É quinta de manhã, acordo com o meu celular tocando e vejo que é Shonda.
📲🔊 - Oi, tudo bem?
O tom de voz dela é preocupado.
📲🔊 - Infelizmente não, Alex. Wolf pegou Martín, bateu muito nele, o baleou duas vezes. Manson está desacordado desde a semana passada.
Ah, meu Deus!
Não é possível que aquele maldito vai conseguir levar pelo menos um de nós três.
📲🔊 - Me diz que pelo menos prenderam Montenegro.
📲🔊 - Fizeram melhor, deixaram ele em estado grave. Estou cruzando os dedos para que ele vá pro meio do inferno sem escalas.
Estou absorvendo tudo quando Grayves me fala uma última coisa.
📲🔊 - Alex, eu preciso te dizer uma coisa... Você não estava louca, Wolf é gêmeo idêntico de Will, foi ele quem você viu. A namorada do Manson foi feita refém por ele e garantiu que os dois são espelhados.
Ah, inferno!
Não bastasse um, tinha que ter outro?
📲🔊 - Em qual hospital Martín está?
📲🔊 - No Bethesda.
Agradeço a ela pela informação e me sento na cama olhando pra parede. Depois vou até o banheiro tomar um banho e ajeitar minha cara enquanto penso no que acabei de saber.
Já estava de planos de ir ao Texas assim que pudesse, eu fiquei sabendo que o bebê de Paco e Dove nasceu prematuro, só estava esperando pelo fim dessa história pra ir visitá-los. Agora que Wolf está com o pé na cova eu posso ir.
Faço uma mala pequena porque não tenho intenção de demorar na cidade. Entro na internet e consigo um lugar em um vôo daqui dois dias.
Vou em direção ao quarto de Sharon e ela está se arrumando pra ir pra faculdade.
- O que aconteceu que você está com essa cara?
Conto o Sharon o que Shonda acabou de me dizer.
- Meu Deus, pelo menos você não viu nenhuma assombração. Pretende ir vê-los?
Confirmo com a cabeça.
- Quero conhecer o bebê. Também quero ver como Martín está.
Digo a ela que vou sair pra comprar um presentinho para Diego.
********
Estou pronta pra sair e dessa vez não estou com medo, é um alívio surreal que estou sentindo nesse momento.
Andar pelo centro comercial do bairro me faz bem, estou vendo pessoas diferentes e sentindo a energia a minha volta.
Compro um móbile musical para o berço e uma roupinha bem bonitinha com estampa de girafa. Se Diego for alto como o pai vai ser uma roupinha boa de lembrança do tempo de bebê.
********
Assim que desço do avião em San Antônio eu sinto um frio na barriga, voltar nessa cidade é reavivar coisas estranhas dentro de mim. Passo em um hotel e deixo minha mala, pego os presentes que comprei e sigo até a maternidade, conversei ontem por mensagem com Paco e ele me disse qual era o horário de visitas.
Vejo ele sentado no corredor e de pernas cruzadas mexendo no celular.
- Oi, tudo bem.
Paco abre um sorriso pra mim e guarda o telefone pra se levantar e me dar um abraço.
- Oi, que bom que você veio. Como estão as coisas?
Digo a ele que está tudo bem e pergunto sobre Dove e Diego.
- Ela está aí dentro morrendo de tédio e de raiva por não poder ir ver nosso filho. Já ele está evoluindo bem, nasceu muito pequeno, quer ir vê-lo primeiro?
- Claro.
Quando nós chegamos na UTI neonatal eu observo através do vidro e sinto meu coração apertado. Diego parece tão frágil.
- Estou morrendo de vontade de ir na cadeia dar uma surra no imbecil que fez isso, mas James não quer me contar quem é o infeliz.
Franzo a testa e pergunto quem é James.
- É o nosso chefe.
- Ah, entendi.
Entro no quarto de Dove e vejo Brookye do lado dela em uma cadeira enquanto as duas batem papo.
Quando eu digo um "oi" elas olham na direção da porta e dão um sorriso pra mim.
Brookye se levanta e me abraça.
- Nem acredito que estamos te vendo de novo!
Seguro as lágrimas enquanto nos abraçamos forte.
- Ah, eu senti tanta falta de vocês.
Deixo a loira e sigo pra abraçar Dove que está sentada na cama hospitalar. Consigo perceber os braços e rosto com arranhões começando a cicatrização. Além da perna quebrada.
- Paco me disse que você quase morreu, e que o irmão gêmeo de Will que mandou te matar. Nem acreditei nessa merda toda.
Me sento na outra cadeira do quarto revirando os olhos.
- É, o infeliz ainda fez questão de aparecer pra mim no intuito de me deixar louca. Mas não quero falar sobre ele, quero matar a saudade de vocês duas.
Entrego a ela as duas sacolas.
- A estampa do macacão é pensando na altura do pai e torcendo pra ele crescer igual.
Ela abre um sorriso pra mim. Pergunto como estão as coisas entre os dois, não entrei nesse assunto com Paco nos dias em que ele me fazia companhia, então não sei se eles estão juntos.
