pra mim.

Respiro fundo e vou até ela.

- Que foi pirralha?

- Tem um policial aí fora dizendo que quer falar com alguém adulto.

Minha mãe revira os olhos e se levanta cambaleante pra ir até a porta. Denpsey percebe que ela não está em condições de nada e liga para um assistente social.

Percebo os dois conversando de maneira sussurrada, depois a mulher vem falar comigo em um canto da cozinha.

- Oi, é Alex, não é?

Confirmo com a cabeça.

- Eu sou Diana O'Conell. Sou assistente social.

Ela estende a mão pra mim e eu cumprimento com calma.

- Olha Alex, você é só uma criança ainda, mas eu quero te dizer que nem sempre na vida as coisas acontecem de um jeito que dá pra entender. Quase nunca são coisas justas, e o que acontece parece sempre impossível de suportar, mas com certeza passam com o tempo.

Começo a me sentir triste com o que ela está falando.

Diana segura minhas mãos e me olha nos olhos um pouco, antes de responder.

- Infelizmente seu pai foi vítima de um assalto... eu queria que fosse diferente Alex , mas ele não volta mais pra casa.

Sou invadida pelo som dos berros e choro da minha mãe que está na sala. As lágrimas escorrem na minha face e eu sinto um frio na espinha.

💭Nunca mais vou ver meu pai 💭

**********

- Tem certeza de que quer ir minha querida?

Olho pra minha tia Glória e abro um sorriso fraco.

- Está na hora de voltar, tem tempo já que ela saiu do programa de reabilitação.

Ela se aproxima de mim e ajeita uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

- Pensei que você gostasse de morar com a gente.

Minha tia não tem filhos e eu sei que ficou mais do que empolgada quando eu vim morar com ela, é irmã do meu pai. Mas como eu vou dizer a essa mulher que eu gostei muito de morar com ela sim, mas que não posso mais continuar aqui porque o namorado nojento que ela arrumou há um ano vem me atormentando desde que eu fiz quinze?

Não dá.

Eu sei que sou uma dor de cabeça e a intrusa aqui sou eu, por isso estou voltando pra morar com minha mãe.

Quando chego na casa está tudo muito silencioso.

Minha mãe vem me receber na porta.

- Oi, que bom que você resolveu voltar.

Reparo bem na mulher com quem eu me pareço tanto e não consigo ver nada de parecido com aquela de três anos atrás. É só vazio, ela parece uma casca, mas está com um sorriso no rosto e se esforça pra ser gentil e receptiva. Fez até um bolo com confeitos coloridos.

Os dias vão passando e eu vou percebendo ela mais apática e quieta.

Ela está depressiva. Não bebe mais e nem joga, o que restou agora são as lembranças da vida que tinha.

*********

Finalmente me formei no ensino médio. Quero tentar uma bolsa para cursar jornalismo em alguma faculdade aqui de Portland. Arrumar um emprego de meio período e seguir em frente.

Chego em casa do mercado e chamo por minha mãe.

- Vai querer o quê de almoço, mãe?

Ela não me responde e eu subo as escadas em busca dela. Entro no quarto depois de bater e não ter resposta, encontro ela caída em uma poça de sangue no chão do quarto, com a mão direita na arma calibre vinte e dois.

Sinto um enjôo e fecho a porta. Luto com as lágrimas brotando nos meus olhos, e grito de dor quando me dou conta de que não tenho mais ninguém na minha vida.

💭 Por que meu Deus, por quê?! 💭

**********

Encaro a carta que mandaram me dizendo que não vai mais haver benefício pela milésima vez.

Tomei uma decisão que não pode ser a mais honrada, mas é a necessária nesse momento. Ninguém quer me dar emprego, nem lavando chão, eu preciso comer.

- Você queria falar comigo?

Olho para Peter, meu namorado, e abro um sorriso amarelo.

- Sim, se senta aqui.

Ele é um cara legal, paciente, foi gentil na minha primeira vez e tudo o mais. Por isso não posso continuar com ele fazendo o que vou fazer. É só um namorico adolescente e ele vai superar.

- Olha Pit, eu gosto muito de você, mas acho melhor nós dois terminarmos. Nossas vidas estão muito diferentes, e eu não quero você chateado.

Peter franze a testa pra mim.

- Mas eu gosto tanto de você Alex, não faz isso com a gente. Me fala o que você quer fazer, pra onde você quer ir... eu faço o que você quiser.

