Ane Smith
Estou pensativa sobre o que o senhor Salvatore contou. É difícil realmente acreditar que um homem como ele, que tem poder, que é rico precise estar em uma facção criminosa. Será a sede de poder?
Ele é tão lindo, tão sereno enquanto dorme, não se parece em nada com o demônio que é acordado. O jeito que ele me olha com desdém, como se o mundo o pertencesse, e como se eu fosse sua propriedade, assim como todos nesta casa incomoda tanto... Hoje de manhã ele me olhou de um jeito diferente, e eu não reconheci de que maneira. É muito difícil decifrar qualquer emoção vinda de um homem como ele. Se é que existe alguma.
Não consigo ficar parada por muito tempo. Passei boa parte da minha vida trabalhando por mim e por minha irmã, mas não estou mais autorizada a deixar essa casa quando bem quero. Não posso mais trabalhar nos meus antigos serviços por que a minha irmã diz que seria ruim para nossa imagem. Mas que imagem eu tenho? Dou de ombros.
-Peço que me deixe voltar a estudar, por favor.
-Sabe que não depende de mim. Terá que pedir ao meu marido. - Ela ajeita os cabelos em frente a penteadeira como uma estrela de cinema.
-Não pode pedir por mim? Sabe que não sou boa com isso, não tenho intimidade com seu marido.
-Não seja tola. Ele não é o bicho papão, Ane. - Ela me encara através do espelho, mostrando toda sua arrogância.
-É sim. - Abaixo a cabeça. -Olhe seu rosto, esta marcado. Sei que ele bate em você.
-Não sabe nada da vida, minha cara. Isso é sexual. Um dia saberá como é. - Ela me olha de cima a baixo, e meus olhos alcançam o chão no mesmo momento. - Ou talvez não.
Abaixo ainda mais minha cabeça tentando esconder as lagrimas que insistem em brotar. Sinto um nó forte na garganta. Ela sabe que tudo isso me magoa muito. Sei que sou feia, sei que não me cuido, mas ouvir isso da pessoa que você mais ama dói mais que a crítica de qualquer outra pessoa.
-Não fale assim. Sabe que me esforço...
-Eu sei, querida. Sei que esse é todo o potencial que pode alcançar. A vida realmente não te fez bonita, aceite isso.
-Eu sei, mas talvez se eu...
-Se você o que? Nem toda cirurgia plástica do mundo daria jeito em você, querida. Puxou toda feiura do caráter do nosso pai. Talvez isso tenha sido seu castigo, talvez sua sorte já que não precisou sofrer o mesmo que eu.
Olho para ela abismada. Não poderia dizer algo assim para mim. O caráter do nosso pai era muito sujo, muito pesado. Talvez ela esteja certa, sempre me senti um lixo, mas essa não é a comparação certa.
- Nunca mais diga isso. - Esbravejo.
Ela se vira, e eu consigo notar grande furia em seus olhos. - O que você disse?
- Nunca mais repita algo assim. Eu não vou ficar do seu lado, me arrastando para sempre.
Ela se levanta, e o salto a deixa bem mais alta que eu. - Nunca mais repita esse tom para mim. Eu acabo com você.
Senti meu coração ser esmagado por meus sentimentos. É incontrolável o quanto ela tem poder sobre mim, e começo a me questionar o porque. Se é amor, por que ela me trata assim? Porque ela não me ama?
Me viro em direção a porta, enquanto sinto seu olhar como facas perfurando a minha pele. Sinto um súbito e intenso medo. É tão fora do normal, como se algo em minha mente alertasse para que eu não vire de costas para ela.
Corro em direção as escadas, e meus olhos estão embaçados pelas lágrimas. Mal consigo enxergar meus pés. Sinto um solavanco que me empurra para trás e eu quase caio da escada, me desequilibrando. Ele me segura.
Olho para cima, e seus olhos tempestuosos buscam os meus. -Meu Deus, me desculpe. - Me recomponho, saindo do seu contato.
-Olhe para onde esta indo, senhorita. Tem sido muito inoportuna nesta casa.
Por alguma razão, aquilo me faz soluçar. -Me desculpe, não vai mais acontecer.
Me viro novamente em direção ao corredor. Talvez eu deva me trancar no quarto. Mas ele segura o meu braço com muita força.
-Qual seu problema?
-O-oque? - Olho para ele.
-Porque está chorando?
-Não é nada. - Enxugo as lágrimas nos meus olhos.
-Ninguém chora por nada, senhorita Ane. Sente-se aqui e diga qual seu problema.
Ele segura em meu pulso com muita força, de um jeito que quase me machuca. E mesmo quando ele tenta ser um homem delicado, ainda é muito rude.
-Você vai me contar ou terei que arrancar de você? Sabe que tenho meios para isso... - Ele arqueia as sobrancelhas, e eu poderia jurar que ele sorriu para mim. Mas aquilo pareceu tão sútil quanto curto.
-Eu sou muito burra, senhor Salvatore. - Abaixo a cabeça. E o meu medo não permite que eu diga a ele a verdade.
-Esta chorando por ser burra? Sim, certamente é burrice chorar por algo assim.
Reviro os olhos. -Oh, achei que fosse me consolar.
Ele se levanta, soltando a minha mão, enquanto eu ainda a deixo no ar por alguns segundos.
Ele caminha em direção ao armário de bebidas servindo-se de uma taça de conhaque e depois aponta o copo para mim, indicando que prossiga.
-Sempre trabalhei, senhor...
-Dominic... Me chame assim, por favor. Me sinto um velho com esse senhor todo.
-Eu... Eu sempre trabalhei desde cedo.
-Sim, eu sei, e...?
-E eu nunca consegui frequentar a escola como deveria. Larguei muito cedo, estou arrasada nos estudos. Eu queria...
-Quer que eu permita que volte a estudar?
-Sim. Minha antiga escola era muito boa. Eu tenho amigos lá, sabe, e...
-Sua antiga escola esta fora de cogitação. - Abaixo a cabeça. Eu sabia... -Fabrízio, preciso de um favor.
O encaro novamente quando noto que ele está falando no celular com alguém.
-Encontre um bom colégio pra a senhorita Ane. Um da máfia, de confiança e arranje tudo para que ela vá ainda essa semana. Quero um intensivo para que ela se forme em menos tempo... Ótimo, aguardo resposta.
E em um momento de felicidade, acabo pulando em seus braços e agarro a cintura musculosa dele. Mas aquilo me pareceu tão espontâneo e natural no momento, que não me pareceu maldoso fazer. Mas ele também não me abraça de volta.
Olho para cima, sem graça. Ele não sorri. Não diz nada. -Me desculpe, eu só me empolguei. Por favor me perdoe. Não era a intenção tocar no senhor sem permissão.
-Não se preocupe, senhorita Ane... - Ele pigarreia algumas vezes.
Droga, droga, o que eu fiz? Será que estraguei tudo. E se ele ficou zangado comigo? Eu nunca faço nada direito.
Subo para o meu quarto me repreendendo por minhas ações impulsivas. Geralmente sou calma e metódica com tudo, mas ultimamente tenho sido o oposto disso.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Luna preta
aí tenho tanto ódio dele mas acho tam fofo como ele se preocupa co. ela
2023-11-16
4
Geovana
pela capa do livro tem uma mulher e essa mulher não é a isabelle acho que e a ane ela e linda eu achei 😍❤
2023-10-20
0
Rosimeire Cantanhede
todas as vezes, apare Ane só de Costa, espero que a Autora encontre uma pessoa muito linda para fazer esse papel, uma transformação depois de passar por uma transformação.
2023-09-21
0