Enganada outra vez

Depois de passar algumas semanas enfiada em cidades pequenas da Alemanha e descobrir que Wolf engana até a rainha da Inglaterra pra continuar á solta se bobear, nós voltamos para o Texas. O que me intriga é que não vamos pra mesma casa de antes, estamos em outra, um pouco mais afastada.

Eu sigo na mesma:

Todos os dias eu penso que Will poderia morrer logo, mas não tem uma alma iluminada pra meter uma bala na cabeça daquele infeliz!

Vou pra faculdade, é uma segunda feira, e percebo um esquema de proteção a mais, graças a Deus eu não preciso entrar no campus com seguranças, então eu uso os computadores da biblioteca pra pesquisar sobre o que eu preciso pra fugir. Quando volto pra casa eu pergunto para as empregadas onde Will está e elas me dizem que está no escritório.

Bato de leve na porta.

- Pode entrar.

Giro a maçaneta com cuidado, ele não gosta de gestos abruptos.

Tenho notado as coisas um pouco diferentes, não quero fazer nada que não seja do agrado dele, então eu pergunto:

- Posso ir trabalhar hoje?

Ele está bebendo, mas pra minha sorte não está bravo ou bêbado ainda.

- Não tem mais Danger, Alex. Aconteceu uma merda sem tamanho enquanto estávamos fora, aqueles dois italianos d*sgr*çados só me deram dor de cabeça. Lorenzo era a merda de um psicopata, dá pra acreditar? E pelo que eu soube aquele miserável era um ator de primeira, mais inteligente e refinado do que aquele outro miserável. Matou quarenta pessoas em cinco meses. Já Vincent vacilou feio comigo, deu mole e a polícia invadiu o bar, agora nós estamos sem Danger, sem os cabeças da " Los Rojos" e eu levei um prejuízo enorme com o pó.

Acho que estou delirando.

Will está absolutamente calmo com essa situação. Era pra ele estar p*to, a essa altura era pra eu ter levado no mínimo uns dois tapas na cara, um de cada lado, mas ele está pleno.

Lorenzo psicopata, eu sabia que tinha algo de muito merda na cabeça daquele cara. Ele me dava calafrios. Will me conta que ele se matou na delegacia, se envenenou.

*💭 Menos um filho da p*ta no mundo💭*

Aproveito que Montenegro está de bom humor.

- Você está tão calmo...

Ele abre um sorriso perverso pra mim.

- Ah gostosa, finalmente está chegando o dia do acerto de contas. Vou acabar de uma vez por todas com uma pedra no meu sapato, é por isso a felicidade.

Sinto um frio na minha espinha, mas decido ficar quieta. Peço licença e me retiro do escritório indo direto para o quarto, pego um terço na mesinha de cabeceira do meu lado da cama e faço um oração. Will conseguiu me perturbar com o que disse.

**********

É quarta feira e meu ritual da manhã foi cumprido.

Saio de casa no horário e assisto a primeira aula de hoje. É com o professor de antropologia da comunicação, ele é jovem e muito inteligente. De repente ele olha pelo vidro da porta e faz uma expressão de surpresa.

- Só um minuto gente.

Sai por uns dois minutos e depois volta. Me assusto quando ele se aproxima da minha mesa e fala de um jeito sussurrado.

- Alex, você precisa pegar suas coisas e ir pra fora da sala, é um assunto importante.

Não estou entendendo nada, isso é coisa daquele miserável do Will. Aposto!

Junto tudo e enfio na minha mochila, ando na sala com as pessoas me olhando. Puxo a porta e paraliso.

Javier está na minha frente, usando um moletom e boné cobrindo bem o rosto.

Antes que eu tenha a oportunidade de dizer alguma coisa ele faz um gesto de silêncio e me pega pelo braço.

Meu coração está acelerado. Eu pensei que se homem estivesse morto.

Pergunto a ele onde estamos indo e ele apenas me diz que eu já vou ver.

Ele me leva até um sedã prata e eu acho estranho. Sei que o carro dele é diferente, chamativo, e tem um adesivo escrito "Diablo de Las Ruas", esse aqui é discreto.

- O que aconteceu? Diego me disse que você infartou. Eu chorei tanto a sua morte!

Estou achando ótimo ver ele na minha frente de novo, quero beijar esse homem, e se ele me disser agora que nós vamos fugir eu vou sem nem pensar.

Só que meu mundo cai com o que ele diz sem nem olhar pra mim enquanto dirige.

- Meu nome não é Javier Castro, Alex. Eu me chamo Martín Manson e eu sou um policial.

Sinto minha boca amargar.

Tomo consciência nesse exato instante que eu fui um pião nesse jogo.

Ele olha pra mim franzindo testa quando percebe meu silêncio dentro do carro. Eu nem sei direito o que eu estou sentindo, só sei que quero sair de perto desse homem.

- Então você é o famoso?

Tento destravar a porta do carro, mas ele me prende dentro do veículo.

- Me escuta Alex, você já deve saber o que eu sou na vida de Will e pode imaginar o que ele é na minha. Eu preciso da sua ajuda, ele pegou Paco e vai m*tá-lo, como mandou m*t*r minha mulher.

Franzo a testa.

- Quem é Paco?

- É o Diego.

Mas é óbvio, tudo é uma mentira...

Pergunto pra onde esse infeliz está me levando e ele me diz que pra delegacia, quando chegamos eu não quero descer. Javier, quer dizer, Martín, segura no meu braço, ele tem o toque firme mas não me machuca.

