Will não é príncipe, ele é vilão

Atenção, este capítulo contém cenas de violência doméstica. Se você é sensível, por favor, se atente a isso.

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Engulo em seco e me esforço pra falar.

- Boa noite, muito obrigada.

Subo no pequeno palco da cabine depois de tirar o robe com o qual eu me cobri de novo, e quando me preparo para dar o primeiro giro, ele se levanta negando com a cabeça.

- Não quero dança alguma.

Ah, droga!

*💭Ele quer partir para o s*xo 💭*

Abro o melhor sorriso que eu consigo.

- Claro! Hum, só me deixa preparar as coisas e eu venho te buscar.

Me viro na intenção de descolar um dos quartos, mas ele segura de maneira delicada meu braço esquerdo.

- Também não quero isso.

Franzo a testa.

Esse cara é louco, só pode.

- Bom, se o senhor não quer dança, nem quer ir para um quarto, o que deseja então?

Mais uma vez um sorriso maravilhoso pra mim, e eu pisco algumas vezes tentando processar o que está acontecendo com a minha mente.

- Conversar. E a propósito, me chame de você.

Tá legal, fui surpreendida agora.

Ele me pede para que me enrole no robe outra vez e sente no sofá do lado dele e eu faço isso. Depois que me acomodo, pede uma garrafa de Bollinger e se senta ao meu lado.

- Qual seu nome?

Dou um sorriso.

- Pandora.

Ele estreita os olhos e inclina um pouco a cabeça. É o tempo do champagne chegar.

Assim que o garçom sai, ele me fala:

- Quero saber seu nome de verdade, não vou te tratar por esse apelido. Você não merece isso.

Não sei o que ele quer fazer, mas eu vou embarcar nessa. Eu preciso de dinheiro e isso ele está botando na roda.

- Eu me chamo Alex.

- Alex... bonito nome. Eu sou Will, muito prazer.

Will estende a mão direita pra mim e eu o cumprimento.

- Me fala um pouco da sua vida.

Nós conversamos por um bom tempo, até que ele fala:

- Me desculpa Alex, mas o que uma garota como você está fazendo aqui? Está nítido que não pertence a esse lugar.

Deixo a taça de champagne em cima da mesinha e respiro fundo antes de responder.

- Circunstâncias da vida. Todo mundo precisa trabalhar, não é? Além do mais, eu preciso ajudar uma tia minha que está com problemas de saúde.

Will também deixa a taça de lado e passa de leve as costas da mão direita no meu rosto.

- Não gosta muito de falar sobre isso, não é?

Confirmo pra ele.

Até hoje me dói muito a perda do meu pai, o jeito como minha mãe quis partir dessa vida, e o que eu me tornei. Não sou mais nem a sombra daquela garotinha amada pelo pai.

Tá certo que ele era a única coisa de bom na minha vida, e que todo o resto era uma merda, mas eu gostava de como me sentia quando ele cuidava de mim. Nunca mais tive nada assim e é bem provável que não terei mais.

Decido cortar esse assunto, não posso chorar na frente do cliente. Ele não veio aqui pra ouvir os lamentos de uma garota seminua, veio pra se divertir.

- Bom Will, antes que seu tempo acabe, tem alguma coisa que quer que eu faça?

- Tem sim... eu quero um abraço seu.

Fico sem reação com o que ele me pede, e antes que eu diga algo, Will me puxa para um abraço.

- Até amanhã, Alex.

Me despeço dele e sigo pra voltar ao salão.

Passo a noite toda tentando entender o que aconteceu. E me pego rindo sozinha pensando nele.

**********

- Oi, tia. Como está se sentindo?

Chego no hospital por volta das onze da manhã e Glória está sentada na cama.

- Oi meu amor, que bom que você veio! Eu estou tranquila e me sentindo bem.

Dou um abraço nela e me sento para nós duas conversarmos.

- Quero que você saiba que eu vou dar um jeito de pagar sua cirurgia.

Glória franze a testa pra mim.

- De jeito algum, Alex. Isso é muito caro e sei que não pode pagar.

- Não tem discussão tia, eu vou dar um jeito. Já tenho algum dinheiro, acho que dentro de alguns dias, consigo o restante.

Ela me pergunta com o quê estou trabalhando e eu digo que é de garçonete.

- Vou pegar um dinheiro emprestado com meus patrões.

**********

Chego na boate no horário de sempre e me arrumo como de costume. Hoje eu visto um conjunto dourado de micro saia e top.

