Conheci a detetive Grayves e consegui convencê-la a me deixar ligar na delegacia em San Antônio. Martín veio na minha mente assim que terminei de contar a minha história toda pra Sharon. Graças a Deus ela não quis se afastar de mim.
Estou tentando progredir a cada momento. Eu preciso sair dessa cidade e sumir, Nova York não é mais segura pra mim.
**********
Abro os olhos na sexta feira e fito o teto do quarto de hospital por uns instantes, sinto um perfume diferente no ambiente, mas que eu reconheço.
💭 Estou delirando💭
Abaixo meus olhos e prendo a respiração.
Martín está parado de frente pra mim, ele e o parceiro, o Paco.
A arma na cintura de cada um chama a minha atenção. E quando Martín me diz que veio pra proteger a minha vida, e que vai fazer isso nem que precise trocar tiros dentro do hospital, eu sinto um arrepio.
💭 Será que nunca vou me ver livre dessas coisas?💭
Os dois saem do quarto para que eu consiga me ajeitar. Antes da enfermeira chegar pra me ajudar com a higiene da manhã, Sharon faz um comentário:
- Nossa, não achei que eles fossem tão bonitos.
Reviro meus olhos pra ela.
- Pelo amor de Deus, né Sharon?!
Minha amiga dá uma risadinha cretina e fala comigo em um tom mais baixo.
- Ele veio amiga, isso significa que gosta de você sim.
Ouvir isso me faz sentir uma pontada no peito. Estou de olhos baixos quando começo a falar.
- Não Sharon, ele não veio aqui porque sente algo por mim. Talvez até sinta culpa por tudo o que rolou, mas só isso...
Olho para o rosto dela.
-...esse homem que você viu parado aqui não é o Martín, é o detetive Manson, modo cem por cento policial.
**********
Os dias estão passando de um jeito tranquilo na medida do possível. Martín e Paco não entram no quarto de jeito nenhum, principalmente Martín. Nunca põe os pés aqui dentro se estiver sozinho.Tem nove dias que eles chegaram aqui.
Ouço Sharon.
- Você não se lembra mesmo do rosto do cara que tentou te matar?
Balanço a cabeça negando.
- Não, isso está me matando. É um limbo na minha mente.
Estamos conversando quando um cara platinado entra no quarto. Ele é um enfermeiro simpático e tem um sotaque de leve.
- Bom dia, eu sou Arnold e vim para dar um dose de vitaminas.
Ele empurra um carrinho de medicamentos, e enquanto prepara a seringa que vai esvaziar na bolsa de soro, conversa com nós duas.
- Como está se sentindo, Alex?
- Estou muito bem, cada dia que passa eu me sinto melhor.
Arnold abre um sorriso.
- Ótimo, então em breve você vai estar longe daqui. Espero que pra nunca mais voltar.
Nós três damos uma risada juntos quando eu digo um "Eu também".
Nesse momento somos interrompidos por Paco e Martín, os dois entram no quarto fechando a cara para o enfermeiro.
Quando Manson pegunta quem ele é e não tem resposta, Sharon conta o nome e o que ele veio fazer.
Eu não sei o que acontece depois disso, tudo que eu consigo perceber é que Paco avança dois passos e quando me dou conta os três homens já sumiram de dentro do quarto. Sharon e eu ficamos apavoradas, são muitos os gritos no corredor.
Minha amiga se aproxima de mim e eu me agarro nela.
- Acho que tentaram me matar de novo.
Sinto tudo girando ao meu redor e piora quando descubro que foi esse cara quem me bateu. Egon... nome alemão. Definitivamente isso é coisa do maldito do Wolf.
*********
Mais uma vez estou vendo os dias passando, só quero sair daqui e sumir. É horrível a posição em que eu estou, vendo todos os dias o cara que mexe tanto comigo tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Martin está aqui presente de corpo, presente de trabalho, mas a mente e o coração dele estão no Texas.
Me sinto péssima com tudo isso.
Sei que ele abriu mão da mulher que ama por conta dessa merda toda acontecendo. E sei também que se sente culpado demais por me ver nessa cama, e por tudo que aconteceu entre nós dois.
Quase tive um ataque cardíaco vendo o tanto de dinheiro que esse homem me deu, e o valor do apartamento que ele comprou e colocou no meu nome.
Piorou quando eu percebi que ele está se preparando pra não sair vivo dessa.
Sharon está se preparando pra ir embora.
- Você pode pedir ao Martín pra entrar aqui?
Ela me dá um beijo na cabeça.
- Claro!
Pouco tempo depois ele aparece no quarto.
Noto imediatamente uma linha fina e vermelha no pescoço dele, ele foi mais uma vez vítima de uma tentativa de ass*ssinato. Desconversa comigo e quando tento me levantar da cama, sinto um desconforto enorme nas minhas costelas.
Martín corre pra me ajudar quando me vê desequilibrando na cama.
Sinto o toque dele em mim e um frio na barriga sentindo de perto o cheiro que ele tem. Levanto meus olhos, e ao invés de encontrar um homem correspondendo ao que eu sinto como quando saímos juntos, eu encontro um homem sério e preocupado. Ele me solta devagar quando tem certeza de que não vou cair, parece que se deu conta do que significa pra mim me tocar. Me sinto uma boba.
Desvio meu olhar e pergunto de maneira rápida sobre o dinheiro, ele sai apressado do quarto quando me responde e eu fico sozinha sentindo o peso no meu peito.