Me conduz pra dentro da delegacia e assim que põe o pé no distrito, uma mulher mais velha e de chanel vem esbaforida falar com ele.

Ela se refere à Will como miserável dos infernos e depois pergunta quem eu sou.

- Eu? Eu sou a outra miserável que ele usou feito um peão, no jogo de vingança dele.

Não demora muito nós trombamos com duas pessoas. Um cara mais velho que tem um olhar de autoridade e me avalia imediatamente, assim que me vê.

Com ele uma mulher jovem, deve ter a minha idade, ela é negra e está usando uma camiseta potterhead. Ela indaga Martín com uma certa intimidade, está aflita pelo sumiço dele, e eu reparo bem nela por uns instantes. Mesmo vestida de um jeito meio nerd e usando um óculos tartaruga eu consigo ver que é linda, tem um cabelo cacheado aberto, olhos grandes, rosto bem delicado e feminino, com um nariz de ponta arredondada, e o corpo dela está delimitado por uma calça jeans rasgada mas meio justa, e eu consigo ver que ela é estilo mulherão. Um corpo bem definido. Tem uma voz doce, mas eu reparo na semi automática na cintura. Ela é uma policial e eu posso jurar que já a vi em uma coluna social por aí.

Imediatamente eu sei que os dois são alguma coisa um do outro, e que tudo isso se desenrolou enquanto eu estive fora. Quer dizer, eu acho...

Martín que já tinha dito de quem eu sou namorada, diz que me conheceu no disfarce e que eu era atendente do bar.

Em um acesso de mágoa e raiva eu solto tudo e a cara dela me diz que já tinha conhecimento sobre outra mulher nos pensamento de Martín, a surpresa aqui é por saber que sou eu essa mulher.

Quando me me dou conta estou em uma sala de interrogatório com Manson me perguntando sobre coisas de Will. Não quero colaborar com esse homem, quero que ele se f*da! Mas quando um outro policial mais velho, careca e forte pra caramba me diz que eu posso ser acusada de cumplicidade em sequestro e ass*ssinato de um policial, eu acabo cedendo. Já estou presa o suficiente, não posso ir parar em uma cadeia, não vou suportar isso.

Quando Martín fica sozinho comigo, nós temos uma conversa dolorosa demais pra mim. Ele me diz que foi afastado assim que souberam que Will era o chefe da gangue, que não podia me ligar e me colocar em risco com Will.

💭 Pelo menos essa consideração ele teve por mim💭

Me diz um monte de coisas e a cada nova palavra um buraco se abre no meu peito. Eu não posso acreditar nisso, não posso acreditar que eu fui joguete nas mãos de um outro homem, e o pior: inimigo declarado, talvez o número um de Will.

Fui de um extremo ao outro.

De um bandido, para um policial.

Dou um recado pra moça atrás do vidro e digo que não quero ver esse homem nunca mais. Ele parece se lembrar dela e o desespero toma conta do rosto dele.

Essa mulher se. sombra de dúvidas é importante demais pra ele.

Do jeitinho que eu queria ser.

**********

Estou em casa. Trouxe a polícia no endereço oficial de Will depois que eles prenderam Mike e um outro na porta da faculdade. A casa está tomada por homens e mulheres de farda.

Peço pra me retirar e ir ao banheiro, a policial que me acompanha não vê perigo em mim e me permite ir sozinha. Eu subo as escadas correndo e vou até o closet.

Digito a senha do cofre e pego tudo o que eu consigo. Sei que Will não vai voltar dessa, seja morto ou preso eu estou livre dele, então Bali pode ser descartada.

Vou pra Nova York.

💭 É isso!💭

Pego o máximo de roupas que posso e enfio em malas e em uma bolsa de lona. Acho meu celular e pela primeira vez tenho acesso livre nele.

Rabisco uma carta e entrego a um policial.

Ele vai fazer chegar nas mãos de quem eu quero.

Chamo um táxi e sumo na primeira oportunidade que eu tenho.

Vou embora dessa cidade maldita sem olhar pra trás. Não quero nunca mais me lembrar disso aqui, a raiva e a mágoa estão me consumindo nesse momento e tudo o que eu quero é sumir!

Pago um quantia um pouco maior em uma passagem de última hora, mas consigo. Acho que o rapaz do guichê da companhia aérea viu meu desespero e me ajudou me enfiando em um avião.

Todo o tempo em que estou nessa viagem eu me pego vendo o rosto daquele homem.

Nunca imaginei que fosse viver algo desse tipo, eu realmente cheguei em um ponto que as coisas estão surreais, inacreditáveis mesmo.

Enquanto eu choro de um jeito discreto na minha poltrona, eu não seguro o pensamento pessimista.

💭 É Alex, você está fadada a esse tipo de coisa. A viver sem amor e ser sempre usada pra algum propósito maluco de algum cara mais maluco ainda💭

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Comments

Júlia Caires

Júlia Caires

assim, foi muita irresponsabilidade afetiva o que Martin fez com ela

2024-06-17

1

Soraya Gacha

Soraya Gacha

Dedo podre ao extremo!!!!

2023-08-02

3

Maria Pinheiro

Maria Pinheiro

É!! Tem mulheres que parecem ter um imã para atrair encrenca mas andei observando essa e outras histórias e vi que todas elas tem uma coisa em comum , são mulheres ingênuas , sinceras e de bom coração por isso caem fácil na conversa desses caras .

2023-05-02

2

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Atualizado até capítulo 62

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