CAPÍTULO 11-Dissimulação

Isabela Smith Salvatore.

Faz exatamente duas semanas desde que me casei com meu marido. Ele já fala em filhos e sinceramente não quero eles. Odeio crianças, e talvez eu tenha passado a ideia errada a ele. já que e eu criei a minha irmã, se é que pode-se chamar assim. Afinal, eu sempre a torturo. Eu gosto de induzir nela, um estado de passividade. assim, eu ganho toda a sua lealdade, e ela não reage muito. Não tenho tempo para ter que lidar com birras e situações de adolescentes e seus namoros.

Mas mesmo que eu quisesse ter alguma criança remelenta, sequer poderia tê-los. Como sempre foi algo que eu tinha a absoluta certeza de que não gostaria, fiz uma histerectomia parcial assim que completei vinte e um anos de idade. Não tenho mais os meus ovários. E na época, aquilo foi de fato uma alegria para mim, mas ultimamente tem sido um dilema. Me acostumei facilmente a nova casa. Uma mansão luxuosa, e não estou disposta a perder tudo que conquistei com meu esforço. Sim, me esforcei. Me casei com um homem que apesar de lindo é um verdadeiro demônio. As vezes chega em casa sujo de sangue e por isso, tenho certeza que ele esta envolvido em atividades criminosas de alguma maneira. Mas eu também não posso perguntar sobre isso. Ele é sempre muito temperamental, e a nossa convivência tem sido muito harmoniosa e prazerosa porque eu evito pisar em seus calos ou aborrecer ele com problemas domésticos.

Ele tem sido agressivo no sexo, mas isso é algo que gosto bastante nele. Após algumas semanas meu marido finalmente permitiu que eu fosse visitar minha irmã que ainda esta internada também. Alguns médicos acham que é necessário que ela faça algum tipo de terapia para a mente. "Ela é muito introspectiva e injenua para a idade" que eu preciso sempre voltar ao assunto de que são os traumas do passado para justificar isso. É uma droga e eu não tenho tempo a perder com essas coisas.

Ando até o lado de fora da casa, e automaticamente alguns homens me seguem, preparando armas que estão sempre exibindo. Entro no meu carro luxuoso. E agora com seguranças que me seguem para todo lugar que vou, me sinto ainda mais poderosa. Acelero o carro. Gosto de ver como eles se arriscam para me seguir. Vou pela auto estrada, indo em direção ao hospital isolado. Eu deveria ter transferido ela para um lugar mais perto, por que não teria tanto trabalho para vir até aqui, mas por alguma razão, meu marido não permite.

Chego ao local após alguns minutos dirigindo em uma velocidade considerada perigosa por muitos. Estaciono meu carro se luxo no meio de duas vagas reservadas. Foda-se a multa. Não quero ninguém perto do meu bebe. Saio do carro tocando meus sapatos no chão, e eu odeio a sensação de pisar nessa sujeira. Subo no elevador do luxuoso prédio do hospital me preparo para dar a ela, explicações sobre o seu mal estar. Preciso que pense que causou tudo que aconteceu.

-Olá, irmã, como se sente?

-Oh, Isabela, você veio me ver? Estou tão feliz. Sinto muito por ter perdido seu casamento. - Ela sorri, expondo os dentes perfeitos que eu já tentei quebrar algumas vezes. Talvez por inveja. Eu não nego e nem admito nada.

Toco no meu lindo cabelo cheio de laquê. Não vou abraçar ela agora. Não quero que ela estrague o meu penteado.

-Claro que eu viria ver você. Ainda mais depois de tudo que aconteceu. E não se preocupe com o casamento, ele foi perfeito mesmo sem você estar lá.

- Oh, que bom. - Ela sorri de felicidade, dando-se conta do que eu falei logo depois. -Tudo que aconteceu?

-Sim. Você se recusou a comer e acabou ficando desnutrida, não se lembra?

-Si-Sim, eu me lembro de outra forma... mas... - Ela abre e fecha a boca algumas vezes, e eu posso notar sua confusão.

-Que forma? - Franzo a testa.

-Que você me prendeu e me deixou com fome... - Seu olhar ainda é muito perdido.

-Eu a prendi para o seu próprio bem querida, não se lembra? Você se recusava a comer lá dentro.

Ane agora esta aos prantos. reviro os olhos de impaciência, nunca gostei dos seus dramas. -Me desculpe, pensei tão mal de você, me perdoe. Eu devo estar louca. Estou criando coisas na minha cabeça. - Ela toca nas têmporas, como de estivesse forçando a lembrança.

-Quer que fale para que fique internada aqui na ala psiquiátrica?

-Não, irmã. Ficarei bem, não se preocupe.

-Como quiser. Quando receberá alta?

-O médico disse que amanhã.

-Falarei para o meu marido que a deixe viver conosco.

-Isso seria maravilhoso. - Diz com seus olhos irritantes brilhando de entusiasmo. Se ela soubesse como ele é um lunático.... -Vou finalmente poder estudar como se deve.

Não, Ane, não irá, será minha capacho. Preciso de você para provar a mulher dedicada que sou a minha família.

-Tudo bem. Conversarei com ele e virei busca-la amanhã. Tudo bem?

-Vou esperar por isso... - Mas agora, ela já não parece mais tão feliz. Talvez porque percebeu que sua vida não vai mudar em muita coisa.

\*\*\* **um tempo depois** \*\*\*

Voltei para casa disposta a trazer minha irmã para morar conosco. Preciso de um bode expiatório, de alguém que assuma minhas merdas.

-Amor, posso conversar com você? Quero te pedir algo importante.

-O que quer agora, Isabela? Ele revira os olhos claros.

-Minha irmã não sabe se virar sozinha. Ela precisa da minha ajuda. Sempre precisou. Eu não posso deixar que ela saia do hospital e fique sozinha naquela casa com todos os transtornos que ela tem.

-E você quer que eu deixe que venha morar aqui... - Diz pensativo enquanto se recosta na cadeira.

-Sim. Eu sei que não vai ser fácil...

-E o que eu ganho em troca?

-Farei qualquer coisa que quiser.

Ele parece refletir por alguns instantes. -Tudo bem. Você tem mais uma divida comigo. Lembre-se disso. Quanto a sua irmã, não quero encontra-la perambulando pela casa. Já vejo merdas demais todos os dias.

Me contenho para não rir. Apenas aceno com a cabeça e lhe informo que ela virá para casa amanhã. E quando ele toca a minha perna, apertando com muita força, tenho a sensação de que acabei de vender a minha alma.

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