Ah, droga! Não pensei que fosse ser tão difícil assim.

- Hum, Peter... vamos viver cada um na sua. Se rolar da gente voltar, se cruzar por aí de novo, a gente volta da onde parou...

Ele está chateado, mas Peter é tão ferrado de vida quanto eu. Continuar juntos vai ser pedir esmola pra dois, e ele merece alguém decente, com o que eu vou fazer não vou mais ser uma.

- Eu quero me despedir de você de um jeito decente, vem.

**********

Estou sentindo um frio na barriga enorme, mas eu não posso paralisar.

Bato na porta dos fundos do endereço que peguei no jornal e um cara alto abre pra mim, ele faz um gesto para que eu entre.

- Você veio para trabalhar?

Confirmo com a cabeça. Ele me indica um corredor a direita.

- Segue por alí, bate na porta escrito Ímola, e se apresenta pra ela.

Ando um pouco travada, mas consigo chegar até a porta. Bato de leve e escuto um "entre".

Uma mulher de meia idade, muito bonita e bem vestida me olha e abre um sorriso. Está sentada em uma sala de móveis brancos, e decoração super delicada.

- Olá minha querida, eu sou Ímola. Muito prazer!

Pego na mão dela e abro um sorriso.

- Eu sou a Alex, muito prazer também Ímola.

Ela me faz um gesto para que eu sente, e eu me acomodo na poltrona branca de frente para a mesa dela.

Me pergunta o que eu desejo.

- Eu quero trabalhar.

A mulher inclina a cabeça para a esquerda um pouco e me avalia por uns instantes.

- Você não tem perfil de uma garota daqui. Suponho que esteja passando por dificuldades, não é?

Confirmo com a cabeça e ela suspira.

- Tudo bem minha querida, vamos fazer um teste.

Ela se levanta e me leva até o salão vazio, ainda estamos de dia e a boate não funciona.

- Sabe dançar?

Faço um gesto de mais ou menos com a cabeça.

Ímola tira o vestido azul turquesa que veste e fica apenas de lingerie preta. Isso me surpreende. Primeiro porque o corpo dela é impecável, segundo, que ela não se importou de fazer isso na frente dos homens que trabalham aqui. Mas ele parecem não ligar, acho que estão acostumados.

- Se você quiser ganhar dinheiro aqui querida, não pode ter vergonha. Pela sua cara eu vejo que é uma garota tímida, vou te ensinar algumas coisas pra usar hoje e com o tempo, observando as outras meninas, você pega o jeito da coisa.

Ímola usa uma cadeira pra dançar e ela é muito boa no que faz, imagino que já tenha ganho a vida dançando. Presto atenção ao máximo nela e depois repito.

- Hum, não está perfeito mas para uma primeira vez.

Ela veste a roupa e depois me chama pra sentar em um dos sofás de couro que a boate tem. Tudo aqui é no preto e marrom, e tem vários mastros de poli dance pelo lugar. Um palco até considerável, e um bar com um monte de bebidas nas prateleiras.

- Vou te explicar como funciona, Alex. Os clientes não podem te tocar no salão, não é permitido. Eles vão te assistir, vão fazer piadinhas, babar feito cachorrinho, mas é só isso. O máximo que eles podem fazer é colocar dinheiro na sua calcinha, mas isso tem que ser feito de maneira rápida, se não os rapazes quebram as mãos deles.

Meu Deus...

- Pode ser que te chamem pra uma dança reservada, aí é um valor a mais e bem a mais, e nas cabines vocês decidem o que fazem. Eu reparei que é bem jovem, ainda não fez nem vinte e um, não é?

Nego com a cabeça.

- Tenho dezoito, acabei de me formar no ensino médio.

Ela comprime os lábios e pensa um pouco.

- Vou providenciar uma identidade falsa pra você. Não é uma criança mais, mas não tenho uma tão nova assim, isso não é bom.

Ímola se levanta.

- Te espero hoje a noite.

Eu me levanto também e seguro na mão dela.

- Escuta, Ímola, eu preciso trazer as roupas e sapatos? Não tenho nada que sirva pra isso.

Eu sequer tenho um salto alto.

Ela abre um sorriso pra mim.

- Eu já devia saber... hum, eu vou providenciar umas três peças de roupas pra você e pares de sapato. Se você for boa, hoje mesmo faz uma grana e consegue comprar mais.

Ímola pisca pra mim e eu vou pra casa me preparar pra voltar a noite.

