Finalmente Livre parte 4

Voltei para o quarto depois de ouvir que Bianca havia acordado e me dediquei a terminar a carta de desculpas.

Depois de um tempo escrevendo finalmente terminei satisfeita com o resultado. Guardei a carta em um envelope e fechei com cera.

— Terminado! Apenas uma pessoa de coração muito rancoroso não me perdoaria depois de ler isso. — Sorri orgulhosa.

Cansada chamei uma empregada e pedi alguns doces e chá.

Ela voltou com alguns doces gostosos e um chá delicioso. Antes de comer peranbulei pelo quarto e procurei um livro da estante de livros e comecei a ler enquanto comia os doces e bebia o chá.

O ambiente estava tranquilo e relaxante. Foi assim que passei o resto do dia.

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No Palácio Rosário, Daniel estava com Bianca e Bernardo conversando e bebendo chá enquanto comiam alguns biscoitos.

— Eu já disse, desta vez a senhorita Lara não fez nada. — Bernardo insistia.

— Isso é muito estranho! Você também disse que Lara foi quem incriminou Judith primeiro. — Daniel argumentou.

— Não foi incriminação Daniel. — Bernardo explicou calmamente. — Foi uma suposição, a senhorita Lara apenas suspeitou de Judith primeiro. Apenas aconteceu de ela está certa.

— Mesmo assim, existe a possibilidade de isso ser tudo uma armação dela. — Era muito difícil para Daniel aceitar que Lara era inocente. — Talvez ela tenha comprado a empregada e feito com que pensássemos que ela era a culpada.

— Isso é impossível. — Bianca finalmente se intrometeu na conversa.

— O quê? — Daniel olhou para Bianca que franzia a testa.

— Judith não seria comprada. Ela era muito fiel e odiava Lara.

— Fiel?! Ela te envenenou! — Daniel falou irritado.

— Por que está surpreso? — Bernardo falou bebendo um gole de chá. — Você viu a gaveta que te enviei, certo?

Daniel não respondeu. Ele viu, não tinha como ele não ter visto. Ele também viu as fotos, era impossível negar que Judith era fiel a Bianca, mas ele não conseguia entender como alguém que parecia apreciar Bianca ao ponto de parecer louca foi capaz de machucar ela.

Era doentio demais para que alguém normal conseguisse compreender.

— Sim, eu vi. — Daniel falou por fim. — Eu apenas não consigo deixar de pensar que Lara tem algo a ver com tudo isso.

Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos.

— Tem certeza que isso não é porque você está com medo que depois de senhorita Lara ser inocentada, sua majestade volte com o seu noivado? — Bernardo falou um pouco hesitante.

Era um assunto delicado e que ele realmente não gostaria de falar, muito menos na presença de Bianca.

Bernardo não era a favor do relacionamento dos dois no início, ele aconselhou diversas vezes que Bianca não se envolvesse com Daniel.

Porém, foi inútil e os dois se apaixonaram mesmo assim e assumiram o relacionamento para toda a sociedade, embora diferente do que Bernardo temia, Bianca não foi rechaçada pelas pessoas e ao contrário do que imaginava todos aceitaram bem o romance dos dois.

Os nobres gostaram tanto da história de amor deles que começaram a ver Lara como uma pedra no caminho. Calhou de Lara também agir cruelmente com Bianca e isso resultou no desejo de sua eliminação, Judith era apenas um exemplo drástico do que a maioria das pessoas pensavam. Ela materializou essa raiva insensata e chegou a envenenar Bianca apenas para se livrar de Lara.

— Não, esse noivado não vai ser retomado enquanto eu puder impedir. — Daniel falou confiante.

Bianca suspirou apertando a têmpora cansada. Ela não só acabou de acordar depois de ser envenenada, como também descobriu a traição de uma empregada fiel que cuidava de si desde criança. Também havia a possibilidade de seu namorado voltar a ficar noivo da pessoas que fazia de tudo para humilha-la fazendo bullying.

Ela odiava Lara, de todas as pessoas, Bianca era quem mais tinha motivos para ter esse sentimento.

— Você está bem? — Bernardo perguntou.

— Sim. Não é nada demais.

— Tem certeza? — Desta vez quem perguntou foi Daniel.

— Tenho. Vamos apenas mudar de assunto que tal? — Ela falou sorrindo.

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Acordei no outro dia pronta para ir passear novamente, mas meus planos foram cancelados quando um mordomo veio e me disse que o imperador esperava encontrar comigo durante a tarde.

Não muito depois do café da manhã algumas empregadas vieram e começaram a me arrumar.

Com um vestido branco com detalhes em verde e luvas longas que iam até acima do cotovelo igual todas as luvas que usei desde quando ainda estava na prisão.

Com um xale longo de seda transparente verde ao redor de meus braços e meus cabelos presos em um penteado elaborado.