Saio no salão e assim que piso na pista o segurança vem falar comigo.

- Ele voltou, o cara de ontem. Vinte mil de novo, na mesma cabine.

Olha, ele veio mesmo.

Nem acredito nisso. Com o dinheiro de ontem e o de hoje, mais o que eu tenho guardado, falta bem pouco para pagar a cirurgia.

Dessa vez ele me espera com uma rosa embrulhada em um papel celofane.

- Obrigada!

Me sento ao lado dele e mais uma vez nós conversamos.

- O que você faz da vida Will?

Deve ser algo que dá muito dinheiro. Quarenta mil em duas noites, champagne caro e roupas elegantes.

- Ah, eu tenho negócios variados. Sou um empresário que gosta de diversificar.

Hum, interessante.

- Alex, posso pedir uma coisa?

Will está me olhando com expectativa e ele é tão bonito e educado que eu digo sim sem pensar no resto.

- Quero um beijo seu.

É um homem diferente mesmo. Todos os caras que ficam lá fora naquele salão, tentam as coisas à força, mas Will não. Mesmo pagando, me pede.

Me aproximo dele e fecho os olhos, Will enfia a mão direita na raiz do meu cabelo e me beija de maneira suave.

Tem a boca macia e beija muito bem.

É diferente dos carinhas que beijei no ensino médio e do meu ex namorado. Sinto meu coração acelerando com essa proximidade com ele.

- Até amanhã.

Will pisca pra mim e eu me esforço pra não desmaiar.

Ele vem todos os dias me ver. Eu paguei pela cirurgia da minha tia depois do terceiro dia com Will sendo meu cliente.

Nós ficamos só nos beijos e eu perguntei a ele o porquê de não querer ir até o final.

Will me disse que é porque não acha que seja um bom lugar pra fazer isso.

Hoje está completando uma semana que ele vem ficar comigo.

- Escuta Alex, sei que você tem sua tia doente aqui, e tudo. Mas eu quero saber se você aceita ir embora daqui, eu moro no Texas, em San Antônio, vem comigo. Eu já percebi que você precisa de mudança e de cuidados, eu quero cuidar de você .

Abro e fecho a boca tentando raciocinar.

💭 O quê?!💭

Não consigo falar nada.

- Diz sim pra mim. Não vou conseguir ir embora e te deixar aqui nesse lugar.

Will segura no meu rosto com as duas mãos e me beija, quando me solta eu digo apressada.

- Vou sim.

Estou sendo louca, eu sei. Mas ele é o primeiro que me trata bem em muito tempo, que não enxerga uma garota fracassada e nem um pedaço de carne balançando em um poli dance.

Quero viver algo novo e talvez Will seja minha oportunidade pra isso, e também me ame e cuide de mim do jeito que nunca mais fui cuidada.

*********

- Pronta?

Vim me despedir da minha tia e ele ficou no carro, agora acabei de me sentar do lado dele no banco de couro.

- Sim.

Nós vamos até a área restrita do aeroporto de Portland.

- Você tem o seu próprio avião?

Ele confirma com a cabeça.

- Espero que você goste.

É uma aeronave linda e bem confortável, nunca pensei que pudesse ter uma experiência dessa.

Fica tudo mais surreal ainda quando nós chegamos na casa dele. É enorme, toda bem decorada e ele tem preferência pelo branco.

- Quer alguma coisa?

Estou sem graça... Sabe quando você faz algo no impulso e depois para pra pensar?

Pois é!

- Não.

Will se aproxima de mim e faz carinho no meu rosto.

- Não fica assim, estou muito feliz por você estar aqui. Sei que é quente pra caramba essa cidade e que é tudo muito diferente aqui do que em Portland, mas quero que se sinta a vontade.

Ele me pega pela mão e nós subimos as escadas.

- Toma um banho comigo?

Aceito ao convite dele e sei o que vai acontecer, mas agora é diferente, eu quero.

Will é carinhoso comigo e me faz muito bem. Nós nos mantemos assim, em uma lua de mel maravilhosa e eu vivendo nas nuvens, por seis meses.

Até que ele chega em casa nervoso.

- O que foi amor?

Will tira o blazer fazendo uma careta.

- Nada que te interesse!

Nossa, isso é novidade. Nunca falou assim comigo.

Deve estar com um problema grande nos negócios.

- Vamos conversar.