***********

Estou de frente para o espelho da boate me olhando. Ajeitei meus cabelos loiros em ondas, a maquiagem forte e o batom vermelho são o meu habitual nas noites.

Eu sou uma mulher pequena, com corpo delicado, o tipo ninfeta. Já tem um ano que eu estou nessa porcaria e eu descobri que esse tarados gostam disso: de garotas novinhas.

Me mantenho afastada das cabines, não é o meu interesse fazer programa. Eu posso não ganhar muito dinheiro assim, mas também não viro uma pr*st*tuta de vez. Já não suporto mais isso daqui, tenho juntado dinheiro pra conseguir fazer minha faculdade, quero conseguir pagar pelo menos a metade e conseguir viver tranquila, até arrumar um estágio ou algo do tipo. Cursando o superior é mais fácil conseguir um emprego decente, mas eu sei que demora pelo menos dois anos, eu passo a noite inteira nessa merda e não vai rolar me dedicar aos estudos estando um caco durante o dia.

Meu telefone celular toca.

Eu vejo o número da minha tia na tela e atendo em um lugar mais abafado pra ela não escutar as meninas berrando enquanto se arrumam.

📲🔊 - Oi tia, algum problema?

📲🔊 - Oi, é a Alex? Não é sua tia querida, é a vizinha dela, a Susan. Você se lembra de mim?

Sinto um comichão no corpo.

📲🔊 - Claro que lembro. O que aconteceu com a minha tia?

📲🔊 - Glória foi internada as pressas hoje minha querida, ela precisa de uma cirurgia no coração. Estou te ligando que você possa vir no hospital amanhã no horário de visitas, ela não tem como pagar isso, e nem eu tenho como ajudar, então não sabemos quanto tempo mais ela vai resistir.

A única família que me resta...

Não é possível.

Vi ela na semana passada e estava tão bem.

📲🔊 - Quanto é essa cirurgia, Susan?

📲🔊 - Custa quarenta e cinco mil dólares minha querida. Ela precisa colocar uma válvula no coração.

Merda, isso é muito dinheiro! Eu não tenho tudo isso, na verdade, o que eu tenho passa um pouco dos dez mil dólares.

📲🔊 - Amanhã eu vou vê-la. Me mande o endereço do hospital e tudo direitinho.

Desligo a ligação desnorteada.

Olho no espelho de novo.

💭 Ai Alex, se você não quiser ficar sozinha nesse mundo precisa fazer o que não quer fazer💭

Tiro o robe de cetim que esconde o conjunto de calcinha e sutiã de couro sintético, no cor de rosa, e enfeitado com pedrarias. Estou calçando um salto altíssimo, meia pata e transparente. Me dirijo até o salão rebolando ao máximo em quanto caminho, hoje preciso que alguém me queria em um reservado. Subo em um dos mini palcos de poli dance e começo a dançar, eu fiquei boa nesse negócio.

Não demora muito e um dos seguranças se aproxima me chamando pelo meu nome de guerra.

- Ei Pandora, tem um cliente querendo uma dança particular. Sei que você não faz isso, mas ele está disposto a pagar vinte mil.

Ah, o rebolado e a dança fizeram efeito!

- Diga a ele que vou sim.

Tenho que pagar uma comissão de vinte por cento para a casa, mas mesmo assim vou ficar com bastante grana ainda. Talvez em poucos dias eu consiga pagar a operação de Glória.

Respiro fundo e me dirijo à cabine.

Me preparo mentalmente, sei que ele não vai querer só uma dança, não pagando essa fortuna toda que ele está pagando.

Tomara que não seja um asqueroso.

Entro na cabine reservada, com a luz ambiente mais baixa e fico impressionada. É um homem jovem, bem vestido, cheiroso, e bem gato.

Tem os cabelos negros e olhos verdes lindos. Abre um sorriso matador pra mim e faz minhas pernas tremerem.

- Boa noite. Você é ainda mais bonita de perto.

Will não é príncipe, ele é vilão

Atenção, este capítulo contém cenas de violência doméstica. Se você é sensível, por favor, se atente a isso.

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Engulo em seco e me esforço pra falar.

- Boa noite, muito obrigada.

Subo no pequeno palco da cabine depois de tirar o robe com o qual eu me cobri de novo, e quando me preparo para dar o primeiro giro, ele se levanta negando com a cabeça.

- Não quero dança alguma.

Ah, droga!

*💭Ele quer partir para o s*xo 💭*

Abro o melhor sorriso que eu consigo.

