Ane Smith
Caminho todos os dias para o trabalho. É uma jornada longa, e eu chego sempre exausta. Faço diárias para pagar as nossas despesas e trabalho como garçonete em meio período. Já não frequento mais a escola, embora eu ainda mantenha os meus estudos em casa em dia. Estudar por correspondência é minha única opção dada a todas as minhas funções durante o dia.
Nunca tive uma vida como uma garota normal, como uma criança normal, mas nem isso tira minha alegria de viver porque sei que um dia tudo será melhor.
Achei que com a morte dos meus pais, minha vida seria melhor. eu nunca desejei a morte deles. Na verdade, eu os amava apesar de tudo. Ou ao menos acho que sim. Mas eu via o sofrimento da minha irmã e via como minha mãe se afundou nas drogas fingindo não ver o que acontecia durante a noite. Apesar das minhas memórias serem apenas lapsos. Ainda me sinto muito confusa quanto as lembranças. Mas a minha irmã me ajudou muito nesse processo. Eu devo tudo a ela.
Embora me maltrate muito. Ela sempre esteve do meu lado quando eu precisei de ajuda. Quando teve que assumir a responsabilidade de cuidar de uma criança, quando ainda nem havia deixado a fase adolescente ainda.
O mais irônico é que eu acho que ela é a pessoa que mais me machucou no mundo também, mas nem isso me tiraria de perto dela.
Não consigo entender porque ela me odeia tanto. As vezes me pergunto o que fiz algo de errado. Será que eu ter nascido a prejudicou de alguma forma? Mas isso não me importa, cuidarei dela o quanto eu puder, o quanto for necessário até que ela entenda que não sou uma inimiga.
Chego ao meu local de trabalho de hoje. Um enorme hotel de Manhattan. Estou cobrindo o serviço de uma colega da minha irmã que ficou bêbada demais para aparecer no trabalho. Um local de luxo como esse não deve permitir intrusos se infiltrando nos quartos, mas fui obrigada a vir pela minha irmã, terei que correr os riscos. Mas se por acaso alguém tentar me parar na portaria, espero que eu não acabe presa ou confundida com uma criminosa. Isso seria embaraçoso, mais uma vez.
-Bom dia, senhor. Irei fazer uma faxina na cobertura do hotel.
-Vá, não vê que esta atrapalhando os hóspedes? Da próxima vez entre pelo portão de serviço e use seu crachá. - Ele diz sem sequer direcionar sua cabeça a mim quando passei por ele.
Ser apenas uma funcionária te faz ser invisível. Certamente nem olhou para o meu rosto, certamente sequer conhece os funcionários que trabalham nesse hotel. A segurança desse lugar me parece falha se os porteiros deixam qualquer um passar dessa forma.
Subo pelo elevador de serviço, pego o carrinho de limpeza e o cartão mestre para abrir as portas dos quartos. Começo a limpeza de todos os quartos da cobertura. São enormes demais, ainda falta a suíte presidencial e já estou muita cansada. Entro no quarto e sou maravilhada com a decoração do ambiente. É muito lindo, mais sofisticado que os outros, limpo tudo, troco os lençóis. Quem dorme aqui certamente é muito organizado, não há sequer um objeto fora do lugar, as roupas estão perfeitamente arrumadas no closet. Caminho até o banheiro tentando deixa-lo ainda mais impecável. Limpo a grande hidromassagem pensando em como seria relaxar nela depois de um dia exaustivo como este.
Ouço um barulho de porta se fechando. Eu estou com medo. A pessoa entra no banheiro e sequer me nota ajoelhada limpando o ambiente.
-AI MEU DEUS. Co-com licença, senhor. Vou me retirar. - Meus olhos estão arregalados, embora eu tente não prestar atenção no que já vi de relance.
Mas o homem parece não me notar. É como se eu fosse invisível, e naquele momento, ele me notou pela primeira vez. Ele por sua vez se assusta ao me ver no lugar, vira-se para mim e posso ver seu membro...
-Você não é minha funcionária. Diga o que esta fazendo aqui agora.
-Eu, eu...
-Fale se não quiser sair daqui num caixão. Diz se vestindo e me puxando pelo braço para o quarto.
-Por favor, não me machuque. Eu só estava cobrindo a Karen. Ela esta doente e não queria que o serviço não fosse feito.
-Quem te autorizou a entrar aqui. Diga a verdade ou eu... - Ele respirou fundo. Parecia tentar conter o impulso de me bater.
-Estou dizendo a verdade, por favor, me solta. O seu porteiro me deixou subir, ele nem olhou pra mim quando entrei. Pode conferir, esta tudo limpo, não sumiu nada.
Ele me solta, parece pensativo. Anda nervoso para os lados do quarto. Pega o celular e digita alguma mensagem para alguém.
Sinto meu coração cada vez mais acelerado. Mal consigo respirar de tento medo.
-Eu posso ir? - Meus lábios tremem quando pergunto, mas me recolho assim que recebo um olhar de puro ódio, que me pareceu ainda pior pelo viés do meu panico.
-Estou esperando uma ligação. Fique exatamente onde esta. - Ele aponta o dedo para o chão, e eu sinto como se aquele fosse exatamente o lugar que ele acredita que eu mereça.
Eu estava sentada no chão depois de ser derrubada por ele ao me arrastar pelo braço. As lágrimas desciam pelo meu rosto. Eu tinha tanto medo de ser presa por algum motivo, por birra dele. Ou talvez por que ele acredita que eu invadi sua casa. Isso é terrível. Eu nunca roubei nada, de ninguém.
-Senhor, meu nome é...
-Não perguntei seu nome... - Nesse momento seu celular toca. -Sim, pode falar. Então a informação confere... Chame a Karen aqui e descubra quem é o porteiro desse turno.
Olho para ele assustada, estou com medo de que ele chame a polícia.
-Senhor, posso ir embora agora?
-Vá, e não quero vê-la aqui novamente.
Ele joga duas notas de cem dólares no chão com desdém, como se eu fosse um lixo e abre a porta do quarto para que eu saia imediatamente. Em outra situação, não pegaria o dinheiro, mas eu preciso, ter duzentos dólares pode ser a diferença de uma noite tranquila ou chorando após uma surra.
-Obrigada, senhor. Digo me retirando do local.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Maria Geniza
Estou achando que a coitada da Ane é que vai engravidar do tal CEO
2022-05-28
212
Maria Brasa
Meu Deus que irmã cruel
2025-01-28
0
Dora Silva
credo quanto sofrimento
2024-09-18
0