Tento me aproximar e é aí que levo uma bofetada na cara com as costas da mão esquerda dele.

- Já disse que não é nada que te interessa. Suma da minha frente!

Não posso acreditar nisso.

Não é possível uma coisa dessa.

Subo as escadas correndo e junto todas as minhas coisas deixando as roupas e jóias que ele me deu, pra trás.

Quando apareço na sala com as malas, ele está sentado, sem camisa, e bebendo Whisky.

- Quero meus documentos e o dinheiro da venda da casa dos meus pais.

Ele guardou tudo pra mim e eu achei que seria bom. Eu não sei lidar com essas coisas sozinha.

Escuto uma risada debochada e não reconheço o homem na minha frente. Will se levanta da poltrona em que está e se aproxima de mim.

- Aonde você pensa que vai?

Cruzo meus braços em um tom debochado.

- Estou indo embora, Will. Não vai me dizer que pensou que eu fosse ficar aqui com você me tratando mal desse jeito.

Will segura no meu pescoço e me empurra até a parede. Ele aperta e eu fico desorientada enquanto meus olhos enchem de lágrimas.

- Escuta aqui sua vadia, não admito que fale comigo desse jeito. Você me deve respeito, olha da onde eu te tirei! Você vai subir agora para aquele quarto, vai se aprontar e me esperar, e eu quero que esteja bem safada hoje.

Ele me dá um solavanco e eu cambaleio pra frente quase caindo.

- Sobe agora, ou eu juro que vou te bater tanto que vai desmaiar.

Me esforço pra subir as escadas e me tranco no banheiro. Olho no espelho e procuro entender como isso foi acontecer, como meu príncipe encantado virou um monstro de repente.

Não demora muito para eu descobrir que Will nunca foi príncipe, pelo contrário, ele é o vilão. Não é empresário coisa nenhuma, é um traficante de drogas e armas. Não sei se ele é gangster ou mafioso, mas sei que é mau. Me obriga sempre a ficar com ele, me obriga a tratá-lo com respeito e eu vivo com medo.

Sou prisioneira, a casa é cheia de homens armados até os dentes, e eu não consigo dar uma volta pelo jardim sem um deles me olhando.

Sempre que faço algo que ele julga ser inadequado, me dá um tapa na cara.

E essa é a minha vida a partir de agora.

*********

Estamos deitados na cama depois dele se sentir satisfeito me usando.

- Posso falar uma coisa?

- Já está falando.

Fico em silêncio, não quero deixar ele nervoso.

- Anda, desembucha.

Fico sentada sobre meus calcanhares em cima da cama.

- O que você quer que eu faça? Me diz o que uma mulher tem que ter pra te agradar, eu vou fazer.

Preciso dar um jeito de parar de apanhar. Não consigo mais aguentar isso, esse homem vai acabar me matando.

- Finalmente, achei que ia continuar sendo essa vadia ignorante. Eu vou te colocar em umas aulas de etiqueta e idiomas, quero ver se você consegue ser mais que um rosto e um corpo bonitos. Agora vai dormir, eu estou cansado.

Will me coloca nas tais aulas e eu aprendo tudo direito.

Ele me transforma em uma bonequinha de luxo, me leva a todos os lugares e me exibe como se eu fosse um troféu.

Todos os amigos dele são homens maus, envolvidos no crime e que exibem garotas como eu.

Com o tempo eu vou me moldando ao que ele quer e consigo ter gentilezas dele em alguns raros momentos.

- Você está muito boazinha ultimamente. Quer alguma coisa?

Abro um sorriso pra ele, por mais que minha vontade seja de matar esse homem.

- Posso cursar faculdade? Tenho vontade fazer jornalismo.

Will dá um sorrisinho de canto e desabotoa minha blusa de pijama.

- Vamos ver qual é o seu nível de interesse em fazer essa faculdade.

É um inferno!

Só fecho os olhos e aceito as investidas dele. É isso, ou terminar a noite chorando e com a boca sangrando.

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Comments

Renascida das cinzas

Renascida das cinzas

Coitada! Na situação dela, eu faria o mesmo!!!

2024-08-08

1

Renascida das cinzas

Renascida das cinzas

Que monstro!!! mas, quer dizer que ele foi alguém por durante 6meses?! Pobre Alex!!!!!

2024-08-08

0

ARMINDA

ARMINDA

😔😔😔😔😔 COMO ELE PODE MUDAR TANTO.

2024-05-03

1

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Atualizado até capítulo 62

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