- Claro! Hum, só me deixa preparar as coisas e eu venho te buscar.

Me viro na intenção de descolar um dos quartos, mas ele segura de maneira delicada meu braço esquerdo.

- Também não quero isso.

Franzo a testa.

Esse cara é louco, só pode.

- Bom, se o senhor não quer dança, nem quer ir para um quarto, o que deseja então?

Mais uma vez um sorriso maravilhoso pra mim, e eu pisco algumas vezes tentando processar o que está acontecendo com a minha mente.

- Conversar. E a propósito, me chame de você.

Tá legal, fui surpreendida agora.

Ele me pede para que me enrole no robe outra vez e sente no sofá do lado dele e eu faço isso. Depois que me acomodo, pede uma garrafa de Bollinger e se senta ao meu lado.

- Qual seu nome?

Dou um sorriso.

- Pandora.

Ele estreita os olhos e inclina um pouco a cabeça. É o tempo do champagne chegar.

Assim que o garçom sai, ele me fala:

- Quero saber seu nome de verdade, não vou te tratar por esse apelido. Você não merece isso.

Não sei o que ele quer fazer, mas eu vou embarcar nessa. Eu preciso de dinheiro e isso ele está botando na roda.

- Eu me chamo Alex.

- Alex... bonito nome. Eu sou Will, muito prazer.

Will estende a mão direita pra mim e eu o cumprimento.

- Me fala um pouco da sua vida.

Nós conversamos por um bom tempo, até que ele fala:

- Me desculpa Alex, mas o que uma garota como você está fazendo aqui? Está nítido que não pertence a esse lugar.

Deixo a taça de champagne em cima da mesinha e respiro fundo antes de responder.

- Circunstâncias da vida. Todo mundo precisa trabalhar, não é? Além do mais, eu preciso ajudar uma tia minha que está com problemas de saúde.

Will também deixa a taça de lado e passa de leve as costas da mão direita no meu rosto.

- Não gosta muito de falar sobre isso, não é?

Confirmo pra ele.

Até hoje me dói muito a perda do meu pai, o jeito como minha mãe quis partir dessa vida, e o que eu me tornei. Não sou mais nem a sombra daquela garotinha amada pelo pai.

Tá certo que ele era a única coisa de bom na minha vida, e que todo o resto era uma merda, mas eu gostava de como me sentia quando ele cuidava de mim. Nunca mais tive nada assim e é bem provável que não terei mais.

Decido cortar esse assunto, não posso chorar na frente do cliente. Ele não veio aqui pra ouvir os lamentos de uma garota seminua, veio pra se divertir.

- Bom Will, antes que seu tempo acabe, tem alguma coisa que quer que eu faça?

- Tem sim... eu quero um abraço seu.

Fico sem reação com o que ele me pede, e antes que eu diga algo, Will me puxa para um abraço.

- Até amanhã, Alex.

Me despeço dele e sigo pra voltar ao salão.

Passo a noite toda tentando entender o que aconteceu. E me pego rindo sozinha pensando nele.

**********

- Oi, tia. Como está se sentindo?

Chego no hospital por volta das onze da manhã e Glória está sentada na cama.

- Oi meu amor, que bom que você veio! Eu estou tranquila e me sentindo bem.

Dou um abraço nela e me sento para nós duas conversarmos.

- Quero que você saiba que eu vou dar um jeito de pagar sua cirurgia.

Glória franze a testa pra mim.

- De jeito algum, Alex. Isso é muito caro e sei que não pode pagar.

- Não tem discussão tia, eu vou dar um jeito. Já tenho algum dinheiro, acho que dentro de alguns dias, consigo o restante.

Ela me pergunta com o quê estou trabalhando e eu digo que é de garçonete.

- Vou pegar um dinheiro emprestado com meus patrões.

**********

Chego na boate no horário de sempre e me arrumo como de costume. Hoje eu visto um conjunto dourado de micro saia e top.

Saio no salão e assim que piso na pista o segurança vem falar comigo.

- Ele voltou, o cara de ontem. Vinte mil de novo, na mesma cabine.

Olha, ele veio mesmo.

Nem acredito nisso. Com o dinheiro de ontem e o de hoje, mais o que eu tenho guardado, falta bem pouco para pagar a cirurgia.

Dessa vez ele me espera com uma rosa embrulhada em um papel celofane.

- Obrigada!

Me sento ao lado dele e mais uma vez nós conversamos.

