Ane Smi
Faz exatamente dois dias desde que minha irmã foi me buscar no hospital e me trouxe para sua nova casa. Mas ainda tenho a terrível sensação de que não encontrei meu lar. Sinceramente creio que jamais encontrarei algum. Quer dizer, quem se casaria comigo? Uma mulher tão feia como eu jamais teria condições de achar alguém que a ame de verdade. E eu não quero ter que aceitar todo tipo de coisas apenas para segurar alguém que se acha bom demais para mim.
Estou evitando a todo custo sair do meu quarto desde que ouvi minha irmã e seu marido debochando da minha aparência, do meu jeito e de transtornos que sequer sabia que tinha.
Ainda estou confusa com tudo que minha irmã me contou que aconteceu. Mas eu sei que me lembro de outra forma, e talvez eu esteja ficando maluca. Talvez esteja certa também. Mas eu acho que nunca vou saber disso, nunca vou ter certeza. Há muitas coisas que são lapsos de memorias, que vem em meus sonhos e é tão difícil. Elas parecem diferentes do que eu sei.
Olho para o teto do luxuoso quarto, e eu não mereço tanto. Eu com certeza não preciso de tanto. Só estive em lugares assim para fazer a limpeza deles, e nada mais. Estou entediada. Resolvo ligar para um velho amigo. Ele sempre estudou comigo no colégio. Mas agora esta na faculdade enquanto ainda não consegui me formar. Engulo em seco, enquanto a tristeza quase embarga a minha voz. Eu queria ter essa vida.
-Quem é vivo sempre aparece... Achei que tivesse esquecido dos amigos, Ane.
-Desculpe, estive um pouco doente. Eu sinto tanta saudade de você.
-Oh querida. Eu também sinto sua falta. O que você teve?
-Não se preocupe, não foi nada grave.
Ouço barulhos vindos da sala. Praticamente prendo a respiração. Estou assustada. Parece um invasor. Objetos estão sendo derrubados por lá, e isso me deixa fom mais medo.
-Querido, vou desligar. Preciso ir agora, mas te ligo depois?
-Não se esqueça ou aparecerei na sua casa.
Arregalo os olhos. Não, ele não pode vir aqui. -Tudo bem. - Rio para ele. Desligo rapidamente. Estou preocupada que alguém possa ter entrado, nessa casa. Onde estão todos os seguranças daqui?
Se for um ladrão? Um tarado? Tapo a boca, devido ao choque do meu pensamento. Ele provavelmente faria mal a minha irmã. Ela é muito atraente sempre.
Desço as escadas muito cautelosa. E estou morrendo de medo do que posso encontrar em baixo.
Me esgueiro pela cozinha planejada e deslizo a gaveta devagar, retirando uma faca que eu levo comigo. Foi a maior que eu encontrei.
Estou segurando uma faca de carne em punho, pronta para atacar qualquer um que se aproxime de mim. Certamente terei tempo para reagir. Ele se espantaria ao me ver assim no escuro. Rio da minha própria piada de feia.
-Oh, meu Deus! - Exclamo muito alto. Corro ao encontro do senhor Salvatore. Ele esta sangrando, parece bastante ferido. -O senhor esta bem? - Me aproximo devagar porque sei que ele não gosta de mim.
Ele apenas ri e logo após tosse ao sentir a dor aguda.
Olho para o telefone em minha mão procurando o telefone de algum hospital. Uma ambulância que posso vir.
-Fomos atacados. Não ligue para ninguém até que eu descubra que merda está acontecendo.
-Foram atacados por quem?
Ele ri novamente -Sou mafioso, querida. Acostume-se. Se abrir a boca, você morre. Agora é da família Salvatore e depois que se entra na Famíglia, não pode mais sair, não tem outro destino a não ser este.
Olho para ele alarmada. -Esta delirando, senhor Salvatore?
-Sua irmã realmente não contou, não é? Terei uma conversinha com ela quando me recuperar.
Ele coloca as mãos na lateral do abdômen, e o sangue na região escorre manchando todo o estofado branco do sofá.
-Não posso deixa-lo dessa forma. Vai acabar morrendo. Preciso leva-lo a um hospital.
-Não me levará a lugar algum. Não confio em ninguém.
Olho para ele que esta fixado nos meus olhos, parece estático. Sua forma de olhar é quase hipnótica para mim. Estou estática olhando seus lindos olhos verdes também, até quando ele desmaia.
Entro em pânico. Toco em seu rosto com a ponta dos dedos, mas o medo me inibe. Corro em direção aos degraus, subindo para o quarto da minha irmã, mas ela não está lá. A essa hora da madrugada, onde poderia estar?
Tento arrasta-lo para cima devagar, ele é muito pesado e eu sou apenas uma mulher de 52 quilos. Corro em direção a entrada da mansão onde estão alguns soldados fazendo a guarda e peço para que me ajudem a leva-lo para cima. Eles me seguem para dentro da casa, e veem o chefe caido. Por alguma razão, não querem tocar nele, mas fazem quando praticamente imploro por isso. Os soldados seguram ele pelas pernas e braços, como se ele realmente fosse tão pesado quanto parece. Um homem alto e musculoso como ele, não deve ter menos que noventa quilos.
O deixam no quarto e saem em seguida, não possuem permissão para entrar lá, sequer minha irmã possui. Notei que eles dormem em quartos separados. Encontram-se apenas para fazer sexo toda a noite.
Abro sua camisa social. Engulo em seco ao ver seus músculos torneados. Jamais estive tão perto do corpo de um homem assim.
Caminho pela casa procurando por um kit de primeiros socorros e levo para o quarto. Inicio a limpeza da ferida abdominal que parece mais grave. Encontro um kit de sutura dentro a caixa e me arrisco a faze-la. O ferimento parece ser a faca, mas não está tão profundo. Certamente não cicatrizaria apenas com curativos. Faço o melhor que posso e inicio o tratamento em outras partes do corpo que também precisam de cuidados, limpando-os cuidadosamente e colocando bandagens.
Deixo-o confortavelmente deitado sobre a cama, verifico se esta bem antes de sair do quarto. "Minha irmã tem muita sorte", penso enquanto afago seus cabelos. Meu deus, o que estou fazendo? Decido sair do quarto e descansar.
Deito na minha cama cor de rosa. Suas palavras não saem da minha cabeça. Minha irmã me diria se ele fosse um mafioso, deve ser um delírio. Mas se for, porque chegou tão ferido em casa? Não compreendo.
Vejo o dia amanhecer com tantas dúvidas martelando em minha cabeça. Decido descer para tomar café da manhã, terei que perguntar tudo para minha irmã. Será que já chegou? Espero que sim. Não quero que brigue com o marido tão cedo.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Geovana
Acho que ela pode está envolvida nisso
2023-10-20
2
Maria Ida Duarte Duarte
essa Ane já tá irritando com tanta burrice e ingenuidade
2023-09-29
1
Rosimeire Cantanhede
Ane deu o primeiro passo para se dá bem
2023-09-21
0