CAPITULO 10- Humilhação.

Isabela Smith Salvatore

Humilhada. É assim que me sinto agora. Mas eu realmente não vejo problemas com isso. Posso me aproveitar desse jeito mandão com facilidade se eu for esperta o suficiente. Farei tudo que ele quiser enquanto for conveniente para manter o padrão de vida que mereço. Pelo menos até eu me cansar dele. Depois disso, posso me livrar daquele homem, e a minha irmã vai me ajudar. Ela me deve!

Termino de me vestir e refazer a maquiagem para cobrir o vermelho do meu rosto após o tapa que o desgraçado me deu. Ele pensa que me atinge com esse tipo de agressão? Realmente não sabe onde se meteu. Isso definitivamente não fará com que eu me curve a ele. Converterei tudo isso a meu favor da forma mais fria e calculista que eu sei que consigo.

Coloco o pincel de volta na penteadeira, notando como as minhas unhas parecem delicadas agora. eu não poderia arranhar aquele rosto prepotente mesmo que quisesse. Reviro os olhos.

Me apoio na mesa e me levanto. Pego o vestido no chão e noto que ainda está um pouco danificado atrás. Maldito... Tento não praguejar alto. Não quero correr o risco que o Imbecil tenha posto cameras aqui.

Desço as escadas e caminho até o carro. Prefiro não irrita-lo mais agora. Preciso demonstrar que eu sou a esposa que ele tanto desejou. Alguém a quem ele possa exibir em eventos sociais e que seja um exemplo a ser invejado e seguido pelas mulheres. Apesar da brutalidade, não é nenhum sacrifício estar casada com este homem. Ele parece ser um anjo. Um do mal. Cheio de sangue nas mãos e um tridente, mas ainda assim um anjo. Seu rosto másculo fica ainda mais lindo graças a barba por fazer, e o seu maxilar levemente quadrado, olhos verdes e cabelo preto escuro, o deixam como um italiano dos sonhos de toda mulher. Sua pele cor amendoada é como um pecado ao se fundir ao corpo perfeito e torneado dele. Me divertirei neste casamento tanto quanto ele. Mas ele não precisa saber disso. Homens sempre prefere as delicadas e recatadas. E é assim que eu serei para ele. Fui recompensada duas vezes...

Ele entra no carro alguns minutos depois, e ainda esta falando ao telefone. Não interfiro, porque eu sei que poderia me bater novamente por uma interrupção indevida. Aposto que ele é um daqueles homens que não gostam de perguntas sobre o que esta fazendo. E definitivamente, ele não é o primeiro empresário arrogante que sai comigo.

-Sim, o carregamento foi apreendido, já ouvi. - Ele respira de forma impaciente, como se aquilo realmente fosse um problema muito grave. - Resolva isso. Você ganha muito bem para evitar que esse tipo de merda fique presa no galpão militar. Não, não quero saber se não podia fazer nada para impedir a fiscalização. - Ele me olha de um jeito mortal, como se pudesse descontar toda sua furia em mim. - Eu não quero saber se errei nas rotas. Faça a droga do seu trabalho. Se não conseguir liberar as cargas, não viverá por muito tempo, anote isto. Tem até amanhã.

Arregalo meus olhos verdes. Ele não pode estar falando sério, pode? Rio comigo mesma, mas ele ainda está serio.

Segundos depois, ele desliga o telefone. E o seu olhar parece perdido e lunático. De certa forma, isso me atraí. Adoro homens loucos, mas não mais que eu.

Não ouso perguntar o motivo e muito menos o que quis dizer com aquela ameaça. Sei que bilionários muitas vezes passam por cima de qualquer um para conseguir algum negócio muito lucrativo, mas matar? Não creio que tenha sido o intuito da ameaça de fato.

O carro para alguns minutos depois. Chegamos ao salão de festas. E esta tudo lindo, embora seja um pouco simples para o meu gosto. As músicas clássicas em nada combinam com a minha personalidade. Eu nem sei como se dança uma música desse tipo.

Somos cumprimentados assim que chegamos ao local onde os convidados estão se divertindo, se é que posso chamar assim. As pessoas parecem um pouco estranhas, diria que desconfiadas, invejosas e perigosas. As mulheres parecem cochichar sobre mim sempre que passo. Sorrio de forma cínica. Não ouso perguntar, Mas não me importo de toda forma. Eu seria capaz de matar qualquer uma delas a qualquer momento e por qualquer motivo.

-Meus parabéns, senhora Salvatore. Bem vinda a famíglia.

-Famíglia?

-Sim, como esposa do Dom, sabe quais são suas obrigações, não é?

-Imagino que sim, mas prefiro que meu marido diga-me tudo que preciso para ser a esposa perfeita. Senhor...?

-Luiggi Guerrieri. E está mais que certa senhora. Sua maior obrigação é obedece-lo. Devo dizer que o senhor Salvatore casou-se com uma mulher belíssima.

-Muito obrigada. Irei ao encontro do meu marido agora, com licença.

-Não me concede uma dança?

-Por que não? Não sei dançar música clássica muito bem.

-Não se preocupe. Deixe apenas ser guiada.

-Tudo bem.

Estendo minha mão para ele e seguimos para o meio do salão. Olho ao redor e não o vejo. Meu marido se encontra em algum lugar que desconheço. Começo a ser guiada pelo Guerrieri pelo salão, ele parece bastante descontraído ao fazer caras e bocas para as pessoas dançando ao nosso redor. Começo a rir de suas caretas, mas sou bruscamente puxada para braços fortes, batendo o rosto contra um peito rigido envolto em um terno macio.

-O que pensa que esta fazendo? - Diz rosnando para mim.

-Como assim? - Pisco meus olhos cheios de confusão.

Ele sai, me puxando pelo braço do meio da festa até um jardim privado. Sinto o gosto metálico quando sou atingida no rosto pela segunda vez no dia. Viro meu rosto em direção a ele e paro de forma soberba.

-Não dei permissão para que dançasse com outro.

-Pelo amor de Deus, ele é um velho.

-Um velho tarado. Você é minha, entendeu? - Ele segura a minha nuca com muita a força.

-Eu sou sua, sempre vou ser.

-Eu sei disso, querida. Agora que já nos acertamos. Vamos dançar, temos muito a aproveitar esta noite. - Diz me entregando um lenço de linho para limpar o sangue que escorria da lateral do meu lábio inferior.

Fico parada por um tempo, olhando aquele lenço inútil. É como estar presa em um looping de morde e assopra. Seguro o lenço em meu labio, mas isso não impede que ainda sangre.

Ele estende sua mão para mim, e sem pensar muito, apenas o pego e caminho ate o salão, onde dançamos até o momento de irmos para casa aproveitar essa longa lua de mel...

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