Já são cinco anos de inferno na minha vida.
Will é tão filho da p*ta que eu nem conto os seis meses em que me tratou bem.
Faz um ano que eu consegui fazer ele me deixar trabalhar em uma das boates dele, é um inferninho frequentado pelos capangas de "Los Rojos", a gangue que ele comanda, e por homens escrotos da cidade. Só pude vir trabalhar com a condição de ser acompanhada por meu segurança. Um cara enorme, que parece uma pedra gigantesca, e se chama Garcia.
Ele me vigia de perto.
Eu trabalho no balcão servindo bebidas e aqui todo mundo sabe quem eu sou, não tem um sequer que se arrisque a falar mais comigo do que o pedido.
É uma noite normal, como todas as outras, até que entram dois caras bem bonitos no bar . Estão vestidos como os carinhas da rua: um com uma regata branca e calça jeans, cheio de ouro no pescoço, e o outro mais discreto de moletom. Esse atrai minha atenção imediatamente. Não tem uma tatuagem sequer nos dois, e eles se aproximam do balcão.
- O que vão querer rapazes?
O de regata me responde:
- Duas cervejas por favor. Se tiver corona pode ser, com limão é claro.
Eu sirvo os dois e quando o de moletom pergunta meu nome eu respondo e pergunto quem são. Descubro que são irmãos adotivos ele se chama Javier, e o irmão, Diego.
- Vocês são do mundo do crime?
São muito diferentes dos homens que frequentam esse lugar, até no jeito de falar, estou curiosa pra saber dos dois, principalmente de Javier.
É ele quem me responde.
- Eu prefiro dizer que somos acostumados a fazer o nosso próprio destino.
Mas é claro que são, esse lugar não tem um homem decente.
Só que eu não sei porque estou tão interessada assim em Javier, eu o encaro por uns instantes e ele também me encara, estreita um pouco os olhos. É latino, pele bronzeada, porte físico grande, cheiroso pra cacete, barba bem cuidada e um visual um pouco grisalho que chama minha atenção porque ele não aparenta ter idade pra isso, com certeza é genética. É isso, ou ele vive sobre grande estresse.
*💭 Para de reparar nesse cara, Alex, você e ele vão acabar m*rtos desse jeito💭*
Os irmãos Castro são estelionatários. Diego me explica que por isso os dois não são tatuados. Mantém o visual limpo para enganar as pessoas com facilidade.
Eles me perguntam sobre o líder da gangue e eu sei que se eu abrir a boca hoje, amanhã estou m*rta do pior jeito possível.
Apesar de dizer que sou namorada dele, Will não dá um pingo de valor na minha vida. Desconfio que a garota que estava no meu lugar antes, foi eliminada justamente por indiscrição. Montenegro é fissurado por se manter escondido, e não vai pensar duas vezes em se livrar de mim.
Tem mais de um ano que ele arrumou uma rivalidade com um policial daqui, eu não sei quem é porque não saio de casa e Will não me mostrou fotos, tudo que eu sei é que se chama Martín Manson. Ele mandou m*tar o cara, mas o capanga que fez isso só conseguiu deixar ele viúvo e o filho da mãe do Will achou isso ótimo até. Ele gosta de saber do sofrimento das pessoas, especialmente desse policial, mas ele não é burro. Will sabe que se der mole todos os policiais desse distrito vão cair em cima dele por conta do que fez com o cara.
Não demora muito e Garcia aparece.
- Algum problema Alex? Esses caras estão te incomodando?
Nego e digo que eles são tranquilos.
Aí o brutamontes me responde em um tom ríspido:
- Então eu devo te lembrar de quem você é propriedade e que não te convém ficar de gracinhas com todo cara que chegar aqui!
Odeio esse cara!
"Gracinhas com todo cara que chegar aqui!"
Eu não abro a boca nessa p*rra de lugar, ninguém fala comigo. Como eu vou ficar de gracinhas?
Não demora muito e os dois irmãos contornam a situação e acabam indo para o salão de reuniões do Danger. É um lugar paralelo onde os grandes, os cabeças da gangue, se reúnem.
Inclusive chegaram dois italianos recentemente, também são irmãos. Um deles é falante e cheio de tatuagens, se chama Vincent. O outro é Lorenzo, o oposto, e preciso dizer aqui: esse me dá arrepios. Tem alguma coisa nele de muito má, só não sei o que é.
Enfim...
Diego e Javier somem porta a dentro e eu fico pensando ainda no cara de moletom.
**********
Os irmãos Castro continuam frequentando o Danger e eu fico muito mais interessada em Javier. Ele tem alguma coisa que me atrai. É o primeiro cara que chama minha atenção em anos. O último foi o que me fez cair no inferno onde eu estou.
Estou em mais um dia normal no balcão do Danger, até que percebo Javier chegando sozinho. Cheiroso como sempre.
💭 Esse cara me desconcentra 💭
Ele se senta em uma banqueta e eu puxo assunto.
- Oi Javier, onde está Diego?
Ele me responde de um jeito casual.
- Galinhando por aí hoje.
Acho graça da resposta dele e pergunto sem pensar:
- Não quis fazer companhia pro seu irmão?
- Não é minha praia fazer isso.
