CAPITULO 7-Livre

Isabela Smith.

Homens são sempre iguais, sempre se guiando pela cabeça de baixo. Talvez o senhor Dominic subestime minhas habilidades para segurar um homem. Se tivesse dormido comigo já saberia disso, saberia que não precisará de outras mulheres em sua vida, que posso ser muito manipuladora e conseguir tudo que quiser dele. Se é um homem sem escrúpulos, sou ainda pior que ele. Eu cresci assim. A minha vida me moldou desde o nascimento para esse jeito se ser e não há como ser diferente.

Provando o vestido de noiva, escolhi algo mais conservador e sofisticado. Nada escandaloso e volumoso como gostaria que fosse. Preciso que meu futuro maridinho acredite que obedecerei todas as suas vontades sem pestanejar. Fidelidade para mim não é algo opcional, e eu definitivamente não conseguiria ter um homem só a vida inteira nem se nascesse de novo. Meu marido é um homem ocupado, certamente não notará as minhas escapadas. Qualquer um serve apenas para serem usados. E eu não terei pudor algum quanto a isso, afinal de contas, se ele pode ter amantes, porque eu não os teria também.

Estou pensando se deveria tirar a Ane do poço, enquanto acaricio o meu queixo macio. Não quero que ela vá ao meu casamento. Claro que ela é sempre muito feia, mas se supera a cada dia. Aqueles machucados, e a perda de peso certamente serão notados pelas pessoas, e eu com certeza não preciso que o meu marido descubra que eu sou tão sádica. Homens sempre preferem mulheres boazinhas. Imbecis... Poderia procurar uma desculpa para que não fosse mas sei que meu futuro marido estranhará minha única família não comparecer a cerimônia.

Falta apenas um dia para o casamento e eu devo me decidir agora. Ando para os lados da casa, enquanto penso nela. A duvida está me martelando e eu odeio isso. A insolente não abriu a boca, talvez esteja mesmo falando a verdade...

Vou caminhando ate onde a trancafiei. Ela esta um caos. Seus cabelos emaranhados. Mas não é como se já fosse algo belo de toda forma. Sorrio. Sua pele suja de urina e sua feição de fome a deixam ainda mais feia. Tento repelir a vontade de rir da sua aparência lastimável. Mas seria como pisar em um verme, e eu gosto deles... talvez mais do que dela. Por que a Ane é mais como o meu ratinho branco de laboratório. Aquele tão pequeno e franzino que ninguém o quis.

-Muito bem. Me caso amanhã, procurara uma roupa dessas horrorosas que tem, precisará cobrir todos esses hematomas. Não quero que vá ao meu casamento nessas condições.

-Poderei ir? - Ela me encara com os olhos brilhando de felicidade, e eles parecem exaustos. E apesar disso, suas olheiras são suaves.

Se ela soubesse o potencial que possui, não estaria nessa situação. Não aceitaria nenhuma manipulação minha. Mas o que ela poderia fazer? Eu sou como a mãe dela. E tudo que ela sabe sobre sua vida, veio através de mim. Do que eu permito que ela saiba.

-Não venha com dramas ou deixarei que fique ai uma semana inteira.

Ela apenas abaixa a cabeça, sabe que qualquer coisa que possa dizer me irritará ainda mais .

-Não pense que acabou, ainda terá que me recompensar por estar tirando-a daqui tão cedo. Agora vá tomar um banho. Você esta fedendo demais. -Viro o rosto, tentando prender a respiração.

-Obrigada, irmã. - Ela abaixa a cabeça. parece envergonhada.

Não entendo porque a Ane é tão passiva. Talvez esse ódio venha do fato dessa inútil ser uma mosca morta, nunca se defender ou lutar. Poderia livrar-se de mim facilmente tendo 18 anos e dois empregos, mas não quer, prefere ficar ao meu lado.

-Tome um banho e vista-se. Irá comigo para a última prova do vestido. Esta quase pronto. Preciso comprar algo para que use nesse casamento, não quero que me envergonhe ainda mais.

-Sim, Isa.

Ela parece morta por dentro. Og, o poço não é assim tão ruim. Apesar das baratas e ratos, o lugar ao menos é silencioso. Entendo que ficar sem água, comida e banheiro acessível não deva ser fácil, mas ao menos dei-lhe um colchão.

Poderia ter deixado que dormisse no chão frio e imundo daquele lugar. Também guardei alguns brinquedinhos automáticos naquele lugar, são divertidos, ao menos para mim. Possuo diversas fitas das torturas que fiz a Ane nos últimos anos, desde o tempo em que morávamos com nossos pais. Comecei muito cedo treinando em nossos bichinhos de estimação, de pássaros a gatos.

Ainda lembro-me de quando matei seu animal favorito do qual nem sequer me lembro o nome, deixei-o na sua cama para que encontrasse. O choque em seu rosto foi realmente um pagamento precioso para mim, uma linda recompensa. Culpar os nossos pais pelo que aconteceu tornou tudo ainda mais divertido.

Poderia dizer que gostaria de me livrar dela, mas todo cão fiel tem sua utilidade. A dela em breve irá chegar, sei disso. Sei que ainda precisarei dela para que me sirva. Talvez quando estiver cheia de filhos a deixe cuidar deles enquanto aproveito a fortuna do meu futuro marido.

Não me importo de estar nevando, desligo a agua quente, a Ane conhece as regras, sabe que não deve demorar quando estou a sua espera. Espero alguns minutos pelo grito estridente ao sentir o choque termino, no entanto não acontece. Não é comum que aguente uma tortura como esta. Não me importo com ela, apenas preciso verificar que não esteja aprontando algo, que não fugiu de mim ou entrou em colapso.

Abro a porta do banheiro e a- encontro no chão. Esta desfalecida, certamente não aguentou o choque termino e a fome que passou durante todos esses dias presa. Não sei se deveria ajuda-la, uma pneumonia certamente faria com que pudesse usa-la para me vitimizar e ganhar pontos como uma mulher bondosa que cuida com esmero de sua irmã mais nova. Decido que deixarei que fique um pouco mais.

Saio apressada de casa, preciso verificar se o vestido esta perfeito, foi a única tarefa a qual fui submetida, preciso que seja perfeito. Verificarei como a minha maninha esta quando chegar em casa.

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