Me olhando no espelho eu estava muito linda, realmente com a aparência adequada de quem iria ver alguém importante.

Acompanhada por Jorge e um mordomo eu fui ao encontro com o imperador. Eu passei a manhã inteira sendo arrumada e não tive tempo para pensar, mas eu não era realmente Lara e não tive a mesma educação que ela.

Eu muito menos sabia as etiquetas básicas. Como eu deveria agir na frente de alguém tão importante? O que vou fazer? Como vou cumprimentar ele?

O nervosismo me atingiu e a ansiedade me fez começar a suar. Com as mãos levemente trêmulas apertei o xale sentindo o mundo esfriar.

Ninguém notou meu desconforto, e se notaram, não falaram nada. Andando anormalmente devagar com os passos cada vez mais pesados, eu sentia que poderia desmaiar a qualquer momento.

O mordomo abriu uma porta dupla dourada e uma grande sala foi revelada. Um tapete vermelho longo ia até o pés de um trono tão esplendoroso quanto o resto da sala.

Apenas o mordomo me acompanhou para dentro da sala. O mordomo fez uma reverência para o homem de cabelos grisalhos e olhos azuis sentado no trono, este era o imperador.

— Vossa majestade, eu a trouxe. — O mordomo rapidamente sumiu de vista me deixando só com o homem imponente sentado.

Eu me obriguei a fazer uma reverência assim como o mordomo e então falei com a voz trêmula.

— Vossa majestade... — Eu não sabia como continuar o cumprimento, mas não foi preciso porque o imperador me interrompeu.

— Senhorita Lara, você já sabe porque a chamei?

Nunca imaginei que uma voz poderia soar tão poderosa. Não era perceptível nenhuma gota de sentimento, mas também não era fria.

Só indiferente.

— Sim, vossa majestade. — Respondi sem pensar muito.

Eu tinha uma hipótese pela conversa que tive com Bernardo, mas agora eu realmente comecei a pensar que estava errada.

Eu me arrependi de ter respondido sim. As chances de ser o que Bernardo disse eram altas, mas a ansiedade me fez acreditar que na pouca chance de ser outra coisa, seria a outra coisa.

— Então, fale o porquê. — Ouvi sua voz grave e calma.

Amaldiçoei em pensamentos.

Odeio quando digo algo e alguém me pede para explicar. Como quando Sofia me perguntava algo e eu respondia para logo depois ela me pedir para repetir ou explicar.

Eram coisas como: "Você ouviu?" "Se ouviu então repete o que eu disse."

O pior é que eu nunca conseguia repetir, embora eu realmente tivesse escutado. Então, ela falava a mesma coisa diversas vezes.

— Eu... — Tomando coragem eu finalmente encarei os olhos do imperador. — Eu imagino que seja sobre o meu noivado com o príncipe Daniel?

Nesse momento percebi que outra pessoa deveria estar aqui também para falar sobre o noivado, mas estava apenas eu e o imperador.

Eu me enganei? Falei besteira? Se fosse sobre o noivado, Daniel não deveria estar aqui também?

— Você é esperta. — O imperador falou. — Sim, está certa. É sobre o noivado.

Então era mesmo sobre isso.

— Vossa majestade me permite uma pergunta?

— Vá em frente, o que quer perguntar?

— Bom, por que o príncipe Daniel não está aqui? Se vamos falar sobre o noivado, ele não deveria estar presente? — O imperador me encarou um pouco e sorriu.

Eu fiquei meio boba, ele era alguém muito bonito. Mesmo sério, sua beleza era impressionante, mas quando sorrindo era ainda mais estonteante.

Ele não era uma pessoa jovem, as marcas de expressão em seu rosto revelava uma idade avançada, mas olhando para ele era possível ver de quem Daniel puxou a beleza.

— De fato, seria o mais adequado. — Ele falou colocando a mão no queixo. — Porém gostaria de discutir apenas com a senhorita primeiro.

— Por que? — Eu já estava um pouco mais relaxada, quero dizer, meu corpo já havia parado de tremer. Por isso eu estava menos cuidadosa na forma de falar.

O imperador não pareceu se importar.

— Porque desta vez, gostaria da sua opinião.

— Por que?

Primeiro, opinião sobre o noivado? Se eu quero ou não? Segundo, a minha opinião importa?

— Antes, nenhuma das partes estavam realmente relutantes em se casar. Daniel e a senhorita sabiam bem que era necessário, mas as coisas não foram como o planejado e um dos noivos se apaixonou por outra pessoa. — Ele falou meio fora do ar.

Não me diga que o imperador é um romântico?

— É uma pena, mas esse noivado realmente tem que acontecer. — Ele continuou.

— O que quer dizer?

— A senhorita gostaria de retomar o noivado com Daniel? — Ele finalmente perguntou.

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