- Ah, não rola nada mais. Quando ele contou pra mim que é um policial eu o afastei, disse que não podia confiar nele, nós estávamos até bem envolvidos, e acho até que se não tivesse feito isso estaríamos juntos hoje. Mas ele tem uma namorada agora, ela veio aqui e é muito legal, se chama Aileen.
Bom, pelo menos estão bem resolvidos. Isso é ótimo porque vão ter que cuidar do bebê juntos.
- Tenho que comentar... o nome que você colocou no filho de vocês me fez soltar uma risada.
É exatamente isso que está acontecendo agora, nós três estamos morrendo de rir juntas.
Alencar inclina a cabeça pra dentro do quarto e fala com um sorriso de canto.
- Será que dá pra parar de falar mal de mim? Eu sei que essas risadas aí são por esse motivo. Querem sorvete?
Ele sai depois que nós aceitamos e volta com um pote de um litro, que pegou em uma conveniência próxima ao hospital, pouco tempo depois.
Passo algumas horas com as meninas e depois sigo para o hospital onde Martín está.
Respiro fundo antes de entrar no quarto, a moça da recepção me disse que ele acabou de sair do CTI.
Vejo Adele sentada em uma poltrona.
Esta usando calça jeans, uma camiseta de mangas curtas com uma charge do Hagar e um coldre na cintura com a arma e a identificação.
- Com licença, posso entrar?
Ela me olha e percebo a surpresa por me ver.
- Pode sim.
Me aproximo da cama de Martín e ele está com uma sonda nasogástrica, os olhos parecem dois bifes de fígado.
💭Nossa, apanhou sem dó, tipo eu💭
Adele e eu seguimos para o corredor depois de eu me apresentar direito pra ela e ela também fazer isso. Afinal, não tivemos essa oportunidade uma com a outra.
Confesso que fiquei com medo dela me enxotar daqui, mas é uma garota muito delicada e tem um tom de voz suave pra caramba. Percebo que ela está feito cega em tiroteio nessa história toda, então decido contar a ela o que sei e o que aconteceu comigo.
- Enfim... eu não sei se eu vou voltar a vê-lo, mas eu precisava vir aqui te contar as coisas e deixar claro que tudo o que ele fez foi por amor, e que não houve um dia sequer que esse homem não pensou em você. Ele não me disse isso, mas deixou bem claro com jeito dele lá.
Adele olha para o chão antes de me responder. E o que me diz me faz ver que de fato é uma boa pessoa.
- Eu agradeço por ter vindo e me contado um pouco das coisas. Você é uma boa pessoa Alex, e eu espero do fundo do meu coração que você seja feliz. Sei que sofreu muito com Will, você merece recomeçar.
Nós nos abraçamos e eu comento sobre Frank e que tenho uma consulta na segunda com ele.
- Ah, Frank é um excelente profissional. Um homem de sensibilidade absurda. Sabe Alex, eu fui vítima de violência doméstica e recentemente passei por um novo trauma com aquele maldito miserável, e ele está me ajudando muito. Pode acreditar que você está em boas mãos.
Abro um sorriso pra ela.
- Tive uma boa impressão dele de primeira. Além disso, me deu muita coisa pra pensar, e é justamente isso que eu preciso.
*********
Volto pra NY na terça feira, depois de me despedir de todo mundo e sentir que uma nova fase se iniciou na minha vida.
Abro a porta do meu apartamento e dou de cara com um arranjo de narcisos brancos e cor de rosa.
Sharon está pilotando o fogão, estamos perto da hora do jantar.
- Ai, que bom que você voltou! E aí, como foram as coisas?
Acompanho ela até a parte da cozinha e conto tudo.
- Fico feliz que você está progredindo todo dia um pouco mais na sua cura.
- Eu também amiga. Estou devagar ainda, mas sinto como se estivesse emergindo das cinzas.
Agora só falta me formar e ir atrás da minha tia.
Olho de novo para o arranjo.
- Que lindo esse arranjo que você comprou.
Ela abre um sorriso enorme pra mim.
- Não comprei. Chegou pra você na sexta feira.
Pra mim?
Sharon me diz pra abrir o cartão porque ela está se contorcendo de curiosidade pra saber quem mandou.
Pego o pequeno envelope e fico surpresa com a mensagem.
📝 - Não precisa me agradecer, foi um prazer te ajudar. Obrigado pelo vinho, é de uma safra e uma marca excelentes.
^^^Assinado: Noa.^^^
Olho pra minha amiga.
- É do vizinho.
Sharon dá um gritinho e pega o cartão da minha mão.
- Ai amiga, ele é um gato, e tem bom gosto para flores. Vai que cola?
Dou uma risada.
- Agora a única coisa que está rolando sou eu e a terapia, senhorita Chips.
Lanço mais uma olhada para o arranjo e abro um sorriso. Tem muito tempo que não ganho flores.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Júlia Caires
acho que agora a página virou definitivamente
2024-06-17
1
ARMINDA
MUITO BOmmmmm RECEBER UM CARINHO EM FORMA DE FLORES.
2024-05-04
2
Maria Pinheiro
Escuta com carinho a questão da sua amiga se não der em amor uma bela amizade já é tudo de bom.😊
2023-05-02
2