- O que você faz da vida Will?

Deve ser algo que dá muito dinheiro. Quarenta mil em duas noites, champagne caro e roupas elegantes.

- Ah, eu tenho negócios variados. Sou um empresário que gosta de diversificar.

Hum, interessante.

- Alex, posso pedir uma coisa?

Will está me olhando com expectativa e ele é tão bonito e educado que eu digo sim sem pensar no resto.

- Quero um beijo seu.

É um homem diferente mesmo. Todos os caras que ficam lá fora naquele salão, tentam as coisas à força, mas Will não. Mesmo pagando, me pede.

Me aproximo dele e fecho os olhos, Will enfia a mão direita na raiz do meu cabelo e me beija de maneira suave.

Tem a boca macia e beija muito bem.

É diferente dos carinhas que beijei no ensino médio e do meu ex namorado. Sinto meu coração acelerando com essa proximidade com ele.

- Até amanhã.

Will pisca pra mim e eu me esforço pra não desmaiar.

Ele vem todos os dias me ver. Eu paguei pela cirurgia da minha tia depois do terceiro dia com Will sendo meu cliente.

Nós ficamos só nos beijos e eu perguntei a ele o porquê de não querer ir até o final.

Will me disse que é porque não acha que seja um bom lugar pra fazer isso.

Hoje está completando uma semana que ele vem ficar comigo.

- Escuta Alex, sei que você tem sua tia doente aqui, e tudo. Mas eu quero saber se você aceita ir embora daqui, eu moro no Texas, em San Antônio, vem comigo. Eu já percebi que você precisa de mudança e de cuidados, eu quero cuidar de você .

Abro e fecho a boca tentando raciocinar.

💭 O quê?!💭

Não consigo falar nada.

- Diz sim pra mim. Não vou conseguir ir embora e te deixar aqui nesse lugar.

Will segura no meu rosto com as duas mãos e me beija, quando me solta eu digo apressada.

- Vou sim.

Estou sendo louca, eu sei. Mas ele é o primeiro que me trata bem em muito tempo, que não enxerga uma garota fracassada e nem um pedaço de carne balançando em um poli dance.

Quero viver algo novo e talvez Will seja minha oportunidade pra isso, e também me ame e cuide de mim do jeito que nunca mais fui cuidada.

*********

- Pronta?

Vim me despedir da minha tia e ele ficou no carro, agora acabei de me sentar do lado dele no banco de couro.

- Sim.

Nós vamos até a área restrita do aeroporto de Portland.

- Você tem o seu próprio avião?

Ele confirma com a cabeça.

- Espero que você goste.

É uma aeronave linda e bem confortável, nunca pensei que pudesse ter uma experiência dessa.

Fica tudo mais surreal ainda quando nós chegamos na casa dele. É enorme, toda bem decorada e ele tem preferência pelo branco.

- Quer alguma coisa?

Estou sem graça... Sabe quando você faz algo no impulso e depois para pra pensar?

Pois é!

- Não.

Will se aproxima de mim e faz carinho no meu rosto.

- Não fica assim, estou muito feliz por você estar aqui. Sei que é quente pra caramba essa cidade e que é tudo muito diferente aqui do que em Portland, mas quero que se sinta a vontade.

Ele me pega pela mão e nós subimos as escadas.

- Toma um banho comigo?

Aceito ao convite dele e sei o que vai acontecer, mas agora é diferente, eu quero.

Will é carinhoso comigo e me faz muito bem. Nós nos mantemos assim, em uma lua de mel maravilhosa e eu vivendo nas nuvens, por seis meses.

Até que ele chega em casa nervoso.

- O que foi amor?

Will tira o blazer fazendo uma careta.

- Nada que te interesse!

Nossa, isso é novidade. Nunca falou assim comigo.

Deve estar com um problema grande nos negócios.

- Vamos conversar.

Tento me aproximar e é aí que levo uma bofetada na cara com as costas da mão esquerda dele.

- Já disse que não é nada que te interessa. Suma da minha frente!

Não posso acreditar nisso.

Não é possível uma coisa dessa.

Subo as escadas correndo e junto todas as minhas coisas deixando as roupas e jóias que ele me deu, pra trás.

Quando apareço na sala com as malas, ele está sentado, sem camisa, e bebendo Whisky.

- Quero meus documentos e o dinheiro da venda da casa dos meus pais.

Ele guardou tudo pra mim e eu achei que seria bom. Eu não sei lidar com essas coisas sozinha.