💭 Ah Alex, esquece esse cara. Ele só está aqui pra não te deixar morrer💭
O problema todo é que eu não consigo segurar minhas emoções e acabo sentada no chão do banheiro chorando.
Depois de ter que ser carregada no colo por ele eu troco de roupa e me sento na cama. Não seguro minha língua, não controlo meu emocional e nós acabamos tendo uma conversa horrível.
Isso é doloroso demais. Wolf está causando um estrago que não faz idéia do tamanho, e tudo o que eu queria é que amanhã tudo isso já tivesse se resolvido.
Tudo o que eu quero é seguir em frente e esquecer Martín. Ele não é meu e nunca vai ser.
Tive mais do que certeza depois dessa conversa. Então estou lutando pra convencer meu coração de que eu só penso que sou apaixonada nele por ser uma figura masculina e que me dá atenção de um jeito diferente do que eu estava acostumada.
Preciso me concentrar em mim e na minha evolução, nunca vou conseguir deixar pra trás essa merda toda se ficar apegada nele.
**********
Mudei totalmente minha postura, estou focada em progredir. Passei por duas sessões de regressão com as federais e a segunda eu tirei de letra. Estou estudando e Shonda me garantiu que vai conseguir uma data especial para as minhas provas finais na faculdade.
Me esforcei ao máximo para ter uma boa convivência com Martín, que passou a velar minhas noites de perto depois da minha crise no banheiro. Cheguei até a desenvolver uma conversa com ele em um dia que o vi péssimo, ele estava mal de verdade, alguma coisa deve ter acontecido.
Agora estou me aprontando pra ir embora. Finalmente ganhei alta do hospital, e mal posso esperar pra conhecer meu apartamento. Estava com vontade de ir embora daqui, mas eu sei que essa história vai acabar com Wolf morto. Não me pergunte como, mas eu sei.
Se mataram um, vão matar o outro também.
Estou meio ansiosa por ver o mundo lá fora, fiquei tempo demais no hospital e estou com um pouco de medo. Sei que Martín e Paco vão embora em qualquer momento, então preciso me esforçar pra deixar esse medo pra lá.
Paro no meu apartamento e pego tudo que me pertence.
Dói voltar aqui depois de tudo o que aconteceu, mas é uma parte importante da minha recuperação. Preciso ter a certeza de que as coisas estão sendo cauterizadas de um jeito eficiente dentro de mim.
Quando chegamos no prédio em que vou morar agora eu vejo como é. Bem moderno, todo bem assistido com câmeras e um bom quadro de funcionários.
Martín garantiu que eu estaria bem protegida.
Ando pelo meu apartamento enorme e com uma parede completamente tomada por vidro e fico encantada com cada detalhe. Foi mobiliado com muito bom gosto.
- Isso aqui é lindo, obrigada Martín.
Ele nega com a cabeça, e o que me diz quando me responde me faz ficar triste.
- Não precisa me agradecer, é só lembrar bem das instruções. Não saia e não atenda ninguém sem conferir antes pelo olho mágico.
Dou um suspiro pesado.
- Mais uma vez prisioneira.
Paco entra na conversa.
- É por pouco tempo. Só até pegarmos Wolf.
Tomo coragem pra me despedir. Preciso encerrar essa parte da minha vida e seguir com meus planos.
- Então acho que é isso, não é? O adeus...
Martín inclina a cabeça pra direita.
- É mais ou menos. De vez em quando eu vou passar aqui pra dar uma conferida em como você está, mas vou ligar sempre pra confirmar antes. Vou fazer isso enquanto estiver por aqui.
Respiro fundo e prendo o ar enquanto confirmo com a cabeça.
- Você me dá um abraço de despedida?
Vejo a surpresa passando pelo rosto dele, Martín se esforçou real para não me deixar com falsas esperanças e nem me fazer ter ideia errada sobre o motivo dele estar aqui.
- Não se preocupe, você não vai me magoar com isso. É só pra fechar o ciclo.
Ele abre os braços e eu apoio a cabeça no peito dele. De repente escuto ele falando comigo:
- Quero que você seja muito feliz, Alex. Espero de verdade que um dia você possa me perdoar por tudo o que eu te fiz.
É a primeira vez que ele me fala algo desse tipo. Respiro fundo antes de responder.
- Eu já te perdoei Martín...
Levanto meus olhos pra ele que me solta do abraço.
-... já te disse isso e vou repetir: eu espero que você seja feliz com o amor da sua vida quando tudo isso passar. Você merece.
Me viro pra Paco e dou uma abraço nele também.
- Seja feliz Alex, e se cuida pelo amor de Deus!
Dou uma risada do jeito exagerado dele.
- E você seja feliz também, tenho certeza que vai ser um ótimo pai para Diego.
Quando os dois vão embora, Sharon se senta comigo no sofá confortando da sala.
- Como está se sentindo com essa parte?
Olho para o chão por uns instantes pensando no que ela acabou de me falar. Quando a encaro de novo estou resoluta! .
- Estou bem, agora mais do que nunca. A Alex boba acabou de ser enterrada, Sharon, a partir de agora é vida nova, vou me tornar dona do meu próprio destino.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Cristina Alencar
Com certeza bola pra frente!
2024-04-30
2
Maria Pinheiro
Tomara minha querida. Você merece ser feliz .
2023-05-02
4