Não resisto e olho bem pra ele, dou um conferida de maneira bem furtiva.
💭 Hum, gato do jeito que é, deve ser um galinha de mão cheia também💭
Javier está bebendo conhaque, eu pergunto se ele quer mais quando percebo que o do copo acabou.
Enquanto sirvo outra dose pra ele, eu digo:
- Se você veio na intenção de se reunir com Vincent e os outros, perdeu viagem. Eles não estão aqui hoje.
É aí que eu sinto minhas pernas bambearem.
- Não vim aqui hoje por eles, vim porque queria ver você.
P*ta merda!
Sinto minhas bochechas queimando e não tenho coragem de olhar no rosto dele.
- Fico feliz por isso.
Javier é galanteador.
- E eu fico feliz de te deixar feliz.
Não penso muito, digo que quero conversar com ele fora daqui. Explico por alto que sou vigiada o tempo inteiro, embora eu ache que ele já percebeu isso. Digo que costumo ter aulas no sábado na faculdade, mas que nesse estou livre e pergunto se ele topa se encontrar comigo.
Javier puxa a carteira e tira o dinheiro pra pagar a bebida junto com um cartão de visitas, ele me entrega de um jeito disfarçado já que Garcia está me vigiando como uma ave de rapina.
Ele me pede pra ligar no número do cartão e depois se despede de mim.
*********
Estou pronta pra me encontrar com Javier.
Eu sei, sou louca. Estou correndo risco de m*rte real fazendo isso, mas quero ver esse homem fora daquele lugar infernal.
Saio de casa normalmente, vou pra faculdade e espero por ele que vem em um carro de aplicativo.
Javier me traz ao Mont Plaza e eu fico encantada e sem acreditar que vou conhecer pessoalmente esse lugar. Sempre quis vir aqui, mas não posso sair sozinha e Will não pode ser visto em público, então eu só admirei por fotos.
Nem acredito que de primeira esse homem acertou tanto assim. Nós passeamos pelo jardim do restaurante e eu fico encantada com tudo.
Javier é atencioso, me pergunta sobre as coisas da minha vida enquanto nós andamos pelo jardim e eu sinto confiança em contar pra ele tudo que me aconteceu. Eu nunca me abri pra alguém, nunca. Guardei isso por muito tempo e estou sentindo vontade fazer isso com ele.
Conto sobre Will, sem citar nomes e vejo ele ficando nervoso e em um rompante de loucura eu admito que estou gostando muito dele.
- Calma Javier, já estou me arrependendo de ter te contado. Estava me sentindo tão bem por ter desabafado com você, não tenho ninguém com quem conversar
Ele percebe que eu estou meio que arrependida mesmo por ter falado e me surpreende.
Franze a testa um pouco, como se tivesse pensando e depois diz.
- Não, não se sinta assim. Me sinto privilegiado por ter sua confiança. Estou gostando muito de você também e quero cada vez mais ficar contigo.
Javier fala olhando nos meus olhos e eu sinto meu coração acelerando. É louco igual a mim, acabei de contar quem eu sou e quem me domina e ele não parece ligar, está interessado mesmo em mim.
- Alex, quero fazer uma coisa e por favor, se você não gostar pode me dizer.
Ele segura no meu rosto com delicadeza e me beija de um jeito mais delicado ainda, eu sinto que ele está envolvido e eu também estou.
Quer dizer, vocês podem imaginar o que é passar anos com uma pessoa que você odeia e sente nojo, que te trata como um lixo e só liga para as próprias vontades, e de repente estar com um cara que é o oposto?
Tem muito tempo que eu não quero beijar ninguém, que tudo o que eu faço é por obrigação, e agora, nesse momento, eu estou no meio de um beijo bom pra cacete e querendo isso. Assim que Javier me solta ele procura meus olhos, e eu percebo neles o mesmo que eu estou sentindo. Ele gostou demais disso do mesmo jeito que eu.
Nós conversamos bastante durante o almoço e ele me conta que é viúvo por conta de um desafeto no trabalho. Bom, fazendo o que faz não é difícil arrumar um. Ele parece ser um homem que amou de verdade a mulher dele, o jeito como fala dela me diz isso, mas ele está focado em mim hoje e quando nosso dia chega ao fim eu me despeço dele sentindo uma pontada no meu peito.
Foram dois beijos e bastante o conversa. O bastante pra me deixar apaixonada.
**********
- Que foi que você está rindo igual uma palhaça?
Will me assusta quando entra no banheiro de uma vez enquanto eu passo um creme no meu rosto.
- Nada demais, foi um bom dia na faculdade hoje. Recebi elogios de uma pessoa importante, e é isso.
Will me olha estreitando os olhos.
- Tudo bem... não demora.
Volto a olhar no espelho e rir sozinha.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
ARMINDA
😬😬😬😬😬😬😬ESTE WILL MARCA DURINHO .
2024-05-03
2
Quase cinquentona🥴🥺😔😩
Misericórdia 😱😱😱
2024-03-08
2
Diane Fariass
lendo da assim narrado por ela e sabendo de todo sofrimento que ela passou e passa na mão do Will é que mais claro o quanto o Martin foi irresponsável e até cruel com ela, não foi atoa que ele se sentiu tão mal com tudo isso
2022-10-14
4