Escuto uma risada debochada e não reconheço o homem na minha frente. Will se levanta da poltrona em que está e se aproxima de mim.

- Aonde você pensa que vai?

Cruzo meus braços em um tom debochado.

- Estou indo embora, Will. Não vai me dizer que pensou que eu fosse ficar aqui com você me tratando mal desse jeito.

Will segura no meu pescoço e me empurra até a parede. Ele aperta e eu fico desorientada enquanto meus olhos enchem de lágrimas.

- Escuta aqui sua vadia, não admito que fale comigo desse jeito. Você me deve respeito, olha da onde eu te tirei! Você vai subir agora para aquele quarto, vai se aprontar e me esperar, e eu quero que esteja bem safada hoje.

Ele me dá um solavanco e eu cambaleio pra frente quase caindo.

- Sobe agora, ou eu juro que vou te bater tanto que vai desmaiar.

Me esforço pra subir as escadas e me tranco no banheiro. Olho no espelho e procuro entender como isso foi acontecer, como meu príncipe encantado virou um monstro de repente.

Não demora muito para eu descobrir que Will nunca foi príncipe, pelo contrário, ele é o vilão. Não é empresário coisa nenhuma, é um traficante de drogas e armas. Não sei se ele é gangster ou mafioso, mas sei que é mau. Me obriga sempre a ficar com ele, me obriga a tratá-lo com respeito e eu vivo com medo.

Sou prisioneira, a casa é cheia de homens armados até os dentes, e eu não consigo dar uma volta pelo jardim sem um deles me olhando.

Sempre que faço algo que ele julga ser inadequado, me dá um tapa na cara.

E essa é a minha vida a partir de agora.

*********

Estamos deitados na cama depois dele se sentir satisfeito me usando.

- Posso falar uma coisa?

- Já está falando.

Fico em silêncio, não quero deixar ele nervoso.

- Anda, desembucha.

Fico sentada sobre meus calcanhares em cima da cama.

- O que você quer que eu faça? Me diz o que uma mulher tem que ter pra te agradar, eu vou fazer.

Preciso dar um jeito de parar de apanhar. Não consigo mais aguentar isso, esse homem vai acabar me matando.

- Finalmente, achei que ia continuar sendo essa vadia ignorante. Eu vou te colocar em umas aulas de etiqueta e idiomas, quero ver se você consegue ser mais que um rosto e um corpo bonitos. Agora vai dormir, eu estou cansado.

Will me coloca nas tais aulas e eu aprendo tudo direito.

Ele me transforma em uma bonequinha de luxo, me leva a todos os lugares e me exibe como se eu fosse um troféu.

Todos os amigos dele são homens maus, envolvidos no crime e que exibem garotas como eu.

Com o tempo eu vou me moldando ao que ele quer e consigo ter gentilezas dele em alguns raros momentos.

- Você está muito boazinha ultimamente. Quer alguma coisa?

Abro um sorriso pra ele, por mais que minha vontade seja de matar esse homem.

- Posso cursar faculdade? Tenho vontade fazer jornalismo.

Will dá um sorrisinho de canto e desabotoa minha blusa de pijama.

- Vamos ver qual é o seu nível de interesse em fazer essa faculdade.

É um inferno!

Só fecho os olhos e aceito as investidas dele. É isso, ou terminar a noite chorando e com a boca sangrando.

Javier

Já são cinco anos de inferno na minha vida.

Will é tão filho da p*ta que eu nem conto os seis meses em que me tratou bem.

Faz um ano que eu consegui fazer ele me deixar trabalhar em uma das boates dele, é um inferninho frequentado pelos capangas de "Los Rojos", a gangue que ele comanda, e por homens escrotos da cidade. Só pude vir trabalhar com a condição de ser acompanhada por meu segurança. Um cara enorme, que parece uma pedra gigantesca, e se chama Garcia.

Ele me vigia de perto.

Eu trabalho no balcão servindo bebidas e aqui todo mundo sabe quem eu sou, não tem um sequer que se arrisque a falar mais comigo do que o pedido.

É uma noite normal, como todas as outras, até que entram dois caras bem bonitos no bar . Estão vestidos como os carinhas da rua: um com uma regata branca e calça jeans, cheio de ouro no pescoço, e o outro mais discreto de moletom. Esse atrai minha atenção imediatamente. Não tem uma tatuagem sequer nos dois, e eles se aproximam do balcão.

- O que vão querer rapazes?

O de regata me responde:

- Duas cervejas por favor. Se tiver corona pode ser, com limão é claro.

Eu sirvo os dois e quando o de moletom pergunta meu nome eu respondo e pergunto quem são. Descubro que são irmãos adotivos ele se chama Javier, e o irmão, Diego.

- Vocês são do mundo do crime?

São muito diferentes dos homens que frequentam esse lugar, até no jeito de falar, estou curiosa pra saber dos dois, principalmente de Javier.

É ele quem me responde.

- Eu prefiro dizer que somos acostumados a fazer o nosso próprio destino.

Mas é claro que são, esse lugar não tem um homem decente.

Só que eu não sei porque estou tão interessada assim em Javier, eu o encaro por uns instantes e ele também me encara, estreita um pouco os olhos. É latino, pele bronzeada, porte físico grande, cheiroso pra cacete, barba bem cuidada e um visual um pouco grisalho que chama minha atenção porque ele não aparenta ter idade pra isso, com certeza é genética. É isso, ou ele vive sobre grande estresse.

*💭 Para de reparar nesse cara, Alex, você e ele vão acabar m*rtos desse jeito💭*

Os irmãos Castro são estelionatários. Diego me explica que por isso os dois não são tatuados. Mantém o visual limpo para enganar as pessoas com facilidade.

Eles me perguntam sobre o líder da gangue e eu sei que se eu abrir a boca hoje, amanhã estou m*rta do pior jeito possível.

Apesar de dizer que sou namorada dele, Will não dá um pingo de valor na minha vida. Desconfio que a garota que estava no meu lugar antes, foi eliminada justamente por indiscrição. Montenegro é fissurado por se manter escondido, e não vai pensar duas vezes em se livrar de mim.

Tem mais de um ano que ele arrumou uma rivalidade com um policial daqui, eu não sei quem é porque não saio de casa e Will não me mostrou fotos, tudo que eu sei é que se chama Martín Manson. Ele mandou m*tar o cara, mas o capanga que fez isso só conseguiu deixar ele viúvo e o filho da mãe do Will achou isso ótimo até. Ele gosta de saber do sofrimento das pessoas, especialmente desse policial, mas ele não é burro. Will sabe que se der mole todos os policiais desse distrito vão cair em cima dele por conta do que fez com o cara.

Não demora muito e Garcia aparece.

- Algum problema Alex? Esses caras estão te incomodando?

Nego e digo que eles são tranquilos.

Aí o brutamontes me responde em um tom ríspido:

- Então eu devo te lembrar de quem você é propriedade e que não te convém ficar de gracinhas com todo cara que chegar aqui!

Odeio esse cara!

"Gracinhas com todo cara que chegar aqui!"

Eu não abro a boca nessa p*rra de lugar, ninguém fala comigo. Como eu vou ficar de gracinhas?

Não demora muito e os dois irmãos contornam a situação e acabam indo para o salão de reuniões do Danger. É um lugar paralelo onde os grandes, os cabeças da gangue, se reúnem.

Inclusive chegaram dois italianos recentemente, também são irmãos. Um deles é falante e cheio de tatuagens, se chama Vincent. O outro é Lorenzo, o oposto, e preciso dizer aqui: esse me dá arrepios. Tem alguma coisa nele de muito má, só não sei o que é.

Enfim...

Diego e Javier somem porta a dentro e eu fico pensando ainda no cara de moletom.

**********

Os irmãos Castro continuam frequentando o Danger e eu fico muito mais interessada em Javier. Ele tem alguma coisa que me atrai. É o primeiro cara que chama minha atenção em anos. O último foi o que me fez cair no inferno onde eu estou.

Estou em mais um dia normal no balcão do Danger, até que percebo Javier chegando sozinho. Cheiroso como sempre.

💭 Esse cara me desconcentra 💭

Ele se senta em uma banqueta e eu puxo assunto.

- Oi Javier, onde está Diego?

Ele me responde de um jeito casual.

- Galinhando por aí hoje.

Acho graça da resposta dele e pergunto sem pensar:

- Não quis fazer companhia pro seu irmão?

- Não é minha praia fazer isso.

Não resisto e olho bem pra ele, dou um conferida de maneira bem furtiva.

💭 Hum, gato do jeito que é, deve ser um galinha de mão cheia também💭

Javier está bebendo conhaque, eu pergunto se ele quer mais quando percebo que o do copo acabou.

Enquanto sirvo outra dose pra ele, eu digo:

- Se você veio na intenção de se reunir com Vincent e os outros, perdeu viagem. Eles não estão aqui hoje.

É aí que eu sinto minhas pernas bambearem.

- Não vim aqui hoje por eles, vim porque queria ver você.

P*ta merda!

Sinto minhas bochechas queimando e não tenho coragem de olhar no rosto dele.

- Fico feliz por isso.

Javier é galanteador.

- E eu fico feliz de te deixar feliz.

Não penso muito, digo que quero conversar com ele fora daqui. Explico por alto que sou vigiada o tempo inteiro, embora eu ache que ele já percebeu isso. Digo que costumo ter aulas no sábado na faculdade, mas que nesse estou livre e pergunto se ele topa se encontrar comigo.

Javier puxa a carteira e tira o dinheiro pra pagar a bebida junto com um cartão de visitas, ele me entrega de um jeito disfarçado já que Garcia está me vigiando como uma ave de rapina.

Ele me pede pra ligar no número do cartão e depois se despede de mim.

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Estou pronta pra me encontrar com Javier.

Eu sei, sou louca. Estou correndo risco de m*rte real fazendo isso, mas quero ver esse homem fora daquele lugar infernal.

Saio de casa normalmente, vou pra faculdade e espero por ele que vem em um carro de aplicativo.

Javier me traz ao Mont Plaza e eu fico encantada e sem acreditar que vou conhecer pessoalmente esse lugar. Sempre quis vir aqui, mas não posso sair sozinha e Will não pode ser visto em público, então eu só admirei por fotos.

Nem acredito que de primeira esse homem acertou tanto assim. Nós passeamos pelo jardim do restaurante e eu fico encantada com tudo.

Javier é atencioso, me pergunta sobre as coisas da minha vida enquanto nós andamos pelo jardim e eu sinto confiança em contar pra ele tudo que me aconteceu. Eu nunca me abri pra alguém, nunca. Guardei isso por muito tempo e estou sentindo vontade fazer isso com ele.

Conto sobre Will, sem citar nomes e vejo ele ficando nervoso e em um rompante de loucura eu admito que estou gostando muito dele.

- Calma Javier, já estou me arrependendo de ter te contado. Estava me sentindo tão bem por ter desabafado com você, não tenho ninguém com quem conversar

Ele percebe que eu estou meio que arrependida mesmo por ter falado e me surpreende.

Franze a testa um pouco, como se tivesse pensando e depois diz.

- Não, não se sinta assim. Me sinto privilegiado por ter sua confiança. Estou gostando muito de você também e quero cada vez mais ficar contigo.

Javier fala olhando nos meus olhos e eu sinto meu coração acelerando. É louco igual a mim, acabei de contar quem eu sou e quem me domina e ele não parece ligar, está interessado mesmo em mim.

- Alex, quero fazer uma coisa e por favor, se você não gostar pode me dizer.

Ele segura no meu rosto com delicadeza e me beija de um jeito mais delicado ainda, eu sinto que ele está envolvido e eu também estou.

Quer dizer, vocês podem imaginar o que é passar anos com uma pessoa que você odeia e sente nojo, que te trata como um lixo e só liga para as próprias vontades, e de repente estar com um cara que é o oposto?

Tem muito tempo que eu não quero beijar ninguém, que tudo o que eu faço é por obrigação, e agora, nesse momento, eu estou no meio de um beijo bom pra cacete e querendo isso. Assim que Javier me solta ele procura meus olhos, e eu percebo neles o mesmo que eu estou sentindo. Ele gostou demais disso do mesmo jeito que eu.

Nós conversamos bastante durante o almoço e ele me conta que é viúvo por conta de um desafeto no trabalho. Bom, fazendo o que faz não é difícil arrumar um. Ele parece ser um homem que amou de verdade a mulher dele, o jeito como fala dela me diz isso, mas ele está focado em mim hoje e quando nosso dia chega ao fim eu me despeço dele sentindo uma pontada no meu peito.

Foram dois beijos e bastante o conversa. O bastante pra me deixar apaixonada.

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- Que foi que você está rindo igual uma palhaça?

Will me assusta quando entra no banheiro de uma vez enquanto eu passo um creme no meu rosto.

- Nada demais, foi um bom dia na faculdade hoje. Recebi elogios de uma pessoa importante, e é isso.

Will me olha estreitando os olhos.

- Tudo bem... não demora.

Volto a olhar no espelho e rir sozinha.

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